por Eli Halfoun
Na vida, de uma maneira geral, algumas
coisas só funcionam juntas. No esporte também é assim: nãofunciona
sem a presença e a participação da torcida. No futebol, a torcida é parte integrante
e fundamental para uma boa (ou má) partida. É a torcida que dá colorido e
vibração ao espetáculo. Sem sua presença aplaudindo, gritando e
vaiando,os jogadores ficam órfãos em campo e, por melhor que atuem, a partida fica incompleta. Quando se visita um estádio de futebol vazio não há nele, por
maior e mais bem montado que seja, nenhuma emoção. Não existe calor. É a presença
da torcida que faz bater mais acelerado o coração de qualquer estádio.
Isso faz com que seja ainda mais lamentável
a decisão da Conmebol de proibir a presença da torcida em jogos do Corinthians
pela Taça Libertadores. Foi triste (dolorido até) ver apenas quatro teimosos torcedores
assistirem ao último jogo do Corinthians em São Paulo. O time paulista
venceu, mas nem parece que jogou: a vitória no futebol pode ter valor na tabela
de pontos corridos, mas só tem graça quando faz vibrar e alegra a torcida. Quem
gosta de futebol e de bons espetáculos no campo e na arquibancada não pode evitar
e muito menos impedir a presença da torcida como está acontecendo com o
Coringão. Não acredito que a Conmebol mantenha
essa punição porque até para ela deve ter ficado claro que sem torcida a Taça Libertadores
perde o valor já que joga com um time desfalcado de seu melhor jogador: a
torcida. Mesmo que a Conmebol mantenha
punição, a torcida corintiana ainda pode (e só ela pode) reverter a situação
judicialmente; quem adquiriu ingresso antecipado pode recorrer à Justiça para
garantir seu sagrado direito democrático (está na Constituição) de ir e vir e de
não ser proibido de ver um espetáculo pelo qual pagou antecipadamente. Os quatro
torcedores que de certa forma representaram a imensa torcida corintiana abriram
o caminho para que a decisão da Conmebol seja revogada pelo bem da
torcida. Pelo bem do futebol.
Afinal nem todos são culpados e podem
ser punidos pelo ato de um único torcedor que ao lançar irresponsavelmente seu sinalizador
só queria participar da festa maior e certamente não pretendia matar ninguém. Esse
torcedor pode sim ser penalizado, mas uma torcida inteira não pode ser calada e
fazer calar junto a beleza e a vibração da alma do futebol. Futebol sem torcida
não é futebol e torcida sem futebol é como se fizesse nos estádios o silêncio
da morte. (Eli Halfoun)
Um comentário:
Concordo em parte. Não é bom punir toda a torcida. Mas os clubes têm grande responsabilidade na atuação das torcidas organizadas. A maioria hoje é gangue, não torcida. Não vão ao estádio para ver futebol. Para eles, tanto faz. O que querem é brigar e, como se vê, matar. O caso do menino boliviano é mais uma tragédia entre tantos assassinatos ocorrido no Rio, São Paulo e Moinas principalmente. Dirigentes leberam ingressos para esse msrginais, dão privilégios. O governo passado tentou cadastrar e fornecer até uma carteirinha que identificasse todos os integrantes das organizadas. Mas a ideia foi bombardeada pela poderosa mídia brasileira que não ofereceu nenhuma alternativa para o combate à violência das torcidas.
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