O belo cenário de Paquetá. |
A tranquila Praia dos Tamoios. |
O canhão que saudava D. João VI em suas visitas à ilha. |
A "Árvore Maria Gorda", um secular baobá. |
Carros não circulam em Paquetá (apenas veículos oficiais de serviço) e quase todas as vias e ruas são de terra. |
Barco à venda. Alguém se habilita? |
A casa acima pertenceu a João Silva, ex-presidente do lendário e glorioso Vasco da Gama |
por Gonça
Paquetá é bem ali, a 50 minutos de catamarã, saindo da Praça XV, no Centro do Rio. Talvez muitos cariocas e turistas desconheçam que a ilha está razoavelmente bem preparada para receber visitantes. Área de Proteção do Ambiente Cultural (Apac), bem sinalizada, e com placas que identificam e pedem que não se danifique velhas árvores - como o quatrocentão baobá ("Árvore Maria Gorda") da Praia dos Tamoios - Paquetá oferece serviço de guias (se o distinto visitante assim o desejar, há bicicletas comuns e elétricas para quem quiser dar uma volta completa em torno da ilha, além de "trenzinhos", quadriciclos e charretes), parques e a Casa de Artes, que abriga a Orquestra Jovem e tem uma intensa programação de eventos e oficinas culturais. A ilha é segura. E os moradores locais têm orgulho de dizer isso. Segundo um deles, que tem uma barraquinha com cerveja gelada na orla, "até os ladrões do Rio de Janeiro dão um tempo e não roubam quando chegam aqui". E, mais um detalhe: os guias, camelôs ou operadores de quadriciclos e de charretes não parecem do tipo insistentes: oferecem o serviço gentilmente e não "grudam" no visitante, deixam-no à vontade. Os moradores locais são geralmente bem receptivos.
Paquetá mantém centenas de casas - algumas que foram sedes de fazendas - preservadas e tombadas. Passear pelas ruas de terra, sem pressa, observar os casarões, ver ruínas de dependências de antigas fazendas, equivale a uma pequena caminhada na história. Ano que vem, o Rio comemora 450 anos de fundação. Um ano depois, em 2016, Paquetá, festejará nada menos do que 460 anos de descobrimento (pelo cartógrafo de Villegaignon, André Thevet). Já foi tranquilo refúgio do nobres e recebia, com frequência, D. João VI e sua corte. O Solar do Rei, que o hospedava, é uma das atrações locais. A ilha ganhou fama como o cenário do romance "A Moreninha!, de Joaquim Manoel de Macedo, publicado no século XIX, mas foi, também, campo de batalhas, como o principal reduto de resistência dos franceses à expedição de Estácio de Sá. E foi lá que ocorreu o confronto que decidiu a guerra a favor dos portugueses. Em 1893, tornou-se, novamente, zona conflagrada. Durante a Revolta da Armada, movimento da Marinha de Guerra contra Floriano Peixoto, foi base das operações dos insurgentes. O conflito foi sangrento e resultou em muitas baixas.
Paquetá é formalmente, desde a fusão do estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, 1975, a XXI Região Administrativa da cidade. Nada menos do que um bairro carioca.
4 comentários:
Paquetá será sempre uma descoberta para quem a visita pela primeira vez. Intocável pela modernidade devido à estar situada numa ilha na Baia de Guanabara que só é ligada por uma linha de barcas que a vem servindo há algumas centenas de anos.
Muitos moradores da ilha trabalham no Rio ou em Niterói e nunca passa por suas cabeças a idéia de deixar a ilha. Continuam no seu cotidiano complicado e demorado de viajar em barcas velhas e lentas mas deixar a ilha jamais.
Estou feliz porque um cearense tradicional descobriu essa ilha encantada plantada numa baia poluida e de águas sujas e mal cheirosas como um verdadeiro milagre ter sobrevivido a todas essas sujeiras e indignidades da vida moderna de um Rio de Janeiro transformado hoje em um verdadeiro canteiro de obras que não acabará nunca mais de ficar pronto.
Gonça, excelente matéria, belas fotos! Paquetá me faz lembrar da minha infância, quando ia com minha mãe e irmãs, passar algumas horas inesquecíveis neste paraíso. Naquela época, as praias não eram tão limpas, duas horas de barca, mas nós adorávamos! Em um fim-de-semana, quando voltávamos, a barca bateu num banco de areia e adernou. Todos passageiros eram orientados pelos marinheiros a correr de um lado para outro, para equilibrar a embarcação e não deixá-la afundar. Se houvesse a TV Globo, naquela época, o comandante daria entrevista no Fantástico e seria considerado Herói Nacional!. Informado do incidente, meu pai, que trabalhava no DIÁRIO DA NOITE, nos aguardava na praça 15, pálido, mas feliz pelo desfecho. Depois, voltamos várias vezes a Paquetá, nosso passeio preferido. Coisas simples daquele tempo que não volta mais.
Já conhecia Paquetá, J.A. Barros. Mas foi uma boa surpresa voltar lá. Apenas, por uma questão de justiça, no caso, a barca não era velha, era um catamarã com bom ar condicionado, aliás.
Essa árvore seca na praia dos Tamoios não escparia aos pincéis de Van Ghot.
Postar um comentário