sábado, 23 de março de 2013

Nós também somos culpados


por deBarros
A Câmara dos Deputados aprovou a redução do pagamento do 14º e 15º salários que recebiam. Reduziram, vejam bem, não acabaram. Ao mesmo tempo aprovou projetos que criam dois novos órgãos, 59 cargos e funções comissionadas. Reajustou também os valores do chamado “cotão “ dos deputados, verba que cobre gastos com passagens aéreas, telefone, combustível, correio e auxílio moradia. O valor desses reajustes deve ficar em torno de 13%, em cima dos 170 milhões que hoje a Câmara gasta com o “cotão “ dos 513 deputados. O interessante é que para compensar esse aumento de despesas aprovou medida de redução de pagamento das horas extras dos funcionários. Alguém tem de pagar essas novas despesas além dos impostos pagos pelo povo.
“Minha casa, minha vida”, o projeto social do governo federal que se propõe a construir moradias para a população mais pobre e, nesse caso, para as famílias atingidas pela tragédia do Morro do Bumba, que hoje vivem em situação precária no 3º Batalhão de Infantaria do Exército, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, financiou, através da Caixa Econômica Federal, a empresa construtora Imperial Serviços Limitada, que de repente surgiu do nada, que deve ter vencido a “licitação" – se houve licitação, seria o caso de se investigar – se propôs a construir  prédios de 5 andares, unidades de habitação, e veio a se constatar por uma reportagem em um dos jornais do Rio e pelo noticioso das televisões que os prédios, já levantados, apresentam rachaduras em suas paredes, janelas fora de esquadros, e os terrenos em que foram levantados esses prédios "correram' debaixo deles desequilibrando e provocando rotacionamento nos seus eixos  deixando-os na iminência de desabarem a qualquer momento. As fotos publicadas nesses jornais e os prédios filmados para os jornais de notícia da televisão dão uma imagem muito forte da incompetência e da falta de qualidade dos materiais que a empresa construtora usou na edificação dessas moradias. O primeiro ato do governo seria prender os diretores dessa empresa construtora. Essa empresa não pode ficar impune pelos crimes que cometeu contra a população, porque a sua impunidade servirá de estímulo para que outras empresas venham a cometer esses mesmos crimes.
Em Santa Maria, RS, com o incêndio criminoso da boate “Kiss”, onde morreram 241 jovens, o primeiro a ser preso deveria ser o comandante do Corpo de Bombeiros, em seguida o Prefeito da cidade e os fiscais da prefeitura que permitiram o funcionamento da boate que não tinha saída de emergência, além é claro dos proprietário da boate e dos músicos da banda que queimaram fogos no show que apresentavam na casa noturna. Essa punição serviria de exemplo para o resto das autoridades que exercem  postos de comando da maior importância nos municípios deste imenso país.
Um grupo de médicos criou cópias de seus polegares, de plásticos, com a impressão digital de cada um impressas neles. Com esse artifício uma coleguinha, de posse dos polegares, imprimia no sensor eletrônico as impressões deles identificando com esse golpe a presença dos médicos nos plantões dos hospitais em que trabalhavam. Com isso ganhavam sem trabalhar fraudando o sistema de controle de presença nas horas em que deviam estar ou atendendo pacientes, ou operando vitimas de atropelamento, ou salvando doentes de crises, mas em vez disso preferiam através de ato desonesto e vil enganar o sistema hospitalar.
Outro grupo de médicos, de um Hospital de Câncer foi descoberto desviando recursos financeiros que deveriam ir para o SUS, , para os seus bolsos. E se for relatar escândalos, fora talvez o do mensalão, todos os escândalos da ordem financeira e de corrupção, na vida privada como na vida pública, ficaria enchendo laudas e mais laudas de papel.
A verdade, é que hoje, me recuso a imputar aos governos a total responsabilidade por esses “malfeitos” de corrupção e desonestidade tanto em órgãos públicos como privados. Passei a entender que o brasileiro, de um  modo geral, é um grande responsável por toda essa onda de roubos e escândalos que vem, nos últimos anos, se repetindo em todas as escalas sociais. Não é possível que todos os dias vem à tona mais um escândalo envolvendo empresas privadas, empresas públicas com a revelação de roubos, essa é a grande verdade, de patrimônios, de dinheiro vivo, de super faturamentos de obras públicas e de tantas outros golpes financeiros cometidos por pessoas tidas como idôneas e corretas.
Alguma coisa está errada nas cabeças dos brasileiros. É do homem comum que deve partir o comportamento moral, honesto e ético.
Todos os anos, as tragédias com as chuvas de verão, se repetem nas regiões serranas do Estado do Rio. Casas e vidas humanas são arrastadas pelos deslizamentos de morros pelas chuvas que desaguam levando em seu arrastão tudo que encontram à sua frente. E todo ano, verbas federais são destinadas para resolver e acabar com as casas habitadas em áreas de risco nas encostas dos morros que circundam as cidades serranas. E todo ano, nada é providenciado e verbas são desviadas de seus destinos para bolsos alheios. E todo ano, quando se aproxima o verão, o pais fica na expectativa de mais uma tragédia anunciada que certamente ocorrerá. E todo ano, mais vidas humanas se perderão levadas pelas águas de março que nunca deixarão de vir. E todo ano, alguns aproveitadores, ficarão mais ricos com as verbas que desviarão para os seus vorazes bolsos.
Essa é a cara do Brasil de hoje, que pode ser, tenho quase certeza que é a cara do Brasil de ontem. Nada mudou, tudo continua a se repetir anos após anos, após anos, após anos.

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