E o JN foi vital para a repercussão da opinião do comandante, que tem pouco mais de 180 mil seguidores no twitter.
Na voz de Bonner, o recado ganhou up grade e alcançou milhões de brasileiros.
Não chega a ser uma brastemp de surpresa.
Durante a ditadura, o Jornal Nacional foi o veículo preferencial para o megafone da caserna. Já na edição número um, na noite de 1° de setembro de 1969, a "editoria militar" ocupou grande parte da edição. O "presidente" Costa e Silva havia sofrido uma trombose cerebral. Com seu afastamento, o "vice", Pedro Aleixo deveria assumir. No dia anterior à estreia do JN, aconteceu um fato inusitado: embora com todos os poderes (o AI-5 estava em vigor deste 1968), a ditadura promoveu um autogolpe e, em vez de Aleixo, os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica ocuparam o governo. A Junta Militar formada pela linha dura foi o tema principal daquele JN apresentado por Hilton Gomes e Cid Moreira. A reportagem dava, na verdade, o recado de que não havia conflito nos quarteis, Costa e Silva estava "lúcido e se alimentado bem", registrava a posse de Junta e não se referia ao "vice" que não assumiu.
O jornal O Globo também batia sua bolinha como porta-voz. Mas o JN, por ser primeiro telejornal transmitido em rede, "integrando o Brasil", tornou-se, desde então, o mensageiro do regime. Versões "cenográficas" de morte de presos políticos, depoimentos de guerrilheiros "arrependidos", desmentidos sobre a existência de tortura, o resultado ficcional do inquérito sobre o assassinato de Vladimir Herzog na prisão e, já nos anos 1980, a "apuração" da bomba do Riocentro, foram recados transmitidos e frequentemente acompanhados do "boa noite" do JN.
Nada de muito novo, portanto.
Nos anos de chumbo, houve durante certo tempo um código entre militantes, no Rio. Quando a barra pesava e vazavam rumores de prisões, um alerta era disparado entre os mais visados: "não saia de casa sem guarda-chuva".
Melhor reciclar a frase: não saia de casa sem acessar o twitter.
3 comentários:
A Globo teve Amaral Neto o garoto propaganda da ditadura, quem lembra?
Acho que está muito claro, que a política brasileira, no momento, está sendo monitorada e infiltrada de uma certa maneira, ou pela ABIN ou mesmo pelos generais do Exército. O presidente Temer não tem a personalidade adequada para resistir ao assédio militar no seu governo. Aos poucos, alguns generais vem se manifestando com opiniões e alguns com falas mais severas com criticas ao governo. Não estou vendo essas manifestação com bons olhos.
Tenho a impressão de que não vai haver eleição
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