Bush pescando. Reprodução Pinterest |
Desde que deixou a Casa Branca, George W. Bush transformou em residência permanente o Prairie Chapel Rancho, em Crawford, onde costumava passar os fins de semana. Andar de bicicleta, correr, pescar e cuidar da área verde são suas atividades preferidas.
Bush costuma receber no rancho personalidades que visitam o Texas. Foi o caso de Bono Vox, que certa vez fez questão de encontrá-lo por ocasião de shows no estado. Apesar de politicamente oposto a Bush, o vocalista do U2 quis agradecer ao ex-presidente o trabalho da Pepfar, organização fundada no mandato do republicano para o combate à Aids e do Bush Center que coopera com a One Campaign, iniciativa liderada por Bono para diminuir a pobreza extrema e implantar centros de saúde em regiões com alto índice de doenças na África.
A visita foi previamente agendada e Bono foi convidado para almoçar. No cardápio, pratos típicos da culinária do sudoeste americano.
Bolsonaro e o onipresente Hélio: fast food aos pés de Willie Nelson. Foto Flickr/Palácio do Planalto |
A conversa - ou monólogos paralelos - do monoglota brasileiro com o ex-presidente americano durou pouco. Não falaram do Bush Center nem de Aids, que o brasileiro deve achar que é coisa de viado. Nem do Bono Vox, provavelmente apenas mais um roqueiro drogado na visão bolsonariana. Bolsonaro quis posar de líder da América do Sul e para agradar o anfitrião improvisado encaixou uma delação provavelmente sugerida pelo staff olaviano sobre a ameaça de uma "nova Venezuela" caso Cristina Kirchner, que lidera as pesquisas, seja eleita. Aparentemente, Bush não respondeu porra nenhuma. Tanto que após a inútil conversa Bolsonaro teve que apelar para a telepatia: "Eu não sou vidente, mas, pelo semblante, eu entendi que ele tem preocupação não só com a Venezuela, mas com a questão da Argentina", disse. Nessa hora Bush devia estar pensando no lago artificial do rancho onde passa horas pescando legalmente bluegill e sunfish de orelha vermelha. Sem ser importunado.
Mas, no fim, a visita teve um ponto alto: o "encontro" com Willie Nelson em uma lanchonete texana. Não se sabe se faltou convite para almoço, a foto mostra que o brasileiro teve que descolar um rango em um pé-sujo de Dallas. O grande destaque acabou sendo o grande cantor e compositor americano.
Ao escolher a mesa, Bolsonaro nem imaginava que estava à frente de um ativista pela liberação da maconha (que cultiva cannabis em Nevada), defensor dos direitos LGTB e neto de índia. Tudo o que o bolsonarismo detesta.
Não foi informado se a lanchonete tinha música ambiente nem se a trilha tocada era “Roll me up”, de Nelson, cujo primeiro verso celebra a cannabis: "me enrole e me fume quando eu morrer”.