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quarta-feira, 29 de junho de 2022

Fotomemória dos arquivos de J.A.Barros: flashes de lembranças do O Cruzeiro

J.A. Barros no Cruzeiro no anos 50: equipamento moderno para visualização de fotos coloridas.
Foto Arquivo Pessoal

J.A. Barros, diretor de Arte que trabalhou no Cruzeiro e na Manchete, abre os seus arquivos. Na foto acima, ele aparece na sala de Ed Keffel, fotógrafo alemão da revista dos Diários Associados. Era o tempo em que jornalistas trabalhavam becados: paletó, gravata, calça com bainha dobrada. Keffel tinha na mesa ummoderníssimo visor de fotos coloridas também usado na diagramação das reportagens.  

OVNI na Barra da Tijuca. Matéria polêmica do Cruzeiro.
Reprodução O Cruzeiro
 
Barros recorda que Ed Keffel, ao lado do repórter João Martins, foi responsável por uma das fotos mais polêmicas da imprensa brasileira. Em 1952, o repórter se deparou com um andarilho na Barra da Tijuca, região então deserta. A "figura estranha" chamou atenção da dupla, Na época, jornalistas brasileiros e argentinos tinham uma fixação: encontrar Adolf Hitler, que estaria vivo e dava pinta na América do Sul. João Martins, que anos depois transferiu-se para a Manchete, achou o sujeito muito parecido com o "führer". Como Keffel falava alemão, o repórter sugeriu que fossem checar e fotografar o andarilho. Deu em nada: o rapaz eraapenas um pesquisador holandês de botânica. 

Ao retornarem para a redação, Keffel e Martins viram no céu sem nuvens, acima da Pedra da Gávea, um objeto de formato estranho, grande, circular, deslocando-se em silêncio. Keffel fez uma sequência do voo. O Cruzeiro publicou os flagrantes do que seria um disco voador. Para o ovnistas foi a comprovação das presença de naves extraterrestres no Brasil; para muitos outros leitores, era uma fraude. Para os Diários Associados foi uma festa: o Cruzeiro esgotou-se na bancas. 

Página dupla de uma das matérias da série que Ed Keffel fez com exclusividade no Vaticano.
Reprodução O Cruzeiro


Ed Keffel em ação no Vaticano, Reprodução o Cruzeiro

Ed Keffel foi também o autor de fotos incontestáveis. Foi o primeiro fotógrafo a registrar em cores para uma série de reportagens no Cruzeiro, em 1956, todas as obras de arte do Vaticano. Barros ouviu de Keffel que para fotografar telas de oito a dez metros teve de montar enormes andaimes, não podia tocar nos quadros nem utilizar muita luz e a equipe responsável pelo Museu do Vaticano observava cada movimento seu e não tirava o olho das obras. 

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Fotomemória de O Cruzeiro - Veja o time de diagramadores e auxiliares da revista dos Diários Associados nos anos 1950. Três deles, inclusive J.A.Barros, foram depois contratados pela Manchete

J.A.Barros à frente da equipe de diagramação do Cruzeiro. A foto foi feita na redação
 da revista na Rua do Livramento, no Rio de Janeiro. Arquivo Pessoal

por José Esmeraldo Gonçalves
A foto está reticulada mas vale muito como memória. Aí estão profissionais da diagramação de O Cruzeiro nos áureos tempos da revista nos anos 1950. No centro da imagem  - onde a maioria está engravatada - aparece J.A.Barros. À esquerda, sentado na mesa, Pedro Guimarães, o Pedrão; Nelson Gonçalves, em pé, ao lado de Barros. Os três foram depois contratados pela Manchete e assim tiveram a oportunidade de trabalhar nas duas maiores revistas ilustradas do Brasil. Nesse segmento O Cruzeiro não só fez história como foi a líder absoluta durante décadas. Só na virada dos anos 1960, reformada e modernizada pelo diretor Justino Martins, a Manchete se impõs e gradativamente passou a dominar o mercado. Em meados da década tornou-se a revista de maior circulação do país. 

Barros, com quem trabalhei nas revistas Fatos & Fotos, Fatos e Manchete aponta diferenças nos métodos de diagramação entre O Cruzeiro e a publicação da Bloch.

 "Na Manchete, projetávamos as fotos coloridas nos layouts e esboçavamos a lápis cada imagem, para marcar o corte. Nas fotos em preto e branco usávamos ampliações onde assinalávamos os cortes. Em O Cruzeiro marcávamos no layout apenas o espaço das fotos e mandávamos para o laboratório. Lá as fotos escolhidas eram ampliadas ou reduzidas de acordo com esse espaço pré-determinado e, em seguida, eram copiadas em papel. Nós colávamos as fotos no layout. As fotos coloridas eram colocadas sobre a mesa de luz e tinham os cortes de diagramação marcados com fita vermelha. Também eram copiadfas em papel. Assim, todas as páginas eram completamente montadas e podíamos avaliar o impacto visual da edição final, com texto, títulos, legendas e fotos. Era muito trabalhoso, caro e improdutivo. E levava mais tempo. Ganhei muito dinheiro em hora extra em função desse sistema (O Cruzeiro pagava em dobro as viradas de noite)".  

sábado, 30 de outubro de 2021

Os homens e os seus nomes: pensata em tempos vazios

por J.A.Barros

De repente me perco, pensando nos grandes homens que marcaram a sua presença nesse histórico mundo. Mundo  onde,  na Idade da Pedra, o homem ainda carregava nas suas rudes e calosas mãos um machado, um machado de pedra, para abater a presa que o alimentava e, ao mesmo tempo, se defender das feras famintas que o cercavam e que também o queriam como presa. 

Do machado de pedra, o homem de hoje chegou à arma automática capaz de disparar 30 balas para matar o inimigo que o espreita atrás de cada esquina. Hoje, o homem não se defende das feras famintas, se defende do próprio homem.

Essa é a luta do homem para sobreviver e viver dias de glória  e dias de  luto neste mundo em que ele nem sabe o que está fazendo e nem como nele veio parar. Mas é preciso ir em frente e construir na vida algo perene que justifique a existência e fique para os que vierem depois. Algo que os faça entender o mundo que recebem para viver. 

E me perco pensando nos homens que pela sua força, sua história, sua inteligência e sua coragem construíram impérios e civilizações. Penso em Júlio Cesar, o conquistador da Gália, que deu a Roma o maior império do mundo. Em Justiniano, que de Bizâncio construiu o Império Romano Oriental. Ou no conquistadores que vieram da Ásia e invadiram mundo conhecidos ou inexplorados. Penso em Carlos Magno, criador a dinastia Carolíngea. Nos guerreiros mongóis, Ghengis Khan que criaou o Império Mongol e Tamerlão, que o renovou. Kublai Khan, neto do herói das planícies asiáticas, Ghengis Khan, que conquistou a China e no seu trono permaneceu.

E penso em Pedro, o Grande, que trouxe à Rússia a civilizaçao do mundo europeu e penso nos outros Impérios que se seguiram. Grandes homens. Napoleão, que trazia nos seus sonhos a unificação da Europa. Além de Abrahão Lincoln, sempre me vem à cabeça o nome de Franklin Delano Roosevelt, que transformou a América do Norte no país que é hoje, mas penso também em Churchil, o ministro que deu à Inglaterra a coragem de lutar contra as forças nazistas que ameaçavam a liberdade da civilização ocidental.

Grandes nomes, grandes homens. E fico a pensar porque neste Brasil, tão imenso e tão rico, até hoje não surgiu um nome, um homem que desse ao país todo o esplendor e a grandeza de que é merecedor.