Luto no site oficial da Playboy Enterprises |
por Ed Sá
Hugh Hefner, o criador da Playboy, morreu aos 91 anos, na madrugada desta quinta-feira, na Califórnia.
Hefner e a Playboy se confundiam como marca e símbolo.
A primeira edição da revista foi publicada em 1953, quando o seu criador mal completara 27 anos.
Revistas de mulheres nuas já existiam desde o começo do século passado. Mas Hefner queria oferecer algo mais e, principalmente, tirar as revistas eróticas dos seus esconderijos sob colchões e levá-las para a mesinha das salas. O primeiro editorial da Playboy prometia sofisticação, cultura, inteligência e sensualidade: "Nós gostamos de misturar cocktails e hors d'oeuvre, colocar uma música no toca-discos e convidar uma mulher para uma conversa silenciosa sobre Picasso, Nietzsche, jazz, sexo".
Foto reproduzida do site Playboy Enterprises |
Há quem diga que ele surgiu como a última trincheira do machismo, nos anos 50, antes da chegada dos anos 60, a década que lançou o feminismo e queimou sutiãs. Hefner foi perseguido por J. Edgar Hoover, o crossdresser puritano que personificava o FBI, e execrado pelas feministas. Atravessou esses furacões e, sete anos depois de lançada, a Playboy vendia 1 milhão de exemplares.
Nos anos 70, alcançou sete milhões. A revista masculina mais bem sucedida do mundo se expandiu depois em filmes, grifes, clubes e resorts.
Hefner venceu o moralismo e o feminismo, tirou a revolução sexual do círculo intelectual e a levou para as bancas de revista, mas não resistiu à Internet.
Em 2015, a Playboy americana vendia menos de 800 mil exemplares, deixou de publicar nus (orientação que foi revista recentemente), mantém portal digital, mas a antiga relevância perdeu-se para sempre.
A Playboy Enterprise, dirigida atualmente por Cooper Hefner, filho do fundador, permanece, a edição impressa deve sobreviver mais alguns anos, mas a mística da marca... essa foi embora com Hugh Hefner.
No Brasil, a Playboy foi editada pela Abril por 37 anos. Em 2015, a editora encerrou a publicação. A PBB Entertainment assumiu o título da versão nacional mas não teve fôlego para manter a edição mensal, que logo passou a bimestral.
O New York Times noticia que o criador da Playboy será enterrado no Westwood Memorial Park, em Los Angeles, a poucos metros do túmulo de Marilyn Monroe, que foi capa da edição número um da revista.