por Eli Halfoun
De tudo o que se disse sobre a morte do genial Oscar Niemeyer, a frase mais bonita foi, sem dúvida, a da presidente Dilna Roussef: "É dia de chorar a morte. É dia de saudar sua vida". A frase sintetiza tudo o que Niemeyer representou para o país e o mundo e é também uma lição para que aprendamos a lidar com a morte de amigos e parentes: em vez de apenas chorar a morte será mais profundo e justo saudar a vida de quem morreu e que sempre nos deixa além de saudade um legado de exemplos e ensinamentos. Oscar Niemeyer deixou muitos. Tive o privilégio de entrevistá-lo uma única e inesquecível vez para a minha longa vida jornalística. Ele me recebeu (eu e outros colegas da "Revista Nacional") no estúdio que mantinha na Avenida Atlântica (Posto 6) e do qual podíamos contemplar através e imensa janela totalmente envidraçada (Niemeyer amava e respeitava a arquitetura da natureza) um iluminado mar suave e tranqüilo como o próprio Niemeyer, que durante mais de duas horas de entrevista falou de seus planos ( já estava bem idoso) e se mostrou como um menino entusiasmado com novos projetos. Naquela manhã, Niemeyer parecia o doce e sábio avô do grupo (ele foi isso para todos) de jornalistas que o entrevistava. Falava pausadamente (não por cansaço, mas para que todos entendessem). Cada frase e resposta era uma lição de vida que é claro tratei de absorver ao máximo. Confesso que até esqueci que ali estava para exercer a função de repórter e me deixei quase hipnotizar por tudo o que Niemeyer dizia com convicção, sabedoria e verdade. Saí de seu estúdio consciente de que no dia em que ele deixasse essa vida perderíamos mais do que um arquiteto genial. A perda é de homem um admirável. Um construtor de vidas que deveria ser imortal para nos ensinar cada vez mais. (Eli Halfoun)
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