sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
A eterna espada sobre a democracia brasileira
No livro "General Villas Bôas: conversa com o comandante", lançado pela Fundação Getúlio Vargas, o ex-comandante do Exército confessa que os posts que escreveu no Twitter às vésperas do julgamento de um habeas-corpus apresentado pela defesa de Lula foram publicados com o aval do Alto Comando. Os tais posts pressionavam diretamente o STF, em tom pouco velado de ameaça. Caso fosse aprovado, Lula não iria para a prisão após condenação em segunda instância. Por seis votos a cinco, a sentença foi mantida e o general se acalmou e desceu dos coturnos.
Villas Boas também garante que Fernando Haddad assumiria 'normalmente' se tivesse vencido Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.
Isso só mostra que a democracia brasileira é uma concessão frágil. Pode ser revogada a qualquer momento, como já o foi várias vezes ao longo da história. Basta que o país saia do script conservador e anacrônico desenhado pelas elites políticas e financeiras.
O Brasil controlado por um modelo selvagem concentrador de renda e distribuidor de privilégios e que fabrica pobres e desempregados aos milhões não incomoda a espada. Muito ao contrário. Ela permanece lá, pendurada, para lembrar que defende o sistema que mantém o país em crônico atraso.
Jornalista entra em surto e promete se atirar do décimo quinto andar. Ouça três músicas que podem ser a trilha sonora do tresloucado gesto
por José Esmeraldo Gonçalves
O programa Manhattan Connection foi uma trincheira da Lava-Jato.
Agora que o uso político da investigação está sob o cerco de um novo lote de conversas dos integrantes da força-tarefa, jornalistas que em algum momento prestaram serviço a Sergio Moro tendem a ficar nervosos.
Circulam nas redes sociais trechos de conversas do Diogo Mainardi, um dos integrantes do MC, com o notório Deltan Dallagnol. São diálogos que vão além da relação entre repórter-fonte e envolvem um tipo de "consultoria" informal de comunicação como parte dos objetivos políticos da investigação.
O MC, agora hospedado na TV Cultura, entrevistou ontem o ex-prefeito da capital, ex-ministro da Educação e presidenciável Fernando Haddad. Apesar de repetidamente ofendido por Mainardi, que se comportou como um "hater" em surto ou acometido de algum distúrbio, Haddad não desceu ao nível proposto pelo entrevistador. Manteve a educação. A certa altura, classificou Mainardi como "problemático".
Sobre a eleição de 2022, Mainardi chegou a prometer que vai se atirar do décimo quinto andar caso os candidatos sejam Bolsonaro X Lula. Haddad disse esperar que ele se equilibre até lá.
Antigamente, os problemáticos surtados eram chamados de neurastênicos. A palavra rendeu até uma canção de sucesso do grupo Os Cariocas. "Mas que nervoso estou/Sou neurastênico/Preciso me tratar, senão/Eu vou pra Jacarepaguá...
Já a palavra problemático não parece muito musical. Mas o MC Neguinho do Kaxeta conseguiu incluí-la na letra de um funk. "Olha os problemáticos, ladrões de cena/As vezes sarcástico, ficou pra trás? Que pena!/Sabichão, postura e pras louca nós dá problema"...
E Kid Vinil gravou "É que eu fiquei com tic tic nervoso/Tic tic nervoso, tic tic nervoso"...
OUÇA "NEURASTÊNICO" AQUI
OUÇA PROBLEMÁTICO AQUI
OUÇA TIC TICA NERVOSO AQUI
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
Viva a Limonada Siciliana! • Por Roberto Muggiati
Não tendo nada melhor a fazer – lenta é a espuma dos dias na pandemia – inventei a Limonada Siciliana. Pelo menos a minha versão, uma variante da Limonada Suíça, que é feita com limão Taití. (A Limonada Suíça era o grande hit do Color Bar, o botequim do Russell, colado à Manchete.) Se preço reflete qualidade, é brutal a diferença entre os dois cítricos: 15 reais o quilo do siciliano contra 5 reais o do Taití. (A propósito, em inglês lime é limão Taití e lemon o siciliano.) Vamos à receita: coloque o suco de meio limão siciliano num copo alto, raspas de casca deste limão, raspas de gengibre, açúcar demerara orgânico e complete com água. Limonada numa hora destas? Isso é coisa de maricas! – diria aquele... vocês sabem quem. Replico então com uma caipivodca de limão siciliano, usando a mesma mistura. Batizo-a de Patrícia, em homenagem a minha sobrinha e afilhada, que fez anos em 9 de fevereiro. Ela – e milhares de outras Patrícias mundo afora – foram batizadas pelo chachachá de Perez Prado que toca na trilha sonora de La Dolce Vita. Ouçam esta joia, degustando uma Limonada Siciliana – ou uma Caipivodca Patrícia.
Lembra do Caco Antibes, do Sai de Baixo? Era comédia virou realidade...
O colunista do UOL, Matheus Pichonelli mandou bem em seu artigo hoje. Ele revisita o personagem Caco Antibes, de Miguel Falabella, exibido no "Sai de Baixo" (Rede Glono) entre 1996 e 2002, e encontra "o protótipo do brasileiro médio e decadente, tomado de ódio e preconceito de classe". "Eu tenho horror a pobre" era seu bordão de Caco Antibes. Veja porque milhões de Caco Antibes saíram do armário nacional nos últimos anos.
Leia o artigo no UOL, AQUI
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
domingo, 7 de fevereiro de 2021
Nara Leão e Elis Regina: rivais em alta tensão no estúdio da Manchete
| Nara Leão, mão no queixo, à direita, ouve João Gilberto no Arpoador, em 1959, em foto de uma sequência que Carlos Kerr fez para a Manchete, edição 398. Reprodução. |
por José Esmeraldo Gonçalves
A Manchete tem sido uma boa fonte de pesquisa para escritores, documentaristas e autores de teses universitárias. Faz todo o sentido. Sem abrir mão do jornalismo ilustrado, e até por isso, a revista cobria uma larga variedade temas. Movimentos como MPB, Tropicalismo, Cinema Novo e Bossa Nova, por exemplo, tiveram suas trajetórias amplamente registradas em centenas de entrevistas e fotos.
| A foto da capa é de Frederico Mendes. |
De Nara Leão pode-se dizer que era famosa, mas não verdadeiramente conhecida. Era até hoje uma personagem a ser desvendada. Em dezenas de depoimentos, Tom Cardoso levanta os véus que a própria cantora interpôs entre suas vidas privada e pública.
Da Manchete, o autor recuperou trechos de entrevistas, bastidores de reportagens e pelo menos uma foto marcante. O livro conta um explosivo encontro de Nara e Elis, que não acabou bem, para uma seção da revista chamada "As Grandes Rivalidades", criada por Justino Martins. A intenção do repórter Carlos Marques era entrevistar para a rubrica as duas juntas, lado a lado.
![]() |
| A matéria as Grandes Rivalidades, por Carlos Marques |
| Elis e Nara se desentenderam no estúdio da Manchete. A foto, de 1967, e que saiu sem crédito, é aparentemente uma montagem.. |
Ambas até toparam. Antes, estava marcada uma sessão de fotos no estúdio, quando o entrevistador aproveitou para começar a fazer perguntas e colocar lenha na fogueira, como pedira Justino. Marques não contou com um fio desencapado na relação das duas. Mal começou, foi Elis quem jogou gasolina no fogo. Resolveu que não devia estar ali. "Vou embora", disse. "Não gosto da Nara. Ela canta mal e fala bem", completou. "Agressividade pueril", rebateu Nara na matéria. Marques conseguiu, depois, convencer as duas a darem entrevistas separadas.
Em outros trechos do livro, há breves extratos de matérias de Carlinhos de Oliveira, para a Manchete, e de Ronaldo Bôscoli, para a Fatos & Fotos. O livro vem com um álbum de fotos pessoais de Nara Leão e um raro e exclusivo registro fotográfico da cantora com João Gilberto na Praia do Diabo, no Arpoador. A foto é 1959, de Carlos Kerr para a Manchete.
Publicá-la é, de certa forma, recuperar documentos fotográficos que faziam parte do acervo das revistas da Bloch, hoje desaparecido.
Quanto ao livro do Tom Cardoso, é uma excelente pedida.
Temos a TV mais educada do mundo. Veja porque...
sábado, 6 de fevereiro de 2021
Deu jacaré
A deputada Alexandria Ocasio-Cortez, do Partido Democrata norte-americano, ao sair da vacinação fez piada com o presidente que em si é uma trágica gozação brasileira. Cortez mostrou a deformação que o imunizante pode causar segundo o candidato a ditador de comédia que dirige o Brasil.
"Imagine", um hino pela paz, foi lançada há 50 anos. Deu tudo errado. O sonho de Lennon não se realizou.
por Ed Sá
O livro de poemas Grapefruit, de Yoko Ono, inspirou John Lennon a compor Imagine, lançada em 1971. Provavelmente Imagine nasceu na cama do Hotel Hilton , de Amsterdam, em1969, onde o casal passou uma semana em ato político no leito conjugal em defesa da paz universal. Foi o célebre bed in. Lennon imaginou um mundo sem fatores de conflitos como nacionalidades, convenções morais e religiosas. Lennon foi assassinado por causa de versos como os de Imagine. O assassino, Mark Chapman, era um "cristão renascido", cujo ódio tinha origem nas opiniões do ex-beatle sobre deus e religiões.
Lennon sonhou que um dia os bens materiais não fossem um objetivo da vida, como um "santo graal" da acumulação. Se Mark Chapman tivesse errado o tiro, ele teria hoje 80 anos. Veria que meio século foi pouco para uma mudança das mentalidades. Imagine é anticapitalista. Lennon constataria que o capitalismo se revigorou e se tornou ainda mais brutal ao parir o neoliberalismo mais concentrador de renda e gerador de pobreza extrema. "Você pode dizer que eu sou um sonhador. Mas eu não sou o único. Espero que um dia você junte-se a nós. E o mundo será como um só" continua sendo uma bela carta de intenções...
OUÇA A CANÇÃO AQUI
Imagine
Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today
Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace
You may say, I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one
Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A Brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world
You may say, I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will live as one
Um Hamleto sem vacilo • Por Roberto Muggiati
![]() |
| Hamleto Stamato |
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021
007 contra a Democracia
por O.V.Pochê
Ernesto Araújo está na revista bolsonarista ironicamente chamada de A Verdade. A publicação é ligada ao site Jornal da Cidade on line, condenado por publicação de notícias falsas. Na capa, o discípulo de Olavo de Carvalho, o guru aparece como um 007 a serviço da ultradireita e pronto para combater o globalismo, segundo ele uma ideologia anticristã.
Virou a piada da web. E, segundo o UOL, também virou chacota nas internas dos diplomatas do Itamaraty.
A ideia pode reder. A Verdade pode ter dado início a uma série de capas. Talvez inspiradas nos vilões dos quadrinhos e do cinema.
Atenção fotógrafo das capas da revista A Verdade. O general Heleno pode ser o Duende Verde na próxima edição; Pazuello fica bem de Dr. Octopus; Ricardo Salles posa de Demolidor; Bolsonaro é o Loki ou o Rei do Crime; Bia Kicis vai bem bem de Maria Tifoide.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021
Comissária de companhia aérea censura decote de modelo. Caso levanta discussão sobre código "talibã" de vestimenta em voos
| Comissária não gostou do decote e da barriga de fora da modelo Isabelle Eleonore, disse que ela não podia viajar de "biquíni" e mandou que se cobrisse. |
| A modelo denunciou o caso nas redes sociais. |
por Jean-Paul Lagarride
A tripulação de um avião de passageiros tem prerrogativas legais para tomar providências sempre que considerar que um usuário poderá colocar em risco a segurança do voo. O comandante detém a palavra final nessas avaliações. Desde que esses poderes foram ampliados a partir do ataque de terroristas islâmicos às Torres Gêmeas, alguns incidentes têm ocorrido, geralmente por excesso de zelo ou preconceito.
Ultimamente, alguns tripulantes, por questões de moralismo e talvez até de fundamentalismo religioso, passaram a se preocupar com as roupas das mulheres que sobem a bordo. Jovens de shorts, saias curtas ou decotes têm sido obrigadas a trocar de roupa e cobrir-se ou não embarcam. Já aconteceu nos Estados Unidos e, dessa vez, o código de vestimenta foi imposto na Austrália. A modelo Isabelle Eleanore contou estava usando um top curtinho com alças e decote quando a comissária da Jetstar, em voo de Gold Coast para Melbourne, no domingo passado, avisou que ela não poderia viajar usando um "biquíni". Não adiantou argumentar que a peça era um top. A tripulante trouxe-lhe um colete e mandou que o vestisse.
Eleanore denunciou o caso e o constrangimento nas redes sociais. O jornal The Sun publicou sua história. A companhia aérea pediu desculpas. Alegou que a comissária errou e que as normas da Jetstar vetam só roupas que exibam imagens que possam ser consideradas ofensivas.
No Instagram, ela comentou: "Aposto que seu eu tivesse seios menores ela não teria dito nada".
BBC Brasil: dossiê contra políticas do governo brasileiro chega à Casa Branca. Democracia, coronavírus, emprego, direitos indígenas, desmatamento e violência policial estão entre os temas abordados
A BBC Brasil obteve acesso aos documentos assinados por mais de 100 pesquisadores e já de posse do núcleo do governo Joe Biden, que ainda não definiu suas políticas para a América do Sul. A matéria é do repórter Ricardo Senna, correspondente do site em Londres e certamente será um bom tema para análises de dezenas de comentaristas nos canais de TV, logo mais.
São mais de 31 páginas incisivas. "O governo Biden-Harris não deve de forma nenhuma buscar um acordo de livre-comércio com o Brasil", frisa o dossiê, organizado em 10 grandes eixos: democracia e estado democrático de direito; direitos indígenas, mudanças climáticas e desmatamento; economia política; base de Alcântara e apoio militar dos EUA; direitos humanos; violência policial; saúde pública; coronavírus; liberdade religiosa e trabalho", recomenda o documento.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO SITE BBC BRASIL AQUI
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021
Cadê a garota da capa que estava aqui ? Sumiu...
| Algumas capas de revistas estrangeiras em 2021. |
| No Brasil, algumas revistas sobreviventes. |
Ontem foi Yèyésday! • Por Roberto Muggiati
James Joyce – quem diria ? – é filho de Iemanjá. Celebrado anualmente pelo Bloomsday em 16 de junho (dia em que transcorre a ação do seu romance Ulisses), o escritor irlandês nasceu em 2 de fevereiro, dia da Rainha do Mar, que tem seu nome derivado de Yèyé, “mãe dos filhos peixes” em iorubá. Quem fez espertamente a associação, no jornal O Globo, foi Dirce Waltrick do Amarante. Autora de Para ler ‘Finnegans Wake de James Joyce’, ela vai adiante: “Ao dar protagonismo a Anna Livia Plurabelle no romance Finnegans Wake (1939), acabou homenageando também a divindade.” Na mitologia irlandesa, o nome Anna estaria relacionado ao da deusa Danu, da terra e da água, rios, mares. Livia é a latinização do rio Liffey, que corta a cidade de Dublin. Iemanjá se revela plural (Plurabelle) com natureza sempre cambiante.
E Dirce arremata: “A Danu de Joyce, assim como Iemanjá, acolhe todos os filhos ‘nacionais e estrangeiros’ (...) o escritor sublinha que todos são bem-vindos em Finnegans Wake e esse acolhimento se estende às diferentes línguas vivas e mortas que convivem no livro.” Saravá, irmão Joyce!
A PALAVRA DA HORA H
S p u t n i k
A vacina Sputnik V, desenvolvida pelo instituto russo de pesquisa Gamaleya para a Covid-19, teve eficácia de 91,6% contra a doença, segundo resultados preliminares publicados em 2 de fevereiro na revista científica "The Lancet", uma das mais respeitadas do mundo. A eficácia contra casos moderados e graves da doença foi de 100%.
A notícia trouxe de volta o nome do primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik 1, lançado em 1957 pela União Soviética. O programa Sputnik, em russo Спутник, Satélite ou Companheiro Viajante, produziu a primeira série de satélites artificiais concebida para estudar as capacidades de lançamento de cargas úteis para o espaço e os efeitos da ausência de peso e da radiação sobre os organismos vivos. Serviu também para estudar as propriedades da superfície terrestre com vista à preparação do primeiro voo espacial tripulado.
Sobrou pros beats • Um mês antes, foi lançado o romance-manifesto da geração beat, On the Road, de Jack Kerouac. Imediatamente os beats passaram a ser chamados de beatniks, numa implicação de que eram todos comunistas. Na verdade, o Sputnik não teve nada a ver com isso: nik é um sufixo do iídiche que significa “inho”, e servia para apequenar os beats – os judeus de Nova York odiavam os beats, embora um judeu, Allen Ginsberg, integrasse a Santíssima Trindade Beat, com William Burroughs e Kerouac.
Proustiana • Dois dias depois do lançamento do Sputnik eu fiz vinte anos. Contraparafraseando Paul Nizan, “eu não deixaria ninguém dizer que [não] é a idade mais bela da vida.” Era jornalista, funcionário público, estudava engenharia, saxofone, japonês, completara a Cultura Inglesa (com diploma de Cambridge) e a Aliança Francesa (com uma futura bolsa em Paris) e vivia intensamente a noite curitibana, turbinada pelo dinheiro das exportações de café do Paraná. Meu gosto da época não era uma madeleine embebida em chá de tília, mas uma dose de Cuba-libre no La Vie En Rose, aconchegante boate da Alameda Cabral, ao som do fabuloso grupo do gaúcho Breno Sauer. Tocava acordeão, piano e vibrafone, gravou uma meia-dúzia de LPs no eixo Rio-São Paulo, depois foi fazer a América e ficou por lá até morrer em 2017 aos 77 anos em Chicago. O Cuba-libre, aquela mistura de rum e Coca-cola num copo alto com gelo e uma rodela de limão fazia sucesso na época. Vinha com um pratinho de amendoim torrado salgado e custava dezoito cruzeiros, o equivalente a um dólar na época.
Enquanto o Sputnik orbitava eu viajava no som sofisticado de Breno Sauer, ouçam sua versão de A Felicidade - Roberto Muggiati
https://www.youtube.com/watch?v=Qtoq0iqXNcs
O que a "selfie" do Globo tem a ver com o Sargento Pimenta
![]() |
| A "filarmônica" jornalística do Globo e... |
![]() |
| ... a banda do Sargento Pimenta |
por O.V. Pochê
No futuro, essa primeira página do Globo vai virar cult.
A "selfie" jornalística foi o acontecimento mais importante daquele dia, segundo o critério do editor.
Não reúne corações solitários, mas em plena pandemia faz ilustre aglomeração de colunistas. Nunca um jornal teve tantos, daí a importância da "selfie'.
Óbvio que uma simples edição do jornal em papel não é capaz de acomodar a todos. Não haveria o distanciamento necessário. Fiquem tranquilos, eles não precisarão pegar senha para ocupar espaço, farão um revezamento, segundo a matéria de apresentação. Como se fossem diaristas? É para não implicar em relação trabalhista, segundo uma das reformas defendidas pelo Globo? Não se sabe o motivo, se editorial ou funcional. O Globo demitiu muitos e experientes repórteres nos últimos anos. Eram os profissionais que corriam atrás da notícia. Aparentemente, a notícia agora são os colunistas. Virá em revezamento e em cascatas. Mas o Globo é um jornal tradicional. Deve saber o que está fazendo. Apenas destacou em página nobre os profissionais que admira. Muito justo.
Quando produziram a capa do LP do Sargento Pimenta, os Beatles fizeram algo parecido. Juntaram seus ídolos. A ideia foi do Paul McCartney, que pediu aos parceiros que escrevessem em um papel os nomes das personalidades que admiravam. Não sei se o Globo fez o mesmo. De qualquer forma, deu nessas duas imagens célebres.
A capa dos Beatles tem pelo menos um ponto em comum com a do Globo. Entre artistas, compositores e até boxeador, os Fabfour mostrava figuras que viviam de escrever. Estão lá, por exemplo, Edgar Allen Poe, Aldous Huxley, Dylan Thomas, William Burroughs, Karl Marx, H.G. Wells, Oscar Wilde... Vários desses colaboraram com jornais. Wilde escrevia para uma revista. Burroughs foi jornalista. H.G.Wells começou a carreira como jornalista.
A foto do Sargento Pimente gerou, ao longo do tempo, lendas, teorias da conspiração, fantasias e fake news.
Só o tempo dirá o que a inusitada primeira página do Globo vai deixar para a história.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2021
A FRASE DO ANO 2020
“Não consigo respirar!” (#ICantBreath!)
Por uma coincidência notável, os sintomas da doença que já matou 2.235.401 pessoas até as 21 horas de Brasília do dia 1º de fevereiro de 2021 – a Síndrome respiratória aguda grave (SARS, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome)– coincidem com as últimas palavras de um negro morto estrangulado pela pressão do joelho de um policial em Minneapolis, nos Estados Unidos, “I can’t breath!” (“Não consigo respirar!”).
![]() |
| Reproduções Twitter |
A frase de George Floyd tornou-se o hashtag da nova escalada dos protestos antirracistas e é altamente simbólica do estado de espírito de uma importante minoria ainda fortemente discriminada e oprimida pela cor de sua pele.
Na verdade, a frase (“Não consigo respirar!”) havia sido dita onze vezes em 2014 pelo negro Eric Garner, antes de morrer estrangulado por um policial de Nova York. E foi repetida na véspera do Dia da Consciência Negra por João Alberto Freitas, asfixiado por seguranças de um supermercado Carrefour em Porto Alegre. Em consonância com o racismo estrutural assassino, milhões vêm se debatendo nos últimos meses em hospitais pelo mundo afora gritando “Não consigo respirar” em suas múltiplas línguas. Roberto Muggiati















