J.Barros
Com o julgamento no STF da Ação
Penal 470 vim a entender o axioma popular que diz “cada cabeça uma sentença”.
Entendi, com os votos dos eminentes magistrados, cabeças coroadas do Direito brasileiro, que não há lei com seus artigos, parágrafos, itens e incisos que
não ensejem duas ou mais interpretações. Uma lei que condena um criminoso pode
também absolvê-lo. Temos um caso em que um jornalista em São Paulo matou a
tiros a sua namorada. Julgado e condenado, esse jornalista, usando a mesma lei
que o condenou, passou alguns anos solto gozando de todos os direitos de um
cidadão livre, inclusive rindo da sociedade que o condenara indo jantar, nas
noites paulistanas, em restaurantes famosos acompanhado de namorada nova.
Faltando poucos anos para acabar a
sua sentença veio a gozar da lei – que
protege criminosos – de progressão da pena e logo estava em liberdade
condicional. Pode ser o rei do tráfico de drogas
ou um cidadão comum que cometeu um crime ser contemplado pelas interpretações
de leis que se condenam criminosos podem também absolvê-los.
Se você, cidadão livre, que acredita
nas leis e de repente assiste, perplexo, um criminoso – seja ele qual for – ser
solto e ficar livre da cadeia ao indagar a razão desse ato pode ouvir como
resposta de outro cidadão, situado no topo da escala social, gritar aos seus
ouvidos:
“ É a lei, estúpido”.
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