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domingo, 19 de março de 2017

Trumpolini ou Mussolump?



por Jean-Paul Lagarride
Mussolini e Hitler
 em Berlim, 1937.
Em 1937, Mussolini visitou Hitler, em Berlim. Foi um choque de egos em praça pública. Três anos depois, Charles Chaplin ironizou o encontro dos dois ao lançar o filme "O Grande Ditador". 

Hitler era Adenoid Hynkel e Mussolini virou Benzino Napaloni. "O Grande Ditador" não foi um projeto assim tão fácil de emplacar. Chaplin teve que financiar do próprio bolso toda a produção. Hollywood tinha parcerias cinematográficas com a Alemanha e tentou desestimular Chaplin a filmar a paródia. 

"O Grande Ditador" foi indicado para o Oscar de 1941 em cinco categorias. Surpreendentemente, não levou nenhuma estatueta. Embora tenha feito uma genial e admirada caricatura da época, Chaplin revelou anos depois, quando os horrores patrocinados por Hitler e Mussolini
Os dois ditadores em cena
do filme de Chaplin
chocavam o mundo, que não teria feito humor com as duas figuras se soubesse do que acontecia nos campos e porões dos dois países.  Mas essa é outra história. 

Se Chaplin captou na ficção o ridículo e o grotesco dos ditadores quando ainda havia quem os admirasse, quando da visita, diante das multidões da vida real, Hitler e Mussolini disputaram expressões corporais ensaiadas. Queixos pra cima, mãos nas cinturas, passos firmes, como dois arremedos de Césares. Os documentários da época não escondem a pirotecnia gestual que inspirou o filme. 

A postura de Donald Trump, há pouco dias, quando se recusou a apertar as mãos de Angela Merkel, finalmente revelou o modelo visual que inspira o presidente americano. Puro Mussolini nos gestos, nas atitudes, na permanente fixação em parecer "poderoso", "invencível" e "determinado". 

Nesses primeiros encontros com líderes mundiais, mesmo com aliados como Alemanha e Canadá, Trump parece disposto a passar um hostil recado de intimidação. Ou recusa cumprimento, como ao receber Merkel, ou tenta destruir o "oponente", no caso o  primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, com um aperto de mão que mais lembrou as "encaradas" dos lutadores de MMA nas coletivas de promoção dos combates. 

O "presidente" Michel Temer revelou todo excitado que recebeu um telefonema de Trumpolini, que teria convidado ou convocado o brasileiro a visitá-lo. Temer, que já se emocionou por ter uma suposta amizade com um vice-presidente americano - ele conta isso pra todo mundo, até em uma famosa carta para Dilma Rousseff - não vai dormir mais até chegar ao Salão Oval. Isso se não for barrado no aeroporto em função das restrições para estrangeiros. Temer que se cuide: se botar um bigode vai ficar com cara de Pedro Armendáriz, o ator mexicano de filme de cowboy; se for de touca branca dos antepassados sírios vai disparar o alame no aeroporto. Uns e outros não estão dando muito ibope no país do Tio Trump.  

Temer 'curtiu' telefonema de Trumpolini
e Angela Merkel levou uma humilhante
esnobada do americano.  

Trumpolini vira a cara ao ouvir um pedido de aperto de mãos formal para fotos. 

Os fotógrafos insistem e ele fecha a cara. 

Com um misto de delicadeza e submissão - que vai lhe custar alguns votos na Alemanha - Merkel fala baixinho: "eles querem um aperto de mãos". Trumpolini não está nem aí. 


VEJA O VÍDEO EM QUE TRUMPOLINI DÁ UMA ESNOBADA NA ANGELA MERKEL. CLIQUE AQUI