sexta-feira, 17 de julho de 2009

Exclusivo: o jornalista Roberto Muggiati é flagrado ao lado de Billie Holiday no Telezoom, Leblon



Essa as revistas de celebridades perderam. Billie Holiday foi vista ontem à noite no Leblon. Mais precisamente, no Espaço Telezoom, na rua Dias Ferreira. A cena chamou a atenção de cerca de 50 pessoas. E causou muita supresa. Imaginava-se que a cantora tivesse falecido no Hospital Metropolitano de Nova York, na manhã de 17 de julho de 1959, há exatos 50 anos. Mas foi Billie Holiday, em som e alma, que chegou ao Telezoom por volta das oito horas da noite, levada pelo jornalista, escritor e músico Roberto Muggiati, com quem tem um visível caso de amor - os amigos dizem que é paixão bem resolvida - há décadas. Billie quase não falou, preferiu cantar. Muggiati foi seu competente porta-voz. Leblon é território de paparazzi, mas a única fotógrafa a registrar essa noite de blues e do jazz foi Jussara Razzé. O Panis pagou caro pela exclusividade, mas valeu o investimento. Veja as fotos. E Jussara ainda cedeu à TV Panis, que pode ser acessada no campo à direita, um clipe emocionante que registra a noite em que Billie Holiday reinou no bairro que já foi do Cazuza.
Durante duas horas, Muggiati falou sobre a vida e carreira da amiga, seus dramas, suas fraquezas, sua incomparável voz. "Não diria que Billie é a maior cantora do mundo. Não sei bem o que significa ser a maior. Diria que ela é única", situou o jornalista, com maior precisão. Billie, ao lado, nada comentava, apenas, para deleite da plateia, ilustrava a palestra do amigo com algumas das canções que ele citava. E emocionou. Como quando soltou a voz em Lover Man, balada escrita para ela sobre uma mulher que não conheceu o amor. Muggiati falava sobre os amigos da cantora, enquanto Valéria Martins jogava no telão trechos de filmes e raras gravações de show. Em um dos filmes, de 1947, Billie aparece ao lado de Louis Armstrong. A platéia viu em Muggiati uma ponta de ciúme quando ele chamou a atenção sobre olhares nada musicais, mas de admiração e cobiça, que Armstrong dirigia à cantora. Um amigo jornalista, cansado do chavão "imperdível" para definir espetáculo idem, passou a adotar nos seus textos o adjetivo inexplicável, que considerava vários degraus acima do reles imperdível. Pois a presença da Billie Holiday no Telezoom foi inexplicável. Os jornais de hoje devem estar falando dos tais 50 anos da morte de Billie. Esqueçam. Perguntem a Renato Sérgio, Lenira Alcure, João Luiz Albuquerque, Maria Alice Mariano, Dalce Maria, Ana Lúcia Bizinover, Ana Beatriz, Jussara Razzé, Regina Lins e Silva, Valéria Martins...
Billie vive, eles viram.

9 comentários:

Maria Alice disse...

Com certeza gonça, Billie Holiday esteve ontem no Espaço Telezoom, graças ao nosso amigo Roberto Muggiati, que com sua sensibilidade (de escritor, jornalista e músico) emocionou a platéia ao falar da vida da cantora. A turma do panis espera que essa palestra, seja o início de uma futura turnê de cantores trazidas Muggiati. Parabéns! Valeu!

Maria Alice disse...

Voltei para parabenizar também, as belíssimas fotos da minha amiga Jussara Razzé, acho que os parazzis do Rio estão se rasgando de inveja, rs.

Isabela disse...

vi o vídeo aí ao lado, Billie maravilhosa

Valéria Martins disse...

Hahaha!!! Maravilhoso!... Obrigada pela presença, pela companhia e o papo na Pizzaria Guanabara. Beijos em todos.

valzinha disse...

Não sabia que eram os 50 anos da morte de Billie Holiday, pra mim, ela e Ella Fitzgerald são as maiores cantoras de todos os tempos, gosto muito também Janis Joplin, cantora maravilhosa, que também teve um fim trágico

Eliane Furtado disse...

Maravilhoso. Alicinha como vc não me chamou? Perdi. E a pizza do Guanabara tb. Não vale.
Parabéns ao mestre Muggiati e fotografa Ju, Belíssima também como suas fotos.
Alice, por favor amada, me chame no próximo bafão.

Renato Sérgio disse...

Apesar daquela incrível escada-em-caracol, gostei do lugar. Como não estava na fila do gargarejo, perdi alguns comentários sussurrados do Muggiati, mas gostei do que pude ouvir. Gostei de ver Gerry Mulligan na dita flor da idade, único branquelo -e louro!- em harmônica convivência musical nada segregacionista com vários afrodescendentes, numa época em que Obama ainda estava a léguas de distância de uma Casa que o próprio nome dedurava: Branca. Gostei de algumas (prováveis) feministas não-engajadas presentes, diante de tantas vezes Billie repetir as palavras "my man" em tantas canções, não jogarem seus sutiãs pela sacada afora sobre a Rua Dias Ferreira. É. Na verdade, gostei de tudo. Só não gostei de ele ter deixado de entrar em detalhes específicos sobre o significado de 'Strange Fruit'. Ou será, meu Deus, que ele falou e eu não ouvi?

Muggiati disse...

Mando em anexo um trecho do perfil da Billie no meu livro Improvisando Soluções que esclarece do que se trata.
Aliás, este livro esta me levando a muitos lugares: eu o lancei em setembro no Festival de Jazz de Ouro Preto; em outubro, no Rio; em dezembro, em Curitiba; agora vou lançar em Florianópolis (flyer anexo) e depois no IV Penedo Winter Jazz.Assim que tiver mais tempo, entro de sola no blog (com direito a madrugadas e muito pão com ovo....)
Segue o trecho:
Muito antes de se falar em “canção de protesto”, Billie compôs um tema em que resumia toda a sua indignação diante das injustiças sociais e, particularmente, diante do racismo. Foi Strange Fruit, baseada num poema do militante esquerdista Abel Meeropol, que escrevia sob o pseudônimo de Lewis Allen. O “estranho fruto” que pende de uma árvore na paisagem do “galante Sul” dos Estados Unidos, é nada menos do que o corpo de um negro linchado e enforcado. Diz a letra: “Southern trees bear a strange fruit, blood on the leaves and blood at the roots, black bodies swinging in the Southern breeze, strange fruit hanging from the poplar trees.” (Árvores do Sul carregam estranhos frutos, sangue nas folhas e sangue nas raízes, corpos negros balançando na brisa sulista, estranhos frutos pendendo do álamo.” Em 1939, quando foi gravada e apresentada no Café Society, o cabaré de sucesso da época, a canção chocou. Com seu tom dramático, era um grito de desespero diante da injustiça e violência do mundo dos homens; não surpreende que tenha abalado as platéias bem comportadas, sido vetada pela Columbia, proibida pela maioria das rádios e gravada por um pequeno selo independente, o Commodore.

figbatera disse...

O Muggiati sabe tudo...
Parabéns à Valéria Martins pelo importante evento.
Que venham mais do gênero.