sexta-feira, 13 de abril de 2018

Governo toxico de Donald Trump esquenta mercado de abrigos nucleares nos Estados Unidos

Um dos novos abrigos nucleares, versão 2018, vendidos pela Atlas Survival Shelters. Abaixo, a instalação
no quintal de casa. Fotos:Divulgação




por Flávio Sépia

A Terceira (e última) Guerra Mundial deverá ser anunciada pelo Twitter. Precisamente, no @realDonaldTrump. Pelo menos, é o que pensa um número expressivo de americanos.

Nos anos 1960, a Guerra Fria fez disparar a paranoia de um ataque nuclear aos Estados Unidos por parte da antiga União Soviética. Centenas de abrigos públicos foram construídos. E muitos mais as empresas privadas, que viram no medo uma oportunidade de negócio, ofereceram ao mercado.

Pois o supermercado para proteção nuclear está reaberto e em promoção nesse 2018 desgovernado.

Nos anos 1960, abrigos nucleares eram capa da Life.

Em 1961, os americanos instalaram mísseis nucleares na Inglaterra, Itália e Turquia. Os soviéticos responderam pouco depois com a montagem de plataformas de foguetes em Cuba. No auge da crise cubana, em 1962, famílias de red necks instalaram refúgios em porões e se obrigavam a fazer simulações e treinamento semanais, da vovó ao bebê.

Já a União Soviética, que ao longo da história foi vítima de invasões e bombardeios, adaptou antigos abrigos da Segunda Guerra escavados em cidades como Moscou e São Petersburgo. A economia socialista não tinha espaço para uma industria privada de proteção anti-atômica, que para os americanos mais ricos era objeto de consumo.


Reprodução Flickr
A cidade de Nova York, achando que o perigo não voltaria, retirou das ruas apenas há pouco tempo as placas (foto ao lado) que informavam a localização de abrigos subterrâneos construídos há mais de 50 anos. Só as placas, os complexos para refúgio estão lá, cheios de ratos e vazamento de esgotos, mas ainda em pé. Quem acessa as ameaças do @realDonalTrump já defende faxina e reforma nas dezenas de abrigos espalhados pela cidade.

Em pouco mais de um ano de governo tóxico, Trump trouxe de volta a Guerra Fria, a corrida armamentista, estimulou novos conflitos e militarizou a política externa. Além da corda esticando nas relações com a Rússia, focos de tensão se multiplicam, casos da Coreia do Norte, Ucrânia e outros países do Leste Europeu, China, Irã, Síria, Venezuela, Iémen, e da interrupção da aproximação com Cuba.

Em dois casos, o risco de confronto nuclear está presente: Coréia do Norte, onde do outro lado do míssil está o imprevisível Kim Jong-un, e, agora, Irã e Síria, sendo que esta tem, no momento, tropas americanas e russas no seu territórios e bases navais e aéreas de ambos os lados. Assim como a Ucrânia, Síria e Irã são países estratégicos para a Rússia, o que potencializa o risco de um confronto direto entre as duas superpotências. Disputas territoriais no Mar da China também colocam perigosamente próximas forças navais americanas e chinesas.

Tudo isso junto reabriu o mercado de abrigos nucleares nos Estados Unidos, agora mais modernos, confortáveis e sofisticados. O problema é saber se os eventuais sobreviventes terão para onde ir após deixarem os tais abrigos. O arsenal atual varrerá do mapa as 100 maiores cidades do mundo e produzirá poeira e fumaça suficientes para ocultar a luz do sol por anos. Quem não morrer na hora vai encarar o "inverno nuclear". É o quadro que está na mesa do falcões de guerra.

Em tempo: o Brasil está fora da corrida por abrigo nuclear. Boa parte da população, aqui, ainda está a procura de casa para morar. Em todo caso, juízes e políticos com direito a auxílio-moradia podem, se o desejarem, comprar abrigos pela internet no site da Atlas Survival. O contribuinte paga.

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