sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Natal: ou o bicho pega ou come

por Eli Halfoun
Não é saudosismo: bons tempos em que se esperava ansioso pela chegada de dezembro e com o 13º salário na mão sair por aí passeando e comprando, comprando e passeando sem medo de ter a bolsa arrancada das mãos e de ser assaltado em qualquer esquina e agora também dentro das lojas e não só na hora de pagar. A triste realidade do Rio nesse mês de festas (os bandidos é que continuam fazendo a festa maior) é uma cruel insegurança que a cada dia nos oferece novos e estarrecedores números. Quem compra tem medo, quem vende também: pesquisa revela que a insegurança provocou o fechamento de 10 mil estabelecimentos comerciais nos últimos dez anos (média de mil lojas por ano), o que mostra um abandono bem antigo. Faz muito tempo que não temos a tranqüilidade (os arrastões diários estão aí) pela qual pagamos - e pagamos caro. Agora cada um é obrigado a buscar sua própria proteção e não é diferente com os lojistas que, como nós, precisam da proteção do Estado, mas não podem contar muito com isso (por mais que se faça sempre fica faltando alguma coisa). Assim são obrigados a gastar cada vez mais com proteção particular. Até recentemente, os gastos somavam R$ 1,3 bilhão, ou 4% do faturamento, segundo o Clube de Diretores Lojistas. Esse gasto aumenta anualmente em no mínimo 10%. Mesmo assim os fregueses saem amedrontados (na verdade apavorados) e na maioria das vezes preferem nem sair. Não é à-toa que aumentam os serviços de entrega em domicílio. O negócio (também perigoso em sites que não oferecem a menor segurança virtual). A tendência é de que o consumidor passe a fazer suas compras pela internet. Estamos vivendo cada vez mais na base do “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Como se vê, não é só Papai Noel que precisa ter saco (e bem grande) para aguentar o Natal, que já foi sinônimo de paz.

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