por Eli Halfoun
A cidade voltou a ser maravilhosa pelo menos no iluminado sol de hoje, domingo, depois que se confirmou a tomada (é expressão usada nas guerras, mas foi exatamente o que vimos na batalha travada contra o tráfico no conjunto do Alemão, que era o mais complexo e perigoso da cidade). O sufocado carioca, vítima de um poutpourri de violências que vem de muitos anos, respira aliviado, sorri nas ruas como se tivesse tirado do corpo sofrido um câncer e foi isso mesmo o que aconteceu. Foi isso mesmo o que aconteceu. A polícia promete consolidar território (é preciso também estar também e a hora é essa em outras favelas, especialmente a da Rocinha). Sem dúvida, a polícia deve ter aprendido muito nessa batalha em que foi o “mocinho” de nossa intensa torcida, que já não se mostrou tão desconfiada quanto se mostrava até agora. O governo promete mais e necessárias ações sociais porque sabe que sem elas as ações policiais não funcionarão: os grupos se reorganizarão e outras batalhas virão. Especialistas em segurança (desses que fazem discursos, mas nunca estão no campo de batalha) acreditam que outros “comandos” tentarão ocupar o espaço deixado pelos derrotados. É evidente que embora enfraquecidos (perderam armas, perderam mercadorias, mas o importante é que de uma forma ou de outra os de bem perderam o medo). Os grupos do mal só conseguirão novos territórios e o reagrupamento de bandidos isso se as autoridades de segurança permitirem: o governo tem de continuar mostrando que é a força mais valente do estado. Nesse momento, o principal é, além de consolidar a vitória, não permitir em hipótese alguma que os marginais se renovem e se reorganizem. É preciso cortar o mal pela raiz. Afinal, foi o deixar correr mole no começo que sempre permitiu aos bandidos se organizarem e deu no que deu. Não é permitido permitir que isso se repita pra que a vitória de hoje não fique sem sentido amanhã.
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