quinta-feira, 14 de março de 2013

Os dedinhos que apontam para o descaso com a saúde pública


por Eli Halfoun
É ainda tão grande a corrupção no país que passamos a acreditar que, nesse aspecto, nada mais nos surpreenderia. Pura ingenuidade: é sem dúvida surpreendente a ação de alguns médicos utilizando digitais em silicone para faltarem ao trabalho fingido que estão presentes e assim recebendo integralmente os seus salários. O que surpreende não é a utilização de mais um mecanismo criativo para enganar a população: a surpresa maior está no fato do ato criminoso ter sido praticado por uma classe, a médica, na qual mesmo desconfiando o povo ainda acredita. Mais grave do que roubar o dinheiro do povo, que paga os salários públicos, é, em nome de alguns míseros tostões, deixar de praticar medicina e não atender pacientes que por descaso e roubalheira podem até ter morrido. É claro que a partir desse vergonhoso episódio a classe médica de uma maneira geral será vista como um bando de ladrões. Nesse caso estaremos cometendo uma enorme injustiça com os médicos que honram seus diplomas e o juramento de salvar vidas. É verdade que especialmente no serviço público temos muitos médicos que mancham de vergonha seus brancos uniformes, mas também existem muitos (felizmente a maioria) que se dedica aos pacientes com amor, competência e seriedade. Os médicos criminosos devem ser realmente punidos. Nem deveriam mais poder exercer a medicina, mas toda a classe médica não deve ser massacrada pelos vergonhosos atos de alguns que escolheram a profissão errada porque não são médicos de verdade. São ladrões de carteirinha e de dedinhos de falsos, que, aliás, deveriam ser amarrados para sempre. (Eli Halfoun)

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