quinta-feira, 24 de março de 2022

Estadão copia e cola matérias do site Grande Prêmio. Foram 47 "chupadas" sem chiclete durante dois meses e meio

 


A MATÉRIA ESTÁ NO PORTAL DOS JORNALISTAS, QUE VOCÊ
 PODE ACESSAR NESTE LINK
 https://www.portaldosjornalistas.com.br/grande-premio-acusa-estadao-de-plagio-de-47-textos/

A Frase do Dia conta como Jesus expulsou os vendilhões do Ministério da Educação, digo, do templo

 

Na obra clássica de  Doménikos Theotokópoulos, El Greco, Jesus enquadra os corruptos do templo


(Mateus 21:12)

"Tendo Jesus entrado no pátio do templo, expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo; também tombou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos comerciantes de pombas. 13 E repreendeu-os: “Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; vós, ao contrário, estais fazendo dela um ‘covil de salteadores’”.


Orando por um jabaculê

 

Do Globo de hoje

Ministério da Educação é o maior garimpo do Brasil

 


quarta-feira, 23 de março de 2022

Neste outono carioca você pode flanar com Monet à beira d'água





Que tal uma pequena caminhada diante das cores e traços de Claude Monet? Não é preciso ir a Giverny. Basta pegar o VLT e desembarcar no escurinho de uma instalação hi tech na Av.Venezuela , 194. O espaço é amplo, você pode optar por ficar sentado ou flanar pelas projeções sincronizadas que dão sutis movimentos às obras de Monet. Vale muito a experiência. A temporada de Monet à Beira d'Água vai até 12 de junho. (Fotos Panis cum Ovum)

O "171" oficial...

Pensou que o desconto chegaria até você. O Globo alerta

por Flávio Sépia

O governo Bolsonasro anuncia cortes de impostos e redução de alíquotas em combustíveis e alimentos. A mídia noticia e os brasileiros sufocados por inflação, desemprego, informalidade e achatamento salarial sonham com alguma alívio no bolso. No começo tudo é festa. De olho na reeleição, o presidente, o Centrão, ministros etc faturam no jogo eleitoral. Passados alguns dias, como cita o Globo em matéria hoje, a verdade começa a aparecer. Empresários e a cadeia do mercado absorvem a maior porção ou tudo na redução ou no fim dos impostos. É o que sempre acontece. Foi assim com os combustíveis em iniciativas anteriores do tipo. Isso já aconteceu com reduções de ICMS e IPI. Há alguns anos, o governo reduziu o IPI dos carros. O consumidos foi beneficiado? Necas. As montadoras alegavam que a maior demanda por determinados modelos neutralizava o desconto. No fim de fevereiro, o governo anunciou o corte do IPI em carros (alguns modelos tiveram desconto de cerca de 18%). Em março, sites especializados no mercado, apontaram que, para o consumiror, nada tinha mudado. Ninguém fiscaliza se o desconto chega ou não chega ao consumidor.

A Associação Comercial de São Paulo mantém o Impostômetro, um totalizador do pagamentos de tributos. Beleza. Mas deviam inaugurar o Sonegômetro. Quando muitos deixam de pagar, os impostos logicamente ficar mais altos para quem cimpre suas obrigações fiscais. Seria educativo o Sonegômetro. 

Quer ver outra forma de enganar o contribuinte-consumidor-usuário? Em função da estiagem recente que afetou as hidrelétricas, a geração de energia ficou mais cara pelo uso de termelétricas movidas a gás, diesel e carvão. O governo vai ajudar as distribuidoras com dineiro público e já avisa que o consumidor pagará na conta de luz o montante bilionário. Estranhamente, mídia e economistas chamam a ajuda de "empréstimo". Para o cidadão comum, emprestimo é algo que o tomador se compromete a pagar. No caso desse "empréstimo", a mídia não esclarece. E fica a pergunta: se o governo vai "emprestar" os bilhões às distribuidoras e deixa claro que recolherá depois o valor na conta dos consumidores, quando as distribuidoras pagarem o "empréstimo" os consumidores receberao de volta o que "emprestaram" ao govero? 

Se isso não acontecer, a bufunfa não é "empréstimo" e sim doação. Certo?

Pastor pediu ouro para liberar verba. "Especialistas" afirmam que commodities antigas podem subir de cotação no mercado do gabinete dos atravessadores. Incenso, mirra, sárdio, crisólito e açafrão estão em alta no pregão

por Ed Sá

O Estadão, ao revelar mais um escândalo do governo Bolsonaro - dessa vez em um gabinete paralelo informalíssimo formado por certos pastores que fazem política e que mandava na grana no Ministério da Educação - e a Folha, em seguida, divulgando uma estarrecedora gravação da jogada, praticaram jornalismo do bom essa semana. Reportagem e investigação. 

Em alguns dos demais veículos, onde esses dois pilares do jornalismo andam escassos, o de sempre: comentaristas, âncoras e "especialistas" pegando carona nos furos dos outros e "repercutindo" o assunto junto com repórteres escalados para colher monótonos desmentidos já previstos e o twist carpado do governo para tentar contornar o incontornável: o uso de pessoas alheias à Educação como atravessadores de verbas públicas para prefeituras. Segundo um prefeito, um dos pastores pediu um quilo de ouro para facilitar o encaminhamento da bufunfa para um município. 

Esse aspecto interessante que não me escapa: o pastor recorre ao valioso ouro. Podemos esperar outras transações usando valores consagrados em tempos antigos? A mirra, por exemplo, era muito apreciada pelos efeitos terapêuticos. O incenso era bem cotado. Nos vilarejos mais imundos e onde mortos jaziam ao ar livre, essa resina aromática - acreditava-se que a fumaça subia aos céus -  chegava a valer mais do que o ouro. Entende-se. O mau cheiro devia ser um grande problema na época. Tanto que o olíbano, outra resina perfumada, também era commoditie. Era chamado de "suor dos deuses" e concorria em valor com o ouro. Podia ser usado como analgésico. Era produto de exportação e também servia para pagamento de dívidas e para limpar o nome nos "serasa" da Galiléia. A canela e o açafrão eram coisa fina. Supondo que um religioso influente da época pretendesse obter, digamos, a exclusividade de uma rota para transporte de especiarias, o "homem de bem" poderia prometer a autoridade um mimo em forma de carregamento de canela. Obteria a concessão, certamente. 

As pedras preciosas, claro, mandavam bem no mercado da corrupção. Além do valor em si, carregavam poderes místicos que lhes davam ainda maior importância. Se quisesse ter a mulher de um potentado com aliada, uma joia de jasper era tiro certo, simbolizava a paixão; sárdio, crisólito e calcedônia eram apreciados como reforço nos lobbies empreendidos por negociantes. 

Fica a ideia aos corruptos atuais. Em vez de carregar volumosas malas de dinheiro e entupir apartamentos com sacos de notas de 100 e 200 reais, poderão transportar com discrição pedras valiosos, incenso e mirra. As duas últimas também facilitariam a lavagem de dinheiro e evitariam problemas legais. Duvido que o Banco Central fiscalize o mercado de especiarias é e improvável que a justiça eleitoral exiga dos políticos candidatos declaração de bens em olíbano e açafrão.

Antes que eu me esqueça: não me venham falar em intolerância religiosa. Pastores que fazem politica são políticos e devem ser tratados como tal sempre que estiverem nessa atividade. Intolerância religiosa é outra coisa. É, por exemplo, atacar e incendiar terreiros de religiões afro-brasileiras e destruir imagens de santos católicos.


terça-feira, 22 de março de 2022

Frase do dia

“Existem somente dois tipos de homem: os íntegros que se consideram pecadores, e os pecadores que se consideram íntegros.”

PASCAL (1662)



segunda-feira, 21 de março de 2022

Do Twitter: o Congresso virou puxadinho do Planalto

 


Fotomemória da redação: cena do exótico Hotel Novo Mundo

 

A foto acima, que foi enviada ao blog por J.A.Barros, ex-diretor de Arte da revista Manchete. Registra um grupo de jornalistas que trabalharam na Bloch após um almoço no Hotel Novo Mundo durante a divulgação do livro "Aconteceu na Manchete, as história que ninguém contou". A imagem é, provavelmente, de 2008. A Manchete já não existia, faliu em 2000. O Novo Mundo resistiu por mais alguns anos. Hoje é um residencial. No térreo ainda funciona um bar, que era um concorrido point etílico das redações das revistas das Bloch. Atualmente abriga-se no térreo do antigo hotel o Bar do Zeca Pagodinho. Na foto: Beatriz Lajta, Alberto Carvalho, Carlos Heitor Cony, Daysi Prétola, Roberto Muggiati, Maria Alice Mariano, J.A.Barros, Lenira Alcure, Jussara Razzé e José Esmeraldo. O Novo Mundo era histórico e com histórias. Dignas de um filme. Afinal, o cinema gosta de tramas em hoteis. Quem não viu "O Grande Hotel Budapeste", "Grande Hotel", "Encontros e Desencontros", "O Exótico Hotel Marigold" e - que não se ouse duvidar das lendas no Novo Mundo - até mesmo um Hotel Overlock de  "O Iluminado".

Copa do Brasil: Zebras eliminam Macaca e Bugre e premiam Tigre e Jacaré

Altos voando alto. Reprodução

Os campineiros se foram: depois da Ponte Preta, o Guarani foi eliminado nos pênaltis pelo Vila Nova, o Tigre goiano. Já o Altos do Piauí liquidou o ABC potiguar e, assim, só com a Copa do Brasil, conseguiu ganhar R$ 3,2 milhões. Somando todas as cotas de suas competições, o Jacaré totalizou em 2022 a quantia de 4,8 milhões. Levando em conta que o Fluminense perdeu 10 milhões ao ser eliminado pelo Olímpia do Paraguai na Libertadores, é uma boa grana. E tem mais pela frente para o Altos.

Consolo póstumo não existe, mas os carrascos dos gaúchos Grêmio e Internacional foram eliminados nessa fase. O Mirassol paulista pelo Azuriz paranaense; o Globo FC potiguar pelo Brasiliense (DF). Dois times parelhos, o Goiás despachou o Criciuma: mais um catarina fora, no rastro de Chapecoense, Figueira e Avaí. O Cascavel paranaense, que eliminou a Ponte Preta, foi eliminado agora pelo Tocantinópolis. Falta só um jogo na segunda fase: o Vitória baiano encara em casa, no Barradão, dia 23, o estreante Glória, de Vacaria (RS), que eliminou o Brasil de Pelotas. Os nomes são fortes: será a glória do Vitória? Ou uma zebraça: a vitória do Glória?


Bolsonaro posa de cocar. Que a maldição não o poupe. Ao longo da história, políticos pagaram caro ao usar o adereço dos indígenas para promoção pessoal

Bolsonaro
por O.V.Pochê

Política e cocar não combinam. É azar na certa. A história do Brasil comprova. O problema, segundo indígenas, é que os caciques só usam o adereço quando feito de animais que seguem vivos após cederem algumas penas. Se isso não acontecer - e é mais comum o abate da ave - não são positivos os presságios. Os políticos desconhecem a origem dos cocares promocionais que exibem e, por isso, pagam caro. 

É longa a lista dos líderes que cederam ao marketing e se deixaram cobrir por cocares vistosos. O último foi Bolsonaro. Que a lenda não o poupe. O cocar do Bolsonaro (foto ao lado) parece mais hollywoodiano, retrofitado pela Secretaria de Comunicação do Planalto. Bolsonaro tem dados mostras de que é azarado crônico, condição que se alia à sua notavel incompetência. Sua gestão teve a pandemia da Covid-19, desabamentos mortais de barratgens, secas até no Sul do país, incêndios recordes no Pantanal e na Amazônia, falta de chuvas que impactaram a energia elétrica e o bolso dos brasileiros, enchentes fatais e até a guerra na Ucrânia que joga nas alturas o preçosno Brasil. Imaginem a uruca agora que ele usou cocar.

Lula 

Dilma

Antes, Lula e Dilma posaram com penas multicoloridas. Deu no que deu, ambos enfrentaram percalços políticos. Juarez Távora enfeitou-se durante a campanha eleitoral de 1955 e  perdeu a eleição para JK. 


Ulysses Guimarães, coitado, deixou que pousassem penas na sua cabeça e logo se perdeu no mar de Angra. 


Mário Andreazza, em quem a ditadura chegou a apostar como um provável "presidente" popular, viu suas chances voarem como penas ao perder uma convenção do partido da ditadura em 1984. 


No mesmo ano, Tancredo Neves, um político habilidoso, vacilou e acabou caindo na armadilha mística do cocar. Usou e partiu um ano depois. Já José Sarney, longevo em cargo de poder, nunca botou um cocar na cabeça. Foi premiado com o cargo de presidente após a doença e morte de Tancredo. Há mais mistérios entre cocares e destinos políticos do que sonham os marqueteiros

Cadê o Telegram que estava aqui? Sumiu e já voltou. Tem "especialista" que acha que foi censura. Tem "especialista" que diz que foi bem feito porque o aplicativo estava se lixando para o STF

por José Esmeraldo Gonçalves 

A Frase do Dia, no post anterior, é oportuna. Os canais de notícias fazem atualmente um jornalismo baseado principalmente em análises de "especialistas" convidados e opiniões de âncoras e comentaristas contratados. Nesse aspecto é um espécie de "internetização" do jornalismo, um turbilh~qao de opiniões e "sacadas'. 

Os repórteres que ainda resistem bravamente são geralmente escalados apenas para ouvir assessorias de imprensa e autoridades - é a praga do jornalismo declaratório - e, às vezes, tentar saber o que o "outro lado" pensa. 

Matérias investigativas nos canais por assinatura? Diz aí uma só. Curiosamente, muitos poderão lembrarão que é o velho e semanal  Fantástico, da TV Globo aberta, ainda investe com frequência em reportagens investigativas. Jornais como Folha de São Paulo e Estadão ainda surpreendem de vez em quando com matérias investigativas. No digital, têm se destacado os portais Metrópoles, UOL, BBC Brasil e, especialmente, sites de jonralismo independente, como Brasil de Fato, Intercept, Ponte, Agência Publica, Lupa, além de muitos pequenos veículos regionais qie fazem um contrapónto à mídia neoliberal.

Somando Globo News, CNN BR, Band News, Record News, JP News, vão ao ar diariamente mais de  50 especialistas opinando sobre os mais diversos assuntos. São tantos que já deve ter criança querendo ser "especialista" quando crescer. O jornalismo de palestrante só não cresce mais porque quando um convidado surpreende ao analisar um fato qualquer sob ângulo contrário à orientação politica, econômica, religiosa etc das empresas de comunicação entra para um índex de eternos desconvidados. 

Bom, a fórmula deve dar boa audiência já que todos a seguem. 

Não por acaso. comentários dos "especialistas" e da aglomeração de comentaristas contratados rendem polêmicas e retuítes nas redes sociais. É tamanho o fluxo de opiniões que é impossível evitar que muitas delas sejam desbaratadas e se transformem em discussões nas redes sociais., 

Veja o caso da atual polêmica envolvendo o Telegram. O aplicativo está no foco de um investigação sobre crimes digitais na internet. Fake news, ataques à democracia, calúnias, mensagens políticas ilegalmente impulsionadas, racismo, preconceito, misoginia, incitação à violência são conteúdos que desembestam nas redes sociais e no Telegram aparentemente com maior intensidade. O ministro Alexandre Moraes mandou tirar o Telegram da tomada. Alguns "especialistas" e comentarisas divergiram. Os jornalistas neoliberais defenderam a liberdade total e chamaram o ato do STF de "censura". Um deles, Jorge Pontual, da Globo News, pregou como se fosse um missionário do liberalismo ao dizer que as fake news devem ter transito livre e que cabe ao ouvinte, assinante, leitor decidir sobre o que é fake e o que não é. Felizmente, no mesmo programa, a comentarista Flávia Oliveira esclareceu que o Telegram, ao contrário do que Pobntual argumentou, foi bloqueado por não atender a nenhum das intimações do STF e por não ter representante legal no Brasil - apenas um advogado que cuida de direitos autoriais. Não foi desligado por veicular conteúdo falso ou não. Foi penalizado por não dar bola para a Corte máxima da democracia brasileira. Se tivesse atendido ao STF, como fez, por exemplo, a justiça alemã em caso semelhante, teria sido possível bloquear apenas os canais criminosos e não todos os usuários. 

O STF informou ontem que o Telegram finalmente atendeu à determinação do ministro Alexandre Moraes quanto às questões criminais e demais demandas jurídicas. O aplicativo finalmente instalará  um representante formal no Brasil, deixando a cladestinidade virtual. Com isso foi liberado para voltar a funcionar. 

Restou aos coleguinhas que chamaram a decisão do STF de "censura", a subida "honra" de estar junto e connectado a Jair Bolsonaro.    

A frase do dia (dedicada a Paulo Guedes)


“O especialista é um homem que sabe cada vez mais sobre cada vez menos, e por fim acaba sabendo tudo sobre nada.”

GEORGE BERNARD  SHAW (1856-1950)

 

domingo, 20 de março de 2022

A guerra dos livros

Foto Lev Shevchenko, Instagram

O ucraniano Lev Shevchenko, de Kiev, postou essa foto no Instagram: uma barricada de livros. Uma prova de que a guerra relativiza tudo em volta. Vidas, objetos, objetivos, sonhos, relações pessoais, tudo é redimensionado. 

Shevchenko é arquiteto. Os livros protegem a sala da sua casa contra estilhaços de bombas e tiros. Ele tem se dedicado a fotografar cenas das ruas de Kiev. Você pode ver outras imagens no Instagram.

Frase do dia

 "Repara que o outono é mais estação da alma do que da natureza" 

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

sexta-feira, 18 de março de 2022

Frase do dia

 “A tolerância chegará a tal ponto que as pessoas inteligentes serão proibidas de fazer qualquer reflexão para não ofender os imbecis.”

                                                        FIÓDOR DOSTOIÉVSKI (1821-1881)

 

CNN Brasil quer provocar nova guerra?

 

Uma das mais famosas lendas dos mares é a do Escocês Voador, um navio fantasma que sobrevoava veleiros e apavorava navegantes. Pois a CNN Brasil criou hoje o porta-aviões voador. O Mar da China é provavelmente a próxima guerra planejada pelos Estados Unidos. Mas o Pentágono não precisa da ajuda dos estagiários da CNN Brasil para inaugurar um novo conflito. Maneira aí, jornalista.

The New Yorker: o drama da guerra

 

Motherland, by Anna Juan

Charlie Hebdo: como encher o tanque de graça

 


Dúvidas nas redes sociais

 


Brasil tem arma secreta para derrubar Putin

por O V.Pochê

A Rússia está no alvo de todo tipo de sanções. Mas nada deve ser mais dramático do que a participação do Brasil na estratégia ocidental contra o país de Putin. Há sinais de pânico em Moscou. Cerca de 40% de tudo que o que o  Brasil exporta para a Rússia é... amendoim. Pois é, como poderão sobreviver sem a leguminosa rica em ômega-3 e vitamina B? Grande parte do amendoim made in Brazil é consumido em forma de aperitivo naquelas tigelinhas largadas nos balcões dos bares e manuseadas por mãos que vão e voltam dos banheiros. É também usado para fazer doces. Nessa brincadeira, os russos compraram do Brasil, no ano passado, mais de 250 milhões de dólares desse tira-gosto típico do Bananão (apud Ivan Lessa). A Ucrânia também compra amendoim do Brasil, mas bem menos, cerca de 3 milhões de dólares anuais.  O apagão de amendoim na Rússia poderá brochar a população. Como se sabe, a leguminosa leva a fama de competente energético sexual. Se os russos já se estressam com a falta de Big Mac, imagine a irritação na cama com a carência de amendoim. Isso sim pode derrubar Putin. Que mané OTAN que nada. O mérito será da subdesenvolvida pauta de exportação da pátria amada.


Sertanista Sydney Possuelo devolve condecoração depois de Bolsonaro emporcalhar honraria

quinta-feira, 17 de março de 2022

E o torcedor pensou que SAF era moleza


por Niko Bolontrin

O futebol brasileiro viveu a fase dos mecenas, ricos comerciantes e industriais que botavam dinheiro nos clubes. Teve em seguida a era dos cartolas "izpertos" que se eternizavam nas diretorias, eram apaixonados pelo futebol mas já não tão transparentes no caixa. Passará agora à fase das SAF e dos donos dos times, começando pelos quase falidos como Cruzeiro, Vasco, Botafogo e outros na fila do que imaginam ser o paraíso. Não é. Os compradores de times estão aí para fazer negócio e ganhar dinheiro. Claro que vão querer botar a mão no patrimônio dos clubes, seja o dos contratos dos jogadores, os lucros da formação e venda de atletas, os imóveis, centros de treinamento e estádios, patrocínios, direitos televisivos, prêmio, sedes etc. Querem porteira fechada. É o caso do Ronaldo Fenômeno no Cruzeiro. Começou "fofo", mas começa a jogar duro. E o Cruzeiro com a corda no pescoço dificilmente resistirá ao avanço do investidor. Esse modelo deverá predominar no Botafogo e no Vasco. A SAF não está pra brincadeira. O futuro comprovará.

Frase do dia

 "A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas em geral enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele.”

 Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, Barão de Itararé (1895-1971)


quarta-feira, 16 de março de 2022

Orlando Brito (1950-2022) por amigos

Orlando Brito - Reprodução Instagram

O Brssil perdeu um dos seus grandes fotojornalistas.  Orlando Brito registrou 50 anos da história política do Brasil a partir de Brasília. Nesse campo, suas lentes espelharam o melhor e, infelizmente, o pior do Brasil (durante 21 anos da sua trajetória, ele foi levado pela profissão a fotografar os generais da ditadura e seus cúmplices. São memórias essenciais para a compreensão desse pobre e injusto Brasil. Mas Orlando Brito eternizou também a esperança nacional personificada pela Constituinte, a luta de Ulysses Guimarães e de tantos que formaram a lniha de frente possível em tempos sombrios, fixou cenas do futebol brasileiro em Copas do Mundo, mostrou a saga dos indígenas da Amazônia e, nos anos 1990, quando trabalhou para a revista Caras, fez memoráveis retratos de figuras da política em fase democrática, eram os dias de Itamar Franco, FHC e Lula. O jornalista Ricardo Noblat escreveu no portal Metrópoles sobre Orlando Brito. Noblat traça um belo perfil  do amigo sem deixar de analisar o atual panorama profissional, muitas vezes dramático, para jornalistas e fotojornalistas. Brito não foi poupado desse drama. Muito se escreveu sobre Orlando Brito nesses dias. Todos o homenagearam merecidamente. Destacamos aqui, além do texto de Noblat, um artigo de Fábio Altman, na Veja. Ambos retrataram com fidelidade e emoção os amigo que se foi.


Leia Ricardo Noblat AQUI


Leia Fábio Altman AQUI

Big Mac, до свидания (Adeus) - Cabeça comunista, estômago capitalista • Por Roberto Muggiati

 

Esta loja do McDonald’s em Moscou já foi a maior de toda  a rede no mundo. Reprodução NextaTV

O golpe mais brutal que os Estados Unidos aplicaram na economia russa em represália à invasão da Ucrânia foi a paralisação das 850 lanchonetes da cadeia McDonald’s espalhadas pelo país. Desesperados, os consumidores da pátria armada de Putin correram para comprar a peso de ouro os últimos hambúrgueres, batatas fritas e sorvetes. Houve quem  abarrotasse sua geladeiras dos cobiçados sandubas e um caso extremo foi o martiriológio de pianista Luka Safronov, que se algemou à porta de uma franquia moscovita e acabou detido por policiais.  Safronov proclamou que os hambúrgueres do McDonald’s “estão se tornando um símbolo de violação das liberdades”. 

 Um cidadão moscovita abarrotou sua geladeira de Big Macs comprados a peso de ouro.
Reprodução Twitter

O CEO do McDonald’s na Rússia, Chris Kempczinski9, disse que a empresa se une ao mundo para condenar a agressão e a violência contra a Ucrânia. Os funcionários russos continuarão recebendo seu salário integral enquanto durar a paralisação da rede. KFC e Pizza Hut também fecharam suas portas na Rússia.

Não é só a fast food que protesta. Itens de luxo também tiveram suas vendas à Rússia suspensas, como caviar, trufas, charutos e champanhe. 

O tirano Vladimir Putin certamente não será privado das delícias do mundo em seu bunker. Mas vale perguntar: teria ele, a esta altura do campeonato, algum motivo para estourar e degustar uma Veuve Clicquot ou um Dom Perignon?


Fim de uma era no futebol?

Frase do dia

 

"Se vier a 2ª Guerra Mundial aí, estamos prontos"

(Do fanfarrão Paulo Guedes em discurso no Planalto e em meio ao desastre econômico que assola o Brasil. O néscio de Bolsonaro ainda aguarda a invasão da Polônia, a Retirada de Dunquerque, o ataque a Pearl Harbor e sonha com a grana do Plano Marshall pra salvar sua indi-gestão)

terça-feira, 15 de março de 2022

A paz não tem chance. Conheça o grande vencedor da Guerra da Ucrânia

Está aberta a temporada de venda de armas. Reprodução O Globo

por José Esmeraldo Gonçalves
Ucrânia e Rússia se reuniram hoje para mais um tentativa de por um fim à guerra. Um acordo agora ou em algum momento será possível até por exaustão militar e econômica das partes. Mas o desastre já se impõe. 
Putin está cercado por duas forças poderosas: sanções de proporções nunca vistas e o desgaste político interno que só tende a crescer. A Ucrânia perde a infraestrutura e vê milhões dos seus cidadãos se transformarem em refugiados. Ucrânia perde vidas aos milhares. A Rússia recebe os corpos dos soldados mortos e começa a enfrenta em casa um movimento de mães que perderam os filhos. 

Durante a Guerra do Vietnã, os Estados Unidos experimentaram os efeitos na opinião pública da dramática chegada dos corpos de volta do atoleiro mortal em que o país se meteu nas selvas asiáticas. Isso contou na época para a Casa Branca e vai contar agora para o Kremlin.
 
A guerra fria.2  esquentou de lado a lado. Nos últimos anos a OTAN se expandiu para o Leste europeu. Isso é fato. A Rússia reclamou do que considerou ameaça e reagiu agora de forma desastrada. Putin parece ter blefado mas não tinha Royal Straight Flush na mão. Acabou fazendo o jogo do Joe Biden.

O que surgiu no cenário geopolítico do planeta para o Leste europeu voltar a ser tão estratégico para os Estados Unidos? Algo que fica bem longe da região: a China. O Pentágono vê o gigante da Ásia como o mega e atual inimigo. A aproximação recente entre China e Rússia ligou o alerta nas duas frentes de tensão. No Leste europeu , com a Ucrânia virando peça do xadrez; e no Mar da China, agora uma "octógono" de provocações as forças navais estadunidenses e chinesas. 
A guerra na Ucrânia torna-se indutora da lucrativa venda de armas para os países que formam a OTAN. Alemanha já abre os cofres para adquirir caças F55 fabricados nos Estados Unidos. Reino Unido e Itália farão o mesmo. Às portas da China, no segundo foco, Austrália compra dos Estados Unidos submarinos de propulsão nuclear. Japão e Taiwan adquirem caças. 

O próximo conflito pode ser naquela região onde vários incidentes já acontecem. 

Na guerra que curiosamente envolve dois países governados por líderes da direita, Putin e Zelenski são perdedores. O VAR já tirou qualquer dúvida:  a indústria bélica da terra de Joe Biden fez o touch down e o shopping das armas abriu para ofertas. Os mortos serão em breve esquecidos, os negócios, não. Os canhões nem silenciaram e os CEO já festejam os lucros.

Frase do dia

"Políticos e fraldas devem ser trocados com frequência, e pelos mesmos motivos."

MARK TWAIN (1853-1910)

segunda-feira, 14 de março de 2022

Vamos voltar aos tempos do gasogênio? • Por Roberto Muggiati

Carro movido a gasogênio. Fot reproduzida ddo livro
 Der Käfer II, de Hans-Rüdiger Etzold

Bem-vindas à guerra, gerações pós-1945! A Segunda Guerra Mundial começou em 1º de setembro de 1939; em 6 de outubro eu completei dois anos. Apesar da tenra idade, senti na pele – como milhões de brasileiros – os efeitos do conflito global. A começar por meu nome. Como não pôde me batizar de Benito, em homenagem a Mussolini (minha mãe vetou), meu pai me chamou de Roberto, outro nome favorito de Il Duce. As três sílabas correspondiam às primeiras sílabas das capitais do Eixo:
ROma, BERlim, quio. O Eixo era a Itália de Mussolini, a Alemanha de Adolfo Hitler e o Japão do Imperador Hirohito contra o resto do mundo, os Aliados.

Um amigo de infância, descendente de alemães, começou a ser hostilizado pela vizinhança e sumiu para sempre da minha vida. Aos seis anos, em 1943, fugindo de uma epidemia de coqueluche, as crianças desceram de Curitiba para o nível do mar. Eu, minha irmã e um monte de primos ficamos hospedados com as respectivas famílias num hotel na Ilha do Mel, na Baía de Paranaguá. À noite, pesadas cortinas pretas eram cerradas para obedecer ao blecaute. Semprei julguei aquilo um mero ritual sem sentido, até atingir a idade da razão, quando aprendi um pouco mais sobre a guerra. As águas do Atlântico Sul viviam infestadas por submarinos alemães, os temidos U-Boots. Já em dezembro de 1939, o estuário do Rio da Prata foi o palco da primeira grande batalha entre as marinhas inglesa e alemã.

A escassez de gasolina levou o Brasil à adoção do gasogênio, os carros eram equipados de uma espécie de fornalha externa que queimava matérias sólidas ou líquidas para a produção de gás que alimentasse os motores de combustão. Esse “gás de síntese” podia usar como matéria-prima madeira, carvão e combustíveis líquidos também. Lembro que meu tio Rubens Bittencourt, um sujeito elegante casado com tia Lygia, irmã de minha mãe, tinha uma baratinha Ford conversível equipada com gasogênio. Foram muitos passeios e piqueniques pelos arredores de Curitiba, de fazer inveja à patuleia pedestre.

Eu tinha sete anos e sete meses quando a guerra acabou na frente europeia. Na capa interna do meu precioso álbum de fotografias escrevi convicto na minha caligrafia titubeante:


8-5-1.945 a ultima guerra. Dia da Vitória

Santa ingenuidade! Três meses depois, o Japão era vencido ao custo do massacre de duas bombas atômicas, em Hiroxima e Nagasaki. E o mundo entrava direto na Guerra Fria, vivendo durante décadas o pesadelo do apocalipse nuclear. Coreia. Indochina. Bloqueio de Suez. Baía dos Porcos. Os mísseis de Cuba. Vietnã. Os genocídios tribais na África. Afeganistão. Guerra do Golfo. Guerra do Iraque. Terrorismo global. Torres Gêmeas. Devo ter esquecido algumas, muitas, os terrorismos locais, o IRA, o movimento basco, as FARC colombianas. E, mais recentemente, os delírios expansionistas de Putin, a anexação da Crimeia e agora a invasão da Ucrânia.

Retiro o que eu escrevi, Roberto Fernando Muggiati, na ignorância dos meus sete anos. A última guerra será sempre a penúltima...

A cavalgada das zebras continua...

O Vasco, o Gigante da Colina, foi a Petrolina e se apequenou. Foi eliminado da Copa do Brasil nos pênaltis pelo Juazeirense, com direito a vexame do Nenê.

Os dois catarinas também dançaram. O Figueirense foi eliminado pelo Cuiabá nos pênaltis e o Avaí tomou um 2x1 do Ceilândia numa noite encharcada na Ressacada. A esta altura o torcedor número um do Avaí, o supercampeão de tênis Guga – está perdendo a paciência com o seu timinho. 

Cartolas do Ceilândia pagam promessa. Imagem reproduzida de vídeo do GE.
  

 Em compensação, os dirigentes do Ceilândia (DF) que acompanharam seu time a Floripa, atravessaram o campo da Ressacada de joelhos em gesto de agradecimento. A imagem do canal GE do Portal G1, viralizou nas redes sociais No primeiro jogo, o Ceilândia eliminou o Londrina. Já o Pouso Alegre (MG), que eliminou o Paraná, deu trabalho ao Coritiba na segunda fase e só perdeu nos pênaltis. Aguardem os próximos capítulos.

terça-feira, 8 de março de 2022

Carnaval total em abril? E sem máscaras?

por Ed Sá

A Prefeitura do Rio de Janeiro tornou opcional o uso de máscaras em ambientes fechados. Antes, havia liberado o acessório em situações ao ar livre. A decisão é criticada por cientistas. Embora o controle da pandemia esteja à vista, cidades do Grande Rio com enorme integração com a capital não exibem números expressivos de vacinação. 

Vale o bom senso. Ocorrendo aglomeração, use sua máscara em qualquer ambiente.

De qualquer forma, a decisão pode abrir alas para um carnaval total. A prefeitura já havia liberado os desfiles das escolas de samba em abril, segundo o calendário abaixo: 

20/04 (Quarta-feira) – Série Ouro – Liga RJ

21/04 (Quinta-feira) – Série Ouro – Liga RJ

22/04 (Sexta-feira) – Grupo Especial – Liesa

23/04 (Sábado) – Grupo Especial – Liesa

24/04 (Domingo) – Desfile das Crianças – Aesm-Rio

26/04 (Terça-feira) – Apuração

30/04 (Sábado) – Campeãs – Liesa

Com o fim da obrigação de uso de máscaras, caso as estatísticas da pandemia no Rio permaneçam em queda, é possível que os blocos de rua, até agora não oficialmente autorizados, recebam sinal verde para botar o carnaval nas ruas também em abril. A conferir.

Futebol: torcedores brasileiros violentos deveriam se oferecer para lutar na Ucrânia

por Niko Bolontrin 

Nos últimos meses, como os fatos indicam, aumentou a violência entre torcedores do futebol. Agressões, mortes, ofensas racistas já são contabilizadas em vários confrontos. Abel Ferreira, o vitorioso treinador do Palmeiras, revelou em coletiva que duvida se poderá permanecer em um país onde o hábito de ver futebol pode ser brutal e até mortal. Por tudo isso, os jogadores deveriam evitar provocar torcedores adversários. Isso piora a situação e amplia o clima de guerra. Resulta em conflitos.  Claro que há entre os torcedores grupos que não precisam de incentivo para brigar e matar: são os bandos ligados a faccões criminosas. Esses são um problema crônico de segurança pública. Em todo caso, ir à margem do campo para provocar torcedores, como fez um jogador do Flamengo no último domingo, em nada ajuda. 

Se as torcidas querem guerra bem que poderiam se voluntariar para lutar na Ucrânia. Garanto que a maioria que vai aos estádio ver o jogo ajudaria a pagar a passagem para Kiev. De ida. 


segunda-feira, 7 de março de 2022

Santo Henry, o menino mártir • Por Roberto Muggiati

Henry queria ser um menino feliz como os outros.Arquivo Pessoal

Neste 8 de março faz um ano a morte de Henry Borel, dois meses antes de completar cinco anos de idade. Foi um dos casos mais clamorosos e chocantes de brutalidade contra uma criança de que se tem notícia no país. 

O menino morreu de hemorragia interna quatro horas depois de sofrer uma laceração no fígado causada por objeto contundente. Nos documentos da perícia legal foram atestadas 23 lesões, que não foram causadas em um único momento ou num curto período. Ou seja, a criança seria um “saco de pancadas” do padrasto acusado pelo crime. A perícia revelou ainda detalhes de algumas lesões no rosto do menino: “As lesões na região nasal e infra-orbital esquerda são compatíveis com escoriações causadas por unha.” Seria uma mãe capaz disso? No caso desta criança, ficou evidente que até o impensável é possível. Na breve passagem pelo mundo, Henry Borel foi submetido às piores agressões e abusos – físicos, emocionais e morais – sujeitado ao silêncio dos inocentes, por sua total vulnerabilidade.

Em sua canção “God”, John Lennon diz: “God is a concept/ By which we measure our pain.”

“Deus é um conceito pelo qual medimos nossa dor.”

Por esse parâmetro, o sofrimento é a marca maior da santidade. O suplício de Henry Borel – por pouco que tenha durado, durou toda a sua vida – está à altura daqueles dos grandes mártires da história. Por uma coincidência impressionante, o dia de nascimento de Henry, 3 de maio, tem como santo padroeiro São Tiago Menor, um dos doze discípulos de Cristo, e um dos primeiros cristão martirizados em defesa de sua fé. No ano de 42 em Cesareia Palestina, Tiago foi perseguido por ordem do rei Herodes Agripa I, que mandou prendê-lo, decapitá-lo e jogar seus restos para os cães. 

Sou daqueles que advogam a beatificação de Henry Borel. O próprio Papa Francisco acompanha a história do menino carioca desde o seu início. Em 24 de abril de 2021 – pouco mais de um mês depois da morte de Henry – seu pai, Leniel Borel de Almeida, recebeu uma carta em que o Papa Francisco lhe presta solidariedade pelo que classifica como “massacre” causado pela “loucura humana”. 

Os pastorinhos que viram Nossa
Senhora em Fátima: a prima Lucia e
os irmãos Francisco e Jacinta
. D.P
As crianças beatificadas ou canonizadas são relativamente poucas na história do cristianismo. Os irmãozinhos pastores Francisco e Jacinta e a prima deles Lúcia, testemunhas das aparições de Nossa Senhora de Fátima em 1917, foram profundamente marcados pelo episódio e dedicaram a vida como sacrifício vivo a Deus pela conversão e salvação dos pecadores do mundo inteiro. Após o término das aparições, os pequenos foram vítimas da pandemia de gripe espanhola. Francisco morreu aos dez anos, em 1919; Jacinta morreu aos nove, em 1920. Beatificados por João Paulo II em 2000, Francisco, Jacinta e Lúcia tiveram um milagre aprovado pelo Papa Francisco, que os canonizou em 2017. Os irmãos são os mais jovens santos da Igreja Católica.

Odetinha morreu aos oito anos já com
uma aura de santidade.
A.P
O Rio de Janeiro já tem uma pequena santa em potencial, Odette Vidal Cardoso, conhecida como Odetinha. Nascida no bairro carioca  de Madureira em 1931, ia à missa toda manhã e rezava o terço à noite. Dedicada à caridade, ajudava a mãe a servir feijoada aos pobres nos sábados. Aos cinco anos frequentou o catecismo na Igreja da Imaculada Conceição, em Botafogo. Em 25 de novembro de 1939, aos oito anos, morreu de tifo, com fama de santidade. Odetinha já era considerada “serva de Deus” quando, em 2021, no dia dos 82 anos de sua morte, o Papa Francisco lhe concedeu o título de “venerável”, um passo a mais no caminho da beatificação. Depois de rezar uma missa na Imaculada Conceição – onde repousam os restos mortais de Odetinha – o Cardeal Dom Orani Tempesta a descreveu como “uma menina que rezava, cuidava dos pobres, tinha grande preocupação com os necessitados e que deixou belos exemplos.”

Guido Schäffer, o Surfista
Santo de Ipanema
. A.P.
Já ouviram falar no Surfista Santo de Ipanema? Nascido em Volta Redonda, em 22 de maio de 1974, Guido Schäffer veio morar muito cedo no Rio. Começou a participar de grupos de oração jovens. Em 1998, quando se formou em medicina, decidiu fundar um novo grupo de oração, o Fogo do Espírito Santo, na paróquia de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, onde o padre Jorjão tinha um jeito especial de congregar jovens para suas ações. Segundo sua irmã, a partir dali "ele se desenvolveu rápido na pregação da palavra de Deus". Até então, Guido era apenas surfista e médico, tinha até uma namorada e planos de casar. A vocação religiosa só seria externada com clareza dois anos depois.

No dia 1º de maio de 2009, Guido saiu para surfar no seu trecho preferido da praia, no Recreio dos Bandeirantes. Uma prancha desgarrada atingiu sua nuca, ele desmaiou e morreu afogado, vinte dias antes de completar 35 anos. Faltavam alguns meses para ele concluir os estudos de teologia no Seminário Arquidiocesano de São José. 

Seu túmulo no cemitério São João Batista tornou-se lugar de devoção, principalmente na data do seu aniversário. Diante do culto do "Surfista Santo", a Arquidiocese do Rio de Janeiro transferiu seus restos mortais para a Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema e abriu um processo de beatificação junto à Santa Sé em 2014. Guido tornou-se um "Servo de Deus", primeiro título num processo de canonização. O próximo título, que deve vir em breve é o de “Venerável”, quando se conclui que a pessoa viveu as virtudes cristãs de forma heroica, ou sofreu realmente o martírio; o terceiro título é o de Beato, quando se comprova a existência de um milagre obtido pela sua intercessão e o último e mais importante é o de Santo, quando um segundo milagre é reconhecido. Alguns milagres já foram atribuídos a Guido Schäffer nos últimos anos.

Odetinha – por mais breve que fosse seu tempo de vida – e Guido, que desfrutou seus anos da juventude, tiveram oportunidade de praticar o bem. Já Henry Borel, nos 1723 dias que viveu, não teve sequer a oportunidade de se definir como pessoa; e a maior parte dos seus dias e noites foi ocupada pelo sofrimento causado pelas brutalidades praticadas em sua própria casa, pelas pessoas próximas que mais deveriam protegê-lo. 

Grafiteiros da Zona Norte do Rio homenagearam
Henry com asas de anjo num mural. Foto Facebook
Um sinal de culto ao menino-mártir surgiu já apenas um mês depois da sua morte. Um grupo de artistas e grafiteiros do bairro de Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio, pintou um painel em homenagem a Henry. O artista responsável, Murilo Lemos, 33 anos, conta: “Esse mural, na verdade, a gente estava para fazer desde que saiu o caso na televisão. Aí, ontem, foi o estopim, na verdade. Entramos em contato, fizemos o grupo, começamos neste sábado às sete da manhã e terminamos agora, às cinco da tarde, sem almoçar, sem beber nada. O comércio da região toda hora vinha, trazia uma maçã, trazia um café, e foi o combustível para conseguirmos terminar a obra". Murilo expressou ainda sua indignação: "Toda vez que eu via reportagem, eu queria desligar a televisão, queria quebrar a televisão. Eu não queria imaginar se fosse com o meu filho, da mesma idade, me impactou muito, e aí eu tomei essa iniciativa".

Fotomemória: foi um Rio que ficou em nossas vidas

Uma das fotos da Manchete, no modo "juntar todo mundo", como a revista gostava de fazer,
reuniu atores e equipe do filme Todas as Mulheres do Mundo. Vejam aí Joana Fomm. Hildegarde Angel, Mário Carneiro, Irma Alvarez, Flávio Migliaccio, Regina Rozemburgo, Ivan Albuquerque, Isabel Ribeiro, Ionitas Salles Pinto, Marieta Severo, Paulo José, Domingos Oliveira, Ana Cristina Angel, Norma Marinho, Vera Vianna, Leila Diniz e Maria Gladys. Não seria exagero dizer que Ipanema estava toda representada aí. Foto de Paulo Scheunstuhl, Reprodução Manchete

por Ed Sá

Os arquivos desaparecidos da Manchete guardam fotos históricas de todas as áreas. Da política à cultura, das conquistas no esporte às tragédias, o acervo registrava uma Amazônia quase intocada e também flagrava o começo da destruição que hoje é crítica. Na área cultural, especialmente da música popular, a revista publicou fotos memoráveis a partir de um tipo de pauta que juntava os destaques do momento em um encontro no estúdio da Bloch. Os repórteres conseguiam levar à Manchete, em grupo, por exemplo, os ídolos da música. Fizeram isso com o pessoal da Bossa Nova, com a Jovem Guarda, com a turma da chamada música de protesto dos anos 1960 e com os tropicalistas. Em 1966 chegava aos cinemas o filme Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos de Oliveira. Manchete repetiu a fórmula e levou as "mulheres do mundo" e parte da equipe do filme ao estúdio da Rua Frei Caneca. Paulo Scheunstuhl fotografou, a reportagem foi de Maurício Gomes Leite. 

O Brasil já teve a sua "Ucrânia". Em 1965 tropas da ditadura invadiram um país soberano

 

Tropas brasileiras desembarcam em São Domingos.
Foto Esko Murto/Manchete
Essa sofrível reprodução de uma página da Manchete registra outra página ainda menos edificante da história do Brasil. Em maio de 1965, com a ditadura já implantada, tropas brasileiras invadiram uma nação soberana. O fotógrafo Esko Murtto, da Manchete, registrou o desembarque dos soldados em Santo Domingo, capital da República Dominicana, na América Central. 

 Os militares chamaram a tropa - cerca de 4 mil soldados, a maioria recrutas - de "Pracinhas". Uma injustiça com a Força Expedicionária que lutou na Itália, na Segunda Guerra Mundial. Naquela ocasião, combatia-se o fascismo de Mussolini e o nazismo de Hitler. Em São Domingos, o sinal foi trocado: a invasão atendia a um pedido ou ordem dos Estados Unidos para apoiar um golpe político de direita. Em 1961, um atentado matou o ditador Rafael Trujillo, que comandava o país desde 1930. Com a convocação de eleições livres em 1962 -  as primeiras desde 1914 - foi eleito Juan Bosch, um político de oposição. Sete meses depois, acusado de adotar políticas esquerdistas, Bosch foi deposto e a Constituição cancelada. Um triunvirato assumiu o poder. E em abril de 1965, um grupo de jovens oficiais se rebelou, botou algumas tropas nas ruas e distribuiu armas à população exigindo a volta do eleito Bosch. Os Estados Unidos, que apoiaram a longa ditadura de Trujillo, organizaram uma operação para conter os rebeldes. e implantar um "governo amigo". Lyndon Johnson temia uma "nova Cuba" e os brasileiros foram "convidados" a participar da operação Power Pack, juntando-se a tropas dos Estados Unidos, Paraguai,  Honduras, Nicarágua, Costa Rica e El Salvador. No fim, a insurreição foi derrotada e  eleições controladas  colocaram no poder o caudilho Joaquin Balaguer, político amestrado pelo Estados Unidos. Ele manobrou para ser sucessivamente reeleito impondo novo regime autoritário à República Dominicana.  

Na operação, o Brasil submisso contabilizou quatro mortos e dezenas de feridos. A ditadura acumulou mais uma vergonha na sua folha corrida de desprezo pela democracia. E a imprensa brasileira, Manchete inclusive, como se vê, assumiu o vexame de tratar uma intervenção que reimplantou um regime autoritário como de épico heroismo.