segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Mídia - Tite errou e, agora, é criticado. Mas grande parte do jornalismo esportivo também falhou. Tornou-se devoto da "igreja" do toque de bola lateral e da posse de bola infinita. Pregou que o drible é pecado e transformou o futebol tecnocrata em dogma. Resultado: o Brasil perdeu competitividade e faz figuração na grama há cinco Copas

Tite se despede. Foto de Lucas
Figueiredo/CBF/Divulgação


A CBF deverá conduzir o processo de reestruturação da seleção brasileira. Há muita coisa a fazer. Os chamados ciclos para as Copas de 2018 e 2022 foram, na prática, inúteis. Talvez não totalmente, porque expõem que a seleção não é competitiva há muito tempo. É fato que surgiu uma nova geração promissora, alguns dos jovens jogadores Tite nem utilizou como devia. Resta saber se continuarão evoluindo, se superarão a derrota e chegarão inteiros e maduros à Copa de 2026. 

São muitos os fatores das nossas sucessivas derrocadas em Copas. O mais grave é, nas últimas edições, verificar que o Brasil chegou  à fase de grupo, repetidamente, sem que o seu futebol tenha sido testado diante de seleções fortes. 

No caso, a CBF e a Conmebol precisarão agir junto à FIFA.  A Europa, comandada pela poderosa UEFA, se fechou para amistosos contra seleções de outros continentes. Eliminatórias, a própria Copa da UEFA, disputada nos moldes da Copa do Mundo e, agora, a Liga das Nações ocupam as chamadas datas FIFA. Resta, por exemplo, a Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia etc contratarem amistosos entre si ou buscarem adversários na Ásia e África. Em Copas recentes o Brasil caiu diante da França (2006) Holanda (2010), Alemanha (2014), Bélgica (2018) e Croácia (2022). Perdeu a capacidade de competir com a primeira divisão do futebol mundial? A preparação para a Copa do Catar entra para a história como aquela em que o Brasil menos jogou amistosos, seja lá com quem fosse. Nem com a elite, nem com o baixo clero. O Brasil poderia ter marcado um amistoso contra a bem treinada seleção do Marrocos. Sim, mas os olheiros e analistas da CBF, Tite etc, aparentemente nem sabiam que o Marrocos existia. 

A mídia tem sua parcela de responsabilidade. Nunca um treinador foi tão exaltado. Colunistas esportivos, no gênero tecnocrata da bola, como Tite gosta de parecer, até imitavam a linguagem rebuscada do treinador. Quando falavam da seleção e davam os números de invencibilidade passavam a impressão que se referiam ao escrete húngaro de 1954. Poucos faziam a ressalva de que os números escondiam a fragilidade da grande maioria dos adversários. 

Hoje, depois de muito tempo, li alguém falando no valor do drible que os adeptos da troca de passes pela troca de passes tanto minimizaram nos últimos anos. Pois bem, o Brasil passou a imitar a tendência para transformar o futebol em handebol com os pés e deixou de ser competitivo. Muitos desses jornalistas são devotos da 'igreja' da posse de bola quase interminável. Um deles, também um tecnocrata da bola, escreveu trocentas colunas de análises rebuscadas sem usar a palavra drible. No Catar, a seleção brasileira, segundo estatísticas, foi uma das que menos usou o recurso do drible para furar defesas fechadas e o pouco que fez foi graças a Vini e Neymar. Li hoje que faltou ao Brasil um meio de campo criativo, alguém como Modric, Griezmann. Mas o futebol de troca de passes geralmente curtos e de posse de bola que praticamos no Catar não precisa de um jogador muito habilidoso. Passe de três metros? Se aindo fossem os 40 metros de Gerson e Didi . E quem viu os treinos da seleção no Catar deve ter observado que se formavam rodas de jogadores que passavam horas treinando... troca de passes. Lembrando aqui que o Brasil praticamente desprezou não só recurso do drible. Agradecemos aos juízes que marcaram faltas nas proximidades da grande área dos adversários da seleção brasileira. Valeu. Obrigado, mas fica para outra. O Brasil não soube aproveitar uma falta sequer. Jogadores brasileiros ainda treinam bater faltas como Zico fazia da Gávea, depois dos treinos coletivos, até escurecer?


2 comentários:

Furacão82 disse...

A Copa vai fazer o futebol mudar. Marrocos,Tunísia, Coreia do Sul, Japão tem seus estilos guerreiros e com técnica. Brasil não apresentou novidades taticas. Tem bons jogadores mas faz cópia mal feita dos treinadores europeus e isso anula ou restringe a habilidade dos brasileiros. A substituto e a Mat vontade que Tite teve com Vinícius e retrato disso. Odeiam categoria.

J.A.Barros disse...

Na verdade, não se pode fazer uma critica severa ao técnico desta seleção, porque ao meu ver, esta Seleção nunca teve um técnico competente para formar um time de futebol de Seleção. Qual a idéia de um técnico de futebol, quando assume o comando do time. Formar um time com seus titulares e seus reservas e treinar essa seleção, c com os titulares, até eles se acostuemarem com o companheiros e saberem cegamente onde cada um deles se encontra, para no dar o passe em continuidade de jogadas não errarem. Um exemplo da exatidão de uma passe, foi Messi que deu um passe para um companheiro fazer o gol sem olhar para ele. Isso ocorre, porque se acostumaram a jogar o bom futebol, sempre com os mesmos titulares.
Essa Seleção, em nenhum momento, repetiu os mesmos jogadores em cada jogo. O único titular era o Neymar. E esse problema se tornou trágico, porque no momento que o brasil entrou em campo da Copa do Mundo, para jogar contra seu primeiro adversário, não tinha laterais e na direita teve se improvisar um zagueiro nessa posição e na esquerda o lateral não tinha o vício de no jogo ar o apoio, no ataque, ao ponta esquerda, no caso o atacante Mini, que ficou isolado e sozinho, nos seus ataques, conseguia apavorar a defesa croata, o esmo se repetiu na lateral direita, deixando o ponteiro Raphinha isolado e perdido nas posição. A Seleção brasileira, por incrível que pareça, jogou sem laterais de apoio ao ataque. Mas, ela ainda conseguiu, capenga efetuar ataques, que por pouco se transformam em gol e por fim, o craque, o driblador, o moleque que aprendeu jogar futebol nas várzeas, quer aprendeu jogar futebol com as bolas de meia na rua em que morava, numa jogada sensacional, do driblador ousado e moleque de bola, entrou na área, driblou zagueiros, driblou goleiro e marcou o seu belo gol. Isso é futebol