segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Mídia - O atentado que não é chamado de terrorista e a bomba que é apenas um "artefato".

 

Reprodução Twitter 

por Flávio Sépia 

A chamada grande mídia brasileira inventou o "atentado cidadão". Deve ser isso, a julgar pela linguagem dissimulada dos jornalões. O caso do sujeito que é gerente de posto de gasolina e ganha tanto que comprou 160 mil reais em armas é tratado como um incidente comum, algo como briga de torcida. Nos textos e títulos, mesmo quando usam a palavra "atentado", a mídia não vincula o ato a terrorismo. Claro que falta apurar muita coisa, a polícia do Distrito Federal agiu rápido nesse caso, ao contrário da recente e violenta tentativa de invasão da sede da PF. O terrorista bolsonarista confessou o crime e relatou a motivação. Queria criar um caos capaz de provocar a decretação de Estado de Sítio e impedir a posse de Lula.

Reprodução PCDF 


 O que falta apurar são as ligações do terroristas, quais seus contatos. Ele fala em pelo menos um general. Se a prisão do elemento foi rápida, o mesmo não parece ocorrer com os desdobramentos. O ministro da Justiça bolsonarista já divulgou nota onde expressa que é melhor "aguardar". Aguardar o que? Outras bombas?  Alguém já pediu a quebra de sigilo do terrorista para saber dos seus contatos? Como comprou ou recebeu as armas? E as cinco bananas de dinamite que a mídia prefere chamar de "emulsão", como se fosse um remédio pra azia? O Brasil está diante de um governo federal que não mais opera e um governo eleito que ainda não pode operar, só acompanhar os acontecimentos. Curiosamente , o clã dos Bolsonaro emoreende uma revoada. Um filho estaria na Noruega, outro já se mandou para Atlanta e o próprio Bolsonaro partiria nesta quarta-feira para se abrigar em Mar-a-Lago, onde mora Donald Trump.  Pode ser alguma coisa, pode ser nada. Pode ser apenas o último desejo de usar o jato de Presidência, as despesas pagas, o carro corporativo e todo o aparato a poucos dias de perder a grande "boca" da qual  desfrutou sofregamente. 

Em tempo 1: em seu primeiro depoimento, o terrorista afirmou que comprou armas para atender ao apelo de Bolsonaro ao pregar que povo armado jamais será escravizado.

Em tempo 2: a bomba, que a mídia minimiza para "artefato", explodiria um caminhão carregado de querosene com acesso ao pátio do Aeroporto de Brasília. Segundo a polícia do DF o dispositivo chegou a ser acionado remotamente mas um "detalhe" da instalação do detonador impediu a explosão com potencial para uma tragédia.

Em tempo 3: um dos fuzis do terrorista tem mira telescópica e é arma de longo alcance aparentemente do tipo usado por snipers. Ele teria algum plano específico para esse fuzil?

Em tempo 4- o terrorista recrutou comparsas ao frequentar o acampamento bolsonarista que ocupa área militar do QG do Exército em Brasília. 

Em tempo 5 - o terrorista foi indiciado como terrorista. Com três dias de atraso, parte da mídia passou a teclar o termo que costuma rejeitar. O bolsonarista que montou uma bomba e tentou explodir um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília e confessou o crime logo que foi preso é, surpresa para os editores, terrorista. 

Um comentário:

Freitas disse...

Membros do governo Bolsonaro incentivam o terrorismo em posts e declarações, todo mundo ouve isso. Já mataram gente como o caminhoneiro que bateu em um caminhão parado na estrada sem sinalização durante um bloqueio. Algut foi preso? Ninguém.