Irmã Dulce, Salvador, 1984. Foto de Antonio Ribeiro/ Reprodução Manchete |
Com Emílio Médici, em 1970. Foto Reprodução Manchete |
Com ACM e João Figueiredo.Foto Roberto Stuckert/Reprodução Manchete |
Com Sarney. Foto Gervásio Baptista/Reprodução Manchete |
Irmã Dulce será canonizada amanhã, no Vaticano. É a primeira santa nascida no Brasil.
Tanto quanto, em vida, muitos santos foram perseguidos por poderosos outros se viram obrigados a se aproximar de figuras deploráveis em nome de suas obras sociais.
Dizem que Irmã Dulce, que passará a se chamar Santa Dulce dos Pobres, evitava declarar posições políticas, a ela interessava obter ajuda para os seus pobres, o que não a livrou de problemas. Ainda jovem, foi suspensa por dez anos da sua congregação, que não concordava com as suas obras sociais, invadiu casas abandonadas para abrir doentes e fundou uma organização operária católica que foi mal vista por patrões baiano.
Mas a provação maior deve ter sido encontrar políticos, presidentes e ditadores para pedir ajuda para as instituições beneficentes. Uma verdadeira via crucis. Em 1947, ela e 300 crianças pobres literalmente cercaram o presidente Dutra, que visitava Salvador, como estratégia para serem ouvidas e conseguir verbas para suas obras.
Dizem os católicos que ninguém chega a santo sem caminhar sobre espinhos. Em nome de Deus, Irmã Dulce teve que apertar a mão de alguns "demônios" políticos. Vai ver tal sacrifício pesou positivamente na sua canonização.
A freira faleceu em 1992, aos 77 anos. A partir de então foi poupada de dar a mão às anomalias políticas que o país insistiu e insiste em produzir.
Foi poupada, inclusive, da presença física de uma dessas deformações em exercício no momento da canonização no Vaticano.
Deve ser seu mais recente milagre.