segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Rio em dia triste: a cena final do cinegrafista da Band

Foto da Agência O Dia, reproduzida do site da Folha de São Paulo
(da redação da JJcomunic) 
A CBN acaba de confirmar a morte cerebral do cinegrafista da Band, Santiago Andrade, 49 anos, atingido por um rojão lançado por um manifestante. Um dia triste para o Rio e para os jornalistas. Como todos os profissionais da imprensa designados para cobrir as manifestações (infelizmente, ações cada vez mais violentas marcam os protestos convocados por redes sociais - onde cada um age por sí e as bandeiras e palavras de ordem vão da direita à esquerda passado pelo anarquismo, fascismo e o indefinido), Santiago cumpria sua função de levar ao telespectador imagens de mais um desses violentos protestos. Profissional experiente, ele certamente adotava toda a cautela possível. Filmava, e olhava, para a frente, buscando a panorâmica do fato nas imediações da Central do Brasil. Mal sabia que o perigo fatal estava logo atrás. Naquele momento, um manifestante acendia o estopim da tragédia.
O mais surpreendente é que mesmo com a população chocada com a cena terrível que correu o mundo, instituições de classe e "especialistas" talvez movidos por política eleitoral atribuem a culpa, hoje, nos jornais, à própria polícia por tratar "como guerra" as manifestações. A polícia de fato demonstrou falhas na contenção da violência? Sim, principalmente no início da onda de protestos, quando as forças de segurança de vários estados, como o governo e a sociedade, foram surpreendidos por "táticas" de pequenos grupos que se apoderaram dos protestos legítimos e transformaram um recurso normal da democracia em quebra-quebra, intimidação, saques, assaltos e agressões. Mas vê-se na TV que no começo de cada protesto - como esse que resultou na morte cerebral de um jornalista - a polícia limita-se a acompanhar os grupos. Os black blocs assumem publicamente que estão lá, por "tática", para destruir "símbolos" da "opressão". Daí, aguardam geralmente apenas o momento que consideram certo para detonar a violência. É a regra. Isso passou a independer da ação da polícia ou da ausência da polícia, como tem sido fartamente demonstrado nos últimos protestos. 
A tragédia era anunciada. Parecia questão de tempo. Houve casos de jornalistas atingidos por balas de borracha da polícia (no mais grave, um fotógrafo perdeu a visão em um dos olhos). Em São Paulo registrou-se o caso de um manifestante em fuga que teria atacado com estilete um policial e acabou baleado. E a TV havia já mostrado outra tentativa de assassinato por parte de manifestantes, crime que não se consumou apenas pela intervenção de um soldado armado (que sacou uma pistola e teve o bom senso de não atirar) que afastou os agressores. Foi, lembra?, o espancamento de um oficial da PM, em São Paulo, durante um quebra-quebra. Por outro lado, houve até a futilidade da "badalação" da violência: "celebridades" participaram de um movimento para glamurizar os mascarados em grotesca demonstração de "militância no "espaço vip" e uma revista colocou na capa a "musa" dos mascarados, de belos olhos verdes, sensualizando o ativismo e dando um "charme" extra á "tática" black bloc. E há partidos políticos que apoiam e desfilam nas ruas de braços dados com mascarados. Até a liderança de uma greve como a dos professores do Rio, no ano passado, considerou normal, publicamente, render-se ao apoio da "milícia" de máscara.  
Por tudo isso, não é previsível que a morte do cinegrafista detenha a onda de violência: os manifestantes adeptos da "tática" demonstraram ontem ainda que consideram adequados e corretos os seus métodos. Tanto que mesmo diante da tragédia, black blocs e integrantes de mídias alternativas voltaram ao local do crime em ato de apoio a um dos participantes do homicídio que está preso. Na ocasião, houve conflito com cinegrafistas que estavam no local e um deles foi ameaçado ("Você será o próximo", gritou um manifestante). Um cinegrafista acabou atingindo um manifestante com a câmera. Uma ativista chamou os profissionais de "mídia carniceira".
Diante de tanta violência, o que esses grupos minoritários estão fazendo, na prática, é puro fascismo: cassam dos manifestantes legítimos o direito de protestar democraticamente, em paz, sem fogo e sangue.

6 comentários:

Stenio disse...

A Arfoc, orgão que reune repórteres fotográficos, está pedindo que a polícia investigue exaustivamente o caso e apure quem financia esses grupos dos quebra-quebra, já que são formados por pessoas que não trabalham e não estudam e estáo sempre disponíveis para passar um dia inteiro em protestos. Não pode ser apenas a mesada dos pobres pais desses monstros.

Ebert disse...

E esses caras tem uma batalhão de advogados à disposição. É só prender um deles que os doutores baixam na DP como mosca em sopa. E logo conseguem soltar os baderneiros. Deu nisso.

Tereza disse...

Meu Deus, que tristeza. Deus cuide da familia desse rapaz trabalhador barbaramente assassinado. e que acabe a violencia nos protestos que podem fazer mais vitimas.

Pedro S. Alves disse...

Vendo o video dá para perceber que uma das pessoas que chega para socorrer o cinegrafista caído é um outro jornalista (que diz a CBN é de um agência internacional) usando capacete. Penso que deveria ser equipamento obrigatório para repórteres, fotógrafos e câmeras que cobre essas situações de alto risco.

Frederico disse...

A Globo News é black bloc.? Parece. Primeiro disse que a policia tinha soltado o rojao. Agora tem um debate lá onde um advogado disse que se um manifestante levar um rojao e for atacado pela policia e atirar nos policiais isso é legitima defesa. Nao sou advogado mas é isso mesmo? A policia tenta reetabelecer a ordem que é sua funcão e se o sujeito reaje com arma ou bomba é legitima defesa? O tal debate da Globo News parece mais preocupado com o rapaz que passou a bomba pro assassino do que com o cinegrafista morto.

J.A.Barros disse...

Mas, há uma contradição nessa história, a imprensa vive levantando a observação e respeito aos direitos humanos de quem que que seja. Sim , os direitos humanos devem ser respeitado e seguidos e agora como é que fica esse bandido que soltou esse rojão matando um cinegrafista em plena ação de trabalho?
A polícia vai prender e soltar esse bandido – se ele for menor por acaso – e vai ficar tudo por isso mesmo.
É preciso mudar muitas leis neste país e uma delas essa lei dos Direitos Humanos. Que diabo de lei é essa que protege criminosos e deixa vítimas abandonadas sem ver a justiça ser cumprida?
Esse país precisa ser repensado seriamente.