sexta-feira, 24 de junho de 2022

Mídia: PVC rasga dinheiro ao vivo


O comentarista do SporTV, Paulo Vinícius Coelho, o PVC, criticou o Flamengo, ontem, por desperdiçar dinheiro ao pagar rescisão a quatro técnicos em apenas 18 meses. Para ilustrar a crítica ele rasgou uma nota de 20 reais. A cena surpreendeu os colegas de bancada.  Cédulas são classificadas como patrimônio da União e danificá-las é crime previsto no Código Penal. PVC pediu desculpas depois e mostrou a nota "restaurada" com fita adesiva ou cola. Veja o vídeo:

 https://youtube.com/shorts/ba_l4drDmlY?feature=share

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Mídia - Vai um sigilo de 100 anos aí? Cala boca institucional agride liberdade de imprensa

Que o governo Bolsonaro tem muito a esconder, é verdade que está às claras.  

Tanto que qualquer mané da administração decreta 100 anos de sigilo por qualquer coisa. 

Virou zona . Um impõe sigilo sobre a agenda. Evita que se tornem públicos encontros suspeitos. Outro não quer que vazem suas viagens de lazer a bordo de jatinhos oficiais. Um terceiro empregou um general de muitas estrelas e alto salário e o demitiu quando soube que uma revista apurava o tamanho da boquinha. O sigilo é tamanho que nem o empregador sabe o que o general fazia no trampo em questão. 

Vendeu um carro em circunstâncias duvidosas? Sigilo nele. Saiu mais cedo da repartição  pra aliviar a dor nas costas em uma casa de massagem? A assessoria jurídica recomenda um sigilozinho de 100 anos. 

Como 2022 é ano de eleição pipocam sigilos pra todo lado.  Se a mulher de um figurão quiser saber da hora em que o marido deixou o local de trabalho terá dificuldade. Até o segurança da portaria é orientado a botar sigilo na informação. Um certo alto funcionário gosta de confraternizar com rapazes na happy hour?  Bota sigilo. Tem de 200 anos? A dona patroa do fulano recebeu um cheque e não sabe que raio de grana pousou na sua conta? Faz aí um sigilo retroativo de 50 anos, rápido.

O fato é que os repórteres que cobrem Brasília estão enfrentando dificuldade extra. E não só em Brasília. O caso do homem assassinado no Rio Grande do Norte por agentes da PRF já está sob sigilo da 100 anos. Há  exemplos de sigilo decretado pelas PMs de varios estados. A Justiça também está mais pródiga em ocultar casos até banais.

A coisa se espalha. Um amigo que voltou pra casa com 10 doses de vodca acima do resto da humanidade decretou ao porteiro do prédio sigilo de 20 anos para a hora e o estado em que adentrou o elevador.  Um esperto planeja instalar um escritório de advocacia para oferecer sigilos para pessoas em geral. 

A lei da transparência virou piada para que tem cargo público. Se precisa esconder é porque boa coisa não é. 


Manchete registrou a temporada de Danuza Leão em Paris, em 1952. Veja a capa de estréia da modelo



Com fotos produzidas do Rio, reportagem da Manchete apresentou Danuza Leão
como modelo internacional após sucesso em Paris. Fotos de Oldar Froes

Danuza Leão morreu ontem, aos 88 anos, no Rio. A ex-modelo, jornalista e escritora sofria de enfisema e estava internada na Clínica São Vicente. Danuza teve uma ligação com a mídia. Antes mesmo de se tornar colunista viveu ao lado de Samuel Weiner toda a luta épica do jornal Última Hora fundado pelo marido e a perseguição que este sofreu. Décadas depois, tornou-se colunista da Folha de São Paulo. Seu currículo inclui experiências com atriz em Terra em Transe, de Glauber Rocha e participação em novela da Globo. 

Em 1952, com menos de seis meses de existência, Manchete registrou os primeira passos de Danuza rumo à fama, aos 19 anos, como mostra o post abaixo que foi publicado neste blog em 14 de dezembro de 2009 resgatando a estreia da modelo na mídia, em grande estilo. Leia o texto qe acompanhava as fotos reproduzidas acima.

4 de outubro de 1952. A revista Manchete, recém-lançada, chegava às bancas com uma modelo brasileira na capa. Sobre a moça deitada na praia, sob céu azul, a chamada "Danuza conquista Paris". Nada menos. Entre os assuntos daquela semana, quando o Rio já experimentava o calor de verão que se anunciava em plena primavera, a revista destacava a morte do cantor Francisco Alves (seria a capa da edição seguinte), a luta pela sucessão (que não aconteceria) entre Getúlio e Adhemar, e uma reportagem do jornalista Hélio Fernandes sobre a agitada vida noturna de Copacabana - eram os tempos do Vogue, Balalaika, Maxim's - mas era Danuza Leão a estrela da edição número 24 da revista que Adolpho Bloch lançava para concorrer com a poderosa O Cruzeiro. A reportagem de Carlos Moreira, com fotos de Oldar Froes começava com a frase "Danuza Leão é um dessas criaturinhas que sempre exigem um adjetivo".

AManchete contou que Danuza estava em uma festa de Jacques Fath, em um castelo em Coberville, a convite dos Diários Associados, quando o famoso costureiro encantou-se pela brasileira e ofereceu-lhe um contrato de 100 mil francos mensais. "E foi assim que a capital da moda ganhou o primeiro manequim brasileiro - Danuza - que, com 19 anos, será provavelmente o mais jovem modelo de modas do mundo", concluiu o repórter.


Por que Maria Lúcia Dahl não contracenou com Marlon Brando no Último Tango? • Por Roberto Muggiati

 

Maria Lúcia Dahl faria o papel de Rosa, a mulher de Marlon Brando

Morando em Paris em 1972, Maria Lúcia Dahl foi convidada para atuar em O Último Tango em Paris. Bernardo Bertolucci foi colega de Gustavo Dahl no Centro Sperimentale de Cinematografia em Roma e ficou amigo dela também. Prometeu-lhe o segundo papel feminino mais importante do filme, o de Rosa, a mulher de Marlon Brando, que se suicida com a navalha do amante num mar de sangue na banheira do hotelzinho mambembe, propriedade de sua mãe. O Último Tango não é só sobre Sexo, é também sobre a Morte. Antes do funeral, Rosa é velada no quarto do hotel, toda de branco cercada de rosas. Uma das cenas mais notáveis do filme é o monólogo de Marlon Brando diante da defunta, uma DR unilateral desesperada em que tenta exorcizar toda a dor da perda.

Quando Maria Lúcia me contou essa história, lembrei a ela que Kevin Costner teve seu primeiro destaque no cinema no papel de um cadáver que reúne um grupo de amigos em The Big Chill/O reencontro. Ela depois contaria em sua coluna do Jornal do Brasil em novembro de 2008 como foi duplamente passada para trás e perdeu o papel. “Respondi [a Bertolucci] que para ficar ao lado de Marlon Brando toparia ser uma morta muito viva, que o espreitaria sutilmente com o rabo do olho.”

Entra em cena a vilã da história, a figurinista do filme, que a princípio Maria Lúcia elogia: “Metka vestia a Maria Schneider com chapéus de aba larga, vestidos compridos e botas, num novo estilo hippie chique.” 

Decepção. “Mas acabaram contratando outra atriz, Veronica Lazar, para fazer a tal morta. Disseram-me que ela fez carreira na Itália e casou com o Adolfo Celi. Eu, hein, Rosa...” 

E a explicação: “De repente, no meio da conversa sobre um passado remoto lembrei-me de uma cena que tinha sepultado no meu inconsciente. Foi exatamente na época do filme que, recém-separada do meu marido exilado, fui deixar, como combinado, minha filha pequena para passar o fim de semana na casa dele. Como ninguém respondesse à campainha, vi que a porta da casa e a do quarto estavam abertas e fui entrando. Encontrei meu ex-marido dormindo nos braços da Metka. Ela abriu um olho e, assim que me viu, fechou-o novamente, como eu havia planejado fazer com a entrada em cena do Marlon Brando – e fingiu-se de morta. Reprimi tanto esse fato que a ficha deve ter ficado entalada em algum lugar do meu coração ou do cérebro, até concluir que ela, a revolucionária do figurino, deve ter feito a cabeça do Bertolucci contra mim.” 

Fotomemória de O Cruzeiro - Veja o time de diagramadores e auxiliares da revista dos Diários Associados nos anos 1950. Três deles, inclusive J.A.Barros, foram depois contratados pela Manchete

J.A.Barros à frente da equipe de diagramação do Cruzeiro. A foto foi feita na redação
 da revista na Rua do Livramento, no Rio de Janeiro. Arquivo Pessoal

por José Esmeraldo Gonçalves
A foto está reticulada mas vale muito como memória. Aí estão profissionais da diagramação de O Cruzeiro nos áureos tempos da revista nos anos 1950. No centro da imagem  - onde a maioria está engravatada - aparece J.A.Barros. À esquerda, sentado na mesa, Pedro Guimarães, o Pedrão; Nelson Gonçalves, em pé, ao lado de Barros. Os três foram depois contratados pela Manchete e assim tiveram a oportunidade de trabalhar nas duas maiores revistas ilustradas do Brasil. Nesse segmento O Cruzeiro não só fez história como foi a líder absoluta durante décadas. Só na virada dos anos 1960, reformada e modernizada pelo diretor Justino Martins, a Manchete se impõs e gradativamente passou a dominar o mercado. Em meados da década tornou-se a revista de maior circulação do país. 

Barros, com quem trabalhei nas revistas Fatos & Fotos, Fatos e Manchete aponta diferenças nos métodos de diagramação entre O Cruzeiro e a publicação da Bloch.

 "Na Manchete, projetávamos as fotos coloridas nos layouts e esboçavamos a lápis cada imagem, para marcar o corte. Nas fotos em preto e branco usávamos ampliações onde assinalávamos os cortes. Em O Cruzeiro marcávamos no layout apenas o espaço das fotos e mandávamos para o laboratório. Lá as fotos escolhidas eram ampliadas ou reduzidas de acordo com esse espaço pré-determinado e, em seguida, eram copiadas em papel. Nós colávamos as fotos no layout. As fotos coloridas eram colocadas sobre a mesa de luz e tinham os cortes de diagramação marcados com fita vermelha. Também eram copiadfas em papel. Assim, todas as páginas eram completamente montadas e podíamos avaliar o impacto visual da edição final, com texto, títulos, legendas e fotos. Era muito trabalhoso, caro e improdutivo. E levava mais tempo. Ganhei muito dinheiro em hora extra em função desse sistema (O Cruzeiro pagava em dobro as viradas de noite)".  

Frase do Dia: o visor, o sensor, o horror

"A guerra é como uma atriz, cada vez mais perigosa e cada vez menos fotogênica."

Robert Capa (1913-1954)

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Calça arriada

 

Reprodução Twitter

por O.V.Pochê

As eleições nem chegaram ainda e o bolsonarista já está levando calça arriada em público. Ontem, no SBT, as calças de Silvio Santos caíram. Quem quer cueca?

domingo, 19 de junho de 2022

Mídia - o bolsonarismo envergonhado

 Os principais veículos jornalísticos do mundo classificam Bolsonaro como de ultra direita, o que ele é.  A mídia conservadora brasileira, não.  Provavelmente porque o rótulo pode respingar nos seus editoriais radicais e no currículo. Como apoiaram todos os golpes que o Brasil sofreu ao longo da história e como referendaram e fizeram campanha para Bolsonaro em 2018, são passageiros do mesmo barco. A penúltima cartada da mídia no campo da direita será sustentar  Simone Tebet.  A última - se a madame  de raízes bolsonaristas nas últimas eleições não decolar e a disputa final for entre Lula e Bolsonaro - será pedir crachá para participar das motociatas e repetir o apoio ao Bozo e ao seu debochado Tchutchuca da economia.  Não duvidem.

Mídia - Paulo Guedes é um vírus sem vacina

Não existe imunizante contra a incompetência, os interesses e as cepas de Paulo Guedes no desastre econômico que ele injetou no Brasil. 

Só pé na bunda nas próximas eleições. 

O Globo de hoje publica matéria com dados da FGV, IBGE, Portal da Transparência e do próprio Governo Federal que demonstram que o Brasil regrediu até 30 anos em meio ambiente, bem-estar, educação, inflação e produção industrial. Fome e pobreza extrema estão de volta. 

A desculpa da pandemia não cola porque os índices já eram ruins antes da chegada do vírus e outros países evitaram os efeitos mais catastróficos. 

Agora ele se pendura na guerra da Ucrânia, já foi a estiagem, o excesso de chuvas, as marolas políticas, o STF, o TSE, a empregada doméstica que ia para a Disney, o filho do porteiro abusado que entrou pra faculdade. Ele só não reclama da gastança dos militares e do Centrão.

Curiosamente, mas não tanto, a mídia poupa o Guedes. A crítica ao seu desempenho medíocre jamais é relacionada à sua mediocridade. Colunas e matérias inteiras são escritas sem que o nome do sujeito seja citado. É como se o desastre da economia fosse coisa dos deuses.

sábado, 18 de junho de 2022

Caiu Joe Biden

 


Reprodução Twitter. Veja o vídeo.

https://twitter.com/eixopolitico/status/1538175723885711361?t=B0SkWt-hWNCYfCbiBgCynQ&s=19

Transamazônica: o marco zero da destruição da Amazônia

 

Foto Gil Pinheiro

Gil Pinheiro e Joel Silveira na Transamazônica em 1972

por José Esmeraldo Gonçalves

Há 50 anos, o repórter e escritor Joel Silveira e o fotógrafo Gil Pinheiro fizeram uma grande reportagem sobre a Transamazônica. A estrada em construção rasgava a floresta até então intocada. À medida em que as obras avançavam, a ditadura instalava "agrovilas ao longo do percurso. O projeto acelerava a migração de famílias do sul do país e do nordeste. As primeiras vítimas das "agrovilas" eram os indígenas, as árvores e os animais dizimados pela caça. Na sequência vieram os garimpeiros. A Transamazônica era o vetor da destruição. 

A reportagem da Manchete publicada em 1972 nada tinha de crítica ou de isenta. Era um desfile colorido de ufanismo, como o Brasil da época do regime militar. 

Não por acaso, a política deu voltas e voltou ao mesmo ponto. O Brasil vive hoje um regime virtualmente militar tantos são os milicos comandando o país em postos-chave. O governo Bolsonaro  retomou e deu ainda mais força à destruição da floresta agora ocupada também por organizações criminosas. 

O que indígenas, indigenistas e ecologistas conquistaram em governos menos predatórios e ignorantes - avanços significativos embora menores do que a imensidão do problema ambiental - se perde na política corrupta do favorecimento da era bolsonarista.  De militares a militares a estupidez fechou um círculo que custou centenas talvez milhares de vidas anônimas. Dom Phillips e Bruno Pereira, imolados, são o mais recente e infelizmente não o símbolo final da Amazônia que o Brasil destrói. 


sexta-feira, 17 de junho de 2022

Maria Lúcia Dahl: da sombra do Arco do Triunfo às madrugadas do Baixo-São João Baptista • Por Roberto Muggiati

Aos 20 anos, então Maria Lúcia Pinto, no palacete do embaixador Paulo Carneiro, em Paris.
Fotos: Arquivo Pessoal

Foram cinquenta anos de amizade, entrecortados por nosso Wanderlust em várias paragens mundo afora. Conheci Maria Lúcia Pinto em Paris, 1961, no palacete de Paulo Carneiro, nosso embaixador junto à Unesco, numa transversal de uma das grandes avenidas que irradiavam da Étoile do Arco do Triunfo. Tinha 19 anos e, para mim, era a mulher mais bonita e desejável do mundo. Elegante, sua griffe era Chanel, roupas e perfume.

Eu era um bolsista pobre, mas tive a sorte de encontrar um hotelzinho no local mais charmoso de Paris, na Place Dauphine, na proa da Île de la Cité, onde as águas do Sena se bifurcam debaixo do Pont Neuf. O pai do surrealismo André Breton também morou lá e menciona o City Hôtel em seu romance-chave Nadja.  Eu recebia um dinheirinho de minha família de Curitiba e o reservava para concertos de jazz no Olympia e noitadas excepcionais no Blue Note. Maria Lúcia viajava com os pais, Mário e Regina, e com a irmã Marília. Tentei seduzi-la convidando para shows de jazz. SeLembro de uma noitada com o quinteto dos irmãos Adderley, Julian “Cannonball” e Nat no Olympia, depois do show nos juntamos a amigos que nos esperavam no Harry’s New York Bar: Marília, Joaquim Pedro de Andrade, duas ou três funcionárias da coorte de Paulo Carneiro na Unesco. Uma delas, Neusa Azambuja, tinha um carro. Depois de umas e outras, nos pusemos a tramar uma incursão a Bruxelas para sequestrar a estátua do Manneken Piss – o famoso Manequinho Mijão. Os vapores etílicos acabaram dissipando a brilhante ideia. Quando saímos do Harry’s, a manhã precoce de primavera já raiava, fomos passear no Jardim das Tulherias, Maria Lúcia mais inclinada pelo Joaquim Pedro, eu com Marília, que era noiva do filho do embaixador, Mário Carneiro, grande fotógrafo do Cinema Novo, com quem casaria depois. (Marília Carneiro tornou-se figurinista da TV Globo e uma das melhores do país.)

Corte rápido do Sena para o Tâmisa, às margens do qual eu morava em  1963. Depois de uma noitada num pub à beira-rio, levei um grupo para o meu apartamento no 8 Embankment Gardens. Eu ia passar um mês de férias na Itália e o decorador Rodrigo Argollo, que fazia parte da turma, queria sublocar meu apartamento. Maria Lúcia foi junto, toda de preto. Reparei um furo no seu suéter, a região da omoplata, e enfiei o dedinho nele. Era o detalhe do fim da farra: em breve todos nós, por absoluta falta de dinheiro, voltaríamos para o Brasil, pisando pela primeira vez no Rio da ditadura militar. Casado com a Lina, que conheci em Paris, e era amiga da Maria Lúcia, fomos visita-la e ao marido Gustavo Dahl, cineasta que ela conhecera em Roma, na casa de vila que ela ganhou do pai, o engenheiro e empreiteiro Mário Pinto. Na tarde do réveillon de 66 para 67, Mário morre de mal súbito. A viúva, Regina – outro golpe brutal para Maria Lúcia – suicida-se saltando do seu apartamento no Flamengo. No réveillon seguinte, na famosa festa na casa de Heloisa Buarque de Holanda, duas dezenas de casais se separaram, inclusive a anfitriã e Maria Lúcia, depois de tomar uns sopapos do enciumado Gustavo por ter dançado de rosto colado com um galã egípcio, ou coisa parecida.

Novo corte, para 1972 em Paris. Lina e eu visitamos Maria Lúcia, que está grávida de sua única filha, Joana, com o segundo marido, o líder estudantil exilado Marcos Medeiros.

Com Malu: bom humor no lançamento
do livro Aconteceu na Manchete,
na Travessa do Leblon, em 2008.
Foto: Jussara Razzé
E então um hiato enorme, até o final de 2008, quando – um dos 16 autores do livro Aconteceu na Manchete – estou na noite de autógrafos na Travessa do Leblon. Começo a visita-la na eterna casa de vila coberta por uma mangueira na São João Baptista, 41. Toda noite de sexta-feira, compareço com um vinho tinto chileno e uma pizza gigante (sem duplo sentido). Mal me sento no sofá esfarrapado, o gato Netuno vem sentar-se no meu colo, um grafite, uma gracinha. Vemos um filme (lembro uma noite, com uma grande amiga dela, assistimos àquela obra-prima do Fritz Lang, Metropolis.) Depois ficamos horas jogando conversa fora, fofocando, lembrando os velhos tempos. Saio de madrugada e a quadra final da rua ainda está tomada por um burburinho de mesas e cadeiras que avançam até a metade da pista naquelas loucas baladas eufóricas da década que seria liquidada pela Covid-19 (de 2019). Certa noite, vamos de táxi ao lançamento de um livro de frei Leonardo Boff no Colégio Bennett. Sugiro que, para encurtar o trajeto, a gente pegue a Travessa dos Tamoyos. “Prefiro não”, diz Maria Lúcia, “minha mãe se matou nesta rua.”

Eu a chamo de Maria Lúcia Dahl-ou-desce! – incorrendo naquela piada-chavão machista. Malu também  tem humor, me contou uma história deliciosa. Idosos, com planos de saúde que nos tratam como debilóides (o meu, do Silvestre, fazia testes me obrigando a contar os dedos da mão, ou caminhar em linha reta de uma parede à outra do consultório, só faltava mandar fazer o 4...) – sua amiga Nelita Léclery, cujo primeiro casamento aos vinte anos foi com Vinícius de Moraes, foi sabatinada por um paramédico que, a certa altura, lhe perguntou, no item quesitos gerais para avaliar demência precoce: “A senhora sabe quem foi Vinícius de Moraes?” Responde Nelita: “Claro. Foi meu marido.” Só não a internaram porque era casada com o milionário francês Gérard Léclery. 

Siga em paz Maria Lúcia, daqui a pouco – quem sabe? – a gente se reencontra por aí...

Maria Lúcia Dahl (1941-2022): uma vida em cena

Foto; Divulgação
por Ed Sá 
Uma das mais belas atrizes brasileiras, Maria Lúcia Dahl morreu ontem, no Rio de Janeiro, aos 80 anos. Desde 2020 ela vivia no Retiro dos Artistas. A atriz sofria do Mal de Alzheimer e estava hospitalizada em função de complicações nos rins. 

A partir dos anos 1970, Maria Lúcia brilhou em novelas da Rede Globo. Participou de “Torre de Babel”, “Anos Rebeldes”, “Anos Dourados” e “Dancin’ Days”, "O Espigão", "Gabriela" e "Espelho Mágico" (1977). Em 2011 atuou em “Aquele Beijo”, sua última novela. 

Carioca, de família tradicional, Maria Lúcia se casou, em Roma, com  o cineasta Gustavo Dahl. Sua estreia no cinema aconteceu em "Bahia de Todos os Santos", de José Hipólito, em 1960. Vieram "Menino do Engenho", de Walter Lima Jr, "A Grande Cidade", de Cacá Diegues, "Pobre Príncipe Encantado", de Daniel Filho,  O Bravo Guerreiro" de Gustavo Dahl, "Cara a Cara", de Júlio Bressane e  "Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade.

O segundo casamento de Maria Lúcia foi com o líder  estudantil Marcos Medeiros, o que a levou a se engajar na luta contra a ditadura e, em seguida, ao exílio em Paris.  De volta ao Brasil, tornou-se um dos simbolos sexuais na era da porchanchada. Dessa época são os filmes "O Gosto do Pecado" e "Mulher Objeto", mas ele não se limitou ao gênero e atuou em "Um Homem Célebre", de Miguel Faria Jr., "Guerra Conjugal", de Joaquim Pedro de Andrade, "Eu Matei Lúcio Flávio". Nos anos 1990 atuou em "Veja Esta Canção", de Cacá Diegues, "Quem Matou Pixote?", de José Joffily, e "O Gerente", de veterano Paulo César Saraceni, foi colunista do Jornal do Brasil e escreveu cinco livros, entre os quais "O Quebra Cabeças" e "A Bailarina Agradece". 

Maria Lúcia deixa uma filha, a atriz Joana Medeiros. 

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Amazônia: delírios e estupros

 por Wilson Martins (do Facebook)

O desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista inglês Dom Plillips, no Vale do rio Javari, se presta para trazer alguma luz sobre diferentes questões da realidade amazônica. Como não menos da realidade sul-americana. Como não menos da realidade global do planeta. 

Em passado recente, até os anos 70, nós temíamos a Amazônia, ainda não devassada, ainda não invadida, estuprada. 

Agora ela nos teme, com nossas fronteiras agrícolas, o avanço desvairado das cidades, da ocupação humana. 

Nesse avanço estão embutidos os desmatamentos, as grilagens, queimadas, garimpo criminoso, narcotráfico, madeireiros e mais recentemente, nestes últimos quase 4 anos, a estupidez de um Governo nacional. 

Como nunca antes havia sido visto, na tarefa de desmontar, anular, desossar órgãos de fiscalização e proteção da região. Funai, ICMBio, IBAMA, INPA, Museu Goeldi, universidades federais e estaduais, são alguns exemplos. 

Hoje, parcela ponderável da Amazônia brasileira, 49% de todo o nosso território, tem a presença da Família do Norte, os Crias, o Comando Vermelho do Rio, o PCC de SP , e mais traficantes condenados que ganharam autorização para garimpar em terras indígenas, ou protegidas por leis ambientais. 

Vide o nióbio em terras Yanomami, em Roraima e Amazonas.

Nesse evento o ex-falante e ex-boquirroto general do GSI, Augusto Heleno, teve que recuar.

Uma monstruosidade.

A Amazônia, de temida, onde os militares e "nacionalistas" alegavam ameaças de ocupação, invasão, temiam por sua soberania, em passado recente, governos militares, virou terra de ninguém.

Está sendo detonada não pela cobiça internacional, como alertavam, mas por grupos e organizações criminosas nacionais.

Brasileiras de raiz.

Estimulados pelo poder nacional em suas diferentes áreas de poder. 

Não bastasse, um festival de bobagens e patetices proclamado com pompa e euforia pelos "especialistas" em Amazônia, índios isolados, tráfico de cocaína e ouro no vale do Javari. 

Nesse capítulo os "jornalistas" excedem. 

O correspondente do Guardian, jornal onde Don Phillips trabalhava, incumbido de cobrir o desaparecimento, lacrou em seu texto um verdadeiro "furo". 

O vale do Javari é encantador, apaixonante, revelou o bravo repórter, posto que nele existem pássaros de diferentes cores - vermelha, azul, branco - inclusive boto cor de rosa. 

Um achado.

Ah, ia esquecendo, todo esse alvoroço só ocorre em razão do repórter inglês.

Fuzilamentos e emboscadas, no Vale do Javari, do Traíra, e mais ainda do imenso Solimões não é novidade pra ninguém. 

Pelo menos para seus habitantes.


The Guardian: o repórter que morreu lutando

 

R

Hipocrisia nacional

 


* O nome correto do indigenista brasileiro é Bruno Araújo Pereira.

Um texto para Adenor Leonardo, mais conhecido como Tite, ler no avião rumo ao Catar - Há 40 anos o Brasil perdia a Copa da Espanha. Carlos Heitor Cony interpretou em crônica para a Manchete a Tragédia de Sarrià. A seleção perdeu mas é até hoje romantizada embora tivesse seus defeitos...

 

A alegria de Paolo Rossi contrasta com o drama na cara do goleiro Waldir Peres. A foto sintetiza a tragédia de Sarrià, em Barcelona, na  Copa de 1982, Foto Manchete







Depois da derrota na Copa da Espanha, a seleção de 1982 foi se tornando cada vez "épica"
ao longo dos anos. Era um timaço, mas abusou do direito de errar. Tinha qualidades individuais e falhou no jogo coletivo. Cony escreveu essa análise sobre a Tragédia de Sarrià (publicada na Manchete número 1758) poucos minutos depois do apito final do jogo que o Brasil perdeu por 3 x2 para a Itália no dia 5 de julho. O tempo passou, o futebol mudou, mas Tite
bem que devia ler o texto acima
 

Pescador, mídia? Que poético

 




Os três jornalões reduzem uma chacina política a um "crime de pescador". Foi passional, editores ? Foi briga por um pirarucu? O "pescador" não agiu por impulso próprio. Houve ameaças anteriores. Os três jornais já publicaram matérias sobre as forças criminosas que dominam a região onde Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips foram trucidados impiedosamente. Não é história de pescador.

El Chapo, por exemplo, era agricultor. Será que vocês noticiaram na capa "Agricultor mata estudantes em Sinaloa"?

Se você votou em Bolsonaro tem sangue nas mãos

 


Dom Phillips e Bruno Pereira: vítimas do voto em 2018. Pense nisso. Reproduções Twitter


Frase do Dia: tabuada

 "Para chegar ao conhecimento acrescente coisas todo dia. Para chegar à sabedoria, subtraia coisas todo dia.”


LAO-TSÉ (604-517 a.C.)

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Bolsonaro critica e culpa jornalista inglês desaparecido na Amazônia.

Outras críticas à parte - e são toneladas - Bolsonaro é essencialmente uma pessoa ruim, é moralmente deformado. Demonstra isso com crueldade. Quando se pensou que atingiu o fundo do poço da falta de empatia e do deboche ao imitar pessoas morrendo por falta de oxigênio, no auge da crise ocorrida em Manaus em fase triste e dramática da pandemia do Covid, ele se supera. Bolsonaro afirmou agora que Dom Phillips, o jornalista inglês desaparecido na Amazônia, é "malvisto" por garimpeiros. A região está dominada por narcogarimpo, narcopesca, madeireiros ilegais e outras atividades usadas por cartéis da droga para lavagem de dinheiro e fontes de lucros. Bolsonaro é bem-visto por essa gente por desmontar a fiscalização dos ilícitos. Isso explica tudo. Inclusive ter chamado o jornalista de "malvisto". Nessa questão, ele demonstra que tem um lado: o dos algozes. 

terça-feira, 14 de junho de 2022

Viu isso? Torcedor de clube SAF não pode vaiar o time. Tem que incentivar o "projeto". Só faltava essa.


por Niko Bolontrin

Estamos no início da era das SAF. Dizem que o futebol brasileiro vai mudar para melhor. Que bom. A maioria dos jornalistas esportivos é a favor das SAF, apesar de não conhecer os contratos de venda dos clubes, que têm cláusulas de sigilo. Dizem também que as SAF mudarão a "cultura" do futebol brasileiro, vai modernizá-lo. Peguem leve, rapazes da imprensa. Um exemplo: o Botafogo SAF recebeu investimentos, o povão se animou, o time ganhou alguns jogos. Nas últimas rodadas, a maré virou, vieram as derrotas. Como é normal, a torcida passou a vaiar e xingar o time. Ouvi de um jornalista na TV que isso de vaiar derrota não é legal. Acho que querem criar o "torcedor SAF", um cara que fica frio quando o time toma goleada, reconhece o valor do adversário, cumprimenta o vencedor e aplaude o perdedor para incentivá-lo. Sei não. Vai ser difícil mudar a "cultura" do torcedor aqui da Bananópolis. Nessa hora difícil, de acordo com os novos tempos, o "torcedor SAF" tem que botar o seu time no colo, discutir a relação, mandar zaps carinhosos para o treinador. Se você torce pelo Botafogo SAF e vaiou o time ontem, peça desculpas, mande flores. O jornalista da TV vai ficar feliz e elogiar seu fair play. Se o seu time SAF for rebaixado, releve, siga de cabeça erguida. É o que entendi que a mídia esportiva quer que você faça. 



Mídia: matéria do Estadão, hoje, expõe os patrões da Amazônia


A cobertura do desaparecimento de Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips continua sofrível na mídia conservadora, com trezentos comentaristas. No ar condicionado, eles quase sempre  analisando press releases e declarações em off de gente que está nos gabinetes de Brasília, a milhares de quilometros do fato. Não há equipes investigativas acompanhando as buscas no rio e na floresta. A maioria fica em Atalaia do Norte e tem como fontes secundária eu bombeiros, PF e militares das Forças Armadas. Por isso destaque-se a reportagem do Estadão, apurada pelo repórter Vinícius Valfre, enviado especial a Atalaia do Norte (AM), sobre a atuação dos cartéis  de Medellín, Sinaloa e Miami na região. 

A Carta Capital repercute a matéria do Estadão. Você pode conferir no link abaixo.

https://www.cartacapital.com.br/sociedade/carteis-de-miami-medellin-e-sinaloa-sustentam-um-estado-paralelo-na-amazonia/

Frase do Dia: voyeur da vida

 "O que não me contam eu escuto atrás das portas.”

Dalton Trevisan (“O Vampiro de Curitiba”), que faz 97 anos hoje.

É do crime!

 

Reprodução Twitter

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Frase do Dia: não perca tempo

 "Nada que vale a pena aprender pode ser ensinado.” Oscar Wilde

O painel do crime

 

Reprodução Twitter

Debi&Loide na Cúpula das Américas e a foto que faltou

 

Biden e Bolsonaro: inutilidades
em Los Angeles

O melhor momento teria sido o brasileiro convidar Biden para a motociata. Renderia a foto
perfeita da dupla Debi&Loide.

por O.V Pochê

Joe Biden e Bolsonaro tem índices altos de desaprovação em seus países. Biden acumula trapalhadas, a mais notável foi a desastrada retirada do Afeganistão e a entrega do país aos talibãs. Na Ucrânia prática a diplomacia de Chuck Norris e ignora esforços para negociações. A única ajuda que dá e business: venda de armas para os ucranianos. Em delírio, Biden elogiou a política de Bolsonaro para a Amazônia no momento em que o mundo está perplexo com o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista do Guardian Dom Phillips e com destruição da flores e a ocupação da região pelo crime organizado. Bolsonaro foi Bolsonaro na frassacassa Cúpula do Biden: sempre passa a impressão de que não está entendendo porra nenhuma. Chamou Biden de Trump e pediu que os Estados Unidos o ajudem a derrotar Lula. A conferência foi tão inútil e medíocre que merecia um unhappy end à altura. Bolsonaro deveria ter convidado Biden para a motociata em Orlando. Aposto que ele aceitaria.



domingo, 12 de junho de 2022

Na capa da Carta Capital: podres poderes

 


Redbulices...


 

Mídia: os cartéis do crime na Amazônia

 


A tragédia da Amazônia na capa da IstoÉ. A escalada do crime na região era previsível. A "soberania" lá é mesmo do narcogarimpo, narcopesca (esta atividade é usada para lavagem de dinheiro das drogas), contrabando de armas, madeireiras ilegais, invasores de reservas etc. Assassinatos de ambientalistas, pequenos agricultores e indígenas são comuns e raramente chegam à mídia dominante para quem toda exploração da Amazônia é pop. A maioria desses crimes ficam impunes. A mídia internacional tem sido enfática na cobertura do desaparecimento de Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips.  Tem dado muito espaço e registrado protestos de rua nos Estados Unidos e na Europa, que denunciam a violência na região. Curiosamente, não há o que cobrir em manifestações de rua no Brasil. Elas não existem. A Folha de São Paulo e o Estadão mantém o sumiço do jornalista e do indigenista com destaque na primeira página. O Globo já minimizou o assunto na capa, nas duas últimas edições fez apenas chamadas para matérias internas.

Atualização em 13-6-2022: Ontem no Rio, em Copacabana, foi realizada a primeira manifestação de rua pedindo intensificação das buscas por Bruno e Dom e preservação da Amazônia.  Indígenas do Vale do Javari também dizem protesto público.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

Fotojornalismo: as testemunhas esquecidas

por José Esmeraldo Gonçalves 

Que o sumiço do arquivo fotográfico que pertenceu à Manchete foi uma enorme perda para a memória do fotojornalismo brasileiro é um fato. Mas o que significou, para cada fotógrafo que lá trabalhou, ter seu material levado para local incerto desde que foi leiloado pela Massa Falida da Bloch Editores? 

Certamente, um dano irreparável. 

O Globo de hoje publica uma matéria sobre um iniciativa louvável do Instituto Moreira Salles. Mais uma iniciativa, aliás, que promove o fotojornalismo.  Dessa vez,  o IMS objetiva "difundir o passado e o presente do fotojornalismo brasileiro", como destaca a apresentação do projeto Testemunha Ocular,  um site especial (https://testemunhaocular.ims.com.br/) que reúne imagens feitas por fotógrafos cujos acervos já estão com o IMS, além de profissionais convidados. 

Não há no projeto fotojornalistas que durante décadas publicaram fotos memoráveis na Manchete e na Fatos & Fotos. Muitas dessas imagens, algumas vencedoras do Prêmio Esso, podem ser vistas no site da Biblioteca Nacional, que digitalizou a coleção da revista Manchete. Pelo menos isso.

Certamente, se o acervo estivesse preservado e disponível, fotos desses profissionais seriam divulgadas em projetos como esse do IMS. Centenas de importantes fotógrafos teriam o reconhecimento dos seus trabalhos pelas novas gerações.

Quando leiloado, o arquivo fotogáfico da Bloch foi arrematado por um advogado que se negou a informar o que iria fazer com milhões de cromos, negativos e cópias fotográficas que registravam quase 50 anos de fotojornalismo. A impressão que ficou: a Massa Falida da Bloch não fazia idéia do valor do arquivo que leiloava e o advogado ignorava o que estava levando. Talvez tenha sido um mero capricho, a julgar pelo desfecho da história. 

Desde que o último caminhão partiu com a última caixa, o acervo virou mistério. Chegou a circular entre ex-funcionários da Bloch que toda a coleção teria sido revendida para uma grande editora sob a condição de sigilo, por temor de demandas judiciais. Isso nunca foi comprovado. Se fosse verdade, provavelmente e em tempos de internet, as fotos originais já teriam aparecido na web. O que se vê atualmente em livros ou  dcumentários sobre os mais diversos assuntos são reproduções ou algumas poucas fotos de acervos pessoais.

Meses antes do leilão, um grupo de jornalistas que trabalhou na Manchete se mobilizou para divulgar o leilão. Já expressavam então a preocupação com o destino do acervo, caso um grande veículo não se tivesse interesse em oferecer um lance. Um caminho, imaginava o grupo, era mobilizar instituições culturais. Foram enviadas correspondências, além de efetuados telefonemas,  para o Arquivo Nacional, Ministério da Cultura, Fundação Getúlio Vargas, secretarias de Cultura, entre outros órgaos públicos e privados. Apenas o Ministério da Cultura informou que a questão "seria encaminhada" ao setor responsável. O Instituto Moreira Salles também foi procurado. Não houve interesse. 

Sem lances, o arquivo foi vendido apenas em uma terceira chamada por um valor muito abaixo do previsto. 

O advogado desembolsou apenas pouco mais de R$ 300 mil para levar milhões de fotos, aparentemente, para lugar nenhum. Sitting in his nowhere landcomo diz a velha canção dos Beatles.

32 anos depois da queda do Muro de Berlim, grades, cercas fortificadas e paredões monumentais voltam a separar povos e nações

Muros separando povos é recurso milenar. Até a Bíblia diz que os hebreus tocaram buzinas feitas com chifres de carneiro para derrubar as muralhas de Jericó, segundo orientação de Deus a Moisés. 

A queda de muro mais ruidosa dos nossos tempos foi o de Berlim, em 1989. Com o fim da Guerra Fria e o desmonte da URSS, imaginava-se que esse tipo de barreira se tornaria obsoleto. No despertar da  globalização houve quem imaginasse que até as fronteiras seriam abertas. A União Europeia adotou esse modelo, que agora começa a ser contestado pela ultradireita. 

Infelizmente, o sonho dos sem-muro acabou. 

Nos últimos anos, paredes e grades monumentais foram erguidas nos Estados Unidos, em Israel, Hungria e Bulgária. A Coreia do Sul cogita erguer um muro na fronteira com a Coreia do Norte. A Guerra na Ucrânia deve acelerar outros projetos. A Polônia esperava que o conflito não se prolongasse tanto e dá sinais de que sua capacidade de abrigar ucranianos pode ter chegado ao limite, mas ainda não fala em barreiras. A imigração, aliás, é o gatilho principal para a nova política das muralhas. 

A Finlândia, que deixou de ser neutra em relação à Rússia e tenta aderir à OTAN, acaba de anunciar que construirá uma muralha na fronteira com a nova inimiga. 

É possível que outras barreiras despontem no Leste europeu. Sem-muro nunca mais. 

Como na ditadura, quem falar mal de autoridades brasileiras no exterior pode ser processado pela PGR

Quando o Brasil estava sufocado pela ditadura militar, as embaixadas brasileiras em várias capitais, como Paris, Roma e Santiago do Chile, foram transformadas em "delegacias policiais" do SNI (Serviço Nacional de Informações) e do Cenimar, CIE e CISA, respectivamente, orgãos de espionagem e repressão da Marinha, Exército e Aeronáutica. O regime montou um aparato para vigiar os brasileiros exilados e quaisquer outros que se opusessem à ditadura e denunciassem a política de assassinato e tortura que vigorava no Brasil. 

Pois o longo braço da repressão no exterior dá sinais que voltou em pelo menos um caso. A Procuradoria Geral da República pediu à Polícia Federal que interrogue e processe brasileiros que, em Paris, abordaram o chefe da PGR, o bolsonarista Augusto Aras, e cobraram dele apuração de denúncias de crimes que envolvem o elemento inquilino do Planalto e jazem nas gavetas oficiais. Turistas brasileiros encontraram Aras flanando nas ruas de Paris conbraram investigações sobre o governo Bolsonaro. "E aí, procurador? Dar o rolezinho em Paris é legal, e abrir processo, procurador? Vamos lá investigar ou vai continuar engavetando? Vamos lá fazer seu trabalho", disse um deles. "Vamos investigar o bolsolão do MEC, pastor fazendo reunião, o Bolsonaro gastando milhões em Viagra para o Exército. Cadê investigação, procurador? Aqui em Paris não tem nada para encontrar, não. Tem que procurar lá em Brasília", falou outro. Segundo a Folha de São Paulo, o pedido de investigação foi assinado pela vice-procuradora Lindora Araújo. O protesto dos turistas foi gravado em vídeo e visto nas redes sociais.  

Mídia: Ruy Castro relembra na Folha de São Paulo a reforma editorial e gráfica do Jornal do Brasil: um marco da imprensa brasileira

 


Reprodução Folha de São Paulo

A primeira página do JB que lançava sua revolucionária
reforma gráfica e editorial. Esta é a edição à qual Ruy Castro
se refere na coluna de hoje na Folha.


Mídia: O megamico da Catanhede


Eliane Catanhede pagou um king-kong no programa Em Pauta (GloboNews). A jornalista, uma espécie de "Passionaria" neoliberal e golpista desembestada, estava doidinha para elogiar Bolsonaro na Cúpula do Biden. Quase emocionada elogiou o înglês de Bolsonaro. Ainda critiucou; "e dizem que ele não fala inglês". Só faltou comparar o sociopata a um Shakespeare na construção das frases, que fala com a dicção perfeita de um James Earl Jones. Uma alma caridosa na bancada do programa resolveu acudí-la, mas o vexame já estava posto. Bolsonaro mal fala português e não sabe po*** nenhuma de inglês. Catanhede, a  voz que você ouviu vinha de um sujeito chamado intéprete. 

Veja o vídeo da Catanhede perdidaça AQUI

Vasco na primeirona por todos os motivos e mais esse...