Talvez a definição mais precisa sobre o atual método de trabalho do jornalismo político na mídia conservadora tenha sido dada pelo advogado da Veja, Alexandre Fidalgo.
Confira.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou por 6 votos a 1, um pedido de direito de resposta de Ciro Gomes a uma reportagem "O Esquema Cearense" publicada pela revista.
Segundo a Veja, Cid Gomes, irmão de Ciro, teria dado benefícios fiscais a empresas no Ceará em troca de caixa dois para campanhas eleitorais. A reportagem tinha como base apenas a declaração de
Niomar Calazans, ex-tesoureiro do Pros, mas o próprio entrevistado afirmava à revista não ter provas da acusação que fazia. O acusador, inclusive, segundo o advogado de Ciro, André Xerez, já havia sido condenado por difamação.
Os ministros Sérgio Banhos, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Jorge Mussi, Tarcísio Vieira e Luis Felipe Salomão negaram o direito de resposta. Rosa Weber, presidente do TSE, votou a favor com base na argumentação do vice-procurador-geral-eleitoral, Humberto Jacques, segundo o qual “não se compreende a liberdade de expressão sem a possibilidade de direito de resposta”.
É surpreendente a posição do TSE porque a reportagem foi publicada, sem censura ou qualquer dano à liberdade de expressão da mídia. O veto do tribunal foi ao direito de resposta, obviamente posterior. A verdade é que a legislação brasileira recente precarizou esse instrumento democrático. O Brasil está hoje entre os países onde p direito de resposta é dos mais frágeis.
Em defesa da Veja, o advogado Alexandre Fidalgo usou uma argumentação que é um primor de sinceridade. Segundo ele, "a imprensa trabalha com elementos de razoabilidade, de verossimilhança. Eu não preciso necessariamente saber de verdade se a declaração será provada ou não provada”, acrescentou.
Fidalgo acaba de criar o jornalismo da "verossimilhança", o que não precisa necessariamente da verdade, nem está preocupado se o conteúdo será provado ou não provado.
Então é isso: sem querer ele escreveu o tutorial da velha mídia brasileira.
E o Brasil ganha a honra de criar o jornalismo investigativo da verossimilhança.
É nóis!
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