quarta-feira, 29 de junho de 2022

Há 40 anos uma reportagem histórica da Placar denunciava a "Máfia da Loteria Esportiva".

O jornalista Juca Kfouri dirigia a Placar quando, em 1982, a revista publicou uma reportagem explosiva assinada por Sérgio  Martins sobre a chamada "Máfia da Loteria Esportiva" no futebol brasileiro. O esquema criminoso montado por apostadores subornava jogadores para manipular resultados. Ex-jogadores eram encarregados de fazer contatos com atletas "subornáveis". A Placar jogou a nitroglicerina nos gramados, mas os demais veículos da grande mídia evitaram endossar as acusações, na verdade, deram grande destaque à defesa e aos desmentidos dos envolvidos.

Foi há 40 anos. A roda do tempo girou e o futebol está novamente diante de uma ofensiva de apostadores. Para usar uma palavra que não era comum em 1982, "compliance" é saída para preservar o esporte das novas "máfias" de apostas. Atualmente proliferam os sites de apostas, tanto os legalizados como os que operam na sombra. Alguns desses sites são os principais patrocinadores de times em todo o mundo.  A Procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol do Ceará (TJDF-CE) denunciou recentemente  oito pessoas envolvidas no caso de suspeita de manipulação de jogos no Campeonato Cearense. Os suspeitos são técnico, jogadores e dirigentes de um clube de Crato, no interior do estado.

Atualmente, a velocidade da tecnologia acelera o risco. A internet facilita as informações sobre jogos fora dos grandes centros e amplia o alcance dos palpites à disposição dos apostadores. Isso em todos os países. O VAR, por exemplo, é uma nova ferramenta adicionada ao universo da bola.  Em 2008, a empresa suíça Sportradar, contratada pela FIFA, detectou suspeitas sobre resultados de jogos na Europa. A entidade máxima do futebol terá que fazer muito mais para manter o jogo limpo tal a proliferação de casas de apostas digitais. 


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