O vidente Allan Richard Way II foi convidado para fazer previsões sobre as eleições presidenciais brasileiras. Declinou. Ou, pelo menos, adiou seu parecer astrológico.
Mas encaminhou ao blog algumas rápidas observações e um surpreendente conselho aos candidatos e seus marqueteiros. "Evitem ao máximo sair na capa da Veja". Para ele, estampar aquele espaço retangular e ganhar apoio da revista dá um tremendo azar.
Way nem se deu ao trabalho de consultar os astros, apenas clicou no Google mesmo e enviou vários exemplos para comprovar sua teoria astrológica. Ele avisa que não tem provas, só convicção de guru.
A ironia está no fato de que os capáveis e, em seguida, azarados, são geralmente personagens que desfrutam por uns tempos do jornalismo-exaltação da publicação. São queridos, digamos assim, antes do mundo girar e a Lusitana rodar.
Para Way, não resta dúvida de que a "suprema honra" de ser capa da Veja dá mais urucubaca do que ver três corvos juntos, sendo este um do piores sinais de maus presságios segundo a tradição britânica.
O vidente enviou o resumo da sua pesquisa iconográfica sem maiores comentários. Segundo ele, as capas falam por si. Acrescentou, além das estrelas das capas, outros personagens celebrados pela publicação e que, depois disso, passaram a enfrentar o inferno na terra. O ex-senador Demóstenes Torres, apontado como "mosqueteiro da ética", Carlos Arthur Nuzman, o brasileiro que despencou do Olimpo e Marcelo Odebrecht e Joesley Batista, os titãs da livre iniciativa.
Em 2014, todas as fichas em Aécio Neves. Da mala de votos, sobrou só a mala. |
José Serra virou alvo de delações e se desintegrou. Foi abduzido por denúncias. |
Alckmin perdeu a eleição. É novamente candidato, agora sob múltiplas suspeitas a partir de delações. |
Eike Batista foi capa da Veja e da Veja Rio: dupla derrocada. |
Empresário badalado virou suspeito de ser operador de Aécio Neves. |
O "Plano Temer" acabou em processos de corrupção, com direito a gravações e encontros nas madrugadas do Planalto, coronel-mensageiro etc. |
A Veja apostou que Marcela Temer faria bombar a popularidade dos Temer. |
Lula é alvo do ódio da Veja desde sempre, a capa da posse talvez tenha sido a única sem surto de parcialidade, mas isso não deteve a maré de urucubaca pós-capa. |
Dilma também nunca fez parte do altar da redação da Veja, muito ao contrário. Mas o fato de não ser exaltada, não a livrou do revés conspiratório. |
Collor foi "queridinho" da revista. |
Tancredo foi vítima da sina identificada pelo vidente Allan Richard Way |
4 comentários:
Capa da Veja e candidato usar cocar de índio dá um tremendo azar.
Com oportunidade e humor, o vidente desvendou quanto é danoso o mau jornalismo que deturpa em nome do partidarismo político e da defesa das elites, da desigualdade, do status quo, dos velhos políticos e empresários que mamam no dinheiro público. É o que o mau jornalismo defende.
A profecia vai passar por um teste, a Veja já botou Bolsonaro na capa. E vai apoiar o cara se do outro lado tiver um candidato de esquerda, quem duvida?
Bem, o senhor Corrêa soube em seu comentário separar o joio do trigo. Existe realmente o mau jornalismo o que se entende que também existe o bom jornalismo.
Postar um comentário