O rótulo colou como cola superbonder gruda em nossos dedos incautos: a ação das tropas policiais nas comunidades do Alemão e da Penha foi a “operação mais letal já registrada no Rio de Janeiro”, decretaram as autoridades e as mídias e o clichê passou a ser repetido ad nauseam. Fiz uma rápida pesquisa junto ao meu entorno imediato de pessoas mais simples, como diaristas, porteiros, piscineiros, dog sitters , caixas de banco – e à população sub-30. Ninguém conhecia o significado da palavra “letal”. O bom jornalismo das manchetes diárias diria “operação com o maior número de mortes” ou “recordista de mortes”, ou algo facilmente inteligível”.
No Dicionário Aurélio, letal (adjetivo) significa que causa ou se refere à morte, sendo sinônimo de mortal, mortífero e fatal, e também pode descrever algo que prejudica de forma irreparável, como uma atitude ou um gene específico. A palavra tem origem no latim letalis. Etimologicamente, vem do mitológico Rio Lete, um rio do Hades, no mundo inferior grego, cujas águas faziam as almas se esquecerem de suas vidas passadas. Seu nome, vindo do grego \(\Lambda \theta \eta \) (Lêthê), significa "esquecimento" e ele também é associado à deusa personificação do esquecimento, filha de Éris (Conflito). O Lete é mencionado em textos antigos como os de Platão, Ovídio e Dante.
Enfim, nosso vocabulário voltou a botar em uso um adjetivo tão esquecido. Voltamos, também, a sentir aquela vontade tão admiravelmente expressada no bordão de um espetáculo famoso dos anos 70: “Parem o mundo, eu quero saltar!.
Se..”


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