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por José Esmeraldo Gonçalves
Para Dilma Rousseff deve ter sido um presente moral. O Congresso acaba de restaurar a verdade.
A presidente foi derrubada por um sórdido golpe arquitetado por, eles sim, uma quadrilha de corruptos. Não por acaso os mesmos que apoiaram as terríveis consequências que o Brasil sofreu com a quebra dos princípios democráticos.
Deu no que deu.
O golpe e, em seguida, o tampão Michel Temer em seu mandato ilegítimo prepararam o esgoto que fez brotar Jair Bolsonaro.
O pretexto dos golpistas para cassar Dilma foi uma ficção contábil manipulada por interesses políticos.
Seis anos depois, no momento em que a equipe de transição revela o caos institucional, econômico, social e moral deixado por Bolsonaro - que personificou no seu desgoverno o resultado do golpe - o Congresso aprova as contas do governo Dilma Rousseff. Todas. Na prática e para a História, o Parlamento reconhece seu trágico erro. Essa é a sinalização que faltava para caracterizar definitivamente o golpe de 2016.
Quanto à honestidade de Dilma, a PF, as CPI, o STF, o TCU, o STJ, os fora da lei Moro e Dallagnol, elementos dos porões da organização suspeita vulgo Lava Jato, nada encontraram que a desabonasse.
Lula bem que poderia fazer um gesto que tornará Temer e Bolsonaro mais desprezíveis do que já são: pedir a Dilma Rousseff que lhe entregue a faixa presidencial. Deixar no vácuo os mandatos sujos desses dois indivíduos será uma assinatura de dignidade a inaugurar o novo governo.