Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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sexta-feira, 28 de junho de 2019
O voo do Aerococa, o crime do Sargento Mula e a imagem do Brasil virando pó
Quando a polícia espanhola flagrou os 39 kg de cocaína traficados por um militar no voo de um dos aviões presidenciais não sabia que o fato policial era ali um mero detalhe.
O que saiu da mala do sargento foi a nova imagem do Brasil onde organizações criminosas ganham status institucional e mostram que não apenas podem eleger políticos mas são capazes de ocupar espaços que deveriam ser tão reservados como um dos aviões oficiais a caminho de uma reunião do G20.
É improvável que o militar traficante agisse por conta própria, bancando a compra da cocaína e gerenciando a venda no exterior de um produto cotado, segundo a polícia espanhola, em mais de 1,3 milhões de euros ou mais de R$6 milhões. Uma cotação que pode subir ainda mais quando for aferido o grau de pureza da cocaína transportada pelo Aerococa, como as redes sociais e a mídia internacional apelidaram o jato da comitiva oficial.
A aparente ousadia do traficante foi tamanha que estaria prevista a sua volta ao Brasil no mesmo avião que traria Jair Bolsonaro. Nesse caso, o militar deveria vir com a mala cheia dos euros captados na sua missão criminosa.
Pablo Escobar, que planejou controlar o Congresso e a Presidência da Colômbia, em uma conspiração que não se consumou totalmente, jamais imaginou que um brasileiro poria finalmente em prática sua sonhada parceria público-privada.
O Sargento Mula não gastou sequer o preço da passagem aérea e ainda tinha salário e diárias pagas pelo governo. Em resumo, os contribuintes foram parceiros involuntários desse 'Narcos" à brasileira.
Normalmente, como mostram documentários do tipo reality show sobre o trabalho dos agentes em aeroportos espanhóis, a polícia oferece ao traficante detido, e isso logo no momento da detenção, a chance de reduzir a pena caso se disponha a colaborar. O Sargento Mula poderia, se quisesse, indicar seu contato para entrega da "mercadoria" ou apontar quem eventualmente o esperava no aeroporto de Sevilha ou em Osaka, caso a droga seguisse viagem no próximo voo da comitiva brasileira. Tudo indica que ele abriu mão dessa oportunidade.
sábado, 27 de abril de 2019
Mídia - a repercussão da entrevista de Lula, quem fez jornalismo e quem ficou emburrado e fingiu que não viu...
A hastag #FalaLula chegou aos trending topics mundiais do Twitter. Foi imediata a repercussão das entrevistas exclusivas que o presidente concedeu à Folha de São Paulo e ao El Pais.
Do ponto de vista da mídia brasileira, houve particularidades. O Jornal Nacional ignorou o maior acontecimento político do dia. O Globo de hoje, idem. O Estadão passou ao largo.
Pela transcendência do fato, que foi abordado pelas mídias internacionais, não vale o argumento de que o assunto era da concorrência. O Dia não escondeu. Alguns jornais regionais, como Estado de Minas e Correio do Povo registraram a entrevista nas primeiras páginas, discretos, mas registraram. O Globo preferiu destacar o caso da propaganda da Petrobras e uma matéria sobre os milhões de brasileiros que apenas ganham para sobreviver. O Estadão bateu o bumbo da reforma da Previdência e deu maior espaço para os patinetes elétricos da polícia paulistana. Não repercutiram, não criticaram, não elogiaram e sequer foram saber a opinião de Bolsonaro e do governo sobre o assunto. Apenas, simbolicamente, acomodaram os glúteos sobre a notícia. Esses veículos deliberadamente abriram mão do jornalismo. Se essa decisão editorial caipira fizesse algum sentido, os jornais americanos teriam ignorado o Caso Watergate, que resultou de uma investigação exclusiva do Washington Post.
Do ponto de vista da mídia brasileira, houve particularidades. O Jornal Nacional ignorou o maior acontecimento político do dia. O Globo de hoje, idem. O Estadão passou ao largo.
Pela transcendência do fato, que foi abordado pelas mídias internacionais, não vale o argumento de que o assunto era da concorrência. O Dia não escondeu. Alguns jornais regionais, como Estado de Minas e Correio do Povo registraram a entrevista nas primeiras páginas, discretos, mas registraram. O Globo preferiu destacar o caso da propaganda da Petrobras e uma matéria sobre os milhões de brasileiros que apenas ganham para sobreviver. O Estadão bateu o bumbo da reforma da Previdência e deu maior espaço para os patinetes elétricos da polícia paulistana. Não repercutiram, não criticaram, não elogiaram e sequer foram saber a opinião de Bolsonaro e do governo sobre o assunto. Apenas, simbolicamente, acomodaram os glúteos sobre a notícia. Esses veículos deliberadamente abriram mão do jornalismo. Se essa decisão editorial caipira fizesse algum sentido, os jornais americanos teriam ignorado o Caso Watergate, que resultou de uma investigação exclusiva do Washington Post.
sexta-feira, 10 de março de 2017
No dia em que o "presidente" Temer diz que mulher tem que ser do lar e do supermercado, a atriz Anne Hathaway discursa na ONU contra a divisão desigual de tarefas no ambiente doméstico
Anne Hathaway discursa na ONU. UN Photo/Rick Bajornas |
Como parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher, a atriz Anne Hathaway fez sua primeira aparição como Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres. Em discurso na sede da organização, na última quarta-feira, ela falou sobre a importância da licença trabalhista concedida tanto para mães quanto para pais de recém-nascidos. Hathaway também criticou a divisão desigual de tarefas no ambiente doméstico, que pode acabar sobrecarregando mulheres com uma forma de trabalho não remunerada.
Como se sabe, no Dia Internacional da Mulher, o "presidente" Michel Temer exaltou a função "doméstica" da mulher brasileira.
A imprensa internacional repercutiu a opinião medieval do "presidente" do Brasil.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
Barraco de Roberto Freire durante entrega do Prêmio Camões a Raduan Nassar repercute em Portugal.
O ministro sumirá da história e a obra do premiado fica, enquanto houver alguma forma de livro no planeta.
por Alexandra Lucas Coelho (para o Público, de Portugal)
1. A cerimónia de entrega do Prémio Camões, o maior da língua portuguesa, sexta-feira passada, em São Paulo, foi um retrato do que está em curso no Brasil, mas não só. Revelou a que ponto um ministro não distingue Estado e governo, confundindo-se a si mesmo com um prémio. E como querer separar cultura e política leva a uma política sem cultura.
2. O premiado desta edição era o brasileiro Raduan Nassar. A decisão, unânime, foi tomada em Maio de 2016 por um júri composto por críticos e escritores de vários países de língua portuguesa. O anúncio coincidiu com o início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas não era esse governo, ou um seu sucessor, que atribuía o prémio a Raduan Nassar, e sim um júri independente. Aos governos de Portugal e Brasil que na altura da entrega estivessem em funções competiria cumprir, em nome dos Estados, o compromisso que existe desde que o prémio foi instituído, assegurando o montante em dinheiro. Os premiados do Camões não são escolhas de nenhum governo. Qualquer confusão em relação a isto será um insulto à ideia do prémio, aos júris que já o atribuíram, a cada nome que o recebe, e a quem acredita na sua independência.
3. A obra de Raduan Nassar é daquelas que muda a língua e os leitores, e mantém-se tão breve quanto única. Foi publicada sobretudo nos anos 1960 e 1970, depois o autor largou a literatura, tornou-se fazendeiro, desapareceu do espaço público. Durante décadas esse silêncio tornou-se lendário. Mas em 2016, no início do impeachment, Raduan mandou a lenda às urtigas por achar que o impeachment era um golpe. Falou, foi a Brasília ter com Dilma, protestou na imprensa. Fez isso num Brasil dividido ao extremo, o que lhe valeu ser insultado aos 80 anos pelos que acima de tudo odiavam Lula, Dilma e o PT. Não se tratava apenas de discordar de Raduan, mas de o diminuir como anacrónico. Ele, que ao fim de décadas voltara para fazer o mais difícil, aparecer. E como teria sido tentador continuar fora da mortal turba humana. Mas Raduan deixou o olimpo para os livros e arregaçou as mangas.
4. O governo que ocupou o poder pós-impeachment já vai na sua segunda tentativa de ministro da Cultura. Seja por isso, seja porque Michel Temer & Cia receavam o que Raduan pudesse dizer, a entrega do Prémio Camões só aconteceu agora. Dado que Raduan quebrara várias vezes o silêncio em 2016 era de prever que aproveitasse para um discurso político. E foi o que aconteceu. Um breve discurso contundente em relação ao actual governo brasileiro, e ao sistema que o favorece. Depois de um par de frases para o outro lado do Atlântico (“Estive em Portugal em 1976, fascinado pelo país, resplandecente desde a Revolução dos Cravos no ano anterior. Além de amigos portugueses, fui sempre carinhosamente acolhido”), Raduan estabeleceu o contraponto com o Brasil de 2017: “Vivemos tempos sombrios, muito sombrios”. Deu exemplos de invasões em sedes do PT e em escolas de vários estados; de prisões de membros dos movimentos sociais, de “violência contra a oposição democrática ao manifestar-se na rua”, da responsabilidade governamental nas “tragédias nos presídios de Manaus e Roraima”, de um “governo repressor”: “contra o trabalhador, contra aposentadorias criteriosas, contra universidades federais de ensino gratuito, contra a diplomacia ativa e altiva”. Um “governo atrelado, por sinal, ao neoliberalismo com sua escandalosa concentração da riqueza”, “amparado pelo Ministério Público e, de resto, pelo Supremo Tribunal Federal”. Um Supremo coerente “com seu passado à época do regime militar”, que “propiciou a reversão da nossa democracia: não impediu que Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados e réu na Corte, instaurasse o processo de impeachment de Dilma Rousseff.” Aqui Raduan concluiu: “Íntegra, eleita pelo voto popular, Dilma foi afastada definitivamente no Senado. O golpe estava consumado. Não há como ficar calado.”
5. A plateia, em pé, aplaudiu. Os três anfitriões da cerimónia permaneceram quietos: embaixador de Portugal, Jorge Cabral, directora da Biblioteca Nacional, Helena Severo, e ministro brasileiro da Cultura, Roberto Freire, que então se levantou para ir ao púlpito. Com Raduan já sentado, Freire decidiu responder-lhe de improviso, numa longa intervenção gesticulante, que foi subindo de tom. “Lamentavelmente, o Brasil de hoje assiste perplexo a algumas pessoas da nossa geração, que têm o privilégio de dar exemplos e que viveram um efetivo golpe nos anos 60 do século passado, e que dão o inverso”, disse. “Que os jovens façam isso já seria preocupante, mas não causaria esta perplexidade”. Quando falou no “momento democrático que o Brasil vive” ouviram-se as primeiras gargalhadas e vaias da plateia. A partir daí foi uma escalada, com o ministro a levantar a voz para se impôr ao bruá, martelando palavras. Este prémio, afirmou, “é dado pelo governo democrático brasileiro e não foi rejeitado”. Adiante insistiu: “É um adversário recebendo um prémio de um governo que ele considera ilegítimo, mas não é ilegítimo para o prémio que ele recebeu.” Ou: “Quem dá prémios a adversário político não é a ditadura.” Ou: “É fácil fazer protesto em momentos de governo democrático como o actual.” Ignorou quando alguém da plateia o alertou para o óbvio: “Hoje é dia do Raduan!” Quando alguém pediu “Respeito a Raduan!”, devolveu: “Ele desrespeitou todos nós!” Respondeu sarcasticamente a autores na plateia. A dada altura, o professor da USP Augusto Massi disse: “Acho que você não está à altura do evento.” Massi disse à “Folha de S. Paulo” que Freire lhe chamou idiota depois, na saída. À “Folha, Freire disse que fizera aquele discurso dada a “deselegância” de Raduan: “Se ele viesse dizer que não aceitava o prémio, a crítica que ele fez até podia ser justa.” Mais tarde declarou: “Quem assinou, convidou e pagou o prémio foi este governo.” E ainda: “Tinha tantos que não foram ali para aplaudir um escritor, foram para [me] agredir, acho que até fui brando.”
6. Ou seja, para o ministro a) este prémio é dado por este governo b) quem critica este governo dá mau exemplo c) jovens críticos já é mau mas velhos ainda é pior d) se Raduan queria criticar não aceitava o prémio e) quem vaiara o ministro tinha vindo não por Raduan mas para o agredir a ele, ministro. E com tudo isto o ministro suplantou as críticas de Raduan na repercussão mediática. Em suma, não é de espantar que o megalómano ministro venha a dizer: o prémio, fui eu.
7. Claro que o ministro sumirá da história e a obra do premiado fica, enquanto houver alguma forma de livro no planeta. Para os livros de Raduan Nassar é indiferente o que passou na sexta. Mas a nós, contemporâneos, importa, sim, que um membro do poder político abuse do cargo, confundindo, distorcendo e agredindo um criador como Raduan, protagonista único da cerimónia, que lhe devia merecer, no mínimo, silêncio. Não cabe ao ministro aprovar ou reprovar o discurso do premiado, não lhe cabe responder. Tal como não é preciso alguém estar de acordo com Raduan politicamente para entender como foi absurdo o que se passou. O prémio não é deste governo, é patrocinado por dois Estados, e atribuído por um júri. A sua aceitação nunca deverá implicar um discurso bem-agradecido. Um ministro da Cultura que veja os criadores como estando ao serviço não entendeu nada. Idem para quem sugere que se pode tirar a política da cultura, e vice-versa. De resto, o que o actual governo brasileiro está a fazer na Cultura é um desmonte do muito que veio sendo construído. Se há áreas em que os anos de Lula deram frutos fortes, a Cultura é certamente uma delas.
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terça-feira, 13 de dezembro de 2016
Leda Nagle e Laerte Rímoli, que demitiu a jornalista da TV Brasil, trocam acusações em rede social...
O site do jornalista Sidney Rezende revela mais um capítulo da demissão da apresentadora Leda Nagle, da TV Brasil.
(do SRzd)
A demissão da apresentadora do programa “Sem Censura”, da TV Brasil, Leda Nagle, trouxe consequências desastrosas à gestão do presidente da EBC – Empresa Brasil de Comunicação, Laerte Rímoli. Em meio a uma crise política sem precedentes que coloca o presidente Michel Temer como acusado de receber propina de R$ 10 milhões, a forma como Rímoli está conduzindo a EBC está preocupando a área de Comunicação do Palácio do Planalto, que também foi criticada neste fim de semana por Temer. O presidente da República está visivelmente insatisfeito e já externou isso ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
A situação se deteriorou ainda mais quando a EBC tornou público, através da coluna Radar, da “Veja”, os ganhos de Leda Nagle e equipe para produzir o “Sem Censura”. A apresentadora contesta o valor e apresenta depósito com cifra mais baixa.
Reprodução Radar on Line |
A resposta de Leda Nagle na sua rede social dirigida à coluna foi contundente:
“Veja como o Laerte mente. A nota fiscal de outubro de 2016 foi de R$ 86.495.97. Veja o depósito da EBC na Conta Leda Nagle: 23/11/2016 TED-TRANSF ELET DISPON
REMET.EMPRESA BRASIL DE CO 6805040 78.322,11 e ainda faltam descontar os 5% de ISS.
Radar on Line você publicaria a nota fiscal? A nota fiscal do novo contrato seria de R$ 93.064.64, lembrando que diminuidos os impostos a Leda Nagle Produções contrata 4 pessoas dentro deste salário. Ou o Laerte não sabe fazer conta ou nem sabe o que acontece na EBC. Pronto. Agora tudo escancarado. Bora lá ver quem fala a verdade. Considerando que faço um programa de uma hora e meia ao vivo todo dia que ainda é reprisado à noite. Ele paga isto por três horas diarias de produção…. não existe programa mais barato na televisão brasileira. Olha o depósito da EBC: R$ 78.322.11. Dia 23/11/2016.
Laerte Rímoli também se pronunciou através da sua rede social:
“O SHOW DA LEDA NAGLE:
Na quarta-feira, 07/12, as 11:30, na sala da presidência da EBC, no Rio de Janeiro, comunicamos à jornalista Leda Nagle que a empresa não poderia manter, em 2017, o contrato dela, da forma como estava. R$ 1,3 milhão ao ano, com o uso de estúdios e 4 produtores da empresa, na rubrica investimento, por tratar-se de co-produção. Nos meses de janeiro e fevereiro, os programas eram gravados e a profissional desfrutava de 60 dias de folga. Simples relato, já que o contrato vigente permitia essa lassidão. Os dados estão disponíveis pela lei de acesso à informação. Neste ano de 2017, uma novidade: Leda recebeu um generoso convite de um amigo (relato dela) e ficaria mais 2 semanas fora, em março, para conhecer Dubai. Presentes à reunião, o Superintendente da Tv Brasil, jornalista Caíque Novis, a Diretora de Produção, jornalista Cida Fontes e o assessor jurídico da EBC, Marcelo Nascimento. Ela entrou na sala, perguntou quem era o Caíque e disparou: o programa está ótimo, não precisa de mudanças. Quando eu disse o contrário, o mundo desabou. Você está me demitindo, gritou, furiosa. Cida tentou argumentar: seria uma prorrogação de 2 meses, até 5 de janeiro e um novo contrato, semelhante ao que temos com a jornalista Roseann Kennedy, seria discutido pelas partes. Aí Leda foi a Leda que todos conhecemos: “Não sou Roseann Kennedy, tenho 40 anos de profissão. Você sempre quis me demitir, Cida Fontes, não entende nada de televisão. Não vou brigar com você, Laerte, que é meu amigo (imagina se não fosse). Os concursados da EBC são incompetentes, desinformados, não gostam de trabalhar”. Levantou-se, parou em pose dramática na porta da sala e pespegou: “vou tornar isso público”. (...)
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO SITE SRzd. CLIQUE AQUI
ATUALIZAÇÃO: O EX-PRESIDENTE DA EBC, RICARDO MELO, SE SENTIU OFENDIDO POR LAERTE RÍMOLI E TAMBÉM RESPONDEU ATRAVÉS DO SRzd. CLIQUE AQUI
sábado, 5 de março de 2016
Ricardo Kotscho escreve sobre o pronunciamento de Lula após o ex-presidente ser solto pela PF
por Ricardo Kotscho (do Balaio do Kotscho)
Aos 44 minutos do segundo tempo, com seu time todo na defesa, quando parecia que o jogo estava decidido a favor dos adversários, o velho Lula foi ao ataque sozinho e mudou tudo de novo.
Quando saí para almoçar, a Lava Jato estava ganhando de goleada em todos os noticiários e comentários nos portais e nas TVs, que acompanhei desde cedo, ao ser acordado pela minha filha Mariana.
Volto duas horas depois, e o jogo já era outro. Aconteceram dois fatos novos e inesperados: Lula falou e, para minha surpresa, as emissoras de televisão transmitiram seu discurso ao vivo. Até antagonistas ferozes do PT vieram me contar que ficaram impressionados com seu discurso.
De fato, fui ver na internet, e o ex-presidente me lembrou seus melhores momentos no estádio de Vila Euclides, quando falava só para metalúrgicos em greve e se tornou, em pouco tempo, uma liderança política nacional, na passagem dos anos 70 para os 80 do século passado. Ali nasceria o PT. Eu estava lá.
Após quatro horas de depoimento numa sala do aeroporto de Congonhas, para onde fora levado pela Polícia Federal, sob "condução coercitiva", por ordem do juiz Sergio Moro, em vez de voltar para casa Lula foi para a sede nacional do PT, no centro velho de São Paulo, junto á praça da Sé, onde deu a sua resposta na linguagem crua que todos os brasileiros conhecem:
"Embora tenham me magoado, e eu tenha me sentido ofendido, ultrajado, apesar do tratamento cortês do delegado da Polícia Federal, queria dizer, se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo e a jararaca está viva."
Lula bateu duro na imprensa e no Ministério Público Federal. "Hoje, a primeira coisa que você faz é determinar quem é o criminoso e depois vai criar os crimes que ele cometeu. Eu, sinceramente, já passei por muitas coisas na vida, não sou de guardar mágoas, mas nosso País não pode continuar amedrontado. Não pode ver um juiz que ganhou premio da rede Globo, da revista Veja, e depois ter que prestar contas(...). É lamentável que uma parcela do MP esteja trabalhando em associação com a imprensa".
Nem o PT escapou da sua indignação. "O que aconteceu hoje era o que precisava para o PT levantar a cabeça. Todo santo dia alguém faz o PT sangrar. A partir da semana que vem, quem quiser um discursinho do Lula, é só acertar a passagem de avião que eu estou disposto a viajar por esse País. Não é possível ver um País como o nosso sendo palco de um espetáculo midiático".
Em seu velho estilo palanqueiro, Lula ironizou as investigações que estão sendo feitas e denunciadas pela imprensa sobre dois pedalinhos de seus netos que foram encontrados no agora famoso sítio de Atibaia, um dos alvos da Lava Jato. "Se eles estão preocupados com os pedalinhos que a Marisa comprou por dois mil reais para os netos, eu gostaria de dizer que, se pudesse, dava um iate para ela. Eu quero saber quem vai me dar o apartamento, se é a Globo ou o Ministério Público. A Globo bem que poderia me oferecer um triplex em Paraty".
Ao chegar de volta à sua casa em São Bernardo do Campo, agora no final da tarde, Lula sentiu a mudança do vento: em lugar de conflitos entre manifestantes, como aconteceu de manhã, encontrou uma festa à sua espera, com a pequena multidão cantando "olê, olê, olá, Luuuula, Luuuuula", o refrão do jingle da sua primeira campanha presidencial, em 1989. Entre o passado e o presente, o nosso futuro balança, ao sabor dos ventos.
E vamos que vamos.
Acesse o Balaio do Kotsho, clique AQUI
Aos 44 minutos do segundo tempo, com seu time todo na defesa, quando parecia que o jogo estava decidido a favor dos adversários, o velho Lula foi ao ataque sozinho e mudou tudo de novo.
Quando saí para almoçar, a Lava Jato estava ganhando de goleada em todos os noticiários e comentários nos portais e nas TVs, que acompanhei desde cedo, ao ser acordado pela minha filha Mariana.
Volto duas horas depois, e o jogo já era outro. Aconteceram dois fatos novos e inesperados: Lula falou e, para minha surpresa, as emissoras de televisão transmitiram seu discurso ao vivo. Até antagonistas ferozes do PT vieram me contar que ficaram impressionados com seu discurso.
De fato, fui ver na internet, e o ex-presidente me lembrou seus melhores momentos no estádio de Vila Euclides, quando falava só para metalúrgicos em greve e se tornou, em pouco tempo, uma liderança política nacional, na passagem dos anos 70 para os 80 do século passado. Ali nasceria o PT. Eu estava lá.
Após quatro horas de depoimento numa sala do aeroporto de Congonhas, para onde fora levado pela Polícia Federal, sob "condução coercitiva", por ordem do juiz Sergio Moro, em vez de voltar para casa Lula foi para a sede nacional do PT, no centro velho de São Paulo, junto á praça da Sé, onde deu a sua resposta na linguagem crua que todos os brasileiros conhecem:
"Embora tenham me magoado, e eu tenha me sentido ofendido, ultrajado, apesar do tratamento cortês do delegado da Polícia Federal, queria dizer, se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo e a jararaca está viva."
Lula bateu duro na imprensa e no Ministério Público Federal. "Hoje, a primeira coisa que você faz é determinar quem é o criminoso e depois vai criar os crimes que ele cometeu. Eu, sinceramente, já passei por muitas coisas na vida, não sou de guardar mágoas, mas nosso País não pode continuar amedrontado. Não pode ver um juiz que ganhou premio da rede Globo, da revista Veja, e depois ter que prestar contas(...). É lamentável que uma parcela do MP esteja trabalhando em associação com a imprensa".
Nem o PT escapou da sua indignação. "O que aconteceu hoje era o que precisava para o PT levantar a cabeça. Todo santo dia alguém faz o PT sangrar. A partir da semana que vem, quem quiser um discursinho do Lula, é só acertar a passagem de avião que eu estou disposto a viajar por esse País. Não é possível ver um País como o nosso sendo palco de um espetáculo midiático".
Em seu velho estilo palanqueiro, Lula ironizou as investigações que estão sendo feitas e denunciadas pela imprensa sobre dois pedalinhos de seus netos que foram encontrados no agora famoso sítio de Atibaia, um dos alvos da Lava Jato. "Se eles estão preocupados com os pedalinhos que a Marisa comprou por dois mil reais para os netos, eu gostaria de dizer que, se pudesse, dava um iate para ela. Eu quero saber quem vai me dar o apartamento, se é a Globo ou o Ministério Público. A Globo bem que poderia me oferecer um triplex em Paraty".
Ao chegar de volta à sua casa em São Bernardo do Campo, agora no final da tarde, Lula sentiu a mudança do vento: em lugar de conflitos entre manifestantes, como aconteceu de manhã, encontrou uma festa à sua espera, com a pequena multidão cantando "olê, olê, olá, Luuuula, Luuuuula", o refrão do jingle da sua primeira campanha presidencial, em 1989. Entre o passado e o presente, o nosso futuro balança, ao sabor dos ventos.
E vamos que vamos.
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sábado, 14 de junho de 2014
Dois dias depois, caiu a ficha...
Reproduções Globo e Estadão |
E ainda há quem diga que mídia social não tem força. No dia seguinte ao episódio do Itaquerão, no qual parte torcida, a partir da área vip da elite branca paulista, mandou Dilma "tomar no cu" (é importante registrar a expressão real), a repercussão foi festiva na mídia e nos comentários divulgados por opositores da presidente. Houve até uma declaração mais enfática, de Paulinho da Força, do Solidariedade e da coligação que apoia um dos pré-candidatos à presidência, que literalmente falou, segundo o Estadão, que "o povo mandou ela para o lugar onde ela tem que tinha que mandar".
Ontem, editores e marqueteiros constaram, surpresos, que no Facebook, no twitter, nos blogs e no Instagram, a maioria dos comentários condenava o xingamento, embora encarasse a vaia como um fato normal a que políticos estão sujeitos em atos públicos.Alertados, mudaram o tom. Hoje, muitos veículos estampam uma condenação ao xingamento. A reação da presidente, que não se recusou a comentar o assunto, virou o jogo junto à opinião pública não controlada. E em pelo menos duas aparições públicas em seguida às vaias, em locais sem "área vip", Dilma foi aplaudida demoradamente em desagravo. Alertados por assessorias de campanhas políticos refizeram rapidamente suas impressões, divulgaram notas, falaram que não era bem assim...
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