sábado, 18 de junho de 2022

Transamazônica: o marco zero da destruição da Amazônia

 

Foto Gil Pinheiro

Gil Pinheiro e Joel Silveira na Transamazônica em 1972

por José Esmeraldo Gonçalves

Há 50 anos, o repórter e escritor Joel Silveira e o fotógrafo Gil Pinheiro fizeram uma grande reportagem sobre a Transamazônica. A estrada em construção rasgava a floresta até então intocada. À medida em que as obras avançavam, a ditadura instalava "agrovilas ao longo do percurso. O projeto acelerava a migração de famílias do sul do país e do nordeste. As primeiras vítimas das "agrovilas" eram os indígenas, as árvores e os animais dizimados pela caça. Na sequência vieram os garimpeiros. A Transamazônica era o vetor da destruição. 

A reportagem da Manchete publicada em 1972 nada tinha de crítica ou de isenta. Era um desfile colorido de ufanismo, como o Brasil da época do regime militar. 

Não por acaso, a política deu voltas e voltou ao mesmo ponto. O Brasil vive hoje um regime virtualmente militar tantos são os milicos comandando o país em postos-chave. O governo Bolsonaro  retomou e deu ainda mais força à destruição da floresta agora ocupada também por organizações criminosas. 

O que indígenas, indigenistas e ecologistas conquistaram em governos menos predatórios e ignorantes - avanços significativos embora menores do que a imensidão do problema ambiental - se perde na política corrupta do favorecimento da era bolsonarista.  De militares a militares a estupidez fechou um círculo que custou centenas talvez milhares de vidas anônimas. Dom Phillips e Bruno Pereira, imolados, são o mais recente e infelizmente não o símbolo final da Amazônia que o Brasil destrói. 


2 comentários:

Prof. Honor disse...

Na epoca, os militares estavam destruindo as ferrovias. Processo burro que começou com JK. Havia que defendesse em vez de construir essa estrada que abriu a Amazônia a destruição e, agora se sabe, ao crime, tivessem feito uma ferrovia. Ferrovia com paradas em pobtos fixos e cidades, seria menos predatória.

J.A.Barros disse...

É interessante notar que dos países colonizadores, a Inglaterra, talvez tenha sido a mais progressista. Onde esse país atuava, criava de imediato as linhas de ferro. A Índia, país que a Inglaterra herdou da Companhia da índias Orientais, cortou esse país de estradas de ferro. e até hoje, na Índia, seus trens, com vagões enormes, transportam sua população e seus bens produzidos, para todos os pontos do país. No brasil, a linha de ferro construída foi pelos ingleses. Nos Estados Unidos, não sei se era o próprio governo que organizava e montava suas estradas de ferro, mas o fato é que o país precisava unir a costa atlântica à costa do Pacífico e para isso criou uma concorrência na construção de uma linha de ferro e para aquele que chegasse primeiro ao Oceano Pacífico, ganharia a concessão da exploração da linha. Em 1880 os EUA, tinham 50 mil km de estrada de ferro e o brasil irrisórios 14 km. Aqui no brasil, deu-se o contrário. A Estrada de Ferro que ligava o Rio de Janeiro - a capital do brasil - à São Paulo, sobrevivia sob pesados custos. Em 1949, viajei do Rio de Janeiro até Belo Horizonte, Minas Gerais, um dia inteiro, numa então " Maria Fumaça ", engolindo fumaça o tempo todo, mas foi uma das minhas viagens - apesar do tempo e da fumaça - mais confortável por que passei. Num banco de madeira, se me cansava, ia passear pelos outros vagões, inclusive almoçar no vagão-restaurante. Tanto a estrada de ferro de São Paulo como a Minas Gerais, não resistiram ao descaso e abandono. Uma outra política de transporte se fazia presente, comandada pelo presidente JK, que em definitivo acabou com esse transporte como também o transporte de cabotagem, liderado pelos Itas, instaurando o transporte Rodoviário, trazendo para este país as grandes montadoras de carros, que passaram a dominar integramente o transporte de massas, acabando inclusive com os bondes - transporte esse que continuam até hoje em vários países de mundo - impondo o transporte de ônibus em todo brasil. Hoje o brasil é cortado por estradas rodoviárias, onde caminhões e mais caminhões, a um custo muito alto, transportam - em conteineres - toda produção industrial e agropecuária produzida, de um Estado para outro. Cada caminhão transporta um container - podendo ser até dois - enquanto um trem com 20 vagões especiais, pode transportar numa só viagem, 40 containeres, 2 em cada vagão. Em termos de economia, este país teria um ganho de bilhões de Reais. Mas, no progresso deste brasil teve um JK , que o empobreceu e até hoje pagamos um preço muito alto pela ignorância e incompetência de um político, que construiu uma capital no deserto do brasil central, por vaidade e burrice.