por Eli Halfoun
É ainda tão grande a corrupção no
país que passamos a acreditar que, nesse aspecto, nada mais nos surpreenderia.
Pura ingenuidade: é sem dúvida surpreendente a ação de alguns médicos
utilizando digitais em silicone para faltarem ao trabalho fingido que estão
presentes e assim recebendo integralmente os seus salários. O que surpreende
não é a utilização de mais um mecanismo criativo para enganar a população: a surpresa
maior está no fato do ato criminoso ter sido praticado por uma classe, a médica,
na qual mesmo desconfiando o povo ainda acredita. Mais grave do que roubar o
dinheiro do povo, que paga os salários públicos, é, em nome de alguns míseros
tostões, deixar de praticar medicina e não atender pacientes que por descaso e
roubalheira podem até ter morrido. É claro que a partir desse vergonhoso
episódio a classe médica de uma maneira geral será vista como um bando de ladrões.
Nesse caso estaremos cometendo uma enorme injustiça com os médicos que honram seus
diplomas e o juramento de salvar vidas. É verdade que especialmente no serviço
público temos muitos médicos que mancham de vergonha seus brancos uniformes,
mas também existem muitos (felizmente a maioria) que se dedica aos pacientes
com amor, competência e seriedade. Os médicos criminosos devem ser realmente
punidos. Nem deveriam mais poder exercer a medicina, mas toda a classe médica
não deve ser massacrada pelos vergonhosos atos de alguns que escolheram a
profissão errada porque não são médicos de verdade. São ladrões de carteirinha
e de dedinhos de falsos, que, aliás, deveriam ser amarrados para sempre. (Eli
Halfoun)
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