Que o governo Bolsonaro tem muito a esconder, é verdade que está às claras.
Tanto que qualquer mané da administração decreta 100 anos de sigilo por qualquer coisa.
Virou zona . Um impõe sigilo sobre a agenda. Evita que se tornem públicos encontros suspeitos. Outro não quer que vazem suas viagens de lazer a bordo de jatinhos oficiais. Um terceiro empregou um general de muitas estrelas e alto salário e o demitiu quando soube que uma revista apurava o tamanho da boquinha. O sigilo é tamanho que nem o empregador sabe o que o general fazia no trampo em questão.
Vendeu um carro em circunstâncias duvidosas? Sigilo nele. Saiu mais cedo da repartição pra aliviar a dor nas costas em uma casa de massagem? A assessoria jurídica recomenda um sigilozinho de 100 anos.
Como 2022 é ano de eleição pipocam sigilos pra todo lado. Se a mulher de um figurão quiser saber da hora em que o marido deixou o local de trabalho terá dificuldade. Até o segurança da portaria é orientado a botar sigilo na informação. Um certo alto funcionário gosta de confraternizar com rapazes na happy hour? Bota sigilo. Tem de 200 anos? A dona patroa do fulano recebeu um cheque e não sabe que raio de grana pousou na sua conta? Faz aí um sigilo retroativo de 50 anos, rápido.
O fato é que os repórteres que cobrem Brasília estão enfrentando dificuldade extra. E não só em Brasília. O caso do homem assassinado no Rio Grande do Norte por agentes da PRF já está sob sigilo da 100 anos. Há exemplos de sigilo decretado pelas PMs de varios estados. A Justiça também está mais pródiga em ocultar casos até banais.
A coisa se espalha. Um amigo que voltou pra casa com 10 doses de vodca acima do resto da humanidade decretou ao porteiro do prédio sigilo de 20 anos para a hora e o estado em que adentrou o elevador. Um esperto planeja instalar um escritório de advocacia para oferecer sigilos para pessoas em geral.
A lei da transparência virou piada para que tem cargo público. Se precisa esconder é porque boa coisa não é.
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