segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Liberdade de imprensa é papo furado que acaba na mesa do patrão

por Eli Halfoun
Por mais que se procurem motivos para entender e explicar a variação de comportamento do jovem em qualquer época, a única certeza é a de que a em todos os tempos a busca maior da juventude foi (é) encontrar a total liberdade, que é o mais importante bem da humanidade. De tanto ouvir falar em “liberdade de imprensa” fui motivado a escolher o jornalismo como profissão. Não foi preciso muito tempo para descobrir (já trabalhando como repórter) que liberdade de imprensa não passava (continua não passando) de mais uma ilusão juvenil. Rapidamente descobri que a “liberdade de imprensa” acaba na mesa do patrão, que é quem mais cerceia a opinião profissional no veículo do qual é o dono e pode fazer o que bem entender, inclusive com a opinião dos profissionais. Essa constatação não me fez deixar de continuar lutando pela liberdade total e da tão sonhada liberdade de imprensa. Por isso não me admira que autores de novelas como Manoel Carlos e Gloria Perez declarem que sofrem sim intervenção da Globo na trama das novelas. Ou seja: só escrevem o que o “seu mestre mandar” que, aliás, sempre foi uma brincadeirinha estúpida e ditatorial que só permitia fazer o que “o seu mestre mandar” e como cordeirinhos respondíamos com um “faremos todos". Mudou: qualquer profissional pode reagir e até vencer mesmo que seja mais fraco do que os patrões que têm a mais poderosa arma do mundo para qualquer arranjo ou negociação: o dinheiro. No caso o dinheiro que paga (quando paga) nossos salários. (Eli Halfoun)

Um comentário:

Esmeraldo disse...

Eli, colocação perfeita. Assim como a do texto da Carta Capital reproduzido neste blog. O limite democrático da opinião é a sociedade. Um exemplo são os programas de televisão que fazem apologia de crimes e, por consequência, incentivam linchamentos e preconceitos. E nem seria caso de censura. Nas democracias, apologia de crime é caso de código penal. Vale lembrar que na época da ditadura tal tipo de "jornalismo" não sofreu censura, ao contrário, foi incentivado. Até mesmo na midia impressa (jornal "Última Hora") que criou um personagem ("Mão Branca") e tentou torná-lo uma espécie de heroi dos métodos do Esquadrão da Morte de trágica memória.