quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

2013 foi ano difícil, mas economia do Brasil cresceu, "surpreendeu o mercado", e, ufa!, estão adiados, pelo menos por enquanto, o caos e o dilúvio anunciados por jornalistas apocalípticos...







(da Redação)
Tem sido uma espécie de regra, nos últimos anos. As previsões dos economistas, agências e colunistas de economia comprometidos com política partidária, infelizmente a maioria, são sempre terríveis, tentam mostrar que o caos já se instalou, que a desgraça econômica é inevitável para o povo brasileiro, que a besta-fera vai varrer o país de norte a sul, que apocalipse está chegando. Um filme de terror econômico. Mas, cuidado, o marketing do pessimismo não é gratuito nem inocente: gera muito dinheiro para especuladores, pressiona o Banco Central a elevar os juros e, imaginam muitos,  impulsiona candidaturas de oposição. Foi divulgado ontem o PIB de 2013. O Brasil cresceu mais do que essas tais fontes fidedignas anunciavam. Tanto que a palavrinha que mais se lê e ouve hoje foi que o número "surpreendeu". O PIB cresceu 2,3%. Não é nenhuma "brastemp" mas é o terceiro índice entre as principais economias, atrás apenas da China (7,7%) e da Coréia do Sul (2,8%). E à frente dos Estados Unidos, Reino Unido e África do Sul (que cresceram 1,9%), Japão (1,6%), México (1,1%), Alemanha (0,4%), França (0,3%) e Bélgica (0,2%). Há uns poucos países que se expandiram em torno de 5% mas são economias de menor peso e, em certos casos, até rudimentares, aquelas em que se um milionário importa seu dinheiro de um conta em paraíso fiscal para dar uma festa ou comprar um jatinho o numerário já altera a balança fiscal. O México, por exemplo, que é o novo "queridinho" dos comentaristas brasileiros, cresceu 1,1%. A julgar pelo que se lia e ouvia aqui, a pujança mexicana era tamanha que o mundo em poucos anos estaria usando sombreros. Países como Itália e Espanha tiveram quedas no PIB. A zona do Euro caiu 0,4%. A crise mundial não passou e muitos países lutam com dificuldades para superá-la. 
Para demonstrar como são precárias e politicamente dirigidas as "previsões", veja isso: o "mercado" esperava crescimento em 2013 perto de zero. Em função disso, 2014 estaria irremediavelmente contaminado e, neste ano, "o Brasil não crescerá mais do que 1%" - é o que diziam até ontem. Hoje, com o número "surpreendente" de 2,3% no ano passado, já acham, sem abandonar o pessimismo, que o país deverá crescer em torno de 2% em 2014. Ou seja: do dia pra noite, a "previsão" simplesmente dobrou, como no passe de mágica, o Brasil, na nova "estimativa" especulativa crescerá 100% a mais. É mole ou quer mais? 
Agências de classificação de riscos, grandes bancos, famosos economistas, muitos analistas financeiros e jornalistas que defendem o "deus mercado" por convicção ou por ordem do patrão foram bastante desmoralizados pela recente crise mundial. Mas aparentemente isso não bastou. Mal algumas economias ensaiam uma recuperação lá estão eles, de novo, descendo a ladeira da credibilidade, lado a lado com o especuladores, pregando os dogmas do neo-liberalismo que concentra renda, rezando e pressionando para que as taxas de juros não parem de subir, pedindo todos os poderes para o "mercado" e torcendo para dar merda, literalmente. 
Em um ano eleitoral, é bom que o eleitor identifique os candidatos alinhados com tais predadores sociais e não vote neles. Não precisa procurar muito: é até bem fácil identificar o presidenciáveis "queridinhos" do "mercado".    

3 comentários:

Belinha disse...

Esses colunistas deviam assumir que comentam de olho na urna e fazem um trabalho para os candidatos do patrão. Coitados, tudo mundo tem que sobreviver mas há profissões mais dignas

J.A.Barros disse...

Não podemos esquecer que essa política econômica está sendo dirigida pela presidente e o Mantega vem seguindo as suas prescrições. Aliás, até o Financial Times já pediu a cabeça desse ministro da economia, o Mantega. Devia pedir a cabeça do presidente.

Saco Roxo disse...

Jornalismo, eita profissãozinha safada!!!!