por O.V.Pochê
Por falar em bullying, tema do post anterior, algo parece em curto-circuito nos dois canais. Aparentemente apresentadores e comentaristas receberam instruções para descontrair, usar bom humor, em tempos de noticiário tão sombrio. Só que alguns pesam a mão. No Estúdio I, da Globo News, um dos comentaristas resolveu tirar sarro da roupa de um colega. Comparou-o ao personagem vivido por Ney Latorraca na novela Estúpido Cupido que vestia figurinos dos anos 50. A apresentadora ainda contribuiu com a música que deu nome à novela. O alvo do bullying não gostou. Na primeira oportunidade devolveu a gozação: perguntou ao bully se ele havia roubado de alguém o comentário que fez sobre economia, já que fazia sentido e o dito não entendia do assunto. Instalou-se um climão ao qual outro comentarista acrescentou uma gafe. Tentou apaziguar mas falou em "comemoração", esquecendo que aquela edição marcava a despedida da âncora. No programa Em Pauta rolou uma grosseria. O apresentador reclamou no ar do uso da palavras "denegrir" por uma correspondente. E constrangeu a moça ao obrigá-la a pedir desculpa direto e ao vivo por usar o termo de conotação racista. Parecia um professor repreendendo uma aluna.
No SporTV, durante a transmissão do jogo Brasil x Japão, o narrador se referiu a uma compra que teria sido feita pelo comentarista em antiga viagem, algo como um souvenir, o que o colega negou visivelmente incomodado. Pouco depois, o apresentador chamou o analista de arbitragem e, antes, perguntou ao mesmo comentarista se estava "com saudade". Diante da resposta, apenas um "sim", o narrador lançou o "veneno": "não senti fimeza". Coube ao comentarista de arbitragem elogiar o comentarista afirmando que este havia falado de "coração". De novo, ficou o climão. O recurso ao tal "bom humor" parece replicar as brincadeiras colegiais da quinta série, mas a intenção talvez seja mesmo essa: incorporar o "humor" das redes sociais, estilo Tik-tok.
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