segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Previsões para 2023 - "Só os sádicos serão felizes", diz Allan Richard Way II

Marquês de Sade como o diabo gosta. Gravura de H. Bierstein, 1850.
Reprodução

O vidente Allan Richard Way II passa uma temporada no Nepal. Acometido de súbita nostalgia dos anos 1970, quando esteve em Katmandu, no monastério Thrangu Tashi Yangtse Monastery, mais conhecido na região como Namo Buddha, ele enviou suas previsões diretamente dos picos gelados do Himalaia. A paz das montanhas não tornou o vidente mais otimista, continua sarccástico e “noir". Junto com a previsões, ele enviou uma gravura de H. Bierstein, de 1850, que retrata Donnatie Alphonse François, vulgo marquês de Sade. Só podia ser uma mensagem cifrada. Indagado, o velho vidente abriu o jogo. "2023 será um ano onde só os sádicos serão felizes". Vamos aos tópicos.

* *Tensão na Ucrânia provocará a maior ameaça nuclear desde a crise dos mísseis em Cuba. Será a reedição mais complexa dos “10 dias que abalaram o mundo” .

·  * Uma segunda crise envolverá uma potência nuclear e também fará o relógio do Apocalipse avançar em alguns segundos: a China se sentirá perigosamente ameaçada por Estados Unidos, Japão, Taiwan e Austrália e destravará seus mísseis. Se apertará ou não o botão dependerá do Ocidente.

·  * Um bilionário que controla redes sociais sofrerá um atentado.

·  * Governos europeus enfrentarão onda de protestos nas ruas. Inflação, desemprego, juros, as conseqüências econômicas da guerra na Ucrânia, queda no atendimento social e de saúde e preços dos aluguéis estarão entre as principais razões da insatistação coletiva.

·  * Livre de condenação, Donald Trump antecipará e radicalizará a campanha presidencial de 2024. Incidentes provocados por grupos supremacistas brancos resultarão em mortes.

·  * Pesquisas indicarão que a candidatura de Joe Biden à reeleição não será viabilizada. Partido Democrata terá dificuldade para encontrar um nome que vença Trump

·  * O Flamengo não será campeão do mundo em fevereiro próximo. Real Madrid vencerá a decisão por 3x1.

·  * Neymar receberá proposta de um time dos Estados Unidos.

·  * Sem surpresas na Copa do Mundo de Futebol Feminino, na Austrália e Nova Zelândia. Decisão entre Suécia X Estados Unidos.

·  * Na mídia brasileira, durante o governo Lula, voltará a predominar o chamado “jornalismo de guerra”, reeditando o que aconteceu no governo Dilma Rousseff e nos dois primeiros mandatos de Lula. Colunistas ligados à extrema direita serão valorizados nos veículos que se aliarão aos bolsonaristas e provocarão sucessivas crises políticas.

·  * Bolsonaro não será preso como muitos esperavam.

·  * Michelle Bolsonaro abrirá uma igreja evangélica e tentará comprar uma rede de TV em sociedade com um político.

· 

** Revelações de alcova surpreendem político em recesso.

· * Depois do orçamento secreto, o Centrão do Congresso brasileiro criará a gratificação invisível para deputados e senadores e a remuneração oculta para custear “auxílio emergencial” para as famílias necessitadas dos parlamentares.

·  * Nudes agitam certo grupo de Whatsapp em Brasília.

·  * Político bolsonarista é flagrado em sauna acompanhado de um coligação da ala jovem masculina do seu partido.

·  * Ronaldo Fenômeno vende o controle do Cruzeiro.

·  * Um governador é preso por corrupção.

·   * Neymar terá problema no pé

·   * Inundação e desabamentos em Petrópolis

·   * Ressaca levará aterro da praia de Camboriú. Bolsonaristas acusam Lula.

·  * Em 2023 eventos climáticos serão uma rotina. Planeta será obrigado conviver com mais anormalidades

·   * Bolsonaristas erguem monumento místico  em Brasília para adoração a Jair. Fieis depositam dinheiro para o ex-presidente, que não dá recibos, não aceita Pix, nem cartão. Só dinheiro vivo não rastreável.

·

·  * Queda de jatinho mata cantor.

·  * Sérgio Cabral será condenado a mais 80 anos de prisão. Com isso, só terá ficha limpa após cumprir todas as penas até o ano 2568

·  * Sergio Cabral lançará um livro contando tudo. No dia edo lançamento, vôos para Miami estarão lotados.

·  * Integrante da Coroa Real morrerá vítima de mal súbito. Investigação apurará circunstância suspeita.

·  * Morre piloto de Fórmula 1.

·  * Desastre internacional de avião com grande número de vítimas e brasileiros a bordo comove o país.

·  * FBI decide investigar residentes brasileiros. Suspeita é de formarem rede de tráfico de drogas e armas.

·  * Deputado bolsonarista e republicano, filho de brasileiros, eleito nos Estados Unidos, é cassado por fraude.

·  * Morre atriz brasileira.

·  * Polícia abre investigação sobre manipulação de resultados no futebol.

·  * Pastor lançará check-in-on-line para o Paraíso. Mediante certa quantia o crente não precisará entrar na fila do Juízo Final e terá aprovação garantida. Quanto maior a quantia, melhor será o acolhimento na vida eterna. O missionário será preso quando embarcar no seu jatinho Gulfstream.

·  * Santa Catarina será arrasada por tempestade inédita, fruto de conjunção climática desconhecida, com avanço brutal do mar. Na pequena ilha que sobrar do estado será construído um Memorial Antifascista.

* "Patriotas" farão manifestações antidemocráticas ao longo do ano. Em setembro acontecerá a Grande Marcha. Em agosto nascerá um bebê concebido durante um dos bloqueios fruto da paixão entre uma "patriota" casada e um pastor bolsonarista. O bebê receberá o nome de Jair. O "patriota" alegará que "pintou um clima" e não resistiu. O marido traído ganhará um emprego na Havan. 

* O PSG será desclassificado na Champions. Mais uma vez.  


Redes sociais - A crueldade on line

Um tipo de fake news divulgado no You Tube, principalmente,  mas presente em outras redes sociais, comercializa a morte. Em busca da cliques para potencializar seus ganhos Youtubers anunciam o falso falecimento de celebridades. São atores, atrizes, esportistas, cantores. Os posts são ilustrados com fotos e emojis tristes. Os autores ganham milhares de visualizações e compartilhamentos até que a farsa seja desmascarada.

Com as sucessivas internações e  lutando contra um câncer, Pelé é o maior alvo. Um desses canais chegou a anunciar que o ex- jogador estava naquele momento "se despedindo da família e dos amigos"  enquanto exibia vídeos antigos da família. A exploração do estado de saúde de Pelé é um dos maiores geradores de cliques no momento. Além do drama que vive, a família ainda é obrigada a lidar com a crueldade dos maus influenciadores

Mídia - O atentado que não é chamado de terrorista e a bomba que é apenas um "artefato".

 

Reprodução Twitter 

por Flávio Sépia 

A chamada grande mídia brasileira inventou o "atentado cidadão". Deve ser isso, a julgar pela linguagem dissimulada dos jornalões. O caso do sujeito que é gerente de posto de gasolina e ganha tanto que comprou 160 mil reais em armas é tratado como um incidente comum, algo como briga de torcida. Nos textos e títulos, mesmo quando usam a palavra "atentado", a mídia não vincula o ato a terrorismo. Claro que falta apurar muita coisa, a polícia do Distrito Federal agiu rápido nesse caso, ao contrário da recente e violenta tentativa de invasão da sede da PF. O terrorista bolsonarista confessou o crime e relatou a motivação. Queria criar um caos capaz de provocar a decretação de Estado de Sítio e impedir a posse de Lula.

Reprodução PCDF 


 O que falta apurar são as ligações do terroristas, quais seus contatos. Ele fala em pelo menos um general. Se a prisão do elemento foi rápida, o mesmo não parece ocorrer com os desdobramentos. O ministro da Justiça bolsonarista já divulgou nota onde expressa que é melhor "aguardar". Aguardar o que? Outras bombas?  Alguém já pediu a quebra de sigilo do terrorista para saber dos seus contatos? Como comprou ou recebeu as armas? E as cinco bananas de dinamite que a mídia prefere chamar de "emulsão", como se fosse um remédio pra azia? O Brasil está diante de um governo federal que não mais opera e um governo eleito que ainda não pode operar, só acompanhar os acontecimentos. Curiosamente , o clã dos Bolsonaro emoreende uma revoada. Um filho estaria na Noruega, outro já se mandou para Atlanta e o próprio Bolsonaro partiria nesta quarta-feira para se abrigar em Mar-a-Lago, onde mora Donald Trump.  Pode ser alguma coisa, pode ser nada. Pode ser apenas o último desejo de usar o jato de Presidência, as despesas pagas, o carro corporativo e todo o aparato a poucos dias de perder a grande "boca" da qual  desfrutou sofregamente. 

Em tempo 1: em seu primeiro depoimento, o terrorista afirmou que comprou armas para atender ao apelo de Bolsonaro ao pregar que povo armado jamais será escravizado.

Em tempo 2: a bomba, que a mídia minimiza para "artefato", explodiria um caminhão carregado de querosene com acesso ao pátio do Aeroporto de Brasília. Segundo a polícia do DF o dispositivo chegou a ser acionado remotamente mas um "detalhe" da instalação do detonador impediu a explosão com potencial para uma tragédia.

Em tempo 3: um dos fuzis do terrorista tem mira telescópica e é arma de longo alcance aparentemente do tipo usado por snipers. Ele teria algum plano específico para esse fuzil?

Em tempo 4- o terrorista recrutou comparsas ao frequentar o acampamento bolsonarista que ocupa área militar do QG do Exército em Brasília. 

Em tempo 5 - o terrorista foi indiciado como terrorista. Com três dias de atraso, parte da mídia passou a teclar o termo que costuma rejeitar. O bolsonarista que montou uma bomba e tentou explodir um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília e confessou o crime logo que foi preso é, surpresa para os editores, terrorista. 

domingo, 25 de dezembro de 2022

Dilma Rousseff para entregar a faixa presidencial. Um gesto que lançará Temer e Bolsonaro no vácuo da história

 

Reprodução Twitter 

por José Esmeraldo Gonçalves

Para Dilma Rousseff deve ter sido um presente moral. O Congresso acaba de restaurar a verdade.

A presidente foi derrubada por um sórdido golpe arquitetado por, eles sim, uma quadrilha de corruptos. Não por acaso os mesmos que apoiaram as terríveis consequências que o Brasil sofreu com a quebra dos princípios democráticos. 

Deu no que deu. 

O golpe e, em seguida, o tampão Michel Temer em seu mandato ilegítimo prepararam o esgoto que fez brotar Jair Bolsonaro. 

O pretexto dos golpistas para cassar Dilma foi uma ficção contábil manipulada por interesses políticos. 

Seis anos depois, no momento em que a equipe de transição revela o caos institucional, econômico, social e moral deixado por Bolsonaro - que personificou no seu desgoverno o resultado do golpe - o Congresso aprova as contas do governo Dilma Rousseff. Todas. Na prática e para a História, o Parlamento reconhece seu trágico erro. Essa é a sinalização que faltava para caracterizar definitivamente o golpe de 2016. 

Quanto à honestidade de Dilma, a PF, as CPI, o STF, o TCU, o STJ, os fora da lei Moro e Dallagnol, elementos dos porões da organização suspeita vulgo Lava Jato, nada encontraram que a desabonasse.

Lula bem que poderia fazer um gesto que tornará Temer e Bolsonaro mais desprezíveis do que já são: pedir a Dilma Rousseff que lhe entregue a faixa presidencial. Deixar no vácuo os mandatos sujos desses dois indivíduos será uma assinatura de dignidade a inaugurar o novo governo.

 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Páginas críticas da democracia

por J.A Barros (*)

Ainda no curso ginasial, no Liceu, em Niterói, no fim da década de 1940, eu e mais uns cinco companheiros, ingressamos na Ala Jovem do PTB. Era o partido político que tinha sido fundado por Getúlio Vargas. Participei de toda campanha para eleger o candidato do PTB, a quem vim a conhecer pessoalmente quando veio de São Borja (RS) para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Ajudei a organizar e participei de comícios  Niterói e no Rio de Janeiro.

Eleito presidente em 1950, Getúlio conseguiu governar o país até outubro de 1954, quando combatido ferozmente por seus opositores, tendo a sua honra ferida, deu fim à sua vida, no Palácio do Catete, sede do governo.

Na acidentada rota política do Brasil, outros presidentes vieram. Em 1964 vieram o golpe e o regime militar. Só 21 anos depois, o Brasil voltou à normalidade política e à democracia. Surgiram novos partidos, novas campanhas políticas e outros eleitos. José Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique e Lula conseguiram governar. Collor de Mello e Dilma Rousseff não completaram seus mandatos.

Nos dias de hoje vejo um candidato derrotado, Jair Bolsonaro, que fez uma campanha sórdida, nefasta, covarde. Fracassou na eleição, mas se esconde nos sites e neles derrama o seu veneno e suas "lives" desonestas,  mentirosas e repugnantes que, junto com seus apoiadores, espalha por todo o país. Cidadãos incautos parecem  acreditar, ingenuamente nas mentiras torpes destinadas a assustar e a espalhar o pânico na sociedade.

Ele não aceita a voz do povo concretizada nas urnas eletrônicas e, derrotado, incita uma parcela dos eleitores a se rebelarem contra a ordem e contra a Constituição Brasileira que, nos seus artigos, parágrafos e incisos, normatiza e rege os três poderes que governam o Brasil. Os vencidos se negam a reconhecer a vitória do candidato eleito pelo povo por maioria de votos e incitam uma parcela de eleitores a se postar diante de quartéis do Exército e a não reconhecer a Constituição, mãe de todas as leis. Pregam abertamente a instalação de uma ditadura. A Constituição é a lei maior e a ela devemos obedecer. Enganam-se aqueles que, pelas mentiras, pelas ofensas e pelos venenos que vomitam, pensam  conseguir vencer a vontade da maioria que espera construir um país melhor e honesto. Que deseja um governo que dê à seu povo o direito de viver em paz, em liberdade. Um governo que nunca deixará seus cidadãos sofrerem uma morte horrível, sufocados pela falta de ar, contaminados por vírus assassinos e pela incompetência e desprezo de autoridades que debocharam da grave crise sanitária. Um governo que jamais se porá a rir da morte de seus cidadãos em leitos de hospitais e jamais deles caçoará ou imitará ironicamente aqueles que morreram tragicamente.

A história nos conta que nunca a mentira e a covardia foram vencedoras finais em regimes assim, tanto reais como republicanos. A verdade, a honestidade e os princípios de igualdade social vencerão a disputa pelo poder. Cada povo, uma história, mas nenhum rei desesperado conseguiu até hoje trocar seu reino por um cavalo que o ajudasse a ganhar a batalha perdida.  Nem na ficcão de Shakespeare isso se realizou. Que o diga Ricardo III. 

A verdadeira glória consiste na vitória do bem contra o mal. Não depende de cavalos. E muito menos  de motocicletas.

(*) J. A. Barros, com longa vivência na imprensa, foi diretor de arte das revistas O Cruzeiro, Tendência, Manchete Esportiva, Fatos & Fotos, Fatos e Manchete. Pelas páginas que diagramou passaram as crises políticas  que moldaram, para o bem e para o mal, o Brasil da segunda metade do século 20

Desbolsonarizar o Brasil - De Leneide Duarte-Plon para a Rede Estação Democracia (RED)

 

Foto: Reprodução Facebook

por LENEIDE DUARTE-PLON*, de Paris (link para a RED) 

- https://red.org.br/noticia/desbolsonarizar-o-brasil/

Trabalho histórico, só pode ser bem sucedido sem anistia nem amnésia.

24 de Março. Mais memória, mais verdade, mais justiça. Faixa como esta – exibida por jogadores argentinos, entre eles Messi, em foto não datada, na qual eles vestem uniforme preto com o logotipo da Coca-Cola e da YPF, a companhia de petróleo argentina – nunca foi vista num campo brasileiro com jogadores brasileiros. Vale informar que a YPF foi privatizada pelo governo Menem, em 1999, para satisfazer a ganância do neoliberalismo mundial e pertence hoje a uma empresa espanhola. Alguém imagina jogadores brasileiros abrindo uma faixa semelhante no campo de futebol? 31 de março. Mais memória, mais verdade, mais justiça. Aqui, a amnésia foi cultivada, louvada e empurrada goela abaixo pelos militares.  A sociedade nunca conseguiu impor uma justiça de transição que julgasse militares e civis culpados de crimes contra a humanidade: tortura e desaparecimento de opositores políticos, considerados pelo direito internacional como imprescritíveis.

Não devemos esquecer que a Comissão Nacional da Verdade, parida a forceps no governo Dilma Rousseff, foi amputada das palavras Memória e Justiça por imposição dos militares que nunca admitiram que fosse feita Justiça contra os crimes da ditadura.

Temos muito a aprender com a Argentina, que soube levar ao banco dos réus e à prisão os responsáveis pela barbárie do regime militar que lá vigorou de 1976 a 1983. Nunca esqueçamos que o general Videla morreu na prisão. No Brasil, os presidentes-ditadores morreram no conforto de suas casas ou em hospitais sem nunca ter sido julgados. Seus crimes permanecem impunes.

Itália e Alemanha: como lidar com o passado

Há dois meses, o Le Monde fez uma série de reportagens sobre o fascismo para marcar os 100 anos da Marcha sobre Roma, na qual o  primeiro fascista inaugura o fascismo na Itália. O formidável trabalho de pesquisa histórica e de investigação jornalística do jornal revela um país que não virou totalmente a página do fascismo. O Le Monde qualifica a atitude dos italianos pós-guerra como um laxismo pois enterrou o fascismo sem punir os fascistas. A consequência é o governo pós-fascista de Giorgia Meloni.

Na Alemanha, o trabalho de Memória e de Justiça foi concretizado no Tribunal de Nuremberg, que julgou e puniu os nazistas por crimes contra a humanidade, num trabalho que ficou conhecido como desnazificação. Depois de Nuremberg, a História alemã, assim como as leis, garantem uma espécie de cordão sanitário contra o nazismo.

Na França, depois da guerra, a Justiça julgou e condenou todos os que colaboraram com o ocupante nazista. Épuration  foi o nome que se deu a esta justiça de transição. O ensaísta e jornalista Georges Suarez – biógrafo de Pétain, de Aristide Briand e de Georges Clemenceau – casado com a tia-avó de meu marido, foi o primeiro fuzilado por ter colaborado estreitamente com os alemães. Fora inclusive à Alemanha encontrar Hitler, com outros intelectuais franceses, como diretor do jornal de extrema-direita Aujourd’hui, sob controle alemão. Georges Suarez foi julgado, condenado e fuzilado em novembro de 1944, poucos meses depois da Libertação de Paris.

Que tipo de documentos o Trump dos trópicos, como o chama a imprensa francesa, pode estar escondendo ou mesmo queimando para continuar impune e até mesmo para trazer prejuízo ao novo governo Lula?

Esperemos que os Juristas pela Democracia e outros grupos de defesa do Estado de Direito agirão na Justiça em nome dos interesses de todos os brasileiros.

O filósofo e psicanalista Vladimir Safatle escreveu :

A amnésia construída nos mínimos detalhes por uma Lei de Anistia dos crimes da ditadura – prisões políticas, tortura e desaparecimento de corpos de assassinados pelos agentes da ditadura – explica em parte a eleição de um nostálgico dos 21 anos de chumbo que o Brasil viveu.  Como na vida psíquica do sujeito, na vida social o que ficou recalcado sem ser devidamente retrabalhado retorna inexoravelmente, numa explosão de devastação e sofrimento.

O trabalho de memória é pré-condição da reconstrução. Esquecer ou forçar o esquecimento é preparar a volta do que foi recalcado.

Eufemismos e distorções de quem reescreve a História

Acostumado a chamar o golpe de 1964 de “movimento”, o ministro da Suprema Corte do Brasil, Dias Toffoli criticou a Argentina por julgar e punir os carrascos da ditadura militar. Inacreditável, vindo de um homem que, presume-se, deve defender a punição de crimes contra a humanidade.

Os argentinos já condenaram 1.088 responsáveis por crimes contra a humanidade. As declarações do magistrado revelam desconhecimento sobre a História e o papel da justiça de transição.

Toffoli, aquele que nomeou dois generais como assessores, se faz porta-voz dos militares que cometeram crimes durante o governo do capitão-fantoche e prega, de maneira velada, a impunidade para os cúmplices do futuro ex-presidente do Brasil. Para isso, precisa criticar o magnífico trabalho feito pela justiça argentina.

Qualquer tentativa de perdão a Bolsonaro é apostar no fracasso da democracia, na falência das instituições e na frustração das expectativas de que o país consiga se reerguer, escreveu o jornalista Bernardo de Mello Franco.

Não preciso listar os crimes de Bolsonaro. Cabe à Justiça investigar.

Mas Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, citou alguns : “Abuso de poder político, econômico e religioso; orçamento secreto, auxílios eleitoreiros não revogados por apatia do STF; coação pública (por lideranças locais, como no escândalo de Coronel Sapucaia, revelado por Caco Barcellos) e assédio privado (de empresários sobre empregados, por exemplo), que atualizaram o voto do cabresto; a insurreição da Polícia Rodoviária Federal para atrapalhar votos do nordeste”.

Conrado Hübner Mendes resume :

A impunidade de Bolsonaro não só permitirá que ele se reeleja mais adiante, como fará brotar clones tão ou mais perigosos. Para desbolsonarizar o futuro é indispensável reparar o passado e não subestimar a ameaça do presente.

Para concluir, evoco o grande poeta chileno Pablo Neruda:

Por estes mortos, nossos mortos, peço castigo. Para os que salpicaram a pátria de sangue, peço castigo. Para o verdugo que ordenou esta morte, peço castigo. Para o traidor que ascendeu sobre o crime, peço castigo. Para aquele que deu a ordem de agonia, peço castigo. Para os que defenderam este crime, peço castigo. Não quero que me dêem a mão empapada de nosso sangue. Peço castigo. Não vos quero como embaixadores, tampouco em casa tranquilos. Quero ver-vos aqui julgados, nesta praça, neste lugar. Quero castigo.

(De “Os Inimigos”, no livro ‘Canto Geral’ (1950), de Pablo Neruda – Tradução de Paulo Mendes Campos (1979).

*Jornalista internacional, moradora de Paris. Autora de livros como A Tortura Como Arma de Guerra (Civilização Brasileira, 2016).

Fotomemória da redação - O hobby de Jango era a fotografia. Um dia ele interrompeu uma entrevista à Manchete para mostrar o equipamento que adquirira no exterior.

 

Jango e Jáder Neves, em 1962, na fazenda do ex-presidente em São Borja (RS).
Foto de Maria Tereza Goulart.


por José Esmeraldo Gonçalves 

A alegação dos militares para derrubar João Goulart foi a de que ele era um comunista desalmado que comeria criancinhas no almoço e no jantar. 

A História mostrou que quem torturou mães na frente de seus pequenos filhos foram os miliares, que assassinaram e perseguiram milhares de brasileiros opositores de uma ditadura que enriqueceu "batalhões' de 'patriotas".

Veja essa foto de publicada na Manchete e feita em São Borja, em 1962, há 60 anos. Naquela época já estava em curso a conspiração contra a frágil democracia brasileira. 

O que o então presidente João Goulart fazia no governo era propor reformas para modernizar o país, torná-lo mais justo e diminuir, ou pelo menos reduzir a níveis civilizados, os muitos privilégios das classes dominantes e ricas à custa dos cofres públicos. 

Esse era o "perigo vermelho" alardeado pelos golpistas. O desfecho, sabemos. Cerca de dois anos depois Jango foi derrubado, partiu para o exílio onde morreu 14 anos depois dessa foto feita pela sua mulher, Maria Tereza Goulart. Naquela reportagem da Manchete, ele dizia que ao sair da presidência "queria ser apenas um homem do campo".

Na mesma ocasião, Maria Teresa fotografou Jango usando a Hasselblad de Jáder Neves.
Foto Jáder Neves - Manchete
Enquanto, "gorilas", empresários,  fazendeiros e banqueiros (na época não havia as expressões "agronegócio" e "mercado") preparavam o golpe e recebiam um orçamento secreto dos Estados Unidos, o "perigoso" Jango estava preocupado em mostrar para Jáder Neves, fotógrafo da Manchete, o equipamento fotográfico que adquirira em uma das suas viagens ao exterior. Na mão direita do presidente, um novíssimo e sofisticado flash eletrônico ainda pouco conhecido no Brasil O primeiro a chegar aqui tinha sido importado pelo fotógrafo de publicidade Chico Albuquerque, em 1958. 

Na ocasião, Jango confessou a Jáder que gostava de fotografar, mas lamentou ter pouco tempo para se dedicar ao seu hobby. Ele mostrou curiosidade pela câmera Hasselblad e pela lente que o fotógrafo usava. Jango tinha a simplicidade dos estancieiros. A varanda onde ele aí aparece sentado no chão, sem qualquer formalidade, foi cenário de várias e marcantes fotos suas nesse estilo autêntico do gaúcho.          

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Publimemória: quando a propaganda ainda não valorizava a imagem dos craques do futebol

 



Reprodução Revista Manchete 1953.

Esse anúncio foi publicado na Manchete em 1953.  A propaganda não recorria muito aos  jogadores de futebol. Leônidas, nos anos 1930/40, foi o primeiro a anunciar produtos, inclusive o tradicional chocolate "Diamante Negro", marca inspirada no título que os radialistas lhe deram. Ademir Menezes, que anuncia aí o Gillette Tech, em modesta peça publicitária, não ganhou muito dinheiro fora do futebol, até porque a propaganda de itens de consumo era incipiente e só se ampliou no Brasil nos anos 1960, com o avanço da industrialização. Ademir era um craque, mas teve seu auge em uma época pós-derrota contra o Uruguai, na Copa de 1950, quando o Maracanazzo não era boa memória. Só após Pelé e os títulos de 1958 e 1962 a publicidade passou a utilizar com maior frequência a imagem dos craques de futebol.

No embalo da Copa do Catar, a TV e a internet exibiu muitos anúncios - a maioria de sites de apostas -  com jogadores de futebol: de Neymar a Dunga, Ronaldo Fenômeno, Paquetá Vinícius e outros. Até Galvão descolou um troco extra. Perder a Copa do Catar não ajudou a geração da fracassada Era Tite a entrar nesse agora milionário  mercado. Bem diferente dos tempos de Ademir Menezes.

Messi também é tri no mano a mano

 

Reprodução Twitter 



segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

FRASE DA PENÚLTIMA SEGUNDA-FEIRA DO ANO

 "E o Brasil, óbvio ululante, voltou a ser um [o] vira-lata entre as nações”*

NELSON RODRIGUES, retorcendo-se no túmulo do São João Batista onde repousa (mal) desde 21 de dezembro de 1980.

*Não só em matéria de futebol, mas de cidadania, direitos humanos, distribuição de renda, fome, etc.



domingo, 18 de dezembro de 2022

É isso...

 


O ABC do Cataraço e a diferença que garra, habilidade e coragem fazem em uma Copa


Quando a seleção de Tite ainda estava comendo filé com fios de ouro no Catar (onde ocorreu o Cataraço, depois do Germanaço, do Belgicaço, do Croataço e do Maracanaço) circulou nas redes sociais o ABC acima sobre as seguidas derrotas dos brasileiros. Em 2026, o Brasil completará 24 anos sem Copa. Que tal apresentaro abecedario do fracasso? E reconhecer que a Argentina foi maior, Messi foi gigante.

Argentina- Tricampeã do mundo. "A" de Argentina trouxe o futebol de volta para a América do Sul.

Bélgica - carrasco di Brasil em 2018

Croácia - carrasco do Brasil em 2022. E "C" de Cataraço, a derrota e a arrogância injustificada da seleção brasileira. Nesse ponto, a arrogância da mídia esportiva que viu uma potência futibolístca no time de Tite baseada em estatísticas de um time que não enfrentava adversários fortes.  Muito ao contrário. 

Daniel Alves - como Tite não será o técnico, o lateral não será convocado para a Copa de 2026, quando estará com 44 aninhos. Mas, antes, ele dará entrevistas dizendo que "está pronto para servir à seleção". 

Estados Unidos - que não seja nosso adversário na próxima Copa. Em 1994, quase desclassificou o Brasil, lembram? Ainda do "E": a sekrt brasileira estava cheia de egos, a partir do treinador. Ficou claro que ego não ganha jogo.

Filé com ouro - Americano frita hamburger, chama de churrasco e passa pasta de amendoim em cima. Mas é possível que o Vale d Sicílio sirva picanha com lítio, mineral que nas próximas décadas tende a valer mais do que o ouro. Hoje, vendo a Argentina tri, os jogadores brasileiros devem ter entendido que a opção pelo clima "filé de fios de ouro" foi uma furada.

Gabigol - Terá 30 anos em 2026. Se ainda estiver na Gávea, a torcida do Flamengo promete fazer bloqueios nas estradas para garantir a convocação do jogador desprezado por Tite.

H - De horários dos jogos. A Copa de 2026 terá 48 seleções e será disputados nos Estados Unidos, canadá e México. Prepare-se para ter uma agenda de jogos, os horários das partidas vão varia muito a depender dos fusos horário. Canadá e Estados Unidos tem seis horários diferentes.. . 

I - De inútil. Tite.

J - Jair Bolsonaro será candidato a presidente em 2026. Terá, mais uma vez, apoio do Flamengo. 

K - Kylian Mbappé poderá, quem sabe, realizar na Copa de 2026 um sonho que não foi possível no Catar: ser finalmente marcado do Daniel Alves. 

L - Em 2026 não haverá "L" de Lula. O presidente já disse que se aposenta. Mas a Copa da América do Norte acontecerá sob sua gestão.

M - Marquinhos, com 32 anos, será o batedor de pênaltis oficial da seleção Brasileira nos Estados Unidos?

N - Neymar chegará à Copa dos Estados Unidos muito elogiado pela mídia. A maioria dos jornalistas repetirá que o Brasil não ganhará o mundial sem ele. Recuperando-se de contusões no metatarso, no cotovelo, no joelho, no adutor, nos meniscos, na panturraila e na coluna ele estará jogando, na época, no time B do Barcelona, onde Daniel Alves também treinará novamente.  

O - De ócio. Alguns jogadores da seleção brasileira merecem ser esquecidos, devem descansar, pedir pra sair. Diante da festa da torcida Argentina com o seu povo hoje fica claro que a maioria dos "amarelinhos" tem zero de conexão com a torcida. 

P - De Palmeiras. O jogador Endrick Felipe, 16 anos, foi vendido pelo Palmeiras para o Real Madrid, mas ficará no verdão até completar 18 anos. É promessa para a Copa de 2026. 

Q - De "qualé". Em vez de ligados na Copa vários jogadores brasileiros preferiram entrar na polêmica de "defender" Neymar e a carne com ouro. Usaram até coletivas para apoiar um sujeito que transforma a seleção em foco político.  Neymar desconcentra, atrapalha. Que essa tenha sido, como prometeu, sua última Copa.

R- O empresário Ronaldo Fenômeno será o presidente da CBF em 2026, coroando a campanha que iniciou no Catar, quando convidou jogadores para o filé de fios de ouro e foi figurinha fácil nos vestiário da seleção? Uma das primeiras peças de campanha foi a tatuagem gigante que Richalison fez nas costas com os rosto de Ronaldo e Neymar. Richarlison vacilou nessa homenagem apressada. Perdeu parte do prestígio que o Gil de voleio lhe deu.

- Sportv/Globo escala Tiago Leifert para treinar bordões para a Copa de 2026. O apresentador fará imersão com Galvão Bueno. Ainda bem que em 2026 não haverá exclusividade de uma rede apenas na transmissão da Copa. A FIFA já decidiu fatiar os direitos.

T -  Tite, milionário listado na Forbes, vai se especializar em palestras de auto ajuda. Ele promoverá "oficina" para jogadores  brasileiros preparando-os para ganhar da França, da Argentina, da Bélgica, da Croácia, além de ensiná-los a perder por até 4 X 1 da Alemanha. Nesta "oficina', Tite terá a consultoria do Felipão. 

U - De Urubu, o  Ninho do Flamengo. As famílias das vítimas do incêndio do alojamento dos jovens atletas protestam na porta do clube por anunciar contratação milionária de Neymar, sem que tenha indenizado as vítimas. 

V - Vancouver, Canadá, será uma das sedes da Copa de 2026. Se o Brasil jogar lá, saibam os torcedores que, na cidade, é proibido beber na rua. Não se trata de uma restrição religiosa, como no Catar, é paa evirtar poluição sonora e perturbação por parte de pinguços. É possível que as autoridades permitam bebida em parques. Nos Fifa Fun Fest haverá álcool à vontade. Na maioria das cidades dos Estados Unidos é proibido carregar bebidas sem "cobertura", mas protegendo a garrafa com um saco de papel pode-se beber à vontade. Os legisladores alegaram que expor bebida alcoólica seria induzir outras pessoas a encherem a cara.   

W - De Weverton, que deveria ter sido o goleiro titular no lugar o indeciso Alysson.

X - O ex-presidente da Itália, Silvio Berlusconi, agora dono do Monza, prometeu aos jogadores "um ônibus cheio de prostitutas cada vez que o seu time ganhar de adversários tradicionais como a Roma, Milan, Fiorentina etc. Marrocos, que venceu clássicos como Espanha, Portugal,  Bélgica e Croácia, lamentou que Mohammed IV, o rei do país africano, não tenha pensado na mesma gratificação em xanas.       

Y - De yankees. A Copa de 2022 é dividida entre três países. Mais ou menos. Na verdade, México e Canadá sediaram jogos da fase de grupos. Abertura, jogo final, encerramento festivo e fases principais ocorrerão no país do "futebol americano" jogado com as mãos e do soccer como aprlidam o verdadeiro futebol.

Z - Com vasta experiência em eliminar o Brasil em Copas, Zidane é candidato a treinador da seleção brasileira em 2026. Mas seja lá quem for o treinador vai precisar de uma mídia menos ufanista que não exagere ou fantasie os méritos da seleção brasileira, que praticamente chegou ao Catar sem ser testada pra valer. Deu no que deu, repetiu o fracasso de 2018. E se puder chegar um treinador que, pelo menos, não seja tão "superior", falando como se fosse um cientista da Nasa. Que o Brasil esqueça essa babaquice de "posse de bola" e troca de milhares emde passes laterais e achar que tudo isso é o máximo. A garra da Argentina, que em vários momentos chegou ao Gio com três ou quatro passes mostrou que craque e habilidade e dribles ainda decidem jogos.


sábado, 17 de dezembro de 2022

Arte degenerada

 







Reprodução Twitter 

por O. V. Pochê

Caminhões de mudança retiram as tralhas de Jair Bolsonaro. Provavelmente irão para a Fundação Bozoloide a ser criada. Acima estão reproduzidas apenas as "obras de arte" em estilo mussolinista de culto à falta de personalidade. Muita coisa ainda vai sair dos palácios que a gangue fascista ocupou por quatro anos. O retrato de Valdemar, o amigo íntimo e presidente do PL, ainda não saiu da parede do quarto. A urna de vidro que guarda uma cueca usada por Donald Trump, autografada, é frágil e será conduzida em mãos pelo ex-ocupante dos prédios federais. A foto das meninas venezuelanas que chamaram a atenção do motiqueiro idoso vai para a banheiro da sede do PL, onde também estará emoldurada a famosa carta do golpista Temer passando pano nos ataques ao STF e à Constituição. A camisa do Neymar (que pretende encerrar a carreira na Gávea) e a foto de Bolsonaro com o time do Flamengo devem ser doados ao presidente do clube bolsonarista  Rodolfo Landim e serão entronizadas no Ninho do Urubu. A mudança não inclui livros, apenas um bíblia que Bolsonaro ganhou de uma repórter bolsonarista da Globo que estava entre os jornalistas convidados e não credenciados que participavam do café amigo com a extrema direita.  

Na futura Fundação Bozoloide haverá uma sala nos moldes do Museu de Cera da Madame Troussoud. Estarão lá figuras históricas do bolsonarismo como o general Heleno, Janaína Pascoal, os jornalistas Augusto Nunes e Alexandre Garcia vestidos com fardas camufladas, Roberto Jefferson em posição de tiro e próceres da chamada  "Revolução da Hemorróida". Na entrada da Fundação está previsto um monumento ao Pneu para o qual os golpistas dos bloqueios cantaram o hino nacional. No centro de documentação disponibilizará o que chamam de peças da liberdade de expressão. São milhões de fake news que circularam desde 2018.  Na ala científica, serão exibidas caixas de cloroquina que estavam no Alvorada e vídeos que provam a ineficiência da vacina contra COVID. Há um documentário "provando" que os hospitais nunca ficaram lotados e tudo aquilo era cenário montado pela Globolixo no Projac. 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

A Revolução da Hemorróida

 


"Os Fracassados" - Em um cinema perto de você

 


Mídia - O nome é Doha, mas pode chamar de Buenos Aires "min alsahra"

 

Foto Fifa

Reprodução Twitter 

por José Esmeraldo Gonçalves 

Ao pessoal do SporTV: para entender, basta consultar estatísticas confiáveis. Não acreditem no mentiroso Paulo Guedes: Argentina tem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) melhor do que o do Brasil (quase goleia, está em 40* lugar, nós em 88*) renda per capita mais alta, educação, saúde e distribuição de renda em níveis mais avançados.  Lembrando que a Argentina tem pobreza que os brasileiros mal conhecem pois não vão aos tristes subúrbios de Buenos Aires, por exemplo, em um bairro semelhante ao que viu nascer e crescer Maradona, filho de mãe de ascendência indígena e de pai neto de croata. Ou não saem da Recoleta para dar uma passadia em La Matanza.  Como o Brasil, a Argentina está em crise, mas resiste e tem menos pobreza em função de alguns fundamentos econômicos mais civilizados, especialmente no quesito renda mais justa para os vários segmentos sociais.
As arquibancadas do Catar e as ruas de Doha, no momento uma Buenos Aires "do deserto", mostram algo  dessas diferenças. Compare: o torcedor brasileiro que estava na Copa, em sua maioria, era visivelmente do topo da classe media. Muitos curtiam  mais a viagem,  o shopping e o souk do que o futebol. Uma pesquisa séria mostraria que um grande número deles não frequenta estádios no Brasil. Claro que entre os torcedores da Argentina há ricos que fretaram aviões e que não fazem ideia das letras das tradicionais canções de arquibancada dos seus compatriotas, mas, como a própria TV mostrou, entre eles - e a previsão é que sejam 60 mil na grande final com a França - estão muitos torcedores da Bombonera, Monumental, em Buenos Aires ou do Gigante del Arroyto, em Rosário. 
O que explica isso é a distribuição de renda um pouquinho mais justa. E olha que a Argentina não é nenhuma Suíça. Os hermanos apenas mostram que têm um troco a mais um ou ainda podem se endividar por uma causa importante: ver Messi jogar sua última Copa e dar espetáculo em campo. Nem se endividar os brasileiros podem. Já bateram no teto. Tem gente até fazendo Pix pré-datado. Pois é, existe. Não com esse nome, atende por um apelido mais moderninho: é o Pix agendado.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Do Mídia Ninja - Torcer ou não pelo Marrocos

 





Por Cleizer Maciel

A grande sensação da Copa do Catar, a seleção do Marrocos, já deixou de ser tratada como zebra pelos seus adversários. Agora, especialistas também tratam de retirar o chamado coitadismo do país que tem, assim como diversos outros especialmente na região onde está localizado, o costume histórico de opressão e repressão violenta contra o regime.

Para um dos maiores especialistas do pais em Oriente Médio, professor  pesquisador de Relações Internacionais na Universidade Federal do Pampa na cidade de Sant´Ana do Livramento (RS), na fronteira do Brasi com o Uruguai, autor do documentário Um fio de Esperança: independência ou guerra no Saara Ocidental, a provocação necessária para  reflexão da geopolítica é imprescindível para conhecer um pouco mais sobre a realidade da região e entender que há muito mais entre o campo e a bola do que os olhos podem ver a respeito do Marrocos. O professor não demorou para fazer uma provocação nas suas redes sociais sobre a seleção do momento chamando a atenção para uma outra realidade que não é vista pela grande maioria dos povos do ocidente. 

O senhor crê que o resultado da seleção pode afetar a convivência nas relações internas do país?

Renatho Costa: Não no tocante ao povo do Saara Ocidental, pois ele já é silenciado e oprimido. Mas entendo que isso poderá afastar ainda mais dos holofotes internacionais o que ocorre no Marrocos, pois somente falarão do êxito da seleção e da alegria do seu povo. Uma propaganda positiva que tende a apagar ainda mais a causa saaraui.

É uma região que o senhor conhece bem. Desde sua última passagem pelo local, ocorreram mudanças ou a repressão e opressão ficou ainda mais acentuada?

Renatho Costa: A situação se tornou ainda mais tensa. Porque existe uma missão da ONU no Saara Ocidental que se chama Minurso. E esta lá para fazer um referendum para saber se os saarauis querem continuar anexados ao Marrocos ou a liberdade, mas nada é feito. Estão lá, desde 1991, e não podem apurar violações de direitos humanos. Há pouco mais de um ano, houve um enfrentamento entre os marroquinos e a Frente Polisario (que representa o povo saaraui militarmente) e quase reiniciou a guerra. As tratativas com a Minurso não avançam e talvez só reste a guerra mesmo.


LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO LINK 

https://midianinja.org/news/ha-motivos-para-nao-torcer-para-o-marrocos/

Fotomemória: Cena vascaína

 

Essa foto foi publicada na Manchete Esportiva, em 1978, e reproduzida pelo perfil do Facebook "Grandes Esquadrões, Grandes Jogadores". Dois goleiros, duas épocas marcantes do Vasco da Gama. O goleiro Barbosa é uma eterna lenda vascaína. Integrou, ao lado de Paulinho, Bellini, Orlando, Coronel, Vavá, Almir, Pinga, um time que brilhou na década de 1950, de muitas conquistas, inclusive o histórico Super Super do Campeonato Carioca de 1950. Mazaropi foi campeão brasileiro em 1974, era reserva de Andrada e depois firmou-se como titular. Tempos de Jorginho Carvoeiro, Moisés, Fidélis, Miguel, Roberto... 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Mídia - Tite errou e, agora, é criticado. Mas grande parte do jornalismo esportivo também falhou. Tornou-se devoto da "igreja" do toque de bola lateral e da posse de bola infinita. Pregou que o drible é pecado e transformou o futebol tecnocrata em dogma. Resultado: o Brasil perdeu competitividade e faz figuração na grama há cinco Copas

Tite se despede. Foto de Lucas
Figueiredo/CBF/Divulgação


A CBF deverá conduzir o processo de reestruturação da seleção brasileira. Há muita coisa a fazer. Os chamados ciclos para as Copas de 2018 e 2022 foram, na prática, inúteis. Talvez não totalmente, porque expõem que a seleção não é competitiva há muito tempo. É fato que surgiu uma nova geração promissora, alguns dos jovens jogadores Tite nem utilizou como devia. Resta saber se continuarão evoluindo, se superarão a derrota e chegarão inteiros e maduros à Copa de 2026. 

São muitos os fatores das nossas sucessivas derrocadas em Copas. O mais grave é, nas últimas edições, verificar que o Brasil chegou  à fase de grupo, repetidamente, sem que o seu futebol tenha sido testado diante de seleções fortes. 

No caso, a CBF e a Conmebol precisarão agir junto à FIFA.  A Europa, comandada pela poderosa UEFA, se fechou para amistosos contra seleções de outros continentes. Eliminatórias, a própria Copa da UEFA, disputada nos moldes da Copa do Mundo e, agora, a Liga das Nações ocupam as chamadas datas FIFA. Resta, por exemplo, a Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia etc contratarem amistosos entre si ou buscarem adversários na Ásia e África. Em Copas recentes o Brasil caiu diante da França (2006) Holanda (2010), Alemanha (2014), Bélgica (2018) e Croácia (2022). Perdeu a capacidade de competir com a primeira divisão do futebol mundial? A preparação para a Copa do Catar entra para a história como aquela em que o Brasil menos jogou amistosos, seja lá com quem fosse. Nem com a elite, nem com o baixo clero. O Brasil poderia ter marcado um amistoso contra a bem treinada seleção do Marrocos. Sim, mas os olheiros e analistas da CBF, Tite etc, aparentemente nem sabiam que o Marrocos existia. 

A mídia tem sua parcela de responsabilidade. Nunca um treinador foi tão exaltado. Colunistas esportivos, no gênero tecnocrata da bola, como Tite gosta de parecer, até imitavam a linguagem rebuscada do treinador. Quando falavam da seleção e davam os números de invencibilidade passavam a impressão que se referiam ao escrete húngaro de 1954. Poucos faziam a ressalva de que os números escondiam a fragilidade da grande maioria dos adversários. 

Hoje, depois de muito tempo, li alguém falando no valor do drible que os adeptos da troca de passes pela troca de passes tanto minimizaram nos últimos anos. Pois bem, o Brasil passou a imitar a tendência para transformar o futebol em handebol com os pés e deixou de ser competitivo. Muitos desses jornalistas são devotos da 'igreja' da posse de bola quase interminável. Um deles, também um tecnocrata da bola, escreveu trocentas colunas de análises rebuscadas sem usar a palavra drible. No Catar, a seleção brasileira, segundo estatísticas, foi uma das que menos usou o recurso do drible para furar defesas fechadas e o pouco que fez foi graças a Vini e Neymar. Li hoje que faltou ao Brasil um meio de campo criativo, alguém como Modric, Griezmann. Mas o futebol de troca de passes geralmente curtos e de posse de bola que praticamos no Catar não precisa de um jogador muito habilidoso. Passe de três metros? Se aindo fossem os 40 metros de Gerson e Didi . E quem viu os treinos da seleção no Catar deve ter observado que se formavam rodas de jogadores que passavam horas treinando... troca de passes. Lembrando aqui que o Brasil praticamente desprezou não só recurso do drible. Agradecemos aos juízes que marcaram faltas nas proximidades da grande área dos adversários da seleção brasileira. Valeu. Obrigado, mas fica para outra. O Brasil não soube aproveitar uma falta sequer. Jogadores brasileiros ainda treinam bater faltas como Zico fazia da Gávea, depois dos treinos coletivos, até escurecer?


domingo, 11 de dezembro de 2022

Mídia: o jornalismo desonesto do Globo

 

Reprodução Twitter 


O Globo tem um histórico inegável. O jornalão é coerente: sempre foi contra avanços sociais, sofre de erisipela se alguém pensar nos pobres do Brasil. Participou de vários golpes para defender posições elitistas e senhoriais. Combateu os Cieps, o décimo-terceiro, férias remuneradas, horas extras. Só não defendeu a escravidão porque foi fundado depois da Abolição. 

Olha só o sintoma mais recente do fasci-elitismo selvagem do Globo.  O jornal da oligarquia Marinho e seus jornalistas de mercado passaram quatro anos sem falar em "agência de risco".  O governo Lula nem começou e O Globo já entra no modo jornalismo de guerra. Vai acabar montando sucursal na porta dos quartéis que, aliás, frequenta de tempos em tempos para derrubar governantes democraticamente eleitos. Alguém vai dizer: 'aínn, o Globo criticou Bolsonaro'. Verdade. Mas você leu alguma vez o jornalão criticar Paulo Guedes, a quem apoiou durante quatro anos? Não. Há colunistas de mercado lá cujo computador não combinava as letras G-u-e-d-e-s. Travava. Um colunista chegou a escrever que Guedes era um "frasista" genial. Isso porque o vadio de Pinochet, entre outras patologias anti sociais , não queria encontrar domésticas e porteiros brasileiros em Miami ou em faculdade.  

Mídia - Quando Telê perdeu a sua segunda Copa, a Fatos fez essa capa. Tite também é bi-perdedor. Mas, hoje, colocá-lo no alvo seria um risco. É se um CAC leva a sério e usa seu AR-15?


Uma velha capa, o mesmo desfecho. Em 1982, o Brasil perdeu a Copa do Mundo. OK, tínhamos um timaço com Zico, Sócrates, Falcão, Júnior... mas a Itália jogou muito melhor. O técnico era Telê Santana. Em 1986, novamente com Telê Santana, a seleção sucumbiu na Copa do Mundo do México com Zico, Sócrates, Júnior, Branco, Careca, Muller, Mauro Galvão, Falcão, Edinho....

Em 2018, Copa da Rússia, o futebol brasileiro fracassou sob o treinador Tite. Em 2022, com Tite de novo, veio o vexame da desclassificação para a Croácia. 

Repetir treinador perdedor não dá certo? Talvez. Com a derrota, Tite está recebendo as suas primeiras críticas. Desde que assumiu, a mídia não o havia contestado, ao contrário. 

Aliás, só duas pessoas podem se orgulhar de, nos últimos anos, não terem sido alvo dos jornalistas da grande imprensa:Tite e Paulo Guedes. O primeiro passou ao largo de qualquer contestação; o segundo tinha apoio por personificar uma política econômica inteiramente aprovada pelo "mercado" e pela mídia.  Os enormes esqueletos no armário do Guedes surgem podres e ele começa a receber as primeira críticas do baronato da comunicação. Tite entregou a rapadura no Catar e também virou alvo. 

Por falar em alvo, quando Telê desembarcou no Galeão, em 1986, deu de cara com essa capa da revista Fatos. Hoje, uma montagem dessas, além de politicamente incorreta, seria impensável. Com tanto maluco bolsonarista nas ruas, vai que um marginal CAC (sigla para Colecionador, Atirador Desportivo, Caçador) leve a ilustração a sério e descarregue a frustração e impotência no centro do alvo? Melhor ninguém arriscar.    

Vídeomemória - "Bar Academia", Rede Manchete - Gonzagão segundo o jornalista Renato Sérgio





Bar Academia", da Rede Manchete, marcou uma época. Foi lançado em 1983, exibido até 1985 e reprisado em várias ocasiões. Era um musical sempre com um grande nome da MBP intercalado com textos a cargo do jornalista Renato Sérgio. O programa era dirigido por Maurício Sherman e apresentado por Walmor Chagas. Foram dezenas de edições. 

Não há informação sobre o destino das fitas do "Bar Academia", uma importante memória cultural do país. 

Como em uma autêntica academia, cada participante homenageava um patrono (Noel Rosa, Heitor dos Prazeres, Vinicius de Moraes etc) que tivesse influenciado sua carreira e convidava outro músico para dividir o palco (na verdade, o cenário era o de um típico botequim carioca)

Quanto a Renato Sérgio, que também trabalhou nas revistas Manchete, Fatos e Fotos e EleEla, onde fez muitas entrevistas com personalidades de todas as áreas, faleceu há 10 anos, em 2012. Quatro anos antes, em novembro de 2008, participou da coletânea "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou", onde contou parte da sua longa trajetória no jornaslismo cultural. 

Os jornalistas Sergio Cabral, Geraldinho Carneiro e Renato Sérgio entrevistam Gonzagão. 

Alguns episódios do Bar Academia podem ser encontrado no You Tube, muitos em condições técnicas sofríveis, mas vale conferir alguns. 
Abaixo, links para vídeos do "Bar Academia" com Gonzaguinha, em 1984,  e de um programa que fazia parte do projeto "Histórias do Gonzação", provavelmente dos anos 1970, do qual Renato Sérgio e Tarik de Souza participaram.   

BAR ACADEMIA COM GONZAGÃO

https://www.youtube.com/watch?v=kO2YbyTlgUo

HISTÓRIAS DO GONZAGÃO (sobre Lampião)

https://www.facebook.com/LuizGonzagaRei/videos/566583024306888/?extid=NS-UNK-UNK-UNK-AN_GK0T-GK1C&mibextid=2Rb1fB



Dieta de verbas públicas e leitinho mamado nos cofres da nação

 

Reprodução Twitter