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sábado, 8 de julho de 2023

Fotomemória da redação: JK em Roma, 1963, com Rosselini, De Sica e Alberto Sordi. O fotógrafo Jáder Neves, de Manchete, registrou

Rosselini era o anfitrião, mas nessa foto parece mais interessado na atriz bengali Sonali das Gupta, com quem teve um affair enquanto era casado com Ingrid Bergman 

Alberto Sordi e JK - Fotos de Jáder Neves/Manchete

Jáder Neves e Vittorio de Sica

por José Esmeraldo Gonçalves
Em 1963, sem desconfiar que tempos de chumbo estavam em adiantada gestação, Juscelino Kubitschek, então senador, visitou Roma. Jáder Neves, de Manchete o acompanhou. Vittorio De Sica - de quem o fotógrafo ouviu elogios à qualidade gráfica da revista - participou de um jantar promovido pelo diretor Roberto Rosselini em homenagem a JK. A viagem internacional era parte do palco político do lançamento da sua campanha como pré-candidato a presidente nas eleições marcadas para 1965. Em pouco mais de seis meses após essa viagem, o Brasil foi tomado por uma ditadura dos gorilas. JK, embora inicialmente tenha apoiado o general Castelo Branco, um dos lideres do planeta dos gorilas - foi cassado sob acusações forjadas de corrupção e de ser "apoiado pelos comunistas". As eleições foram canceladas. O Brasil entrou em um longo ciclo de prisões, tortura e assassinatos políticos e, adivinhe, a corrupção fardada ocupou espaços e, encoberta pelo controle dos meios de comunicação, só viria a público décadas depois com a revelação dos sucessivos escândalos financeiros do período e da participação de empresas brasileiras e multinacionais no financimento de centros de torturas e assassinatos em troca de benesses do governo. 

E o jantar oferecido por Roberto Rosselini deve ter sido o último momento de descontração de JK antes da tempestade autoritária. Ameaçado dee morte, ele logo seria obrigado a deixar o Brasil, refugiando-se nos Estados Unidos e, depois, em Portugal. JK voltou ao país em 1967, tentou articular um movimento de oposição - a chamada Frente ampla - e foi preso em 1968. Solto após curto período foi acolhido por Adolpho Bloch, que lhe ofereceu um escritório no prédio da editora na Rua do Russel, onde permaneceu até sua morte em acidente suspeito na Via Dutra, em 1976.             

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Fotomemória da redação - O hobby de Jango era a fotografia. Um dia ele interrompeu uma entrevista à Manchete para mostrar o equipamento que adquirira no exterior.

 

Jango e Jáder Neves, em 1962, na fazenda do ex-presidente em São Borja (RS).
Foto de Maria Tereza Goulart.


por José Esmeraldo Gonçalves 

A alegação dos militares para derrubar João Goulart foi a de que ele era um comunista desalmado que comeria criancinhas no almoço e no jantar. 

A História mostrou que quem torturou mães na frente de seus pequenos filhos foram os miliares, que assassinaram e perseguiram milhares de brasileiros opositores de uma ditadura que enriqueceu "batalhões' de 'patriotas".

Veja essa foto de publicada na Manchete e feita em São Borja, em 1962, há 60 anos. Naquela época já estava em curso a conspiração contra a frágil democracia brasileira. 

O que o então presidente João Goulart fazia no governo era propor reformas para modernizar o país, torná-lo mais justo e diminuir, ou pelo menos reduzir a níveis civilizados, os muitos privilégios das classes dominantes e ricas à custa dos cofres públicos. 

Esse era o "perigo vermelho" alardeado pelos golpistas. O desfecho, sabemos. Cerca de dois anos depois Jango foi derrubado, partiu para o exílio onde morreu 14 anos depois dessa foto feita pela sua mulher, Maria Tereza Goulart. Naquela reportagem da Manchete, ele dizia que ao sair da presidência "queria ser apenas um homem do campo".

Na mesma ocasião, Maria Teresa fotografou Jango usando a Hasselblad de Jáder Neves.
Foto Jáder Neves - Manchete
Enquanto, "gorilas", empresários,  fazendeiros e banqueiros (na época não havia as expressões "agronegócio" e "mercado") preparavam o golpe e recebiam um orçamento secreto dos Estados Unidos, o "perigoso" Jango estava preocupado em mostrar para Jáder Neves, fotógrafo da Manchete, o equipamento fotográfico que adquirira em uma das suas viagens ao exterior. Na mão direita do presidente, um novíssimo e sofisticado flash eletrônico ainda pouco conhecido no Brasil O primeiro a chegar aqui tinha sido importado pelo fotógrafo de publicidade Chico Albuquerque, em 1958. 

Na ocasião, Jango confessou a Jáder que gostava de fotografar, mas lamentou ter pouco tempo para se dedicar ao seu hobby. Ele mostrou curiosidade pela câmera Hasselblad e pela lente que o fotógrafo usava. Jango tinha a simplicidade dos estancieiros. A varanda onde ele aí aparece sentado no chão, sem qualquer formalidade, foi cenário de várias e marcantes fotos suas nesse estilo autêntico do gaúcho.          

domingo, 18 de setembro de 2022

1965, o último grande funeral: “Eu enterrei Churchill na BBC” • Por Roberto Muggiati


O cerimonial proibia que se fotografasse o caixão de Churchill. Apesar disso, Jáder Neves
fez essa foto exclusiva para a Manchete




Churchiil velado no Westminster Hall. Jáder fez essa imagem a partir das galerias. 


Manchete, 1965: a cobertura do adeus a Churchill foi feita por
Narceu de Almeida e Jáder Neves



No domingo 24 de janeiro de 1965 eu fazia sozinho a transmissão ao vivo do Serviço Brasileiro da BBC. O trabalho consistia em levar ao ar programas pré-gravados durante a semana pela equipe, excetuando dez minutos do boletim de notícias e dos editoriais, traduzidos uma hora antes das doze badaladas do Big Ben (oito da noite no Brasil), para injetar o máximo de atualidade na programação. 

Naquela noite foi tudo diferente. Tinha morrido, aos 90 anos, Sir Winston Leonard Spencer Churchill, o lendário ex-Primeiro Ministro britânico. Limitei-me a dar a notícia pontual do falecimento, liberada pela newsdesk que fornecia os boletins para os serviços da BBC em língua estrangeira, e mandei rodar a fita com o obituário do grande estadista.

Em meus primeiros dias de BBC, em agosto de 1962, fiquei sabendo da existência daquela fita com o perfil do grande estadista. Ela era periodicamente atualizada, mas, a partir de junho de 1962 – quando fraturou os quadris em Monte Carlo, Churchill praticamente não saiu mais de casa. Aliás, em meus primeiros dias de Londres, morando provisoriamente no apartamento de um amigo em Kensington, eu podia ver da janela dos fundos a casa de Churchill em Hyde Park Gate, com um policial sempre à porta. 

Em 12 de janeiro de 1965 o ex-Premier sofreu um derrame que colocou toda a mídia em alerta. Na BBC eu mantinha um regime de trabalho muito conveniente para mim: trabalhava na redação das 10 às 17 as quartas quintas e sextas e na transmissão direta aos sábados e domingos, isso me deixava totalmente livre às segundas e terças. Enquanto a metrópole de oito milhões de habitantes labutava, eu folgava, fazendo da fascinante London meu parque de diversões cultural. E o trabalho no fim de semana se resumia a uma hora de transmissão cada dia, mais o tempo de tradução dos boletins e editoriais – uma hora no sábado para traduzir os artigos e notícias, mais o adiantamento dos artigos do domingo, e meia hora apenas para a tradução do boletim no domingo.

Roberto Muggiati na BBC


Por mera obra do acaso, coube a mim irradiar em português para o Brasil naquele domingo a morte de Churchill, no dia exato em que fazia 70 anos a morte do seu pai. O correspondente de Manchete em Londres era meu amigo Narceu de Almeida, que no ano seguinte assumiria a chefia da Sucursal de Paris. Como Narceu não podia estar a todo tempo em toda parte, ajudei-o pontualmente na apuração de retaguarda. 

O fotógrafo designado para cobertura foi Jáder Neves, que não falava uma palavra de inglês, mas era um daqueles veteranos confiáveis do diretor da revista, Justino Martins. E não deu outra: Jader cumpriu tudo o que se esperava dele, com uma demonstração de perseverança e malandragem de que só um dos nossos “pés-de-boi” seria capaz.  Movido pelo pavor de perder o emprego caso não fizesse a foto do caixão sobre o catafalco em Westminster Hall, Jáder fez o impossível. Era terminantemente proibido fotografar  no recinto e batalhões de policiais estavam a postos para impedir a ação. Jáder ficou horas na fila e, ao se aproximar do caixão, sacou sua Rolleiflex, escondida debaixo da capa de chuva, mas a máquina foi imediatamente arrebatada por um bobby esperto. Sem se dar por vencido, voltou ao final da fila e reiniciou a operação, até ter a câmera novamente recolhida. Já na madrugada, depois de várias tentativas, Jáder pegou a guarda desatenta e “bateu a chapa” tão esperada. Foi o único fotógrafo do mundo a conseguir a façanha. Só na Manchete aconteciam coisas assim...

domingo, 21 de junho de 2020

Fotomemória da redação - 50 anos da Copa de 70, segundo o trio do Tri: Orlando Abrunhosa, Jáder Neves e Ney Bianchi

Pelé

Gérson

Pelé sobe mais do que Bobby Moore

O capitão abraça o rei

Vibração

Carlos Alberto comemora

Pelé faz...

...fila de uruguaios

Rivelino dispara um foguete

Os heróis do Tri

E o trio da Manchete e Fatos & Fotos: os saudosos Jáder Neves, Orlando Abrunhosa e Ney Biachi

Na capa da Fatos & Fotos, a famosa foto de Orlando Abrunhosa, eleita a melhor da Copa de 70. 

Na edição especial da Manchete, o compacto com os gols narrados por Waldir Amaral e Jorge Coury
FOTOS DE JÁDER NEVES E ORLANDO ABRUNHOSA
(Reproduções Manchete)

A Copa do Mundo de 1970, no México, há 50 anos, foi uma histórica conquista esportiva e um evento jornalístico com características especiais. Pela primeira vez, o Brasil via os jogos pela TV, ao vivo. Em preto e branco, embora as antenas da Embratel recebessem as imagens ema cores, tecnologia que só chegaria ao povão em 1972. Apenas convidados especiais da empresa tiveram o privilégio de ver as imagens coloridas do Tri em salas vips.

A Copa do México era a quinta que a Manchete cobria. A revista temia um possível impacto da transmissão ao vivo na venda das edições. Mas a cobertura dos primeiros jogos, com a Fatos & Fotos chegando rapidamente às bancas e com a Manchete, mais ampla, lançada um dia depois, mostrou que a TV ao vivo não atrapalhava. As edições se esgotavam. 

A equipe formada pelo repórter Ney Bianchi e os fotógrafos Jáder Neves e Orlando Abrunhosa produziu ao longo da Copa um total de 12 edições regulares e quatro especiais. 

Havia um enorme esforço de logística. Assim que cada jogo acabava, começava a corrida para enviar o material para o Rio de Janeiro no primeiro avião da Varig. Se não houvesse voo direto para o Brasil naquele momento, as fotos eram despachadas para Quito ou Bogotá e embarcadas em conexão de jatos da voadora brasileira rumo ao Rio. As tripulações cuidavam gentilmente para que tudo funcionasse sem extravios. O sistema nunca falhou. A conquista da Seleção Brasileira, que jogou a final com a Itália no dia 21 de junho, foi também um dos grandes momentos das duas revistas semanais da Bloch.

terça-feira, 19 de março de 2019

Visita de um presidente aos Estados Unidos. Não é quem você está pensando...

Washington: Jango discursa ao lado de Kennedy. Roberto Campos, à esq., observa. 

Nova York: o presidente brasileiro desfila em carro aberto 

Jango e Kennedy.
Jango saúda operários em Nova York.




Em abril de 1962, o presidente João Goulart visitou os Estados Unidos. Foi recebido com pompa e circunstância, desfilou em carro aberto em Nova York, com direito a chuva de papel picado, discursou na ONU. 

Em Washington, hospedou-se na Blair House, discursou no Congresso, reuniu-se mais de uma vez com John Kennedy, recebeu na embaixada brasileira autoridades americanas, diplomatas, empresários e figuras da sociedade local. 

Mas não foi à CIA

Murilo Mello Filho e o fotógrafo Jáder Neves fizeram uma extensa cobertura para Manchete (reproduções acima). Adolpho Bloch acompanhou a comitiva como convidado. Ibrahim Sued cuidou do relato dos eventos sociais. 

Os repórteres brasileiros tiveram acesso praticamente irrestrito à agenda do presidente João Goulart. Nas fotos ao lado, Murilo Mello Filho e Jáder Neves cumprimentam John Kennedy. 

Jango e equipe - Walther Moreira Salles era o ministro da Fazenda, San Tiago Dantas o do Exterior, Roberto Campos o embaixador em Washington -, defenderam interesses brasileiros, principalmente tentaram renegociar dívida externa. Não tiveram muito sucesso, até obtiveram alguma ajuda financeira, mas Kennedy queria que o Brasil se submetesse ao FMI e decretasse medidas fiscais rigorosas com forte impacto social, o que não foi aceito. 

Os Estados Unidos insistiam para que o Jango indenizasse as subsidiárias das empresas americanas Bond & Share e ITT, encampadas pelo governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola. O presidente não condenou Brizola. Jango defendeu a não intervenção em Cuba, mas criticou em regimes marxistas. Em discurso no Congresso norte-americano, o presidente brasileiro falou sobre a situação na América Latina e alertou sobre as graves consequências das relações comerciais desiguais entre os sul-americanos e os Estados Unidos. 

sábado, 2 de junho de 2018

1958 - A histórica edição da Manchete Esportiva que pode inspirar a seleção de Tite

A histórica capa dupla da Manchete Esportiva em 1958


Uma rara foto do famoso gol de Nilton Santos contra a Áustria, quando ele conduziu a bola de área a área.
Foto de Jáder Neves

A crônica especial de Nelson Rodrigues. Reprodução Manchete Esportiva

Gol de Vavá contra a Rússia. Fotos de Jáder Neves

Reprodução Manchete Esportiva

O gol de Pelé contra País de Gales. Reprodução Manchete Esportiva


Vavá vence Yashin, o lendário goleiro da então URSS. Foto de Jáder Neves

Pelé e Garrincha em Hindas, a concentração da seleção brasileira na Suécia. Foto de Jáder Neves

Nilton Santos e Garrincha. Foto de Jáder Neves

Em contraste com os treinadores engravatados de hoje, a larga informalidade do técnico Vicente Feola.
Reprodução Manchete Esportiva

Didi em missão difícil: falar como Brasil ao telefone usando as conexões de 1958.

Didi no lago de Hindas e... .

... cumprimentando o Rei da Súécia, Gustavo Adolfo, após a conquista da Jules Rimet.. Foto Jáder Neves

A emoção do menino Pelé entre Djalma Santos e Garrincha. Foto Jáder Neves
Gilmar, Orlando, Garrincha, Zito.


O massagista Mário Américo dispara no gramado para tomar a bola do jogo que o juiz queria levar para casa..
Foto de Jáder Neves 

por José Esmeraldo Gonçalves

Não seria má ideia fazer rodar de mão em mão em Sochi, a concentração do Brasil na Rússia, este raro exemplar da Manchete Esportiva. Pode ser o toque final de inspiração para incendiar o talento de Neymar, Philippe Coutinho, Willian, Gabriel Jesus, Casemiro, Marcelo &Cia.

No dia 29 de junho de 1958, a seleção brasileira venceu a Suécia por 5 X 2 e ganhou pela primeira vez a Copa do Mundo. Os enviados especiais Ney Bianchi e Jáder Neves produziram ao longo daquele mundial metros de laudas e centenas de fotos detalhando a campanha histórica.

No Rio, a redação da revista, com Augusto Rodrigues, Nelson Rodrigues, Paulo Rodrigues, Arnaldo Niskier e Ronaldo Bôscoli foi mobilizada para reunir todo o material, incluindo a preparação da seleção em Araxá e Poços de Caldas, cenas de bastidores e o passo a passo da jornada até chegar à Jules Rimet.

Quando a edição inundou as bancas, a euforia da torcida estava no auge. Depois do desastre da Copa de 1950 e da participação tímida na Copa de 1954, o Brasil vivia finalmente a "vertigem do triunfo", nas palavras de Nelson Rodrigues, que assinava duas páginas da revista.

"A partir do momento em que o Rei Gustavo, da Suécia, veio apertar as mãos dos Pelés, dos Didis, todo mundo aqui sofreu uma alfabetização súbita. Sujeitos que não sabiam se gato se escreve com "x" ou não iam ler a vitória no jornal. Sucedeu essas coisa sublime: analfabetos natos e hereditários devoraram matutinos, vespertinos, revistas, e liam tudo com uma ativa, devoradora curiosidade, que iam do lance a lance da partida, até os anúncios de missa. Amigos, nunca se leu e, digo mais, nunca se releu tanto no Brasil", escreveu o cronista. 

E mais adiante, em tom épico, escaneou com precisão o sentimento das ruas.

"Do presidente da República ao apanhador de papel, do ministro do Supremo ao pé-rapado, todos aqui percebem o seguinte: é chato ser brasileiro! Já ninguém tem mais vergonha de sua condição nacional. E as moças na rua, as datilógrafas, as comerciárias, as colegiais, andam pelas calçadas com um charme de Joana d'Arc. O povo já não se julga mais um vira-latas. Sim, amigos, o brasileiro tem de si mesmo uma nova imagem; ele já não se vê, na generosa totalidade das suas virtudes pessoais e humanas. Vejam como tudo mudou. A vitória passará a influir em todas as nossas relações com o mundo. Eu pergunto: que éramos nós? Uns humildes. O brasileiro  fazia-me lembrar aquele personagem de Dickens que vivia batendo no peito: - Eu sou um humilde! Eu sou o sujeito mais humilde do mundo! Ele vivia desfraldando essa humildade e a esfregando na cara de todo mundo. E se alguém punha em dúvida a humildade, eis o Fulano esbravejante e querendo partir caras. Assim era o brasileiro. Servil com a namorada, com a mulher, com os credores. Mal comparando, um S. Francisco de Assis, de camisola e alpercatas". 

Hoje, 60 anos depois, Nelson veria que o Brasil está de novo de alpercatas e camisolas. Agora moralmente mais esfarrapadas.

Não é o futebol que vai mudar a chamada conjuntura dos cafajestes, mas se a TV mostrar menos a seleção titular dos corruptos e mais o time de Tite já melhora o astral.

Nem que seja por alguns dias.

Só um ópio passageiro...

A propósito, repararam que a seleção não foi a Brasília se despedir dos mandatários, como era tradição? E Tite já declarou que se ganhar a Copa não vai subir a rampa do Palácio do Planalto, outra regra do passado.

Decisão saudável essa de não frequentar ambiente insalubre.

Vai evitar contaminação por elementos tóxicos.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

João Vicente Goulart lança livro sobre o pai, Jango. O foco é a vida de uma família que, nos anos 50 e 60, foi tema de centenas de matérias da Manchete e Fatos & Fotos

Foto de Jáder Neves
Na capa do livro, um detalhe da foto de Jáder Neves

No momento em que o Brasil sofre com a ilegitimidade de um governo trôpego, João Vicente Goulart lança o livro "Jango e Eu —Memórias de um exílio sem volta". O filho do ex-presidente derrubado pelo golpe que instituiu a ditadura militar relembra a trajetória da sua família antes e durante os anos de chumbo e sangue, até a morte de Jango, no exílio, em 1976.

Nas reminiscências, há históricos pontos de contato com a revista Manchete. A foto acima, que mostra a família Goulart na fazenda, em São Borja, no Rio Grande do Sul, é de Jáder Neves, fotógrafo que por longos anos atuou nas revistas da Bloch.

A Manchete acompanhava literalmente o dia a dia do presidente João Goulart. Não apenas os fatos políticos mas, especialmente, a intimidade da família, no estilo consagrado pela revista francesa Paris Match.

Foram centenas de reportagens que contaram a história ilustrada do período, não apenas em Manchete, mas em outra semanal da Bloch, a Fatos & Fotos.

Um memorável capa da revista mostra Jango em Washington, ao lado de John Kennedy.

Jango em visita aos Estados Unidos, em 1963.
Na Fatos & Fotos


Maria Tereza Goulart na capa em 1962.

João Vicente, Maria Tereza e Denise.

O presidente, que visitava os Estados Unidos, também foi recebido com um desfile em carro aberto em uma festiva Quinta Avenida, em Nova York. A Manchete mostrava tudo isso, mas nutria uma especial predileção por registrar o lado pessoal da vida do presidente Jango. A bela Maria Tereza Goulart, assim como seus filhos, João Vicente e Denise, foram focalizados mais de um vez em coloridas reportagens de capa.

No livro, João Vicente conta o drama de Jango, a saudade, os diálogos, o exílio, enfim, visto por quem estava bem ao lado. Desde o olhar da criança - ele tinha sete anos quando o pai foi obrigado a partir para o Uruguai - ao do jovem de menos de 20 anos que, em 1976, trouxe o pai de volta à sua terra, morto, após 12 anos de exílio. João Vicente diz que optou por focalizar o lado humano, já que a memória política do período está registrada em livros e documentários. Mas, ao longo dos capítulos, vê-se que a história da família está indissoluvelmente ligada à história do Brasil.
E, de certa forma, às páginas da Manchete.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Bellini, capitão para sempre...

Em 1959, a Manchete Esportiva lançou edição especial que registrava detalhes do título de 1958, que o Brasil ainda comemorava. Bellini e a Jules Rimet na capa.

Bellini também escreveu sua história no Vasco, campeão de 1958. Reprodução Manchete Esportiva

A troca de flâmulas antes do jogo final Brasil e Suécia, 1958. Reprodução Manchete Esportiva

O escrete - Suécia, 1958. Reprodução Manchete Esportiva


A seleção desembarca do avião da extinta Real Aerovias. Bellini é o segundo depois de Djalma Santos e antes de Mazzola e Zito. Reprodução Manchete Esportiva

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Garrincha, Bellini e a Taça, já no Brasil. Reprodução Manchete Esportiva

Bellini, o treinador Vicente Feola e Gilmar logo após a conquista da Copa. Reprodução Manchete Esportiva


Bellini, o então vice-presidente João Goulart e Nilton Santos. Reprodução Manchete Esportiva

Bellini ergue a Jules Rimet. Reprodução de edição especial de O Cruzeiro

Adalgisa Colombo, miss Brasil 1958, posa com o capitão Bellini e a Jules Rimet. Foto reproduzida de edição especial de O Cruzeiro. 
(da Redação)
Hideraldo Luiz Bellini se retirou de campo, ontem, ao 83 anos. Mas não sai da história do futebol brasileiro. Alguns cronistas metidos a construir "verdades" escrevem hoje que o zagueiro Bellini nunca foi um craque. Melhor ficar com a opinião de Nilton Santos que em seu livro "Minha Bola, Minha Vida" escalou o capitão de 1958 como um dos maiores jogadores que já viu atuar. Nilton sabia do que falava, alguns desses cronistas mal chegaram perto de uma bola quando crianças. Pois bem, a "Enciclopédia" colocou o zagueiro central no seu "time dos sonhos" (na verdade, escalou mais do que um time ao listar quatro jogadores por posição) ao lado de mitos como Banks, Gilmar,Yachim, Djalma Santos, Bobby Moore, Beckenbauer, Nestor Rossi, Garrincha, Pelé, Puskas, Vavá, Kopa, Di Stefano e Kokis, entre outros de igual genialidade. Com isso, Nilton quis dizer que Bellini era igual a Pelé ou Puskas? Claro que não. Mas como zagueiro central Nilton o considerou um dos maiores da sua época. Bellini cumpriu uma função decisiva tanto no Vasco dos anos 50 (sua atuaçãoem toda a jornada da conquista do Super-Super de 1958 foi antológica) quanto na Copa da Suécia, quando, pela primeira vez na história, um brasileiro levantou a Jules Rimet. Bellini eternizou o gesto e eternizou-se no "hall of fame" do futebol mundial. Era duro, às vezes. Nelson Rodrigues ao escrever sobre um dos um jogos da Copa de 1958 mandou essa sobre Bellini, referindo à sua extraordinária garra:"Bellini chutou até a bola". Verdade: beque dos anos 50/60 não aliviava nem a senhora sua (dele) mãe se esta quisesse fazer graça na grande área. E Bellini destruía mas saía jogando, sim, Nilton, ali do lado esquerdo, recebia de Bellini muitas das bolas que levava adiante com a sua extraordinária habilidade de alimentar o ataque. No livro, aliás, Nilton Santos conta que Garrincha apelidava todo mundo. Bellini era "Marta Rocha" ou "Boi". O gesto que Bellini imortalizou - erguendo a Taça Jules Rimet foi, como se sabe, provocado pelos fotógrafos brasileiros que estavam na fila de trás da turma de "retratistas" que brigava para registrar a cena. Um deles (a Manchete e Manchete Esportiva estavam lá representadas pelo repórter Ney Bianchi e pelo fotógrafo Jáder Neves) pediu a colher-de-chá e Bellini levantou o caneco. É a imagem que ficou para sempre na memória do futebol e na célebre "Estátua de Bellini" no templo da bola, o velho-agora-novo Maraca.