por Eli HalfounOlhar para o futuro não significa mais apostar todas as fichas (na verdade nunca se fez isso nesse confuso Brasil) apenas nos jovens, mas também enxergar com atenção, muita atenção, que o novo olhar para o futuro incluiu o cada vez maior e mais significativo número de idosos em todo o país, no Rio ( terceira capital nacional da terceira idade com 14,9% de idosos contra 11% da média nacional) principalmente. Basta andar pelas ruas para perceber o cada vez maior número de homens e mulheres com 60 ou mais anos que se e movimentam nas lojas, nos bancos. Na vida. São, quando lhes permitem, idosos bastante ativos e que se lhes derem oportunidades ainda podem (e devem) ser muito úteis, mas o que geralmente se faz é “enterrá-los” ainda vivos ou jogá-los em um canto qualquer como se fossem um velho objeto que não serve para mais nada.
Esse comportamento tem de mudar diante da nova realidade: dados do IBGE mostram que o número de idosos no país dobrará nos próximos 20 anos. Não seremos mais um país de jovens, mas também de velhos com os quais é fundamental aprender urgentemente a conviver. Especialistas repetem que é preciso adaptar as cidades para que os idosos tenham mais segurança em todos os aspectos. As adaptações são, sim, necessárias, mas não é só: a primeira medida é ensinar aos ainda jovens sempre impacientes com a velhice dos outros a lidar melhor e mais carinhosamente com a nova realidade, o novo velho futuro. Mais do que adaptar pisos (precisam ser antiderrapantes) de lojas, ruas e calçadas é fundamental ensinar aos jovens e também à nova população de terceira idade, como lidar com os idosos.
Não cabe só à iniciativa privada adaptar-se a nova realidade (o que custará milhões), mas também e principalmente ao poder público criar programas sociais que permitam aos idosos uma vida mais saudável – e saudável nesse caso não significa apenas estar bem de saúde, mas também viver (viver bem) em uma cidade na qual não seja um sacrifício locomover-se. Especialistas lembram que “a adequação de estabelecimentos bancários e comerciais é um exigência do público idoso que, cada vez mais, ajuda a mover a economia: os consumidores da terceira idade representam parcela significativa e são clientes fiéis e insubstituíveis.
Sabemos que por aqui leis, estatutos e regras costumam ficar apenas no papel, só são só para constar, mas o momento exige que isso também seja modificado e se cumpra fielmente o que determina o Estatuto do Idoso. É preciso mudar materialmente muita coisa, mas é fundamental aprender que agora o futuro também começa aos 60 anos. E precisa começar bem.