segunda-feira, 20 de março de 2017
Documentário “Brasil Negro: escravidão e preconceito” terá pré-estreia no Sindicato dos Jornalistas
(do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro)
No dia 27 de março, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, em uma promoção de sua Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio), exibirá, em pré-estréia, o documentário “Brasil Negro: escravidão e preconceito”. Com direção e roteiro da jornalista Iara Cruz, o filme relata a importância de negras e negros na formação histórica e econômica do país, incluindo o período do regime escravocrata entre os séculos 16 e 19.
O documentário será exibido às 19 horas, no auditório do sindicato e segundo a documentarista “foram ouvidos diversos historiadores que contam como a presença dos africanos contribuiu para a formação da língua, costumes e cultura no Brasil. Mostra também de que forma o comportamento da sociedade escravista se repete nos dias atuais.” Após a exibição participarão dos debates os historiadores e mestres em Educação e História, Carla Lopes e Claudio Honorato, respectivamente.
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É isso mesmo? Um museu-galpão vai substituir as antigas Docas da Alfândega?
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Reprodução/O Globo |
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Foto Alexandre Macieira/Riotur |
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Foto Alexandre Macieira/Riotur |
A missão da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) é “preservar e divulgar o patrimônio histórico e cultural da Marinha, contribuindo para a conservação de sua memória e para o desenvolvimento da consciência marítima brasileira”.
Por isso, o projeto divulgado hoje na coluna de Ancelmo Gois, no Globo, é surpreendente. Trata-se de um museu a ser construído no Espaço Cultural da Marinha.
Um legado da Olimpíada amplamente aprovado por cariocas e visitantes foi a reintegração ao Rio do trecho da orla entre a Praça XV e a Praça Mauá que há mais de 200 anos era interditado a civis. A Marinha - que mantém na região, há alguns anos, o seu Espaço Cultural, iniciativa também elogiada, que atrai muitos visitantes -, colaborou com a Prefeitura e tornou possível a abertura total da via, o que fez o Centro da cidade reencontrar o mar.
O Complexo Cultural da Marinha é um circuito de enorme valor para a memória nacional. A Ilha Fiscal, o Museu Naval, documentos e peças históricas, navio, helicóptero, submarino, a galeota de D. João VI estão entre as atrações. Em todo aquele entorno que o público pode apreciar, hoje, respira-se história.
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Na imagem, em segundo plano, as Docas da Alfândega. Reprodução |
Na reprodução da nota do Globo e nas fotos, vê-se que o futuro museu será construído no pier das antigas Docas da Alfândega, aterradas no século 19. As docas foram construídas em 1871 por ordem do Imperador D. Pedro II para atender ao até então precário porto do Rio.
É isso mesmo? Os antigos prédios, como mostra a ilustração do jornal, serão destruídos?
O projeto do futuro museu não está muito claro. Visualmente lembra um tapume. Melhor seria se o fosse. Assim, sinalizaria a restauração e não a destruição de um valioso patrimônio histórico.
É algo que merece urgente discussão do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional, da própria DPHDM, do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade e dos cariocas a quem, de resto, pertence a cidade..
ATUALIZAÇÃO EM 22/03/2017
A mesma coluna publica hoje uma explicação motivada, segundo a nota abaixo, pela manifestação de leitores preocupados com a construção do futuro Museu Marítimo do Brasil. A Marinha informou ao Globo que as construções em estilo colonial são de 1996 e que não são tombadas.
A título de informação, milhares de construções foram demolidas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, inclusive igrejas, mosteiros e palácios milenares. Muitas foram reconstruídas nas décadas de 1960 e 1970 e nem por isso são consideradas de menor valor e nem se permitiu que fossem erguidos no local espigões ou prédios de escritórios. A foto antiga reproduzida acima mostra, de qualquer forma, construções no local. Pode haver controvérsias, como diz um personagem da Escolinha do Professor Raimundo. O argumento oficial não anula, contudo, o absurdo de se erguer um paredão que interfere em todo aquele ambiente histórico..
Além disso, não fará mal uma transparência e abertura de mais detalhes sobre o futuro museu. A nota original diz que o projeto será apresentado no dia 5 de abril. Aguarde-se informações sobre verbas, custos, apoio e participação de grupos privados, demais parcerias, acompanhamento de instituições culturais federais, quem vai operar o Museu, prioridade etc.
Há esperanças de um voz sensata se erguer na tropa. Destaque-se que muito do patrimônio histórico e cultural do Brasil, como fortes e quarteis, por exemplo, não foi destruído por estar sob guarda das três Forças. Há áreas ambientais, como a belíssima Restinga de Marambaia, no Rio, que já não existiria se não fosse administrada pela Marinha e Exército. Há muito resorts já teria ocupado a região. Até o Geddel já teria um apê no pedaço. Duvida?
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Reprodução |
Boca-livre presidencial: ninguém segura a picanha brasileira...
por Omelete
Há algo de Trump na assessoria de comunicação e administração da imagem de Temer. O atual morador do Jaburu acumula tantas pisadas na bola quando o inquilino da Casa Branca. Só nos últimos meses, o sujeito irritou as mulheres ao dizer que elas são boas em cuidar da casa e ir ao supermercado, divulgou pós-verdade ao dizer que o ator Wagner Moura recebeu dinheiro para fazer um vídeo no You Tube contra a reforma das Previdência, "inaugurou" uma obra - a transposição do São Francisco - que não sabia nem onde ficava e em discurso disse que esperava "uma enchentezinha" (e que voltaria lá para ver a região "inundada"), definiu mortes em prisões como "acidente" e já falou ao telefone com um radialista argentino pensando que era o presidente Macri.
Enfim, o homem só abre a boca quando não tem certeza.
Depois do escândalo da carne podre, os marqueteiros de Temer logo bolaram um grande churrasco para mostrar ao mundo que ninguém segura a picanha brasileira.
Embaixadores de países que importam carne do Brasil foram obrigados, claro que por questões diplomáticas, a aceitar o convite e perder um domingão no rodízio boca-livre. Tudo armado para um show de comunicação, mas esqueceram de combinar com o gerente da casa.
Segundo o Estadão, o gerente revelou que o restaurante Steak Bull, que recebeu a pajelança carnívora, só trabalha com carne importada. E aí a jogada de marketing virou indigestão.
O Planalto e o restaurante cumpriram a dolorosa missão de desmentir o gerente. A casa se orgulha de oferecer - e divulga isso - cortes de carne de origem australiana, argentina e norte-americana. Até dizem discretamente que também têm carnes brasileiras, mas exaltam mesmo é o menu de Beef Red Angus e Ribs Barbecue.
Em tempo: Faustão, que recentemente pagou a conta do almoço de Temer, em São Paulo, não estava no Steak Bull, infelizmente, e a conta sobrou para o contribuinte brasileiro.
E as redes sociais caíram de boca no churrascão oficial. A página do restaurante no Facebook recebeu um rodízio de "elogios".
A MEME SINISTRA
E A "FELICIDADE" DO EMBAIXADOR CONVIDADO...
Ô COITADO!
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Reproduções Facebook |
domingo, 19 de março de 2017
Repórter brasileira é "assediada" por mascote do Manchester City...
A repórter da ESPN, Natalie Gedra, foi alvo agora há pouco de uma "investida" cordial do mascote do Manchester City, que jogou com o Liverpool neste domingo.A brasileira, que já foi especulada em sites de celebridades como suposta namorada do jogador Gabriel Jesus, levou na esportiva o "assédio" do mascote. VEJA O VÍDEO AQUI
A interminável conta do golpe
Fiscalização, independentemente de subornos e corrupção pagos a funcionários públicos para "amolecer" vigilância, é coisa que incomoda o neoliberalismo. Quando essa corrente de politica econômica pede Estado mínimo está quase sempre reivindicando Estado nenhum para fazer valer com desenvoltura suas apropriações.
Então, são essas tarefas a entregar aos promotores do golpe a viga-mestra do governo Temer. Nem a Lava Jato, nem as ruas vão tirá-lo do poder. Temer fica.
Vejam o caso do trabalho escravo. O governo recorreu à Justiça para impedir a divulgação da lista suja de empresas que exploram trabalhadores em condições degradáveis e criminosas. Na verdade, não apenas a lista suja está censurada como a fiscalização diminuiu.
É mais um item da conta do golpe.
Trabalho escravo é um atentado aos direitos humanos. O Globo noticia que a número de libertados caiu em 61%. Curiosamente, o mesmo jornal publica um entrevista com a Secretária Especial de Direitos Humanos do governo golpista em que ela exalta a política do atual governo para os... Direitos Humanos. Com acentuada dose de hipocrisia, o país que não combate o trabalho escravo acaba de indicar a titular da Secretaria, Flávia Pìovesan, ex-aluna de Temer, para a OEA, onde, se eleita, será a representante do governo golpista na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Na entrevista, ela diz que o governo está "inovando" na área.
Não que a OEA seja tão relevante agora que mais do que nunca faz uma linha auxiliar do Departamento de Estado do governo americano.
Mas um país que cede às corporações a liberdade e a dignidade do trabalhador não tem o direito de reivindicar vagas em comissões de Direitos Humanos. Nem em organizações multilaterais, nem no clube da esquina, nem na desmoralizada OEA.
A ira do senhor. Segundo colunista, Marcelo Crivela manda demitir repórter do jornal O Dia. Prefeito desmente e jornalista diz que ele mente...
(do Notícias por Minuto)
Repórter do jornal 'O Dia' teria irritado prefeito após escrever reportagem sobre situação de postos de saúde em meio ao medo da febre amarela
Um repórter do Rio de Janeiro, Caio Barbosa, teria sido demitido do jornal 'O Dia' por ordem do prefeito da cidade, Marcelo Crivella após a publicação de uma reportagem na última quinta-feira (16) sobre a condição dos postos de saúde durante as vacinações contra febre amarela.
A matéria fala em "filas, mau atendimento e falta de informação" em diversos postos de saúde da capital carioca. O texto original da reportagem, que continua on-line, teria sido substituída por uma versão editada.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO PORTAL NOTÍCIAS AO MINUTO, CLIQUE AQUI
ATUALIZAÇÃO EM 20/3 DE 2017
O PREFEITO MARCELO CRIVELLA DIVULGOU NOTA DESMENTINDO QUE TENHA INTERFERIDO NA DEMISSÃO DO REPÓRTER. LEIA A SEGUIR:
"É falsa a informação divulgada nas redes sociais atribuindo a mim o pedido de demissão do jornalista Caio Barbosa do Jornal O Dia. Jamais faria isso. Declaro de forma veemente que respeito os profissionais de comunicação e a liberdade de imprensa", diz o prefeito no texto.
"Repudio, tenho desprezo e nojo a perseguições políticas, e no meu primeiro discurso depois de eleito, roguei a Deus que nos livrasse da praga maldita da vingança. Aliás, apenas para desmascarar essa descabelada infâmia, lembro que o irmão do deputado Marcelo Freixo, Guilherme Freixo, encontra-se no quadro de funcionários da prefeitura. Termino afirmando que jornalistas de todos os veículos são atendidos por mim e por minha assessoria de forma isenta e respeitosa".
Logo depois da publicação do prefeito em suas redes sociais, o jornalista também se pronunciou. "A nota oficial do prefeito é uma mentira. Não apenas sobre mim. Sobre ele. Mente do início ao fim. Uma pena. Mentir é pecado. Deve ter sido escrita por um assessor. Espero. Errar e reconhecer o erro é virtude que Deus perdoa. Insistir na mentira é feio", disse.
EM RESPOSTA, O REPÓRTER CAIO BARBOSA AFIRMA QUE A NOTA É MENTIROSA:
"A nota oficial do prefeito é uma mentira. Não apenas sobre mim. Sobre ele. Mente do início ao fim. Uma pena. Mentir é pecado. Deve ter sido escrita por um assessor. Espero. Errar e reconhecer o erro é virtude que Deus perdoa. Insistir na mentira é feio".
O JORNAL O DIA PUBLICA HOJE EDITORIAL EM QUE NEGA INTERFERÊNCIA EXTERNA EM DEMISSÃO
O DIA realiza reestruturação em busca de maior eficiência
Rio - O jornal O DIA, avançando no seu processo de reestruturação de pessoal, assim como outras empresas do mercado editorial, realizou, nesta última semana, um ajuste em sua equipe de funcionários nas diversas áreas de gestão, tais como administração, gráfica, comercial e jornalismo.
Além disso, reduzimos ou mudamos alguns fornecedores que atendiam a companhia nas áreas de TI, matéria-prima, conteúdo editorial (agências de notícia) e outros.
Entre os diversos critérios usados neste processo de reestruturação, a empresa manteve-se firme em um propósito: levar às bancas um produto de qualidade e, principalmente, imparcial, no qual nossos leitores possam confiar. Este é um compromisso histórico do jornal O DIA.
Portanto não houve, e nem poderia haver, qualquer interferência externa nas decisões de corte, em nenhuma área da empresa. O jornal O DIA repudia qualquer insinuação neste sentido.
Ciente do importante papel que desempenha na sociedade, a empresa se mantém empenhada com colaboradores, parceiros e fornecedores na busca permanente por equilíbrio financeiro, garantindo, sem sobressaltos, a continuidade de suas atividades, com a circulação diária dos jornais O DIA e Meia Hora, bem como a manutenção do emprego de 250 funcionários diretos e mais de 1.000 parceiros indiretos.
Como ocorre há 65 anos, seguimos em frente com a certeza de que cumprimos, diariamente, nosso dever de levar informação correta, bem apurada e imparcial à população carioca. Compromisso do qual jamais vamos abrir mão.
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Trumpolini ou Mussolump?
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Mussolini e Hitler em Berlim, 1937. |
Em 1937, Mussolini visitou Hitler, em Berlim. Foi um choque de egos em praça pública. Três anos depois, Charles Chaplin ironizou o encontro dos dois ao lançar o filme "O Grande Ditador".
Hitler era Adenoid Hynkel e Mussolini virou Benzino Napaloni. "O Grande Ditador" não foi um projeto assim tão fácil de emplacar. Chaplin teve que financiar do próprio bolso toda a produção. Hollywood tinha parcerias cinematográficas com a Alemanha e tentou desestimular Chaplin a filmar a paródia.
"O Grande Ditador" foi indicado para o Oscar de 1941 em cinco categorias. Surpreendentemente, não levou nenhuma estatueta. Embora tenha feito uma genial e admirada caricatura da época, Chaplin revelou anos depois, quando os horrores patrocinados por Hitler e Mussolini
chocavam o mundo, que não teria feito humor com as duas figuras se soubesse do que acontecia nos campos e porões dos dois países. Mas essa é outra história.
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Os dois ditadores em cena do filme de Chaplin |
Se Chaplin captou na ficção o ridículo e o grotesco dos ditadores quando ainda havia quem os admirasse, quando da visita, diante das multidões da vida real, Hitler e Mussolini disputaram expressões corporais ensaiadas. Queixos pra cima, mãos nas cinturas, passos firmes, como dois arremedos de Césares. Os documentários da época não escondem a pirotecnia gestual que inspirou o filme.
A postura de Donald Trump, há pouco dias, quando se recusou a apertar as mãos de Angela Merkel, finalmente revelou o modelo visual que inspira o presidente americano. Puro Mussolini nos gestos, nas atitudes, na permanente fixação em parecer "poderoso", "invencível" e "determinado".
Nesses primeiros encontros com líderes mundiais, mesmo com aliados como Alemanha e Canadá, Trump parece disposto a passar um hostil recado de intimidação. Ou recusa cumprimento, como ao receber Merkel, ou tenta destruir o "oponente", no caso o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, com um aperto de mão que mais lembrou as "encaradas" dos lutadores de MMA nas coletivas de promoção dos combates.
O "presidente" Michel Temer revelou todo excitado que recebeu um telefonema de Trumpolini, que teria convidado ou convocado o brasileiro a visitá-lo. Temer, que já se emocionou por ter uma suposta amizade com um vice-presidente americano - ele conta isso pra todo mundo, até em uma famosa carta para Dilma Rousseff - não vai dormir mais até chegar ao Salão Oval. Isso se não for barrado no aeroporto em função das restrições para estrangeiros. Temer que se cuide: se botar um bigode vai ficar com cara de Pedro Armendáriz, o ator mexicano de filme de cowboy; se for de touca branca dos antepassados sírios vai disparar o alame no aeroporto. Uns e outros não estão dando muito ibope no país do Tio Trump.
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Temer 'curtiu' telefonema de Trumpolini e Angela Merkel levou uma humilhante esnobada do americano. |
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Trumpolini vira a cara ao ouvir um pedido de aperto de mãos formal para fotos. |
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Os fotógrafos insistem e ele fecha a cara. |
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Com um misto de delicadeza e submissão - que vai lhe custar alguns votos na Alemanha - Merkel fala baixinho: "eles querem um aperto de mãos". Trumpolini não está nem aí. |
VEJA O VÍDEO EM QUE TRUMPOLINI DÁ UMA ESNOBADA NA ANGELA MERKEL. CLIQUE AQUI
sábado, 18 de março de 2017
Memórias do império: a última sessão de cinema dos Bloch
Geraldo Mayrink, colaborador da Época, foi redator da revista Manchete. Ele esteve em Cannes em 1983 e testemunhou uma despedida: Justino Martins não sabia mas naquela noite de maio participava pela última vez
do festival que tanto frequentou.
do festival que tanto frequentou.
por Geraldo
Mayrink
O filme havia acabado e, numa noite de maio de 1983, o jornalista Justino Martins apareceu para jantar. Ele chegou ao restaurante Le Martis, em Cannes, impecável em seu smoking, por volta de 11 da noite, e sentou-se sozinho a uma mesa. Foi reconhecido pelos brasileiros presentes, quase todos jornalistas. Logo arrumou companhia, brasileira. E parecia triste.
O filme havia acabado e, numa noite de maio de 1983, o jornalista Justino Martins apareceu para jantar. Ele chegou ao restaurante Le Martis, em Cannes, impecável em seu smoking, por volta de 11 da noite, e sentou-se sozinho a uma mesa. Foi reconhecido pelos brasileiros presentes, quase todos jornalistas. Logo arrumou companhia, brasileira. E parecia triste.
Justino, alto e moreno, gaúcho e vibrante, era uma referência histórica. Passara a vida como diretor da revista Manchete e sabia fazê-la como ninguém, quando ela era um sucesso. Passara parte da vida em Paris e, quase todo mês de maio, no Festival de Cannes. Passara também a vida passando em revista, em casa, em Cannes ou aonde quer que fosse, as mulheres mais belas que punha na capa da revista Manchete.
Orgulhava-se disso, não escondia.
Mas Justino parecia triste naquela noite. O filme que vira, Furyo, de Nagisa Oshima, de modo algum o aborrecera. Aos 66 anos, aparentando menos, divagou sobre os fantasmas do festival – gente morta, amigos que não veria mais. Falou de hotéis, pousadas, coisas volatilizadas. Estava doente de um câncer agressivo e fatal, mas não sabia disso. Sua tristeza deveria ter outra causa, impossível de diagnosticar.
Aí lhe perguntaram sobre seu futuro e esse futuro se chamava Rede Manchete, prestes a ser inaugurada. Era para ser uma coisa do outro mundo, com equipamento fabuloso. Bebendo vinho e comendo lasanha, Justino ficou ainda mais triste. Disse: “Não vai dar certo. Equipamento não faz televisão. O que faz é cabeça. E eles não têm cabeça para isso”. Eles eram todos da família Bloch, que havia erguido um império nos moldes luxuosos da velha Hollywood, vendendo ilusões e fantasias na forma de papel colorido, impresso em revistas.
Como se estivesse na Metro-Goldwyn-Mayer, Justino fez da revista Manchete a maior do Brasil num período. Seus companheiros de mesa acharam que ele estava enciumado da televisão, que lhe roubaria o trono espetacular. Nesse momento aconteceu uma coisa de cinema. Foi quando anunciaram que estava chegando ao local o rei do futebol, Pelé, para quem arrumaram uma mesa enorme, apesar da aparição fora de hora. O restaurante, já quase fechando as portas, ressuscitou. Pelé chegou acompanhado de uma loura, mas não uma branquela qualquer. Era uma louraça com vestido curto, branco, mostrando pernas e coxas, jóias no pescoço e dedos. Exibia um sorriso capaz de paralisar a platéia e um nome estranho – Xuxa. Ninguém sabia quem era. A presença de Xuxa provocou uma fila no toalete das mulheres, cuja porta muitos cavalheiros rondavam. Pelé concedeu entrevistas burocráticas. A moça voltou à mesa, muda. Ela sorria, ele se comportava. Comeram e foram embora. Justino observou tudo
Caminhando pelas vielas de Cannes, de volta ao hotel que ele imaginava cheio de lembranças e de fantasmas, Justino disse que a futura Rede Manchete colocaria Xuxa diante das câmeras e faria referências caridosas a Pelé. Que faria referências encomiásticas a ele, Justino, e haveria outras pessoas mandando no pedaço. Não parecia ressentido. Mas achava que a nova rede de TV iria à falência e seria fechada, tragando a Manchete e todas as demais revistas do império Bloch, que seriam reduzidas a pó. Despediu-se. Seus companheiros de noite acharam aqueles comentários coisa de um grande profissional que apenas estava triste, numa noite de mau humor em Cannes.
Justino Martins, alma da Manchete, carro-chefe dos Bloch, morreu três meses depois, sem tempo – e também sem o desgosto – de ver como estavam certas suas previsões mais sombrias, miradas num abismo onde não vislumbrava nada parecido com um happy end.
UPA: tratamento VIP e cinco estrelas. Quebrei a cara em Botafogo e recorri ao SUS. E não é que cuidaram bem de mim?
por Roberto Muggiati
Tropecei no meio-fio e mergulhei de cabeça no asfalto da rua. Imediatamente um rapaz e uma moça me ajudaram a levantar, queriam que eu encostasse na calçada. Agradeci e expliquei que morava perto e estava bem. Não estava tão bem assim.
O detalhe hediondo: eu tinha comprado um potinho de curau temperado com canela e o carregava como um bem precioso, mas de repente curau, sangue e canela se misturaram, ainda hesitei antes de jogar o pote fora. Em casa, avaliei o prejuízo: joelhos e palmas da mão ralados, o joelho esquerdo inchado e doendo e uma devastação geral no rosto na lateral do olho direito. A maçã do rosto escorchada, com perda de uma parte da pele. Um talho obsceno na pálpebra superior direita que obviamente requeria sutura. “Que saco,” pensei, “deixa pra lá.” Eram sete horas da tarde e eu nem havia almoçado, trabalhava para pagar as contas, tendo completado 63 anos de jornalismo nos idos de março, dia 15. Mas ainda persistem fiapos de bom senso nesta velha carcaça. Separei o livro que estou lendo, Os belos e malditos, de Fitzgerald, e – desobedecendo meu programa Transporte Zero – peguei um táxi até a UPA de Botafogo, esperando o pior dos horrores.
Entrei e me surpreendi: o ambiente parecia acolhedor, ar condicionado, tudo certinho. Muita gente esperando, aquilo me afligiu. Mas a mocinha da recepção logo sentiu que meu caso requeria “pronto atendimento”, como a sigla UPA promete. Achou que precisaria de sutura, tirou minha pressão (13/10) e me encaminhou adiante, dez minutos depois me convocam para a triagem na Classificação de Risco. Uma jovem robusta que, depois fiquei sabendo, sofreu um tombo parecido, senão pior que o meu, me levou para uma sala onde uma enfermeira simpática, a Jaci, fez os primeiros curativos. Ela comentou comigo que era imensa a quantidade de pessoas que davam entrada na UPA em consequência de ferimentos provocados por quedas devidas ao péssimo estados dos pisos e calçadas.
Veio então o cirurgião, Diego Nascimento, aplicou a anestesia e suturou quatro pontos. Um pessoal solidário, humano, rindo da própria desgraça – os salários atrasados – adorei a UPA de Botafogo. Mil vezes melhor e menos engessada do que o meu antigo Plano de Saúde Adventista Silvestre (religião embutida nunca dá certo). Na única emergência em que recorri ao Silvestre – e tive que subir até quase ao sovaco do Cristo Redentor – fui pessimamente tratado. Esperei das três da manhã até as onze, para ser medicado de uma luxação num dedo.
Lembro ainda de outro episódio, quinze anos atrás, com fortes lesões nas costelas, sem saber se tinham quebrado – meu filho me desovou na emergência do Miguel Couto, onde fui também muito bem tratado. E atendido em menos de hora e meia, com chapa de raios-X , laudo e medicação.
Voltando às reflexões costuradas com a enfermeira Jaci, enquanto o doutor suturava minhas pálpebras, concordamos que o acidente com a colega dela e meu tombo terrível tinham tudo a ver com o mau estado do piso das calçadas da cidade.
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"Eu me feri por causa de um buraco na calçada do Palácio da Cidade, a mansão de festas do prefeito carioca, na Rua São Clemente". |
A corrupção mata
“A corrupção mata. A corrupção é uma assassina sorrateira, invisível e de massa. É um serial killer que se disfarça de buraco de estradas, de falta de medicamentos, de crimes de rua e de pobreza” (Deltan Dallagnol, procurador da República)
A frase acima, proferida no discurso do procurador, em discurso à Câmara dos Deputados, revela bem o caráter da corrupção no Brasil. Sem dúvidas, ela é o nosso maior problema. Por conta da corrupção, direta ou indiretamente, a economia do país encolhe, pais de família perdem seus empregos, a criminalidade aumenta, e os cidadãos pagam a conta.
Se o senso comum for observado, veremos que a sensação de impunidade, e de que “tudo ficará como está” impregna as mentes dos brasileiros e, mesmo que surjam iniciativas populares com o objetivo de promover alguma mudança no cenário, muito pouco acontece, e a esperança acaba por se esvair.
Dallagnol (na foto) falou para poucos presentes, a maioria, membros da sociedade civil, e esta é a maior prova de que nossos representantes estão pouco comprometidos com atitudes que possam mudar os rumos da política no Brasil.
Mas, independentemente dos políticos, a sociedade precisa se comprometer mais. O brasileiro precisa encontrar e recuperar o gosto pela política, precisa debater, viver, participar. As estruturas partidárias precisam se revigorar e atrair novos membros, uma nova geração realmente comprometida com a mudança. Os políticos precisam se comprometer com a reforma política.
O país precisa encarar a política da mesma maneira que os gregos a encaravam na idade de ouro da civilização ocidental, com entrega e seriedade. A esperança reside nos espaços online, e na força de mobilização que o debate nas redes sociais incita. E reside no papel que o brasileiro desempenhará nas urnas, daqui em diante.
Do contrário, a corrupção continuará vitimando: pessoas, sistemas e estruturas.
sexta-feira, 17 de março de 2017
Fotomemória da redação - Justino Martins, 100 anos: lembranças de um revisteiro...
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Justino na noite carioca. |
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No Canecão, ao lado do jornalista Renato Sérgio. |
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Na redação da Manchete; No sentido horário, Célio Lyra, Muggiati, Justino e Alberto Carvalho. |
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Na redação da Manchete, comemorando aniversário. Da esquerda para a direita, Lairton Cabral, Antonio Rudge, Roberto Muggiati e Wilson Cunha. Ao fundo, Murilo Melo Filho. |
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Na Revista do Globo, em Porto Alegre, anos 1950. Fotos Reproduções, Arquivo Pessoal. |
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Foto Trip Advisor/Divulgação |
Justino Martins nasceu em Cruz Alta, no dia 13 de abril de 1917, há 100 exatos anos. Morreu em 1983, aos 66 anos. Com alguns breves intervalos, dirigiu a Manchete de 1959 até agosto de 1983. Embora a publicação já existisse havia sete anos, ele foi o responsável por modernizá-la e transformá-la no sucesso editorial que desbancou O Cruzeiro, a semanal que até então liderava o mercado de revistas brasileiro.
Na sequência de fotos acima, algumas imagens da sua trajetória.
A cidade natal o homenageou com a instalação da Casa de Cultura Justino Martins.
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JUSTINO MARTINS: O CENTENÁRIO DE UM REVISTEIRO
O maior revisteiro do Brasil
Morto há pouco mais de três décadas, o gaúcho Justino Martins, que nasceu em Cruz Alta (RS) no dia 13 de abril de 1917, permanece na memória do jornalismo brasileiro como o criador do estilo da extinta revista Manchete
por Roberto Muggiati (especial para a Gazeta do Povo)
]Justino Martins morreu há 33 anos no mês de agosto. Foi uma morte simbólica, três meses depois que a TV Manchete foi ao ar. Ele já previa que a televisão iria matar as revistas da Bloch Editores. Diretor e criador do estilo da Manchete, Justino era emocionalmente apegado à revista e preferiu partir antes. Trabalhei 18 anos com ele, seis anos na mesa de edição, cotovelo contra cotovelo. Guardo a lembrança de um homem amante da vida, apaixonado por seu trabalho e com uma curiosidade ilimitada pelas pessoas. Cinéfilo extremado, ia todo ano ao Festival de Cannes, fazendo parte do júri.
Ganhou até o apelido de Cidadão Cannes...
Gaúcho de Cruz Alta, filho ilegítimo de um estancieiro uruguaio, Justino começou do zero. Aos doze anos foi balconista de sapataria, depois operário na construção de ferrovias. Seu conterrâneo Erico Verissimo lhe deu a primeira oportunidade: revisor da Revista do Globo, em Porto Alegre. Logo Justino passou a redator e aos 20 anos assumia a direção da revista. Erico e Justino casaram com as irmãs Mafalda e Lucinda. Com Lucinda e o filho Carlito, Justino partiu para uma longa temporada em Paris, onde trabalhou como correspondente de revistas e jornais. Publicou na Manchete o encontro exclusivo que promoveu – e fotografou – entre Brigitte Bardot e Picasso. Em 1959, Adolpho Bloch convidou Justino para dirigir a revista no Rio. Criada em 1952, a semanal ilustrada ficou famosa pela impressão impecável em cores, mas não conseguia achar uma fórmula editorial. Hélio Fernandes lhe deu um toque jornalístico, mas proibiu a entrada na redação dos irmãos Bloch: Arnaldo, Boris e Adolpho. Acabou demitido. Otto Lara Resende ficou um ano na direção e cunhou a expressão “os Irmãos Karamabloch.” Os Bloch nasceram na Ucrânia e seu temperamento russo era bem mais forte que o judeu. Certa vez, um dos irmãos comprou a bom preço uma batelada de máquinas de escrever. Os outros dois, desconfiados do negócio, se puseram a quebrar as Remingtons no chão da redação. Arnaldo e Boris morreram em 1957 e 1959 e Adolpho ficou livre para reinar supremo sobre a Manchete.
Confrontos
Começou aí o casamento tumultuado – mas bem-sucedido – de Adolpho Bloch com Justino Martins. E a revista, ao longo de seus 48 anos de vida, seria sempre o produto do confronto entre o empresário e o jornalista. As reportagens eram discutidas palmo a palmo e a escolha da capa era uma verdadeira briga de foice no escuro. Adolpho interferia na escolha das fotos e quando não gostava de um cromo ele o comia. (A bem da verdade: rasgava o celuloide com os incisivos e o triturava com os molares, mas não o engolia...) Quando a revista vendia tudo, Adolpho se gabava: “Esgotei a edição!” Quando não vendia, Adolpho dizia: “Viu só, Índio? Tu encalhou a revista!” Uma de suas grandes brigas era a construção de Brasília. Adolpho fez da Manchete um órgão oficial da presidência JK. Justino publicava as reportagens a contragosto, dizia que não passavam de “marreta” (matéria paga). Em 21 de abril de 1960, Adolpho compareceu em alto estilo à inauguração de Brasília, mandou fazer fraque e cartola, fretou um avião para trazer as fotos do acontecimento e acompanhou o fechamento da Edição Histórica. Reprimindo sua raiva, Justino se deteve diante das fotos de Adolpho, devidamente paramentado, pinçou um detalhe e fez o comentário corrosivo: “Mas, tchê, tu estragaste tudo: não se usa sapato de furinhos com fraque e cartola...”
Ironicamente, Justino casou (pela segunda vez), com a primeira Miss Brasília, Martha Garcia. (Teve com ela uma filha, Maria Valéria Martins, que não negou o DNA paterno: é jornalista e dirige a agência literária Shahid.) “Eu adoro mulher bonita!” proclamava Justino, que descobriu, entre outras musas, Duda Cavalcanti, Xuxa, Luiza Brunet, Rose di Primo. Corria a estória de que a capa passava pela sua cama: “Se é capa, não escapa...” Nunca tive provas concretas disso, mas Justino não desmentia a lenda, que só acrescentava ao seu charme. Certa vez uma periguete caiu na conversa de um repórter que lhe prometeu a capa da Manchete. A moça foi reclamar ao Justino, que disse: “Mas tu deste pro cara errado, tchê...”
Retorno
Adolpho tentou tirar o Justino da direção da Manchete na virada dos anos 60/70, mas a manobra não deu certo. Chamou-o de volta. Justino fez charme, disse que tinha um convite para ser RP da grife de Madame Grès, estilista e perfumista de Paris. Era uma armação combinada com a Madame, sua velha namorada, que confirmou a história ao Adolpho pelo telefone. Assim, além de um belo salário, Justino voltou à direção com um bônus de mil dólares, que um funcionário da tesouraria todo fim de mês botava na sua mão em cash, diante de toda a redação.
Mas tirar o Índio da direção de Manchete era uma obsessão do Adolpho e ele voltou à carga em 1975. Dipensou o Justino da Manchete, disse que precisava dele para criar uma revista de decoração (que nunca saiu), e o homenageou com uma grande feijoada para centenas de pessoas no restaurante da Rua do Russell. Involuntariamente, servi de instrumento para esta jogada maquiavélica do Adolpho. Desde 1972 eu editava a revista em maio, quando Justino tirava férias e ia ao Festival de Cannes. Seguro de que eu poderia assumir o posto, Adolpho me empurrou para a direção da revista, onde fiquei até 1980, quando uma crise de saudosismo levou o Justino e volta à Manchete e eu fiquei como seu vice.
Na primeira terça-feira de agosto, já com a revista fechada, Justino me falou: “Segura a coisa aí, tchê, que vou fazer uns exames no Hospital dos Servidores.” Foi embora para não voltar. Visitei-o uma vez no Servidores e outra num triste sábado na Clínica Sorocaba. A um punhado de amigos, Justino confidenciou: “Estou me sentindo como um soldado diante de um pelotão de fuzilamento.” Morreu no dia seguinte, 28 de agosto. Passados 30 anos, sua fama só fez crescer. Como definiu o livro A Revista no Brasil (Editora Abril, 2000) : “Foi o editor que desenvolveu definitivamente a fórmula do que chamou de ‘beleza estética na informação.’” Uma beleza flagrantemente ausente nas revistas de hoje.
Conheça um pouco mais sobre o jornalista gaúcho Justino Martins a partir de algumas de suas frases clássicas:
• “Escrever é fácil, ou impossível.”
• “Tens de pegar o leitor pela primeira frase.”
• “Tu não és repórter? Te viras!”
• “Nasci no pampa e só não virei cavalo porque saí de lá e fui para a Europa.”
• “Gide tinha o jornalismo como uma meia arte. Eu o considero uma arte inteira.”
• “A mulher só é fiel à moda.”
• “A coisa mais fácil do mundo é conquistar uma mulher. E a mais difícil é se livrar dela.”
• “Acredito que o próprio Stálin, na hora da morte, não pensou na Rússia que ele dominou. Pensou na garota de 19 anos que ele teve na juventude numa noite qualquer.”
(*) Roberto Muggiati, jornalista que mais tempo durou na direção da Manchete, admite que Justino Martins foi a verdadeira alma da revista.
Revista Alterjor: os novos caminhos do jornalismo independente
Saiu o novo número da revista Alterjor – Jornalismo Popular e Alternativo, publicação semestral do Grupo de Pesquisa da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP. O foco é o jornalismo-cidadão e os coletivos de comunicação. A revista discute experiências independentes e práticas jornalísticas realizadas pelos movimentos sociais e populares, além de temas relacionados à mídia em geral.
VOCÊ PODE LER A ALTEJOR CLICANDO AQUI
A lenda de Jean-Paul Lagarride: The Making Of
por Roberto Muggiati
A Manchete não era uma revista séria – ainda bem! Não se discute que publicava grandes reportagens nacionais, tinha escritores de renome no seu elenco e acesso aos melhores serviços internacionais de texto e fotografia. Mas o diretor da revista, Justino Martins, também tinha a alma de ficcionista e inventou um repórter internacional fortemente vínculado ao Brasil e à Manchete: Jean-Paul Lagarride.
Quando a Veja surgiu para disputar a hegemonia do mercado entre as semanais, seu editor, Mino Carta, começou em suas conversas com o leitor a alfinetar Lagarride – a quem chamava de “o guapo escriba bretão”.
Justino resolveu revidar. Inventou de publicar uma entrevista exclusiva na Manchete com Jean-Paul Lagarride. Irineu Guimarães passou um fim de semana na casa do Justino na Joatinga entrevistando o próprio – afinal, segundo Justino, “Lagarride c’est moi!” Até aí tudo bem. Mas faltava a foto para materializar o personagem. Justino teve uma ideia. Convocou Gene Anthony, ex-fotógrafo da Life – um daqueles profissionais norte-americanos que Adolpho Bloch contratou na bacia das almas, aproveitando-se da crise na imprensa ilustrada dos EUA. Gene era um gênio. Por isso mesmo ficou atônito quando o editor da revista o convocou para fotografar closes do rosto dos redatores e repórteres.
Baixou então o espírito do Dr. Frankenstein no Justino e, com as fotos ampliadas em preto-e-branco, munido de uma hedionda tesoura, passou a recortar um olho do Irineu, outro do Sandroni, metade do nariz do Muggiati, outra metade do nariz do Magalhães Jr, meia boca do Ivan Alves, meia boca do Alberto de Carvalho e assim por diante. Com estas partes dispersas, montou um rosto monstruoso – enfim, a própria Criatura – que atribuiu ao “guapo escriba bretão”.
Isso foi por volta de 1974, proliferavam na Manchete os pseudônimos, particularmente nas pequenas notas da seção Leitura Dinâmica. Ruy Castro tinha o mais curto, Ed Sá; Ney Bianchi o mais sonoro, Niko Bolontrim; Ruy inventou um Acácio Varejão. Um dia, uma nova redatora, Marilda Varejão, o interpelou. Ruy perguntou: “Mas existe algum Acácio Varejão?” Marilda: “Existe, sim. Meu pai.”
As áreas mais sisudas e conservadoras da Bloch não queriam que as redações fossem felizes. Principalmente o pessoal da publicidade e da administração.
Então delataram ao Adolpho que aquela inflação de pseudônimos não condizia com a imagem da revista. Na época, Adolpho costumava despachar os orçamentos gráficos com um funcionário chamado Possidônio, uma figura estranha com manchas roxas no rosto. A redação estava cheia de X-9s e todo mundo sabia que “o Adolpho emprenhava pelo ouvido.” Colérico, convocou o Justino à sua sala e ordenou: “Não quero mais nenhum texto assinado por possidônios na Manchete!”
O tempo passou, mas Panis resgatou nosso herói. Jean-Paul Lagarride 4ever!
quinta-feira, 16 de março de 2017
Modelo que foi capa da Playboy é indiciada na Lava Jato. Ela foi amante de um cagueta premiado..
por O.V.Pochê
Escândalo midiático que não emplaca uma musa não merece esse nome. A Lava Jato ficou devendo nesse quesito. Nada muito sensacional entrou ou saiu das masmorras de Curitiba.
Mas, como a operação está longe de acabar e a força-tarefa tem gás para atuar até 2030, alguém deve aparecer no power point da Justiça.
Por enquanto, a musa possível é a seria ex-amante do cagueta premiado Alberto Yousseff, a modelo Taiana Camargo. Ela acaba de ser indiciada pela PF sob a acusação de "lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores".
Yousseff, como diz a Lava Jato, foi ativo operador de propinas no esquema da Petrobras. Foi um dos primeiros a usufruir da delação premiada e se deu bem: já está no seu apê de luxo em São Paulo e, segundo a mídia divulgou, foi concedido ao sujeito um acordo que o remunera com 1 milhão de reais correspondentes a cada 50 milhões de reais recuperados a partir da sua denúncia. Calcula-se que ele poderá embolsar até 20 milhões de pixulecos.
A nova esperança de que a operação ofereça ao país uma musa está na chamada Lista de Janot. Quando a chapa esquentar no meio político de Brasília e as delações se transformarem em investigações serão grandes as chances de algumas musas caírem na rede. A história já mostrou mais de uma vez que alguns deputados e senadores deprimidos com a solidão em Brasília costumam buscar belas emendas constitucionais nos melhores endereços do ramo.
Que venham as musas. Vão ajudar a quebrar a monotonia do noticiário.
Escândalo midiático que não emplaca uma musa não merece esse nome. A Lava Jato ficou devendo nesse quesito. Nada muito sensacional entrou ou saiu das masmorras de Curitiba.
Mas, como a operação está longe de acabar e a força-tarefa tem gás para atuar até 2030, alguém deve aparecer no power point da Justiça.
Por enquanto, a musa possível é a seria ex-amante do cagueta premiado Alberto Yousseff, a modelo Taiana Camargo. Ela acaba de ser indiciada pela PF sob a acusação de "lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores".
Yousseff, como diz a Lava Jato, foi ativo operador de propinas no esquema da Petrobras. Foi um dos primeiros a usufruir da delação premiada e se deu bem: já está no seu apê de luxo em São Paulo e, segundo a mídia divulgou, foi concedido ao sujeito um acordo que o remunera com 1 milhão de reais correspondentes a cada 50 milhões de reais recuperados a partir da sua denúncia. Calcula-se que ele poderá embolsar até 20 milhões de pixulecos.
A nova esperança de que a operação ofereça ao país uma musa está na chamada Lista de Janot. Quando a chapa esquentar no meio político de Brasília e as delações se transformarem em investigações serão grandes as chances de algumas musas caírem na rede. A história já mostrou mais de uma vez que alguns deputados e senadores deprimidos com a solidão em Brasília costumam buscar belas emendas constitucionais nos melhores endereços do ramo.
Que venham as musas. Vão ajudar a quebrar a monotonia do noticiário.
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