terça-feira, 24 de março de 2020

Tempo de parar. Veja esse anúncio. É uma mensagem de esperança que vem de Portugal...


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Publimemória: muito antes do álcool gel...


Bayclean era um produto popular nos anos 1980.  

Stephen King, autor de livro sobre um vírus de gripe que contamina o mundo, faz um alerta sobre a Covid -19

O escritor Stephen King está usando The Stand (no Brasil o livro, de 1978, ganhou o título A Dança da Morte) para alertar as pessoas sobre a disseminação do coronavírus e a importância do  distanciamento social.

The Stand gira em torno de um colapso dos EUA após a liberação acidental de uma nova cepa de influenza.

King pediu através do twitter que não comparem o coronavírus com o vírus que contamina a humanidade na sua ficção. No livro,  o vírus se espalha e mata mais de 90% da população global, uma taxa de mortalidade que não se compara à da Covid-19, que está entre 1 e 3,4%.

Mas, ainda assim, ele admite que existem semelhanças. Um dos  capítulos, por exemplo, narra a rapidez com que a doença se espalha, uma das características do coronavírus.

O escritor fez, ainda, um alerta sobre a importância do distanciamento social, "a melhor arma que temos para combater a disseminação do coronavírus".

Suspensão de salários: o arrastão dos terroristas sociais neoliberais

Nada mais simbólico do que é capaz o terrorismo social neoliberal do que os acontecimentos de ontem. No mesmo dia em que anunciou o "confisco" de quatro meses de salários dos trabalhadores, o governo concordou em repassar R$10 bilhões em verbas públicas para as companhias aéreas.

Claro que as pequenas e médias empresas e alguns setores essenciais deverão ser apoiados pelo Estado. Nessa hora, aliás, o Estado mínimo que a selvageria neoliberal defende torna-se o máximo. Mas é extrema crueldade exigir que só os trabalhadores paguem a conta do freio da economia acionado pelo coronavírus.

Vários países estão apontando caminho oposto: estipular um dotação mensal como suporte a  populações sob cerco econômico. Em vez do desprezo, a solidariedade.

Diante da reação nas redes sociais, a medida provisória que determinava o arrastão dos salários foi suspensa. Mas a ameaça permanece. O arsenal de injustiças e de distribuição de privilégios do governo Bolsonaro e do seu Ministério da Economia é inesgotável.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Onde está o logotipo?

Reprodução Twitter

Esqueceram a Doença do Amor! • Por Roberto Muggiati


Cartaz de A Montanha Mágica, de Thomas Mann
No festival de literatura pestilencial que assola a mídia, senti uma grave omissão, a da tuberculose – a Musa Branca ou o Mal du Siècle – que dizimou a burguesia e a classe média do século 19 à metade do século 20. Meu avô paterno, Diogo Muggiati, morreu de tuberculose aos 34 anos num hospital de Pavia, Itália, onde fora se tratar em 1911. Meu avô materno Eugênio Machado da Luz, e seu filho Geninho, também a contraíram, nos anos 1940. Batizada em 1839 pelo patologista alemão Johann Lukas Schoenlein, a tuberculose – originada a partir do gado domesticado – já ocorria na Grécia antiga. Ao longo da história, vários escritores contraíram a doença: os ingleses John Milton, Lord Byron, Shelley, Jane Austen; os alemães Goethe, Schiller, Kant; os russos Tchecov, Dostoievski, Gorki, os franceses Descartes, Musset, Balzac,  Camus; o suíço Jean-Jacques Rousseau; os americanos Walt Whitman, Ralph Waldo Emerson, Edgar Allan Poe.

Jeanne Moreau em Diário de uma camareira.
Na adolescência, invadindo a biblioteca do meu pai, lia furtivamente Segredos de Alcova/Journal d’une femme de chambre, romance de Octave Mirbeau, que foi filmado três vezes – em 1964 por Luis Buñuel, com Jeanne Moreau – o livro mostrava o furor sexual que assola os doentes (a incontrolável TT = tesão de tísico).

Robert Taylor e Greta Garbo em A dama das camélias

Mimi, a heroína da ópera de Puccini, La Bohème, sofre de tuberculose; e também Violeta, em La Traviata de Verdi – A dama das camélias do romance de Alexandre Dumas Filho que inspirou a ópera. A literatura e a música imortalizaram a tuberculose como “A doença do amor”.

Thomas Mann acompanhou a mulher doente em sua internação num sanatório de Davos Platz, na Suíça. A experiência o levou a escrever A montanha mágica, um dos maiores romances do século 20.  Em outra estação de sanatórios suíça, Clavadel, a russa Elena Ivanovna Diakonova, mais conhecida como Gala (depois Dali), conheceu o poeta Paul Éluard e acabaram se casando.

No Brasil, sem ir muito longe, temos uma verdadeira Sociedade dos Poetas Mortos (de Tuberculose): Castro Alves, aos 24 anos; Casemiro de Abreu, aos 23; Álvares de Azevedo, aos 21. Entre golfadas de sangue e poesia, todos cantaram a doença, Álvares de Azevedo, por exemplo:

Descansem o meu leito solitário 
Na floresta dos homens esquecida 
À sombra de uma cruz e escrevam nela: 
Foi poeta, sonhou e amou a vida.


Manuel Bandeira também peregrinou pelos sanatórios de Clavadel, de 1913 a 1914, onde travou amizade com Paul Éluard. A Primeira Guerra Mundial o forçou a voltar ao Brasil. A tuberculose inspirou-lhe um poema notável, Pneumotórax:

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Nelson Rodrigues: esquete
cômico criado na cama
Quem visita a região petropolitana ainda pode ver, na praça central de Nogueira, a antiga estação ferroviária. Os trens da Leopoldina viajavam lotados de pacientes que acorriam aos sanatórios da Serra. O grande Nelson Rodrigues também frequentou a rota serrana, sua primeira internação foi aos 23 anos em Campos do Jordão, São Paulo, em 1935. Conta Ruy Castro em sua biografia de Nélson, O anjo pornográfico, que, instado pelos pacientes do Sanatorinho Popular, Nelson escreveu um esquete cômico sobre eles mesmos. O sucesso quase virou tragédia: levados a gargalhadas irresistíveis, os doentes sofreram violentos acessos de tosse que por pouco não se transformaram em jatos de sangue.

Lembro ainda, no começo da adolescência, uma cena de filme que causou frisson nas plateias da época. Em À noite sonhamos/A Song to Remember, uma biografia romanceada de Chopin, interpretado pelo galã Cornel Wilde, o fim prematuro do pianista polonês, que morreu de tuberculose aos 39 anos, se anuncia em tecnicolor quando gotas vermelhas de sangue caem sobre as teclas brancas do piano.

Jimmie Rodgers
Os cantores de blues e de Country & Western, uma raça itinerante, foram os músicos mais atingidos pela tuberculose na primeira metade do século 20 e exorcizaram as dores da doença em suas canções. Uma das mais conhecidas é T B Blues, de Jimmie Rodgers:

‘Cause my body rattles
Like a train on that old S.P.
I’ve got the T.B. blues.
Porque meu coração chacoalha
Como um trem naquela velha Southern Pacific
Eu tenho o blues da tuberculose.
(Ouçam AQUI)


O jazz na virada do bebop, perdeu três grandes promessas: o baixista Jimmy Blanton, aos 23 anos; o guitarrista Charlie Christian, aos 25; e o trompetista Fats Navarro, aos 26. Os sambistas brasileiros também sofreram pesadas baixas, como os escritores, atores e jornalistas mais chegados à vida boêmia. O exemplo mais notório é o genial Noel Rosa, que morreu de tuberculose em 1937, aos 26 anos (por pouco não entra para o célebre Clube 27...)

Além da tuberculose, outros surtos de doença forneceram rico material para a literatura. A Peste Negra da Idade Média levou o contemporâneo Boccaccio a escrever o Decamerão. Edgar Allan Poe inspirou-se em outra peste para escrever o conto A máscara da Morte Vermelha. Pedro Nava e Nelson Rodrigues descreveram a passagem da Gripe Espanhola pelo Brasil no pós-guerra de 1918. O cólera rendeu duas obra-primas: O amor nos tempos do cólera, de García Marquez, e Morte em Veneza, de Thomas Mann.

Este inusitado coronavírus que caiu de repente sobre nós, já deu inspiração de sobra. Eu mesmo comecei a escrever um Diário do Coronavírus. Só estou torcendo agora, como todos nós, para que esta praga vá embora o mais rápido possível.

PS – Se querem saber bem mais, consultem o link
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pessoas_que_sofreram_de_tuberculose


domingo, 22 de março de 2020

Papa Francisco: a benção diante da Praça de São Pedro vazia...

Foto Vaticano Media

Nada é por acaso. Sigam o dinheiro...

Reproduzido  do Estadão

Covid-19 tem "visto preferencial" para entrar no Brasil? Passageiros denunciam que aeroportos estão de "porteira aberta"

Relatos de passageiros dão conta de que voos da Espanha, Itália e Portugal chegam lotados ao Brasil e não encontram qualquer fiscalização nos aeroportos. 


Reproduzido do Facebook

Veja o vídeo AQUI. Reproduzido do Twiter
No Ceará e no Maranhão, governadores tiveram que recorrer à Justiça, contra a Anac e Anvisa, para determinar fiscalização de passageiros em aeroportos. A agência provavelmente vai recorrer para manter os portões abertos como quer o governo federal.  




Reproduções Twitter



O coronavoo...

Reproduzido do Twitter

Covid-19: desconfie das estatísticas (infelizmente a situação pode ser pior)

Benjamin Disraeli, ex-primeiro ministro  britânico no século 18, é autor da frase abaixo:

- "Existem três tipos de mentiras, aquela com pernas, aquela com pernas longas e as estatísticas".

Disraeli, se vivo fosse, acrescentaria um quarto tipo: as estatísticas do coronavírus. Se os números da economia que sustentam os comentários dos jornalistas de mercado costumam ser furados pela dura realidade - sejam os da suposta "retomada" do crescimento, os do desemprego, os da venda no varejo etc - imaginem as cifras da atual pandemia.

Entre os mortos no Brasil  há mais de um caso de pessoas que sequer constavam do número de infectados. A Itália registra problema semelhante. A revista Panorama apontou situações não detectadas pelas autoridades locais e citou um exemplo: o de um cidadão que telefonou para o seu médico particular dizendo que estava com febre, foi aconselhado a tomar remédio à base de paracetamol. Mesmo assim, no dia seguinte a febre subiu, acompanhada de uma leve dificuldade para respirar. O médico, por telefone, diagnosticou Covid-19 e mandou que ele ficasse em quarentena e só fosse ao hospital no caso de agravamento da respiração. Lá, os serviços públicos não são informados de casos desse tipo. Aqui, um hospital em São Paulo deixou de relatar pelo menos cinco doentes.

Quer dizer, existe o doente clandestino.

Não importa sua idade, siga os conselhos dos médicos: fique em casa, cumpra rigorosa quarentena, lave bem as mãos e desinfecte produtos recebidos.

Fique de olho em uma controvérsia não muito esclarecida. Vários países aconselham o uso de máscaras por pessoas não infectadas, quando em público ou em contato com alguém. No Brasil, autoridades dizem que a máscara não protege, talvez por temer desabastecimento. Mas, mesmo em quarentena, faz sentido usar máscara ao atender entregas, por exemplo. Faça isso, se possível. Se os profissionais de saúde as usam nos seus ambientes de trabalho, significa que esse é um recurso válido de proteção.

Na capa da Veja: as últimas trincheiras da vida


A Veja cobriu a rotina no Albert Einstein, um hospital de ponta. A chamada principal é verdadeira. Os profissionais de saúde estão na linha de frente da luta contra o coronavírus.
Pode-se dizer que, em termos de dramaticidade, a Veja não viu nada ainda.
Nos últimos dois dias, surgiram suspeitas de contaminação em grandes favelas. Segundo os infectologistas, essa será a grande inflexão da pandemia no Brasil, quando campo de batalha se transfere para a saúde pública sucateada pelo fundamentalistas do "teto de gastos" dos últimos anos.

Para não esquecer: há 30 anos o Collorvírus assolava o Brasil...

Há 30 anos, Collor tomava posse. A foto mostra o eleito e sua facção descendo a rampa e, simbolicamente, levando o Brasil para um buraco econômico e moral. Foto de Elza Fiúza/Agência Brasil

A data passou praticamente em branco. O coronavírus ocupa todos os espaços.

Mas em 15 de março de 1990, há 30 anos, uma praga assolava o Brasil. Fernando Collor tomava posse. Logo no dia seguinte, mandou confiscar a poupança de milhões de brasileiros. O neoliberalismo do novo governo logo seria potencializado com altas doses de corrupção.

O Collorvírus atacou todos os setores. Uma das medidas do "caçador de marajás" exaltado pela Veja , Globo, Manchete e outros veículos da direita - que aliás fizeram um evidente "jornalismo" de campanha, que lembrou muito o que elegeu o pai do Bananinha - foi acabar com uma secular estrutura pública de combate às edemias, presente em todos os estados brasileiros. Os guardas e médicos da Sucam, anteriormente chamada de Departamento Nacional de Endemias Rurais, combateram doenças como Chagas, malária, esquistossomose, febre amarela, filariose, tracoma, bócio endêmico, leishmanioses e dengue (em 1955 foi eliminado o último foco no país) nas pequenas cidades, nas áreas rurais e nas mais distantes fazendas e povoados. Uma organização que faz falta em dias como os atuais.

De resto, uma triste conclusão: o eleitor brasileiro não desenvolveu anticorpos nem imunidade contra esses profetas da incompetência que fazem do país uma das maiores ilhas de injustiça social do mundo.

sábado, 21 de março de 2020

Fora, vírus! Sujou? Use álcool gel...

Reprodução Facebook

A saideira...


O governo inglês vinha pedindo que as pessoas evitassem se aglomerar em pubs. A recomendação não pegou e os pubs continuaram lotados até que as autoridades decidiram fechá-los de vez.
The Sun publica as fotos acima com as casas cheias para a saideira, na véspera de começar a vigorar a proibição.

Revista Time: quando o mundo para


Na capa da Istoé: "chose de loque", como dizia o bordão de Jô Soares...


Os "agentes transmissores" do coronavírus...


Os âncoras da mídia conservadora se derramaram em elogios ao ministro da Saúde, Luiz Mandetta. Deve ter sido por carência. De tão agredida pelo Bananão, o pai do Bananinha, a mídia se deslumbrou com o tratamento mais civilizado que recebeu durante as primeiras coletivas sobre o coronavírus. Agora, a realidade mostra que, por inspiração do chefe que desacredita a pandemia sempre que pode, o governo rejeitou por tempo demais qualquer medida restritiva e jogou o Brasil no trágico modelo da Itália. Perdeu tempo que vai custa vidas. Mesmo com o avanço da Covid-19, o Planalto, para quem a pandemia é "gripezinha", continua praticamente ignorando a estratégia de colocar cidades em quarentena, de parar atividades não essenciais.
Por falar em atividades não essenciais, Mandetta fez um discurso, ontem, baseado em falsa premissa. Segundo ele, fechar rodovias e aeroportos significa impedir que insumos sanitários cheguem aos hospitais. Falso. Países que bloqueiam estradas e voos não impedem transporte de carga, nem de veículos essenciais. O objetivo e impedir ou reduzir a circulação de pessoas.
O twitter acima é do governador do Maranhão que faz há semanas um trabalho preventivo no estado. Ele havia pedido a interrupção - assim com o governador Wilson Witzel, no caso do Rio de Janeiro - de voos comerciais com passageiros. Seguindo o discurso ignorante de Brasília, um juiz negou a solicitação do governador do Maranhão. E a Anac nem considerou o pedido semelhante do governador do Rio de Janeiro. O Planalto desmiolado parece se candidatar a um crachá de agente transmissor do coronavírus no Brasil.

Folha faz anúncio com falas do pai do Bananinha para mostrar furor sociopata contra a liberdade de imprensa


VEJA O ANÚNCIO DA FOLHA DE SÃO PAULO. CLIQUE AQUI

"O senhor me ouve bem, governador Zema? "'Ovo' muito bem"


O homem é do Partido Novo, mas o português é decadente. Em entrevista à CNN Brasil, o governador de Minas, Romeu Zema, respondeu ""Ovo" muito bem", quando a apresentadora deu-lhe as boas-vindas ao programa e perguntou-lhe se a ouvia bem.  Veja AQUI

Solidários: jornais argentinos fazem capas iguais para combater o vírus


sexta-feira, 20 de março de 2020

Memória digital? Cuidado que o vento leva. Ou o que restou do NO.




Há muito se discute o risco de guardar textos e fotos apenas em memória digital. O prazer de folhear o álbum de família da sua infância, em versão analógica, talvez não seja experimentado pelo seu filho ou neto, a não ser que você mande imprimir as lembranças e as guarde bem. Claro que pode guardá-las em pen drives e em HDs internos e externos, que têm componentes que podem entrar em colapso. Ou em DVDs que, dizem, é mais seguro, ou ainda na nuvem que armazena arquivos em diversos servidores, mas não é infalível, pode sofrer invasões.

O álbum de família é um simples exemplo, mas a questão envolve aspectos gerais da memória histórica, jornalística, científica e cultural.

Veja este: na época da bolha da internet, na virada dos anos 1990 para Século 21, surgiu no Brasil um site que reuniu uma brilhante equipe de jornalistas. Era o NO. O No Ponto. Se teve grande audiência naqueles quase primórdios do jornalismo digital, não se sabe, mas foi certamente um nicho de qualidade na época. O site era bancado por um banco de investimentos que logo tirou o time de campo, como costuma acontecer nas iniciativas instáveis desses operadores financeiros. Com o fechamento, diz-se, todo o arquivo do NO. teria se perdido em algum desfiladeiro ou caverna impenetrável da internet.

Todo, não. Algumas páginas escaparam do "delete" fatídico.

Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete e ex-colaborador do NO. , desconfiou da perenidade dos seus escritos em ambiente não palpável e preferiu imprimir e encadernar seus textos. E alguma coisa escapou do site que sumiu misteriosamente.

Fotomemória: Elis Regina, a voz de um cometa. Por Guina Araújo Ramos

Elis Regina no ensaio do show Transversal do Tempo - Rio, 1978 - Foto Guina Araújo Ramos

por Guina Araújo Ramos 
Neste difícil momento em que o Brasil, com a chegada ao país de uma pandemia, entra numa espiral que talvez seja mortal para muitos brasileiros, que seja também tempo de relembrar alguém que, vivendo a vida intensamente (que “viver é melhor que sonhar”), teria feito, neste 17 de março de 2020, exatos 75 anos: uma das nossas grandes vozes, Elis Regina, a “Pimentinha”, entre tantos outros epítetos elogiosos que mereceu.

Quem sou eu para “biografar” Elis Regina, uma estrela no luminoso céu da música popular brasileira... Diria apenas que, diante da rapidez e do brilho de sua trajetória, talvez seja mais preciso dizer que Elis Regina foi, para mim e para o Brasil, um verdadeiro cometa.
Conto abaixo apenas a parte que me coube do contato com esta luminosa presença musical.
Fotografei Elis Regina apenas uma vez, e não frente a frente mas à distância. Foi dos fundos da plateia vazia do Teatro Ginástico, no Centro do Rio de Janeiro, durante um ensaio do show Transversal do Tempo, que estrelou no bem muito distante ano de 1978.
O material publicado creio que se resumiu a esta curiosa foto em que Elis Regina canta quase esparramada no chão do palco do teatro, sentada à frente de uma estrutura de andaimes metálicos, usando um terno masculino, que lembra uma roupa de morador de rua.


Interessante que o crítico da Fatos & Fotos, onde foi publicada a matéria, não gostou nem um pouco do visual do show. Destacou a qualidade da intérprete e do show, “o melhor de Elis”, mas arrasou com a proposta do cenário, “o pior visual que um show poderia ousar”.

De minha parte, achei ótimo poder fazer uma imagem assim inusitada, ao menos para quem não viu o show. E conseguir pegar, por conta da espontaneidade dela, uma expressão tão vivaz de quem levou tão intensamente a vida.

Ou seja, Elis Regina (se) saiu muito bem na foto.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Aline Riscado: mensagem de paz

Reprodução Instagram

Na coletiva dos insensatos: Mandetta avisa a Bolsonaro que repórter é "chata de galocha".

Na coletiva dos mascarados, o ministro Luiz Mandetta avisa a Bolsoanro que a repórter do Estadão, Jussara Soares, é "chata de galocha". 
Claro que isso, para uma jornalista que lida com a facção no poder, é um tremendo elogio.
Veja o vídeo AQUI 

Coletivas: "pega na mentira, corta o rabo dela, pisa em cima, bate nela"

Foto de Marcos Corrêa/PR

Essa foto é, sem duvida, a mais ridícula da semana.

Bolsonaro e ministros fazem uma cenografia em rede nacional para mostrar suas "preocupações" com o vírus. O capitão inativo tem, na vida real, debochado da pandemia e dá a mínima para recomendações médicas, como evitar contato físico.

Isso depois de participar da comitiva presidencial mais contaminada do mundo. Ele diz, agora, que qualquer dia os brasileiros o verão no metrô lotado de São Paulo e na barca Rio-Niterói.

Mandetta foi o "rei das coletivas" antes de Bolsonaro tomar o seu papel. Foi elogiado pela "transparência". Sabe-se, agora, que o governo federal foi leniente em medidas mais restritivas (alguns os estados, como Rio e SP acabaram saindo na frente, mas a maioria ainda reluta em decisões mais rigorosas) e muito do que se falou naquelas coletivas não correspondia à realidade ou não estava em prática. O Brasil perdeu tempo em várias medidas, provavelmente por inspiração do chefe que achava que nada precisava parar e que a mídia espalhava pânico na população.

Foto de Gervário Baptista

Mas a coletiva do Bolsonaro e seus ministro bateu o recorde em encenação. Eles tiravam e botavam a máscara que o marketing governamental plantou para mostrar autoridades "conscientes". O mais desmiolado chegou a pendurar a máscara na orelha.

Talvez o reality show armado pelo Planalto só encontre semelhança com a foto dramaticamente ridícula de Tancredo Neves e sua equipe médica.  A foto foi feita no dia 25 de março, no Hospital de Base, de Brasília, pelo saudoso Gervásio Baptista, então convidado para ser o fotógrafo oficial do presidente "eleito" pelo Colégio Eleitoral da ditadura.

Não foi exatamente uma coletiva, mas teve o mesmo efeito. Armada para mostrar que Tancredo estava se "recuperando bem", a foto foi imediatamente distribuída para todos os veículos. Apenas três horas depois de ser fotografado, Tancredo sofreu forte hemorragia e foi transferido para um hospital em São Paulo, onde morreu em 21 de abril de 1985.

A imagens são ridículas, mas, por favor, os fotógrafos não têm culpa. Apenas focalizaram o show.

Mídia: redações em tempo da Covid-19

por Júlio Lubianco (do blog Journalism in The Americas) 
* Com colaboração de Teresa Mioli

Na medida em que o novo coronavírus se espalha pela América Latina, redações da região adotam medidas para prevenir o contágio e proteger suas equipes. Entre elas, colocar jornalistas que chegaram recentemente do exterior em quarentena, evitar apurações presenciais e, quando possível, adotar o home office.

Na América Latina, o primeiro caso do novo coronavírus foi registrado no Brasil, em 26 de fevereiro. A primeira morte ocorreu na Argentina, em 7 de março. Este mapa da Americas Society/Council of the Americas mostra a atual contabilidade de casos na região e mostra que a doença já está presente em praticamente todos os países.

O presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), Christopher Barnes, recomendou aos veículos de mídia da região a implementar e observar os parâmetros de referência do protocolo de saúde. Em nota, ele escreveu:

“Lamentavelmente, diferentemente de nossos colegas do setor privado, estamos na linha de frente deste campo de batalha e não podemos encerrar completamente as operações. Não devemos subestimar as preocupações de nossa equipe com relação à exposição; empatia, comunicação e transparência no que diz respeito a isso ajudará bastante a mantê-los motivados a realizar seu trabalho crítico”.

No Brasil, os maiores jornais do país, como Folha, Estadão e O Globo, vêm adotando medidas preventivas, enquanto buscam manter o padrão da cobertura da crise. O maior país da região também tem a maior quantidade de casos do novo coronavírus.

Nesta terça 17 de março, o primeiro caso do novo coronavírus foi confirmado na Editora Globo, que edita os jornais O Globo e Extra, além da Revista Época e outras publicações. As medidas de prevenção começaram na semana anterior. Desde a sexta-feira, dia 13, os funcionários foram orientados a trabalhar de casa quando possível. O diretor de redação do Globo, Alan Gripp, estima que 40% da redação esteja nesta situação, o que ele acredita que deve aumentar nos próximos dias.

“Por ora, disponibilizamos máscaras para aqueles que se sentirem mais seguros, embora especialistas apontem que o uso só é recomendado para pessoas com sintomas. Também estamos adquirindo outros equipamentos sugeridos em protocolos internacionais montados para a cobertura da pandemia. Mas, como regra geral, evitaremos expor nossos funcionários a risco,” disse Gripp ao Centro Knight.

Na Argentina, todos os veículos do grupo Cimeco iniciaram nesta semana a testar um modelo de trabalho remoto em suas redações. A empresa edita os jornais La Voz del Interior (Córdoba), Los Andes (Mendoza), a revista Rumbos e o portal Vía País. O diretor editorial do grupo, Carlos Jornet, informou ao Centro Knight que as redações devem se tornar remotas quase que na totalidade nos próximos dias.

“Por enquanto, estamos realizando testes-piloto nos quais aproximadamente um terço da equipe das edições impressas trabalha todos os dias em casa. No caso de sites, em alguns deles a tarefa toda é remota. E em outros, apenas editores-chefes vão à redação,” disse Jornet.

Ele admite que um dos desafios é manter os níveis de qualidade e quantidade de reportagens e artigos enquanto essas medidas são implementadas.

“Na medida em que se restringe a circulação é restrita e o número de casos em nossas áreas de cobertura cresce, aumenta também a preocupação daqueles que precisam trabalhar em áreas críticas, como hospitais, laboratórios onde são realizados testes e aeroportos. Isso inclui jornalistas e fotógrafos. E para isso, desenvolvemos protocolos de ação que estamos começando a implementar,” disse.

Também na Argentina, o Diário Huarpe, de San Juan, iniciou nesta semana a adotar medidas de prevenção ao novo coronavírus. O próprio chefe de redação, Abel Escudero Zadrayec, está de quarentena obrigatória depois de voltar de viagem aos Estados Unidos.

“Existem várias ferramentas para fazer uma tarefa decente, mantendo a 'distância social': desde ligações telefônicas até redes sociais, serviços de mensagens e coleta de informações por outros meios (rádio, TV, sites etc.). Se houver algum caso especial, aplicamos os mecanismos de proteção recomendados pelos especialistas,” disse Zadrayec ao Centro Knight. "Até agora, não detectamos um impacto negativo. A redação do Diário Huarpe redobra seus esforços em tempos críticos para continuar a servir o público com jornalismo ético e de qualidade. Esse é o nosso mandato inalienável."

Na Colômbia, um dos maiores jornais do país, El Espectador, colocou quase todos os funcionários para trabalhar de casa, segundo o gerente digital Edwin Bohórquez Aya: “A maioria de nós está de home office por razões de saúde pública. Vale mesmo para design e correção de estilo, pois os jornalistas já estão acostumados.”

Além dos veículos tradicionais, muitas dos novos meios digitais que nasceram nos últimos anos na América Latina também estão adotando medidas preventivas. É o caso no Brasil, de Agência Pública, JOTA e Congresso em Foco. Os três estão com 100% das suas redações fechadas. No caso do Congresso em Foco, especializado na cobertura do Legislativo federal, os jornalistas estão proibidos de entrar no Congresso:

“Desde quinta-feira [12 de março], saímos do Congresso e, não voltamos mais, nem vamos voltar até passar o risco. A gente tem um acesso bom aos políticos, às fontes que a gente precisa, que são os parlamentares e seus assessores. (...) O Congresso representa um risco muito grande. Os parlamentares viajam muito, abraçam, beijam, pegam [crianças] no colo. É uma atividade de contato com o público,” disse ao Centro Knight Sylvio Costa, fundador e editor-chefe do site.

No JOTA, que cobre todos os ramos do governo, a medida foi facilitada pelo fato de a empresa, que tem cinco anos, já ter uma cultura forte de trabalho remoto, incluindo as suas principais lideranças. Apenas recentemente as redações de São Paulo e de Brasília se mudaram para um espaço próprio – até então, vinham trabalhando em co-workings.

“Nosso time de repórteres em Brasília fica nas instituições que cobre. Esse é o caso mais difícil de solucionar. Nossa orientação, enviada na semana passada, é para que todos trabalhem de casa e que as exceções sejam analisadas individualmente,” disse ao Centro Knight Felipe Seligman, sócio-fundador do JOTA e também Chief Revenue Officer. Ele disse também que como algumas das instituições cobertas pela equipe também suspenderam suas atividades, então a cobertura priorizará informações de bastidores e outros assuntos relacionados ao novo coronavírus.

Na Agência Pública, a principal medida foi suspender o trabalho na redação desde segunda-feira, dia 16 de março. “O mais importante, além da saúde da nossa equipe, é cumprirmos o nosso papel social para evitar que o pico do COVID seja tão prejudicial como foi em outros países afetados. Estamos focando nossa cobertura investigativa no tema, em especial em termos de dados, mas tudo está sendo coordenado remotamente. Pretendemos manter o ritmo e a qualidade das publicações desta maneira,” disse Natalia Viana, fundadora da Pública, ao Centro Knight.

Em La Voz de Guanacaste, da Costa Rica, a equipe de nove pessoas também foi orientada a trabalhar de casa. A ideia, assim como em outros meios, é testar como funcionará a produção remota e identificar e ajustar falhas que encontrem pelo caminho. No entanto, a diretora executiva Emiliana García antecipa um aumento de gastos não previstos caso a crise se prolongue: “Os jornalistas, ao trabalharem de casa, estão usando seus próprios telefones celulares e conexão à Internet, o que representa uma nova despesa que o La Voz vai cobrir e que não está dentro do nosso orçamento.,” disse ela ao Centro Knight.

quarta-feira, 18 de março de 2020

O bloco dos anormais...

Donald Trump minimizou o coronavírus e os Estados Unidos perderam tempo no combate à pandemia. Para ele, não passava de uma simples gripe e a mídia exagerava.
O boneco de ventríloquo brasileiro, o desmiolado Bolsonaro, repetiu o conceito do americano. "É histeria", decretou, o capitão inativo que tem adeptos da teoria no Planalto e entre seus milicianos digitais.
Agora fica claro que as coletivas dadas pelo governo brasileiro não correspondiam inteiramente à realidade. Muito papo e pouca ação. Alguns governo estaduais e municipais foram mais realistas. As autoridades federais da saúde, como declararam insistentemente, foram contrárias por semanas demais, e em alguns casos continuam resistentes, a medidas que governos de outros países tomaram, como suspensão de atividades, controle rigoroso de aeroportos e portos, posterior fechamento de fronteiras, isolamento social, e testagem em massa da população.
Como a Itália, o Brasil perdeu tempo. E mesmo assim, o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, já está sendo fritado por Bolsonaro e até pelo presidente da Anvisa, Antonio Torres, que se contrapõe a medidas restritivas. É adepto da "teoria da histeria".
Boris Johnson, do Reino Unido, agora exagerou. Defende um dogma hitlerista, o da "seleção" da espécie humana. Ele, que também demora a tomar medias mais fortes, advoga a "imunização do rebanho". Significa que uma contaminação em massa poderia gerar um "imunização coletiva". Claro que muitas pessoas mais frágeis ficariam pelo caminho, mas em uma "seleção da espécie" sobreviveriam os mais fortes.
O que une essas figuras?  São da ultra direita que prefere preservar ao máximo o mercado, antes das pessoas.

Para ver e ouvir no confinamento...

Quando produziu o musical "A Noviça Rebelde" no Brasil, Claudio Botelho criou uma versão de  "Me Favorite Things" que vale transcrever nesses tempos de confinamento e coronavírus.
Diante das grande ameaça, o refúgio na grandeza dos pequenos prazeres. É o que ensina o leitor que deu a dica ao blog. 

De Richard Rogers e Oscar Hammerstein II / Versão Cláudio Botelho 

"COISAS QUE EU AMO"

“Gota de chuva,  bigode de gato
Laço de fita,  cordão de sapato
Flor na janela e botão no capim 
Coisas que eu amo e são tudo pra mim

Doce na mesa e sol na cozinha
Bico de pato e chapéu de palhinha
Banda passando e soando o clarim
Coisas que eu amo e são tudo pra mim

Lona de circo e tapete de grama
Bola de neve, botão de pijama
Doces invernos chegando no fim
Coisas que eu amo e são tudo pra mim

Se a tristeza, se a saudade
De repente vem
Eu lembro das coisas que eu amo e então
De novo eu me sinto bem

Gota de chuva,  bigode de gato
Laço de fita,  cordão de sapato
Flor na janela e botão no capim 
Coisas que eu amo e são tudo pra mim

Língua de trapo e bochecha vermelha
Lua passando na fresta da telha
Brisa soprando e penteando o jardim
Coisas que eu amo e são tudo pra mim

Bola de gude, nariz de cachorro
Uma igrejinha no alto do morro
Carta contando tintin por tintin
Coisas que eu amo e são tudo pra mim

Se a tristeza, se a saudade
De repente vem
Eu lembro das coisas que eu amo e então
De novo eu me sinto…

Se a tristeza, se a saudade
De repente vem
Eu lembro das coisas que eu amo e então
De novo eu me sinto bem”

VEJA A CENA NO MUSICAL E OUÇA KIARA SASSO E MIRNA RUBIN. AQUI

terça-feira, 17 de março de 2020

1960, na Paris do Acossado • Por Roberto Muggiati

Exclusivo para o Panis Cum Ovum 

Eu estava lá. Tinha 23 anos, quatro a menos que Michel Poiccard, um a mais que Patricia Franchini. Cheguei a Paris numa sexta-feira de outubro de 1960, as árvores queimando em tons amarelo, laranja, vermelho, ferrugem. Joguei as malas na Maison du Brésil e fui correndo a um concerto de jazz com Bud Powell.

No Acossado, Godard não faz um comentário político ou social sequer – coisa que faria obsessivamente nos filmes seguintes. Apenas uma piadinha cínica: quando quer levar Patricia para a cama, Michel alega que seria em nome da maior aproximação franco-americana, Naquele momento o Presidente Eisenhower visita Paris e Godard sacaneia o espectador com cenas do desfile captadas por entre as arvores: justo quando o carro presidencial embica na tela. uma árvore oculta a visão de Eisenhower e De Gaulle...

Na primavera de 61, outro presidente americano desfilava pelos Champs Élysées, os franceses se orgulhavam da ascendência de Jacqueline Bouvier Kennedy. Mas, um mês antes, JFK sujara sua biografia com a desastrada invasão da Baía dos Porcos em Cuba. Num café de calçada em Saint Germain, lembro a indignação do amigo Gregory Corso, o poeta beat.

Place Dauphine
Troquei a periférica Cité Universitaire pelo centro histórico de Paris, a Île de la Cité. Morava no 29, Place Dauphine – que o jornalista Jacques Lanzmann chamou “A Vagina de Paris” – numa mansarda do City Hôtel, onde o “Pai do Surrealismo” André Breton se acoitou nos anos 1920. Estudava no Centre de Formation des Journalistes, no 29, rue du Louvre, ia a pé, atravessava toda noite o fabuloso mercado Les Halles, que Zola chamou “O Ventre de Paris” (completando as metáforas fisiológicas da cidade: a Place de la Concorde, exaltada por Michel Poiccard em Acossado, é “O Umbigo de Paris”, lá o cutelo da guilhotina teve seu dia de glória na Revolução Francesa. Toda vez que passava pelos Champs Élysées, comprava o New York Herald Tribune, na esperança vã de que a vendeuse fosse Patricia Franchini, sem sutiã debaixo da camiseta amarela – Michel Poiccard aponta isso, com um dedo lascivo,  no Acossado.

Roberto Muggiati escreve hoje na Folha de São Paulo sobre os 60 anos do filme "Acossado"

Folha de São Paulo 17/3/2020. Clique 2x para ampliar

Paris, 1960. Jean-Luc Godard dirige seu primeiro filme. As cenas são gravadas nas ruas da cidade, sem roteiro. Godard entrega algumas falas aos atores pouco antes de mandar a câmera rodar. Em apenas quatro semanas, conclui as filmagens.
Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete, estudava no Centre de Formation des Journalistes e testemunhou o nascimento da Nouvelle Vague há exatos 60 anos.
Ele escreve na Folha, hoje, sobre À Bout de Soufle (Acossado).
Muggiati conta que em 1961 morava na Île de la Cité‎, no quinto andar do City Hôtel, janela para o Sena, quando viu uma mulher usando um vestido estilo belle époque se atirar, à noite, nas águas geladas do rio.  "Só muito tempo depois, ao ver o filme, saquei que era a dublê de Jeanne Moreau em Jules e Jim".


Dessa época é a foto acima: "Caminho pela Place Dauphine (“le vagin de Paris”), France Soir na mão como o Michel Poiccard (o Belmondo no Acossado), sou acossado por um tira de imperméable, à esquerda ao fundo", recorda  Muggiati.


Na foto acima, Belmondo e Jean Seberg e uma cena do clássico de Godard. Também à esquerda, ao fundo, um sujeito com pinta de flic disfarçado...

segunda-feira, 16 de março de 2020

Olga Kurylenko: a bond girl que não escapou do vírus vilão


Olha Kurylenko ao lado do 007 Daniel Craig, no filme "Quantum os Solace". 
Com uma foto da janela de casa fechada , a atriz ucraniana Olga Kurylenko anunciou no Instagram que testou positiva para a Covid-19. "Leve isso a sério", escreveu.  "Para baixar a temperatura, uso paracetamol. E isso é tudo. Nâo há muito o que fazer. Naturalmente continuo a tomar minhas vitaminas, como alho para o sistema imunológico, bebo água com limão".

Tóquio 2020: campanha publicitária com atletas provoca polêmica

 
A atleta Quenn Harrison é uma das modelos da campanha. Foto Agent Provocateur

por Niko Bolontrin 

Se vai acontecer ou não, a Olimpíada de Tóquio já tem pelo menos uma certeza: perdeu espaço na mídia para o coronavírus. Em tempos normais, a mídia já começava a se voltar para os Jogos. Ontem, por exemplo, passou quase despercebida a entrega da tocha olímpica, na Grécia, antes de percorrer vários países até chegar ao Japão.

Se chegar. o Comitê Olímpico ainda não decidiu se cancela ou adia as competições.

Por enquanto, o que ganhou espaço foi uma polêmica. A grife de moda íntima britânica Agent Provocateur fez sua campanha de lançamento da coleção Verão 2020 só com atletas. Nos Estados Unidos, os vídeos foram ao ar no Dia Internacional da Mulher. Feministas consideraram o tema e a oportunidade uma tremenda provocação.

De resto, tudo a ver com o nome da griffe.

Um dos destaques entre as modelos da marca é a bela Queen Harrinson, especialista em 400 metros com barreiras (foto no alto).

Outra que chama atenção é Alysha Newman, do salto com vara, vista aí enquanto se aquecia.
Foto Agent Provocateur.

VEJA O VÍDEO DA CAMPANHA, AQUI