Algumas capas de revistas estrangeiras em 2021. |
No Brasil, algumas revistas sobreviventes. |
por José Esmeraldo Gonçalves
O panorama de títulos de revistas no Brasil é devastador. Não é o que acontece em muitos países, onde milhares de veículos impressos sobrevivem. A propalada crise do modelo de negócios no que se refere a revistas impressas foi, no Bananão, como dizia Ivan Lessa, um tsunami. Como se as editoras fossem uma "Pompéia" soterrada de uma hora para outra e coberta de cinzas.
O fim de muitas revistas levou embora opções de qualidade no campo das reportagens, do fotojornalismo, do comportamento, da economia, do serviço, entre outros segmentos.
O que impressiona é que as revistas vaporizadas foram substituídas por... nada. O meio é a mensagem, lembram?, e o meio digital não tem o alcance gráfico das revistas. É outro patamar, que obviamente vai evoluir, quem sabe da 5G para a revista holográfica quando uma reportagem ilustrada será fielmente encenada na sua sala.
Comunicólogos que estudem essa particularidade brasileira e tentem explicar porque o mercado editorial de revista foi aqui praticamente destruído, restando bravos e poucos sobreviventes.
Nosso foco é mais embaixo, mais pop.
Independentemente da conclusão dos futuros estudos, apontamos que a grande vítima foi a garota da capa. Sumiu. Xuxa e Luíza Brunet serão imbatíveis para sempre. Cada uma fez mais de 100 capas, da Manchete à Playboy.
Tudo bem, as garotas sem capa agora se viram em ensaios no Instagram, que elas mesmas produzem. Ok, atingem milhões, mas não recebem de volta o impacto estético de uma capa impressa, brilhante, que pode ser vista permanentemente, sem cliques, muito além da dimensão de uma tela de smartphone. É isso não é nostalgia, é uma abordagem técnica. Uma questão espacial, de forma, tamanho, posição.
Tem a ver com a geometria, uma linha da matemática. Perguntem às garotas que foram capas.
Ou, lá fora, às garotas que ainda são capas.