domingo, 19 de março de 2017

A interminável conta do golpe


Já se disse aqui que Temer não cai. O esquema que o sustenta é poderoso. O "presidente" tem um serviço a entregar: os pedidos dos mais variados lobbies que vão desde às privatizações e desonerações aos desmontes das legislações trabalhista, previdenciária, dos sistemas de saúde pública, de proteção do meio ambiente etc.

Fiscalização, independentemente de subornos e corrupção pagos a funcionários públicos para "amolecer" vigilância, é coisa que incomoda o neoliberalismo. Quando essa corrente de politica econômica pede Estado mínimo está quase sempre reivindicando Estado nenhum para fazer valer com desenvoltura suas apropriações.

Então, são essas tarefas a entregar aos promotores do golpe a viga-mestra do governo Temer. Nem a Lava Jato, nem as ruas vão tirá-lo do poder. Temer fica.

Vejam o caso do trabalho escravo. O governo recorreu à Justiça para impedir a divulgação da lista suja de empresas que exploram trabalhadores em condições degradáveis e criminosas. Na verdade, não apenas a lista suja está censurada como a fiscalização diminuiu.

É mais um item da conta do golpe.

Trabalho escravo é um atentado aos direitos humanos. O Globo noticia que a número de libertados caiu em 61%. Curiosamente, o mesmo jornal publica um entrevista com a Secretária Especial de Direitos Humanos do governo golpista em que ela exalta a política do atual governo para os... Direitos Humanos. Com acentuada dose de hipocrisia, o país que não combate o trabalho escravo acaba de indicar a titular da Secretaria, Flávia Pìovesan, ex-aluna de Temer, para a OEA, onde, se eleita, será a representante do governo golpista na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Na entrevista, ela diz que o governo está "inovando" na área.

Não que a OEA seja tão relevante agora que mais do que nunca faz uma linha auxiliar do Departamento de Estado do governo americano.

Mas um país que cede às corporações a liberdade e a dignidade do trabalhador não tem o direito de reivindicar vagas em comissões de Direitos Humanos. Nem em organizações multilaterais, nem no clube da esquina, nem na desmoralizada OEA.

2 comentários:

F.Sepia disse...

O Brasil ter trabalho escravo já é triste, ter governo que não combate é criminoso. Deviam responder a processo na Corte de Haia.

J.A.Barros disse...

E agora o "golpismo"da carne. Como ficará o "golpismo" da energia elétrica neste país? Al;em do "golpismo"da construção da "Hidroelétrica de Belo Monte". E o maior "golpismo" da Lava-Jato não é catalogada como "golpismo"?