sábado, 15 de dezembro de 2012

Nota fiscal incomoda muita gente, transparência incomoda muito mais...

Você já ouviu muitas vezes que o Brasil tem impostos altos. Existe até um painel badalado em São Paulo que faz essa conta. Faltam, claro, por um questão de honestidade, mais dois painéis: um que deveria somar as taxas privadas que os brasileiros pagam, do pedágio passando pelas taxas bancárias e de administração e muitas outras impostas por hospitais, escolas, planos de saúde etc. O outro contabilizaria isenções e renúncias fiscais. Mas quando o governo cria uma norma transparente - listar nas notas fiscais os impostos e taxas recolhidos pelos comerciantes - há resistência. Um deles chegou a dizer que seria impossível, que não há computador que resolva isso, que o consumidor ia sair das lojas com notas fiscais de mais de um metro de comprimento. No dia seguinte a essa estranha declaração, um técnico informou que um programa simples resolve esse "problema".
Não é que imposto no Brasil seja alto, em muitos casos é mesmo, o pior é que é injusto. Assalariados são descontados na fonte, a população paga os impostos na boca do caixa. Indústrias e comércio cobram a conta dos zé-manés mas dispõem de mil recursos para não transferir todo o arrecadado. Isensões, incentivos, prazos para repassar o dinheiro que, enquanto isso, rende em aplicações, labirinto de pessoas jurídicas, paraísos fiscais etc. E se, depois disso tudo ainda ficar devendo, tem o refis ( o refinanciamento secular do pendura).  Por isso, a CPMF, aquela taxa cobrada nos cheques e transações financeiras, e que era justamente proporcional, foi tão combatida e e devidamente torpedeada. Lembra? O governo foi derrotado de goleada. O que incomodava na CPMF não era o percentual, até baixo, é que o mecanismo de desconto servia para monitorar grandes transferências. Ou seja, era um obstáculo a mais nas 'lavanderias" de dinheiro ilegal. Por isso, o fim da CPMF é comemorado até hoje com champanhe e caviar. Tanto na Avenida Paulista quanto nos mafuás e doleiros e redutos de traficantes que têm a incômoda tarefa de "lavar" milhões de dólares sujos.
Um adendo, só pra relaxar: sabia que em Portugal lavagem de dinheiro atende pelo nome de "branqueamento de capitais"?

Um comentário:

debarros disse...

Achei ótimo esse termo: "branqueamento de capitais".
No fim quer dizer que o dinheiro não é mais sujo. Claro, pela lógica portuguesa, se foi lavado ele está limpo não é mais sujo. Ótimo, muito bom.