Mussolini e Hitler em Berlim, 1937. |
Em 1937, Mussolini visitou Hitler, em Berlim. Foi um choque de egos em praça pública. Três anos depois, Charles Chaplin ironizou o encontro dos dois ao lançar o filme "O Grande Ditador".
Hitler era Adenoid Hynkel e Mussolini virou Benzino Napaloni. "O Grande Ditador" não foi um projeto assim tão fácil de emplacar. Chaplin teve que financiar do próprio bolso toda a produção. Hollywood tinha parcerias cinematográficas com a Alemanha e tentou desestimular Chaplin a filmar a paródia.
"O Grande Ditador" foi indicado para o Oscar de 1941 em cinco categorias. Surpreendentemente, não levou nenhuma estatueta. Embora tenha feito uma genial e admirada caricatura da época, Chaplin revelou anos depois, quando os horrores patrocinados por Hitler e Mussolini
chocavam o mundo, que não teria feito humor com as duas figuras se soubesse do que acontecia nos campos e porões dos dois países. Mas essa é outra história.
Os dois ditadores em cena do filme de Chaplin |
Se Chaplin captou na ficção o ridículo e o grotesco dos ditadores quando ainda havia quem os admirasse, quando da visita, diante das multidões da vida real, Hitler e Mussolini disputaram expressões corporais ensaiadas. Queixos pra cima, mãos nas cinturas, passos firmes, como dois arremedos de Césares. Os documentários da época não escondem a pirotecnia gestual que inspirou o filme.
A postura de Donald Trump, há pouco dias, quando se recusou a apertar as mãos de Angela Merkel, finalmente revelou o modelo visual que inspira o presidente americano. Puro Mussolini nos gestos, nas atitudes, na permanente fixação em parecer "poderoso", "invencível" e "determinado".
Nesses primeiros encontros com líderes mundiais, mesmo com aliados como Alemanha e Canadá, Trump parece disposto a passar um hostil recado de intimidação. Ou recusa cumprimento, como ao receber Merkel, ou tenta destruir o "oponente", no caso o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, com um aperto de mão que mais lembrou as "encaradas" dos lutadores de MMA nas coletivas de promoção dos combates.
O "presidente" Michel Temer revelou todo excitado que recebeu um telefonema de Trumpolini, que teria convidado ou convocado o brasileiro a visitá-lo. Temer, que já se emocionou por ter uma suposta amizade com um vice-presidente americano - ele conta isso pra todo mundo, até em uma famosa carta para Dilma Rousseff - não vai dormir mais até chegar ao Salão Oval. Isso se não for barrado no aeroporto em função das restrições para estrangeiros. Temer que se cuide: se botar um bigode vai ficar com cara de Pedro Armendáriz, o ator mexicano de filme de cowboy; se for de touca branca dos antepassados sírios vai disparar o alame no aeroporto. Uns e outros não estão dando muito ibope no país do Tio Trump.
Temer 'curtiu' telefonema de Trumpolini e Angela Merkel levou uma humilhante esnobada do americano. |
Trumpolini vira a cara ao ouvir um pedido de aperto de mãos formal para fotos. |
Os fotógrafos insistem e ele fecha a cara. |
Com um misto de delicadeza e submissão - que vai lhe custar alguns votos na Alemanha - Merkel fala baixinho: "eles querem um aperto de mãos". Trumpolini não está nem aí. |
VEJA O VÍDEO EM QUE TRUMPOLINI DÁ UMA ESNOBADA NA ANGELA MERKEL. CLIQUE AQUI
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