As vaias em NY não eram para o desconhecido Queiroga, mas ele reage em nome do chefe Bolsonaro. Reprodução You Tube |
O ministro da Saúde Marcelo Queiroga está bombando nas redes sociais e na mídia por um motivo nada edificante. Como parte de sua missão de integrante da comitiva brasileira que foi a Nova York, o ministro mostrou o dedo do meio para o mundo. Como ninguém sabia dizer o que ele foi fazer na ONU, aí está a explicação oficial. Queiroga recebeu rica diária e despesas pagas para representar o Brasil lá fora. Daí, essa dedada deve ser a mais cara do mundo paga por contribuintes.
O ministro costuma ser dócil e submisso diante de Bolsonaro. Todo dia dá demonstrações de que se sente mais confortável na prateleira inferior. Queiroga ficou irritado com as vaias dos manifestantes. No meio do bando de engravatados inúteis, o alvo dos apupos não era ele. Naquele momento, em pleno verão novaiorquino, o ministro viu sua chance de mostrar relevância. Armou-se de súbita coragem ao tomar para sí as vaias ao chefe. Claro, foi cauteloso. Esperou entrar na van oficial da facção brasileira, protegido por uma sombra hitchcockuiana, para só então exibir seu lado "rambo" e encarar a turba.
A cena daquele homem fora de si é vagamente ilumidada por flashes.
Iluminada por flashes? Então é isso!
No escurinho da viatura, vê-se o rosto contornado por cabelos brancos e o dedo do meio agora famoso, mas principalmente vê-se a ira difusa. A luz intermitente dos celulares colados na janela do veículo deve ter cegado por instantes a baixa autoridade brasileira.
Lars Toward (Raymond Burr): o vilão de Janela Indiscreta ataca no escuro. Dvulgação |
Por alguns segundos aquele homem que se ergue do assento lembra outros segundos de uma sequência famosa. No final do filme "Janela Indiscreta" o assassino de cabelos brancos e óculos, igualmente dominado pela ira, avança no escuro contra L.B.Jeffries, o fotógrafo interpretado por James Stewart. Este, preso a uma cadeira de rodas, usa como defesa a única arma à vista: um flash de lâmpada, a tecnologia da época, que ele recarregava a cada "tiro", como se fossse um revólver.
O dedo do ministro ganhou reprovação geral. Menos na comitiva presidencial. Para o grupo, Queiroga foi o herói do dia. O Capitão América do pedaço. Se vestir uma cueca por cima da calça será saudado com o Super Homem.
Niguém duvide: a essa altura um Homero bolsonarista está tomando notas para escrever a odisséia de Nova York. Para eles, Queiroga foi épico.
Veja o momento de "glória" do ministro nos States AQUI