terça-feira, 3 de outubro de 2017
Brasil: o futuro não está mais aqui...
Matéria de capa da Carta Capital analisa dados da instituição britânica Oxfam sobre a desigualdade social no Brasil. Seis empresários - Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) - concentram a mesma riqueza de 100 milhões de brasileiros. E os 5% mais ricos empatam em riqueza com os outros 95% da população.
Depois de pequenos avanços nos últimos anos, 3,6 milhões de pessoas vão cair outra vez na pobreza.
Segundo o relatório estudado pela Carta Capital, nesse ritmo, o Brasil vai levar 35 anos para alcançar o atual nível de renda da Alemanha?, da França?, da Suécia?... Não, do Uruguai.
Haja Forças Armadas para conter a violência urbana nas próximas décadas.
Mãe e filha sofrem ataque homofóbico em Brasília. Cuidado: esses loucos da "moralidade" vão votar no ano que vem...
Um vídeo que circula na internet é o próprio retrato do Brasil de hoje. Somos o país da intolerância, de olhos fechados para grupos organizados que invadem exposições e agridem espectadores, que intimidam professores em escolas, que destroem símbolos religiosos de instituições "inimigas", que até já jogam bombas em centros espirituais, como aconteceu no Rio.
Pode piorar. Já temos os loucos. Faltam as armas fáceis e até isso pode deixar de ser um problema para os fanáticos. No Congresso é forte o lobby para anular o Estatuto do Desarmamento.
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Vítima desabafa em vídeo. Foto: Reprodução You Tube |
Até que o Mandalay seja aqui.
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
Globo e Antonio Tabet não são mais amigos. Jornal "desadiciona" o colunista que criticou o "jornalismo esportivo Nutella"
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O "barraco" no impresso. Clique na imagem para ampliar. |
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Um leitor entrou na discussão por achar que o "jornalismo Nutella" ainda será tema de teses de dotourado... |
Difícil é achar mocinho nessa briga de Antonio Tabet, vice-presidente de Comunicação do Flamengo, e o Extra/Globo.
Quando o Extra esculachou e humilhou o goleiro Muralha na primeira página, Tabet protestou.
Depois da derrota para o Cruzeiro e de dar adeus à Copa do Brasil, que era a prioridade do time esse ano, o Flamengo entrou em crise de alta ansiedade. No meio da fogueira, Tabet publicou um post comemorando a audiência do clube em redes sociais. A torcida reagiu, criticou o oba-oba e, com razão, não via nada para comemorar. O Extra abordou o caso. Sob bombardeio, Tabet não gostou e teria proibido que repórteres do jornal fizessem perguntas durante coletiva no Flamengo. O diretor de Comunicação criticou o "jornalismo esportivo Nutella". Aí, foi o Globo que vestiu a carapuça, teve um piti e demitiu o cronista, publicando sua última colaboração e com direito a uma "nota explicativa".
Parece um "barraco de comadres". Melhor não entrar nessa.
Catalunha já foi. Quando é que Brasília vai fazer um plebiscito para se separar do Brasil????
por O.V.Pochê
Vale o que está no voto. Depois da Catalunha, a expectativa é que Brasília faça seu referendo para se separar do Brasil. Cadê a urna?
domingo, 1 de outubro de 2017
Ministro de Temer conta como ganhou a guerra do Rio. Só que depois da "Operação Tempestade na Rocinha" traficantes mostram quem manda no pedaço...
O filme é pacifista, foi dirigido por Richard Lester, é cheio de típico humor negro britânico e foi lançado em 1967. Passaram-se 50 anos até que um ministro da Defesa de Temer, o Montgomery da Rocinha Raul Jungman, refilmasse "How I won the war" (no Brasil, "Como Ganhei a Guerra") com locações do Rio de Janeiro de hoje.
O original conta a história de um comandante de uma tropa cuja missão era construir um campo de críquete atrás das linhas inimigas.
A unidade é dizimada aos poucos, mas Goodbody tenta manter as aparências e substitui os soldados mortos por bonecos de plástico.
O ator Michael Crawford vive o comandante trapalhão Goodbody que, no final, para poupar esforços, tenta comprar uma ponte dos alemães em vez de encarar uma cansativa batalha para tomá-la.
John Lennon (na foto à direita) interpreta um soldado que nem luta com muito entusiasmo pois antes da guerra participava de organizações fascistas na Inglaterra.
Na guerra do Rio, Jungman declarou vitória. "A Rocinha está estabilizada", disse. Desde que ele mandou retirar das trincheiras as Forças Armadas, a polícia carioca voltou à rotina e já encarou tiroteios com bandidos duas ou três vezes. A opção de comprar o morro, como no filme, está descartada. Sairia muito caro e comprometeria o ajuste fiscal de Temer. A Rocinha é um dos mais valiosos pontos de venda de drogas do Rio.
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Depois da "guerra" e da operação "Tempestade na Rocinha", os traficantes baixaram um medida provisória para mostrar quem manda na Rocinha. |
O comandante Jungman podia pelo menos ter deixado uns bonecos de plástico na entrada da Rocinha. Rendia imagem no Jornal Nacional e salvava as aparências militares do governo Temer e dessas desencontradas operações que nem campos de críquete estão construindo.
Repressão na Catalunha: o ditador Franco morreu mas a Espanha ainda é sua viúva inconsolável...
O genocida e ditador fascista Francisco Franco morreu mas deixou seu entulho na Espanha em leis e atitudes. É o que se vê na Catalunha, hoje.
Da prepotência policial ao racismo, da monarquia de fantasia reinventada - apesar de, na época, a população se manifestar pela República, hoje parte da realeza está mergulhada em denúncias de corrupção - à opressiva ligação entre Estado e religião, há muito do espólio podre que emana do túmulo de Franco ainda em vigor.
A reação policial ao plebiscito na Catalunha, que tem cultura, etnia e idioma próprios e luta pela independência, é um sinal de que Franco deixou seu alter ego em muitas gerações de autoridades e seguidores. Em Madri, um reduto franquista até hoje, já foi sucesso de vendas um boneco inflável do ditador feito para que "camisas negras" matassem a saudade. Basta dizer que a Espanha ainda mantém censura sobre centenas de obras literárias colocadas no índex por Francisco Franco.
As redes sociais, hoje, estão divulgando vídeos com cenas de violência quase inacreditáveis na ruas e prédios de Barcelona e outras cidades da Catalunha.
Franco era um puritano militante. Inconfidências palacianas contam que ele só tinha orgasmo em vida quando assistia a sessões de tortura ou se autoflagelava nas madrugadas, Hoje, se ligou sua TV de ectoPlasma, deve estar gozando na cova, chacoalhando os ossos e entrando em modo convulsivo de prazer diante dos vídeos que estão viralizando na web.
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI
Adriane Galisteu guarda na garagem carro que ganhou de Senna. Veja outras memórias automotivas do piloto
por Niko Bolontrin
O site Autovídeos exibe um matéria de Roberto Cabrini com uma revelação inédita: Adriane Galisteu, ex-namorada de Ayrton Senna, guarda até hoje na garagem um carro Fiat Uno que ganhou do piloto, em 1993. A apresentadora e ex-modelo comemorava seus 20 anos.
Outra ex-namorada de Senna, a apresentadora Xuxa, também guardou uma lembrança automotiva do tricampeão de Fórmula 1.
No final de 1995, cerca de seis meses após o trágico acidente em Ímola, ela comprou de um ex-sócio do piloto um AudiSR2, marca que Senna representava no Brasil.
A família de Ayrton Senna também preserva alguns carros que pertenceram ao piloto, entre esses, o esportivo Honda NSX, que o brasileiro ajudou a desenvolver.
VEJA NO AUTOVIDEO, ADRIANE GALISTEU ENTREVISTADA POR ROBERTO CABRINI.
https://autovideos.com.br/fiat-uno-ayrton-senna-presente-adriane-galisteu/,
sábado, 30 de setembro de 2017
Quer faturar algum? Fique esperto. Jornal compra seu vídeo...
Cada vez mais os meios de comunicação tradicionais recorrem a informações via what's app e vídeos em coberturas factuais. Nos habituais conflitos em favelas do Rio, imagens de tiroteios e movimentação de traficantes armados geralmente é produzida por moradores, o mesmo vale para acidentes em ruas e estradas, cenas de agressões, de assaltos etc. A maioria, aqui, é 0800, o leitor fica feliz em ter o crédito da foto ou vídeo. Fique esperto. O jornal The Sun, que aliás publica com frequência cenas de violência no Rio de Janeiro, paga e até incentiva colaborações dos leitores.
No filme "O Abutre" o ator Jake Gyllenhaal faz o papel de um desempregado que se equipa com câmeras e um rádio que capta a frequência da polícia e dos bombeiros, passa a registrar acidentes nas madrugadas de Los Angeles e vender material para redes de TV. Na ficção, o personagem se empolga, mexe nas cenas de acidentes e homicídios e até comete crimes.
Você, claro, não vai chegar a esse ponto, mas poderá ganhar um troco extra. Por que não? Não entregue o jogo de graça, valorize sua colaboração.
Na capa da Time: NFL "finaliza" Donald Trump. Mas a revista adverte que o empresário-presidente nunca deixa de reagir...
Além da Coreia do Norte, Venezuela, Cuba, Irã, Síria, Rússia, México, imigrantes, saúde pública, meio ambiente, pretos, latinos, jornalistas, Hollywood, Angela Merkel, Hillary Clinton, os Obama, refugiados, New York Times, os furacões que o obrigaram a botar o pé na lama etc, Trump acrescenta à sua lista de "vilões" os futebol americano, especialmente os jogadores negros.
O empresário-presidente quer que a população boicote os jogos. Não se conclua, apenas pela patologia do inquilino da Casa Branca, que ele está sozinho. Ao contrário, tem apoiadores. Segundo a Time, alguns restaurantes de regiões mais racistas decidiram não exibir os jogos em aparelhos de TV até que os jogadores deixem de protestar em campo. Há registros de ameaças a jogadores por parte de grupos neonazistas. Donald Trump diz o que a "América profunda", a dos grotões, quer ouvir.
Há 30 anos, Césio-157 nas páginas da Manchete...
por José Esmeraldo Gonçalves
No dia 13 de setembro de 1987, o Brasil acordou com um título que nenhum país gostaria de ter: o de maior acidente radiológico do mundo e a segunda tragédia radioativa global (só perdia, na época, para Chernobil (1986), hoje, Fukushima (2011), no Japão, assumiu o lugar de vice). Mas o país só saberia do acidente em Goiânia duas semanas depois, quando foi dado o alerta de contaminação.
Manchete mobilizou suas equipes e deu ampla e imediata cobertura ao caso. Em um primeiro momento, a repórter Márcia Mello Penna e o fotógrafo Carlos Humberto TDC se deslocaram para Goiânia. Na sequência, meses depois, o escritor e jornalista José Louzeiro também fez uma reportagem sobre o assunto.
Mas foi um ano depois, em setembro de 1988, que a repórter Maria Alice Mariano e a fotógrafa Paula Johas surpreenderam a redação da Manchete ao voltar de Goiânia com uma impressionante reportagem que não deixava dúvidas de que a data não era apenas um "aniversário" ou um simples "gancho" jornalístico: a tragédia de Goiânia ainda estava em curso.
Se as atenções do Brasil já não se voltavam tanto para o caso e outros fatos geravam novas pautas, o drama do Césio 157 permanecia intenso e marcava a vida dos sobreviventes. Àquela altura, o tempo mostrou que a partir do momento em que um catador de ferro velho encontrou em um prédio abandonado (onde funcionara uma clínica) uma cápsula de um aparelho de radioterapia e a abriu, pensando em aproveitar o chumbo, mais de 100 mil foram expostas à contaminação.
A maioria sofreria durante anos os efeitos da radiação e dezenas de mortes ocorreriam ao longo da década seguinte, além das quatro vítimas fatais imediatas.
Manchete pautou uma volta ao local do vazamento de césio para apurar a situação, em setembro de 1988, Márcia Mello Penna seria a repórter naturalmente indicada por ter feito a cobertura inicial do acidente. "Márcia estava saindo em viagem para outra matéria e me passou a pauta", conta Alice, cuja preferência era por pauta "quentes". E Goiânia ainda oferecia isso, literalmente.
Com o fato à distância de 365 dias, Maria Alice e Paula Johas buscaram os dramas humanos e as histórias pessoais. O medo, os traumas silenciosos, cada uma das vítimas convivendo com sua própria dor, as falhas na contenção da radiação e o sofrimento daqueles que em um instante tiveram suas vidas mudadas para sempre.
Naquela edição, as repórteres da Manchete narraram em texto e fotos a tragédia do Césio-157 ainda viva e que, na velocidade do acontecimentos, o Brasil já tendia esquecer.
As vítimas, não.
No dia 13 de setembro de 1987, o Brasil acordou com um título que nenhum país gostaria de ter: o de maior acidente radiológico do mundo e a segunda tragédia radioativa global (só perdia, na época, para Chernobil (1986), hoje, Fukushima (2011), no Japão, assumiu o lugar de vice). Mas o país só saberia do acidente em Goiânia duas semanas depois, quando foi dado o alerta de contaminação.
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Márcia Mello Penna e Carlos Humberto TDC cobriram o acidente do Césio-157 em Goiânia, setembro de 1987. |
Mas foi um ano depois, em setembro de 1988, que a repórter Maria Alice Mariano e a fotógrafa Paula Johas surpreenderam a redação da Manchete ao voltar de Goiânia com uma impressionante reportagem que não deixava dúvidas de que a data não era apenas um "aniversário" ou um simples "gancho" jornalístico: a tragédia de Goiânia ainda estava em curso.
Se as atenções do Brasil já não se voltavam tanto para o caso e outros fatos geravam novas pautas, o drama do Césio 157 permanecia intenso e marcava a vida dos sobreviventes. Àquela altura, o tempo mostrou que a partir do momento em que um catador de ferro velho encontrou em um prédio abandonado (onde funcionara uma clínica) uma cápsula de um aparelho de radioterapia e a abriu, pensando em aproveitar o chumbo, mais de 100 mil foram expostas à contaminação.
A maioria sofreria durante anos os efeitos da radiação e dezenas de mortes ocorreriam ao longo da década seguinte, além das quatro vítimas fatais imediatas.
Manchete pautou uma volta ao local do vazamento de césio para apurar a situação, em setembro de 1988, Márcia Mello Penna seria a repórter naturalmente indicada por ter feito a cobertura inicial do acidente. "Márcia estava saindo em viagem para outra matéria e me passou a pauta", conta Alice, cuja preferência era por pauta "quentes". E Goiânia ainda oferecia isso, literalmente.
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Maria Alice e Paula Johas retrataram o drama humano que o Césio-157 deixou. |
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A edição que trazia a matéria das graves consequências do acidente, um ano depois. |
Com o fato à distância de 365 dias, Maria Alice e Paula Johas buscaram os dramas humanos e as histórias pessoais. O medo, os traumas silenciosos, cada uma das vítimas convivendo com sua própria dor, as falhas na contenção da radiação e o sofrimento daqueles que em um instante tiveram suas vidas mudadas para sempre.
Naquela edição, as repórteres da Manchete narraram em texto e fotos a tragédia do Césio-157 ainda viva e que, na velocidade do acontecimentos, o Brasil já tendia esquecer.
As vítimas, não.
Esporte mostra que racismo, fascismo, nazismo, direita radical, intolerância, opressão e preconceitos em geral não podem entrar em campo...
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Nazista pisa na bola: Borussia Dortmund condena direita radical. Reprodução You Tube |
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Atletas da NFL protestam contra Trump e assassinatos em série de jovens negros por policiais brancos. Reprodução You Tube |
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Coma bandeira da Catalunha, torcida do Barcelona na luta pela independência. Foto do Site do Barcelona |
Nos três países, atletas mostraram que não estão à margem das respectivas sociedades e dos fantasmas que as ameaçam.
O Borussia Dortmund lançou um vídeo para ilustrar a tese de que nazistas perebas não têm nada a ver com futebol.
E os jogadores da liga de futebol americano, a NFL, se ajoelham sempre que toca o hino nacional antes dos jogos.
Na Catalunha, além do apoio de vários jogadores do Barcelona, a luta pela independência tem o apoio da torcida, que embandeira os estádios
A sociedade e cada um dos seus segmentos não pode esperar que políticos se manifestem. E isso vale para o Brasil. Faz falta, por exemplo, um protesto efetivo dos nossos times - parar o jogo, por exemplo - enquanto a polícia não retirar do estádio e prender torcedores que gritam ofensas racistas contra atletas. E é preciso que torcedores que condenem o racismo se manifestem nessas ocasiões e isolem os preconceituosos.
VEJA O VÍDEO DO BORUSSIA DORTMUND, CLIQUE AQUI.
VEJA O VÍDEO DOS PROTESTOS NA NFL, CLIQUE AQUI
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
Lombroso está de volta...
O Brasil vive tempos de haters nas redes sociais e na mídia. Dizem por aí que é inevitável em épocas de rachas políticos e da internet como estilingue eletrônico de opiniões. Os Estados Unidos de Trump passam por um momento semelhante a esse Brasil de Temer. Briga de teclas no escuro.
Mas, às vezes, a galera pega pesado.
Há muito tempo não se ouvia falar em Cesare Lombroso. Artigo de Nelson Motta desencava hoje o autor do livro "O Homem Delinquente", obra que Mussolini lia, relia e levava até pro banheiro. Motta recorre à teoria do médico e criminalista italiano ao observar que um dos filhos do Lula "de cara, tem feições que fariam a alegria de Lombroso".
Para Lombroso, o sujeito já nascia com DNA, cara, barba, cabelo, bigode, impressões digitais e CPF de criminoso. Desde o berço, desde o teste do pezinho, esses sinais diferenciam os "delinquentes" das "pessoas normais", pregou o doutor italiano..
Lombroso listou, entre outras, algumas características dos vilões irremediáveis: orelhas de abano, nariz adunco, queixo protuberante, maxilar largo, maçãs do rosto proeminentes, barba rala, cabelos revoltos, caninos bem desenvolvidos, cabelos e olhos escuros, olhar esquivo e vidrado, preferência por tatuagens, vaidade, paixões exacerbadas etc.
Para o italiano, mulheres com voz grossa, verrugas, peitos pequenos demais ou grandes demais também eram "chaves-de-cadeia".
Bem mais da metade da população brasileira se encaixa nesse perfil de olhos pretos e cabelos pretos e embaraçados. "Prende que é encrenca", diria o velho Lombra.
E, não por acaso, as teorias lombrosianas já foram muito festejadas e exaltadas pela elite brasileira. Inspirado nelas, o Código Penal de 1940, do Estado Novo, relacionava a extensão da pena ao crime e à caracterização e "personalidade" do criminoso. Isso aí é Lombroso na veia. Ainda hoje, é concedido ao juiz analisar a "personalidade do agente", o que é uma abertura para a possibilidade de influências preconceituosas, religiosas, de classe, de raça etc a eventualmente contaminar sentenças.
Então já viu, né? Se Lombroso fosse ao Maracanã e encontrasse um torcedor do Flamengo ou de qualquer clube de massa na antiga geral, de "olhos e cabelos pretos", "cabelos revoltos" e "olhar vidrado" gritando gol em um momento de "paixão exacerbada" despachava o elemento para as masmorras.
Nem precisava estar envolvido na Lava Jato. "Tem cabelo preto, orelha de abano, tatuagem? Aos costumes, 'criminale'".
Mas, às vezes, a galera pega pesado.
Há muito tempo não se ouvia falar em Cesare Lombroso. Artigo de Nelson Motta desencava hoje o autor do livro "O Homem Delinquente", obra que Mussolini lia, relia e levava até pro banheiro. Motta recorre à teoria do médico e criminalista italiano ao observar que um dos filhos do Lula "de cara, tem feições que fariam a alegria de Lombroso".
Para Lombroso, o sujeito já nascia com DNA, cara, barba, cabelo, bigode, impressões digitais e CPF de criminoso. Desde o berço, desde o teste do pezinho, esses sinais diferenciam os "delinquentes" das "pessoas normais", pregou o doutor italiano..
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Reprodução de trecho do artigo "Sangue do meu Sangue" de Nelson Motta (O Globo, 29/9/2017) |
Para o italiano, mulheres com voz grossa, verrugas, peitos pequenos demais ou grandes demais também eram "chaves-de-cadeia".
Bem mais da metade da população brasileira se encaixa nesse perfil de olhos pretos e cabelos pretos e embaraçados. "Prende que é encrenca", diria o velho Lombra.
E, não por acaso, as teorias lombrosianas já foram muito festejadas e exaltadas pela elite brasileira. Inspirado nelas, o Código Penal de 1940, do Estado Novo, relacionava a extensão da pena ao crime e à caracterização e "personalidade" do criminoso. Isso aí é Lombroso na veia. Ainda hoje, é concedido ao juiz analisar a "personalidade do agente", o que é uma abertura para a possibilidade de influências preconceituosas, religiosas, de classe, de raça etc a eventualmente contaminar sentenças.
Então já viu, né? Se Lombroso fosse ao Maracanã e encontrasse um torcedor do Flamengo ou de qualquer clube de massa na antiga geral, de "olhos e cabelos pretos", "cabelos revoltos" e "olhar vidrado" gritando gol em um momento de "paixão exacerbada" despachava o elemento para as masmorras.
Nem precisava estar envolvido na Lava Jato. "Tem cabelo preto, orelha de abano, tatuagem? Aos costumes, 'criminale'".
Modelo e fotógrafo que foram presos no Egito por nudez em templo repetem a dose na Etiópia
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Marisa Papen no Egito, pouco antes de ser presa. Foto Jesse Walker |
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E na Etiópia. Foto Jesse Walker |
Abril planeja mais demissões. Dessa vez, a empresa pretende pagar verbas indenizatórias "na parcela"
A Árvore balança?
O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo tem se reunido com funcionários da Abril para discutir um possível voo do passaralho, mais um, nas redações da editora paulista.
Desse vez, as dispensas podem embutir um grave questão: com o caixa baixo, os patrões pretenderiam parcelar em até dez vezes o pagamento das verbas rescisórias.
Caso se confirmem, as demissões em um editora que já foi uma das maiores empregadoras do setor são mais uma péssima notícia em um mercado profissional em acelerada mudança.
O jornalismo não vai acabar, ao contrário, a tendência é que se torne cada vez mais importante, diversificado e aberto nos meios digitais, mas um cenário se confirma a cada crise nas grandes corporações de comunicação: os novos modelos oferecem um número significativamente menor de postos de trabalho.
O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo tem se reunido com funcionários da Abril para discutir um possível voo do passaralho, mais um, nas redações da editora paulista.
Desse vez, as dispensas podem embutir um grave questão: com o caixa baixo, os patrões pretenderiam parcelar em até dez vezes o pagamento das verbas rescisórias.
Caso se confirmem, as demissões em um editora que já foi uma das maiores empregadoras do setor são mais uma péssima notícia em um mercado profissional em acelerada mudança.
O jornalismo não vai acabar, ao contrário, a tendência é que se torne cada vez mais importante, diversificado e aberto nos meios digitais, mas um cenário se confirma a cada crise nas grandes corporações de comunicação: os novos modelos oferecem um número significativamente menor de postos de trabalho.
O "setor de inteligência" do Flamengo não combinou com os "russos"
por O.V.Pochê
É famosa a pergunta do Garrincha a Vicente Feola, técnico da seleção brasileira campeã na Suécia, em 1958. Na véspera do jogo contra a então União Soviética, Feola traçou no quadro-negro uma instrução, quase uma bula, para cadenciada troca de passes que, na imaginação do treinador, acabaria fatalmente em um gol do Brasil. Garrincha apenas mandou uma pergunta-drible: "Mas o senhor já combinou com os russos"?
O Muralha é execrado nas redes sociais desde ontem. É campeão em memes. Com raríssimas exceções, o ex-jogador Caio Ribeiro é uma dessas, o goleiro foi detonado por comentaristas haters na TV e nos jornais em contraste com o meia Diego que, embora tenha perdido um pênalti, escapou do linchamento.
Hoje, o Globo revela que Muralha pulou todas as vezes no canto direito do seu gol por ordens da diretoria.
O jornal informa que o "setor de inteligência" do Flamengo baixou o decreto após nerds e tecnocratas do clube analisarem em computadores as estatísticas de cobrança de pênaltis dos jogadores do Cruzeiro. Como se sabe, o Flamengo tem sua diretoria hoje formada por oriundos do mercado financeiro e aliados. Dizem que a turma não entende porra nenhuma de futebol mas botou as finanças em dia. Título que é bom, esse ano só o Carioca e, há saudosos quatro anos, uma Copa do Brasil.
Mas eu dizia que Muralha pagou o pato. E foi leal, não caguetou: deu entrevistas desde a derrota e não entregou os nerds que traçaram o plano "brilhante' no computador mas esqueceram de combinar com os "russos" do Cruzeiro.
Na véspera do jogo, o mesmo Globo publicou um infográfico de cobranças de pênaltis que também trazia o mapa da mina para derrotar o time mineiro. Hoje, Cruzeiro com a mão na taça, o infográfico também virou piada.
Dizem que a diretoria do Flamengo e o "setor nerd de inteligência" voltaram aos computadores: o objetivo agora é a Sul-Americana e uma das vagas do Brasileirão para a Libertadores.
Sob pressão da torcida, o departamento Flanerd estuda modelos matemáticos, simulações, Google, faz pesquisas no site de encontros Tinder, investigações na deep web e pede ajuda do Wikileaks para estudar todos os movimentos de cada um dos cerca de 180 jogadores adversários que o Flamengo enfrentará até a última rodada do Brasileirão, além dos jogos da Sul-Americana.
A NASA vai emprestar alguns supercomputadores.
ATUALIZAÇÃO
OLHA SÓ O QUE A DIRETORIA DO FLAMENGO COMEMORA. PRA ELES ISSO É MELHOR DO QUE UM TÍTULO? VIBRAM MAIS COM LIKES E EMOJIS DO QUE COM BOLA NA REDE.
EM RESPOSTA AO DIRETOR, ALGUMAS INVERTIDAS DOS TORCEDORES
É famosa a pergunta do Garrincha a Vicente Feola, técnico da seleção brasileira campeã na Suécia, em 1958. Na véspera do jogo contra a então União Soviética, Feola traçou no quadro-negro uma instrução, quase uma bula, para cadenciada troca de passes que, na imaginação do treinador, acabaria fatalmente em um gol do Brasil. Garrincha apenas mandou uma pergunta-drible: "Mas o senhor já combinou com os russos"?
O Muralha é execrado nas redes sociais desde ontem. É campeão em memes. Com raríssimas exceções, o ex-jogador Caio Ribeiro é uma dessas, o goleiro foi detonado por comentaristas haters na TV e nos jornais em contraste com o meia Diego que, embora tenha perdido um pênalti, escapou do linchamento.
Hoje, o Globo revela que Muralha pulou todas as vezes no canto direito do seu gol por ordens da diretoria.
O jornal informa que o "setor de inteligência" do Flamengo baixou o decreto após nerds e tecnocratas do clube analisarem em computadores as estatísticas de cobrança de pênaltis dos jogadores do Cruzeiro. Como se sabe, o Flamengo tem sua diretoria hoje formada por oriundos do mercado financeiro e aliados. Dizem que a turma não entende porra nenhuma de futebol mas botou as finanças em dia. Título que é bom, esse ano só o Carioca e, há saudosos quatro anos, uma Copa do Brasil.
Mas eu dizia que Muralha pagou o pato. E foi leal, não caguetou: deu entrevistas desde a derrota e não entregou os nerds que traçaram o plano "brilhante' no computador mas esqueceram de combinar com os "russos" do Cruzeiro.
Dizem que a diretoria do Flamengo e o "setor nerd de inteligência" voltaram aos computadores: o objetivo agora é a Sul-Americana e uma das vagas do Brasileirão para a Libertadores.
Sob pressão da torcida, o departamento Flanerd estuda modelos matemáticos, simulações, Google, faz pesquisas no site de encontros Tinder, investigações na deep web e pede ajuda do Wikileaks para estudar todos os movimentos de cada um dos cerca de 180 jogadores adversários que o Flamengo enfrentará até a última rodada do Brasileirão, além dos jogos da Sul-Americana.
A NASA vai emprestar alguns supercomputadores.
ATUALIZAÇÃO
OLHA SÓ O QUE A DIRETORIA DO FLAMENGO COMEMORA. PRA ELES ISSO É MELHOR DO QUE UM TÍTULO? VIBRAM MAIS COM LIKES E EMOJIS DO QUE COM BOLA NA REDE.
EM RESPOSTA AO DIRETOR, ALGUMAS INVERTIDAS DOS TORCEDORES
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Flamengo,
infográfico dos pênaltis,
injustiçado,
Murtalha,
nerds da diretoria do Flamengo^. Cruzeiro campeão,
O Globo,
setor de inteligncia do Flamengo
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
Calendário Pirelli 2018: Alice no País das Maravilhas em versão black
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Whoopi Goldberg posa de duquesa para o Calendário Pirelli 2018. Foto reproduzida do site 2018 Pirelli Calendar |
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Lupita Nyong, vencedora do Oscar, é fotografada para o Calendário Pirelli. Foto reproduzida do site 2018 Pirelli Calendar |
por Clara S. Britto
Você percebe que o ano está chegando ao fim quando começam a circular informações sobre o Calendário Pirelli. A peça é um evento fotográfico. E a nova versão, a de 2018, está apontando na curva. Foi fotografada por Tim Walker, e editada por Edward Enniful, da Vogue britânica. Reúne modelos, atores, atrizes músicos e humoristas. Todos negros. O tema Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. Entre as estrelas participantes estão: Naomi Campbell, RuPaul, Lupita Nyong e Whoopi Goldberg.
VEJA O VÍDEO DOS BASTIDORES DAS SESSÕES DE FOTOS, CLIQUE AQUI
Ensino religioso confessional em escola pública: maioria do STF manda a Constituição para o armário dos ex-votos
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Foto Rosinei Coutinho/SCO/STF |
O Estado é laico, segundo a Constituição, mas o crucifixo visto nessa foto não deixa dúvidas de que o STF não é de todos os brasileiros.
Na última quarta-feira, em decisão polêmica, o Supremo comprovou isso ao passar uma borracha nesse artigo da Carta que, aos poucos, se esvai e determinou que escolas públicas podem ter ensino religioso confessional. A Constituição assegura a liberdade religiosa, mas ao evitar a conjunção igreja-Estado confere ao tema um caráter privado, como deve ser o livre exercício da fé.
Com impressionante ingenuidade ou desconhecimento da realidade, no mínimo, o STF diz que estão vetadas quaisquer formas de proselitismo.
Coube à ministra Carmen Lúcia, que foi exaltada na grande mídia e celebrada por colunistas-tietes por supostamente levar ao tribunal um sopro de Século 21, dar o voto de minerva que jogou o Brasil mais um pouquinho no fosso do atraso e na ameaça do autoritarismo religioso.
Diz o STF que a matrícula é facultativa e ninguém é obrigado a fazer o curso de religião. Alguns ministros argumentaram que ao dispensar aulas de religião o aluno pode sofre bullying e constrangimento. Sem falar que ateus ou praticantes de religiões afro-brasileiras já sofrem preconceitos e até agressões nas salas de aula. A nova lei em nada vai melhorar tal quadro.
A intenção proselitista é um grande risco já que não se pode esperar muita didática dos "professores". Não é preciso formação acadêmica específica: padres, pastores, rabinos, babalorixás, espiritualistas etc, podem assumir o papel de "mestres" desde que façam concursos.
Votaram pelo ensino confessional cinco ministros: Edson Facchin, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandovski e Alexandre de Moraes.
Foram contrários à transformação da sala de aula em púlpito, outros cinco: Luiz Roberto Barroso, Rosa Weber, Marco Aurélio, Luis Fux e Celso de Mello.
Carmen Lúcia desempatou e optou pelo obscurantismo.
E o Brasil deu mais um importante passo político rumo a um futuro Estado teocrático.
Aos poucos, somando-se às leis municipais e estaduais das "bancadas" fundamentalistas, aos benefícios fiscais já em vigor e ao uso de verbas públicas sob o manto de "organizações sociais", a democracia se ajoelha.
Hugh Hefner, o criador da Playboy, morre aos 91 anos e vai ser enterrado ao lado da primeira coelhinha: Marilyn Monroe
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Luto no site oficial da Playboy Enterprises |
por Ed Sá
Hugh Hefner, o criador da Playboy, morreu aos 91 anos, na madrugada desta quinta-feira, na Califórnia.
Hefner e a Playboy se confundiam como marca e símbolo.
A primeira edição da revista foi publicada em 1953, quando o seu criador mal completara 27 anos.
Revistas de mulheres nuas já existiam desde o começo do século passado. Mas Hefner queria oferecer algo mais e, principalmente, tirar as revistas eróticas dos seus esconderijos sob colchões e levá-las para a mesinha das salas. O primeiro editorial da Playboy prometia sofisticação, cultura, inteligência e sensualidade: "Nós gostamos de misturar cocktails e hors d'oeuvre, colocar uma música no toca-discos e convidar uma mulher para uma conversa silenciosa sobre Picasso, Nietzsche, jazz, sexo".
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Foto reproduzida do site Playboy Enterprises |
Há quem diga que ele surgiu como a última trincheira do machismo, nos anos 50, antes da chegada dos anos 60, a década que lançou o feminismo e queimou sutiãs. Hefner foi perseguido por J. Edgar Hoover, o crossdresser puritano que personificava o FBI, e execrado pelas feministas. Atravessou esses furacões e, sete anos depois de lançada, a Playboy vendia 1 milhão de exemplares.
Nos anos 70, alcançou sete milhões. A revista masculina mais bem sucedida do mundo se expandiu depois em filmes, grifes, clubes e resorts.
Hefner venceu o moralismo e o feminismo, tirou a revolução sexual do círculo intelectual e a levou para as bancas de revista, mas não resistiu à Internet.
Em 2015, a Playboy americana vendia menos de 800 mil exemplares, deixou de publicar nus (orientação que foi revista recentemente), mantém portal digital, mas a antiga relevância perdeu-se para sempre.
A Playboy Enterprise, dirigida atualmente por Cooper Hefner, filho do fundador, permanece, a edição impressa deve sobreviver mais alguns anos, mas a mística da marca... essa foi embora com Hugh Hefner.
No Brasil, a Playboy foi editada pela Abril por 37 anos. Em 2015, a editora encerrou a publicação. A PBB Entertainment assumiu o título da versão nacional mas não teve fôlego para manter a edição mensal, que logo passou a bimestral.
O New York Times noticia que o criador da Playboy será enterrado no Westwood Memorial Park, em Los Angeles, a poucos metros do túmulo de Marilyn Monroe, que foi capa da edição número um da revista.
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