domingo, 26 de dezembro de 2021

Jorge Jesus é o D. Sebastião do Flamengo

D. Sebastião, quem diria, inspira
a frustração do Flamengo 
por Niko Bolontrin 

O Flamengo virou "ovelha" eterna do "pastor" Jorge Jesus. A relação entre o treinador e o time carioca é religião. Jesus é o guru, o "pai" Jesus. 

A Gávea disparou emissários  à Europa para convencer o português a inflar as velas da sua caravela e cruzar os mares até o Ninho do Urubu. Apesar da santa cruzada, o Flamengo não encontrou Jesus.

Curiosamenrte, a atual saga flamenguista lembra um fato histórico. Assim como Jorge Jesus, D.Sebastião, Rei de Portugal e Algarve, era conhecido como "O Desejado". Os portugueses o amavam. Se pudessem cobririam as ruas de toucinho do céu para vê-lo passar. Mas D.,Sebastião pisou foi num bacalhau vencido. Promoveu uma Cruzada fracassada pras bandas do Marrocos e morreu na batalha de Alcácer Quibir. 

O povo tanto o venerava que durante séculos se recusou a acreditar na sua morte. Criiu-se uma seita, o Sebastianismo, que defendia piamente que um dia o rei voltaria a Portugal. 

Assim é o Flamengo com Jorge Jesus, que também conheceu seu fracasso, o Benfica.  Tal qual o Sebastianismo, a Gávea jamais acreditou que o treinador que lhe deu títulos foi embora. 

Apesar da jornada mística dos diretores do Flamengo, Jorge Jesus não vem. Mas o sonho da torcida permanece vivo mesmo morto. 

O Flamengo vai de Paulo Sousa e ainda acredita que um dia Jorge Jesus caminhará sobre as águas de uma banheira nas brumas do vestiário e anunciará: "Rejubilem-se, o Míster voltou".

O problema é que daqui pra frente e nos próximos séculos, qualquer treinador que o Flamengo contrate estará apenas esquentando o trono enquanto D. Sebastião, digo, Jorge Jesus, não vem. 

  

Um "príncipe " que ataca os súditos ou o Maquiavel do Cerrado...

por J.A. Barros 

Um Príncipe, no mundo de hoje, precisa conhecer a história da humanidade. A história não se repete, dizem muitos, mas se não se repete fatos passados que foram gravados no livro de memória da civilização dos homens, de uma forma ou de outra, vem a se repetir.

 Não é a primeira vez que o mundo é atacado por ondas de vírus que assombram a sociedade e geram pandemias letais. A vacina é a primeira solução que o homem cria para conter e derrotar o vírus mortal que espalha a morte.

 A varíola, desde os impérios que dominaram povos tanto no mundo ocidental como nas terras da Ásia, derrubou de camponeses a imperadores. No final do século XVII, a China, sob a Dinastia Qing e o então imperador Kangxi, - seu pai, o ocupante anterior do trono havia morrido atacado pela varíola – que começou a reinar ainda criança. Diante da epidemia, os chineses desenvolveram uma vacina que combateu a doença. Esse fato surpreendeu o Ocidente, que passou mais tarde a desenvolver esforços nesse sentido.

 A Rainha da Inglaterra, Elizabeth I, no século XVI, sofreu o ataque do vírus da varíola, e, contam alguns historiadores, ficou com marcas no rosto. Conta-se também que a Rainha Elizabeth I, na luta contra a epidemia, decretou um  “ lockdown “, e botou soldados armados nas portas dos castelos e residências para impredir que seus súditos saíssem de suas comunidades. Sob esse decreto real real até William Shakespeare ficou preso em casa, com um guarda à porta. Digas-se que o mundo ficou muito agradecido à Rainha Elizabeth I, porque Shakespeare, detido, escreveu  Rei Lear ­ - considerado sua obra prima – e outras peças.

 Depois dessas histórias como entender que um “príncipe” de um país, responsável pela vida de seu “súditos”, seja insistentemente contra o combate a uma pandemia que se espalha velozmente em todo o mundo matando impiedosamente centenas de milhares de homens, mulher em fuga da morte. Em campanha aberta, esse príncipe” desafia a pandemia e expõe os seus súditos desprotegidos ao vírus mortal.

 Não basta ser referenciado como “príncipe”, é preciso saber se comportar como um verdadeiro Príncipe e com suas asas de poder acolher e proteger o seu povo. O Príncipe salva vidas humanas, salva o seu povo das tragédias maiores e lhe dá todas as condições e sustentações para que tenha uma vida saudável e plena de felicidade. E como Príncipe, não se esquecer que por um momento de sua vida lhe foi dado o poder de governar um povo, mas ao mesmo tempo que lhe dá esse poder, lhe tira esse poder que tanto pode durar uma eternidade e não durar o tempo do acender de um fósforo. Não há mal que nunca acabe, senhor  “príncipe”.  

sábado, 25 de dezembro de 2021

Não olhe para os lados

por Ed Sá

Estreou ontem na Netflix o filme "Não olhe para cima". Na trama um cometa entra em rota de colisão com a Terra. Uma cientista anuncia a catástrofe com seis meses de antecedência. Autoridades são avisadas. Se a idéia não é tão original é a partir daí que se desenrola uma comédia de humor negro que captura a realidade política atual. Negacionismo, polarização, fake news, crise ambiental, corrupção, âncoras que por motivos ideológicos privilegiam "boas notícias", nomeação de um xerife para a Suprema Corte. Basta olhar pro lado que você verá que está cercado por esse mesmo e rotineiro cinismo. Digamos que identificará canalhas que, nos Estados Unidos, desfilam na Fox e, aqui, na CNN Brasil e na Jovem Pan. No elenco, nomes como Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep e Cate Blanchett.
No filme, a presidente (Meryl Streep) é claramente caricaturada como Donald Trump. Dá para reconhecer referências a jornalistas, empresários, funcionários da Casa Branca, financiador de campanha política e milionário dono de gigante de celular e políticos americanos. Se mudar a chave você vai se lembrar das cópias semelhantes e igualmente desclassificadas e cínicas que vicejam por aqui.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Há 60 anos: Missa do Galo no Tirol • Por Roberto Muggiati


Paris, 1961: eu no paredão, coberto de anúncios de pacotes de excursões turísticas para estações de ski. Foto Arquivo Pessoal

Sabe essas mulheres que o provocam com vara curta? A imagem fálica é cabível. Vão até pra cama, mas não vão até o fim. Assim foi meu caso com a brasileirinha mignon, bolsista em Paris como eu. Perdidos numa noite de sábado na rive gauche, acabamos num hotelzinho barato perto da place Saint Germain, o
Helvétia. Depois de muita pegação, só pegamos no sono quando já amanhecia, em conchinha, irmãozinhos. À noite de domingo ligo para ela de um orelhão do aeroporto de Orly, mando abraços e beijinhos sem ter fim. Eu viajava como jornalista convidado para uma visita oficial à Alemanha. Ela iria passar o Natal numa estação de ski austríaca, eu a encontraria lá no dia 24 de dezembro. 

O mundo vivia um momento histórico especial: mal cheguei a Berlim me levaram para tirar fotos no “Muro da Vergonha”, erguido havia apenas quatro meses. Mandaram as fotos para jornais do Brasil inteiro. Sentia-me mal, usado como peça de propaganda capitalista, mas tinha minhas compensações. Em cada cidade, o convidado da InterNationes tinha à sua disposição um guia-interprete alemão. Em Berlim, minha guia foi Ursula, trinta pra quarenta anos, simpática, amante de cachorros, quis logo saber da pequinesa Lady que eu deixara em Curitiba. Levou-me a um restaurante de comida asiática, um prato excitou minha curiosidade (e palato) – Reistafel indonésio aos 48 sabores. O maître explicou que era um prato que, por sua complexidade, precisava ser encomendado de véspera. Encomendamos. Outra noite, jantando na cobertura do Hilton, topamos com o coquetel de lançamento do filme Julgamento em Nurembergue – pasmem, vi de perto meus ídolos Spencer Tracy, Montgomery Clift e Judy Garland. O megaelenco todo foi obrigado a comparecer, Burt Lancaster foi multado pela produtora porque não deu as caras – aquele foi o mais caro lançamento de um filme na história do show business.
Em Munique, o guia era um velhinho que me levou na primeira noite a um programa de sua predileção, Holiday on Ice, com cadeira de frente colada à pista de gelo, tremi de frio durante todo o show, a cidade estava sob uma onda de frio com temperatura negativa de 12 graus. Desligando-me da viagem paga, fiquei por conta própria, em hotéis mais baratos. Encontrei numa turma de brasileiros – imaginem! – minha ex-colega do Colégio Estadual do Paraná, Angela Häusler, nos anos 50 era meninas de um lado, meninos do outro – namorávamos à distância debaixo dos pilotis. Ignorante completo, fui conhecer Salzburgo, a cidade de Mozart. Burgo de alma primaveril (lembram das cenas iniciais da Noviça rebelde?), estava irreconhecível no inverno, soterrado pela neve. Andando na neve no meu recorde de temperatura negativa – 26 abaixo de zero – ficava com os pés congelados, tinha de entrar num café e passar uma hora me aquecendo, sorvendo lentamente um cafezinho que logo esfriava. Os jornais do dia, na língua local, enquadrados em “paus”, de nada me adiantavam.


Tirol.Reprodução
Finalmente, peguei um trem para Innsbruck e, no dia seguinte, um pequeno ônibus que me levou para a estação de esqui de Sölden, no Tirol. Tive ainda de subir de teleférico até o topo da montanha onde estava minha musa esportista. Sentia-me um caipira com meus trajes urbanos em meio àquela fauna multicolorida em suas vestes de esqui. Ela havia reservado para mim um quartinho simpático num hotelzinho da aldeia, uma cama convidativa com edredons fofíssimos.

À meia-noite fomos à Missa do Galo na igrejinha local, comoveu-me ouvir a Noite Feliz – Stille Nacht, em alemão – que me acompanhava nos natais familiares de Curitiba, cantada no berço original. A música foi composta não muito longe dali, na cidadezinha de Oberndorf e tem uma história curiosa. 

Transcrevo direto da Wikipedia:

Na vila de Oberndorf, o padre Joseph Mohr saiu atrás de seu amigo músico Franz Xaver Gruber para que transformasse em melodia um poema que ele havia escrito, a fim de que fosse tocada na missa de Natal que aconteceria horas depois. Algumas fontes dizem que Mohr havia criado a letra dois anos antes, em 1816; outras dizem que o padre a escreveu no caminho até Gruber, pois, em verdade, Mohr não estava atrás do músico, mas atrás de um instrumento para ser tocado na Missa do Galo de 1818, já que o órgão de sua paróquia teria tido os foles roídos por ratos.

A canção se tornaria o terceiro single mais vendido de todos os tempos, com cerca de 30 milhões de cópias comercializadas no mundo inteiro. Terminado o serviço, foi cada um para o seu canto, não havia vida noturna na pacata Sölden.

O dia seguinte foi de DR absoluta, eu e Ela pelas ruas vazias. Estranhamento total. Eu pensava: “Por que vim passar o fim do ano neste fim de mundo?” A mídia anunciava em letras garrafais o início da Revolução Sexual – estávamos no final de 1961 – mas não havia combinado com os jovens, ainda confusos diante de tanta liberdade. Esqueceram de nos dar um manual do usuário. Eu andava com um minidicionário Alemão-Português por toda parte, Ela me arrancou o livro da mão numa ponte e jogou na correnteza gelada lá embaixo. Foi quando o libriano em mim interveio:

– Olha só, vamos dar um tempo? A gente se encontra pro réveillon em Munique, tá?

Na manhã seguinte peguei um pequeno ônibus local para sair daquele buraco. A viagem parecia não acabar nunca. O ônibus serpenteava por uma estradinha apertada entre montanhas majestosas com cachoeiras congeladas, era um espetáculo da natureza que poucos tiveram o privilégio de desfrutar na vida. A dor-de-cotovelo era tanta que demorei a me dar conta de que o ônibus tinha um sistema de som a bordo. Quando comecei a ouvir, imaginem só o que estava tocando? Recuerdos de Ypacarai com as Harpas Paraguaias. Não podia haver combinação melhor: cachoeiras congeladas e harpas paraguaias. Vocês não imaginam como eu gostaria de refazer neste Natal aquela viagem de sessenta anos atrás. Com todas as cachoeiras congeladas e harpas paraguaias do mundo.

• Sintam o clima, com letra e música

https://www.youtube.com/watch?v=Dh08NPL0Dsk

Recuerdos de Ypacaraí
Musica: Demetrio Ortiz - Letra: Zulema de Mirkin

Una noche tibia nos conocimos
Junto al lago azul de Ypacaraí
Tú cantabas triste por el camino
Bellas melodías en guaraní

Y con el embrujo de tus canciones
Iba ya naciendo tu amor en mí
Y en la noche hermosa de plenilunio
De tus blancas manos sentí el calor
Que con sus caricias me dio el amor

Donde estas ahora cuñataí
Que tu suave canto no llega a mi
Donde estas ahora, mi ser te añora
Con frenesí

Todo te recuerda mi dulce amor
Junto al lago azul de Ypacaraí

Vuelve para sempre, mi amor te espera
Cuñataí

Os dois cavaleiros do apocalipse neofascista

Reprodução Twitter

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Desenho do Nando: o bonde fascista sai do trilho

 

Reprodução Twiter

Chile: o povo comemora vitória nas urnas e o mercado financeiro, que adora ditaduras, já reage negativamente

 

Chilenos nas ruas comemoram a vitória de  Gabriel Boric. Sempre na contramão da democracia e saudoso de Pinochet o mercado financeiro do país reagiu negativamente. Mercado em geral, especuladores,  lavadores de dinheiro e traficantes de valores queriam a eleição do nazi-fascista José Antônio Kast. Com a nova Constituição e a eleição de Boric, o Chile pretende enterrar de vez a ditadura do assassino e corrupto Pinochet. Mas a maioria democrática deve estar atenta e forte. Os nazi-fascistas aliados do mercado vão tentar tumultuar o país.  

Gracias, Chile: Cuando miro el bueno tan lejos del malo (*)

Reprodução Twitter
(*) Com licença de Mercedes Sosa e Violeta Para.

sábado, 18 de dezembro de 2021

Publicado ontem no twitter: Manchete na memória

Amigos da Bloch em confraternização na Taberna da Glória: 2021 mete o pé, 2022 é bem chegado

 







Os colegas da Bloch Editores provoveram encontro de fim de ano na tradicional Taberna da Glória. Hora de superar o difícil 2021 e virar a chave para um 2022 mais amigável. 

Amizade é, aliás, o que une antigos companheiros das revistas da Rua do Russell, do jornalismo, da fotografia, da diagramaçao administração, de todos os setores onde tantos conviveram por tanto tempo. São momentos para boas memórias e, principalmente, de celebração do tempo presente, da vida. 

Nos últimos dois anos, compreensivelmente, a Covid-19 fez diminuir o número de participantes. Muita gente ainda aguarda melhores dias que certamente virão em um Ano Novo mais prommissor. 

As fotos acima registram o encontro na Taberna: Claudia Figueiredo, Armando, Lili, Cristina, Behula, Décio, Simone, Maria do Carmo, Claudia Richer e Susana Tebet. 

Feliz Natal e um 2022 perfeito para todos.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Tristeza não tem fim

Confirmado: 90% dos velórios, com margem de erro de 3% para mais ou para menos, são mais animados do que o pessoal da Globo News anunciando e comentando a mais recente pesquisa eletoral do Ipec, antigo Ibope. Calma, jornalistas, ainda faltam dez meses para as eleições. Muita coisa pode acontecer, inclusive o Cabo Daciolo subir nas pesquisas.

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Êêêêôô, investidor, investidor! O novo grito de guerra das torcidas do Cruzeiro, Botafogo e Vasco

por Niko Bolontrin

Autonomeados especialistas em economia esportiva são entusiastas da venda de clubes brasileiros de futebol para empresas, fundos de investimento, especuladores e milionários em geral. 

Se isso vai dar certo e curar as finanças da maioria dos clubes, o tempo dirá. Mas será imensa a mudança cultural. 

O colunista do Globo, Lauro Jardim, diz que árabes estão interessados em comprar o Botafogo e Cruzeiro. Segundo outras fontes, o Vasco também pode entrar na bacia das almas que vai, asseguram os especialistas, refundar o futebol brasileiro. Seremos a Premier League do baixo hemisfério, dizem os promoters do clube-empresa.

Há dúvidas, claro. Inclusive morais e éticas. Por exemplo, as ditaduras do Golfo estão provocando reações em vários países ao adquirir clubes tradicionais. Reino Unido e França têm registrado essas reações. Anunciantes parceiros dos clubes dominados por Catar, Emirados Árabes e Arábia Saudita, onde os diretos humanos não entram em campo, começam a sofrer pressões nas redes sociais. Como a grana manda, esse processo não vai parar. A Copa do Mundo é no minúsculo Catar que a FIFA deve achar que é potência do futebol. 

Vejam o caso da Fórmula 1, que hoje vende provas para os três países citados acima e mais o Bahrein. Todos ditaduras religiosas. Dinheiro na mão e o que vale.

Voltando ao futebol, o torcedor brasileiro vai ter que se adaptar? Se fecharem negócio, vão carregar bandeiras do Cruzeiro-Catar, Botafogo-Arábia, Vasco-Emirados? E tem mais, é comum o investidor revender o time para realizar lucros e ai as bandeiras vão mudando. Nos Estados Unidos, investidores compram e vendem times de basquete, futebol americano e beisebol. Há casos em que o comprador leva a sede do time para outra cidade. Ao gosto do comprador, o Cruzeiro pode ir, por exemplo, para Forianópolis; o Vasco se mudar para Campo Grande; o Botafogo ser levado para Brasília. Por que não?  Também há no mundo desconfiança de uso de transações futebolísticas para lavagem de dinheiro. Clube-empresa vai ajudar ou atrapalhar essa suspeita? O que acontecerá com as carteiras de socio-torcedor que representam entrada de recursos para os clubes associativos atuais? Acabam?O torcedor vai entrar com uma grana para engordar o investidor?  Torcedor vai pagar uma espécie de dízimo para os sheiks? Quero ver as torcidas nós estádios gritando "ei, ei, ei, o sheik é nosso rei"; "a benção, Muhammad, nosso povo te abraça": ou, ainda, "uma vez, Arábia, Arábia até morrer".

Mutreta em alta velocidade

Essa foto circula em redes sociais com uma legenda sugestiva: o momento exato em que  Federação Internacional de Automobilismo e a Liberty Media, empresa estadunidense que é dona da F1, decidiu que o inglês não seria o campeão do mundo. Como posições afirmativas contra racismo, violência policial contra negros, Hamilton é um incômodo para a conservadora FIA. Nos GPs realizados nas ditaduras islâmicas do Catar, Bahrein, Arábia Saudita e Emirados Árabes, que rendem milhões de dólares para a F1, Hamilton fez campanha em defesa dos homossexuais discriminados, perseguidos e até condenados à pena de morte nas ditaduras religiosas. Na última corrida, Hamilton liderava quando o safety car entrou na pista após acidente com a Ferrari de Latifi. A partir daí duas  irregularidades - Vestappen colocar o carro à frente de Hamilton quando o safety car ainda estava na pista; e a estranha e intempestiva liberação da corrida privilegiando o avanço do carro da Red Bull -  mudaram o resultado da corrida e tiraram o título do inglês.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Elon Musk, a controvertida " Pessoa do Ano 2021" da Revista Time



A Time costuma justificar sua escolha de Pessoa do Ano como aquela figura que se destaca para o bem e para o mal. Hitler já foi Pessoa do Ano, como se sabe. Mas ao longo da trajetória da premiação há, teoricamente, personalidades mais amigáveis do que detestáveis, mais reconhecidas por iniciativas por positivas do que por ruínas morais e éticas. Mais..., mas nem sempre.

O empresário e lobista bilionário, Elon Musk foi escolhido Pessoa do Ano de 2021 pelos editores da Time .A revista justifica a escolha com missão espacial privada Inspiration 4, da SpaceX. Musk também é dono da Tesla, fabricante de carros elétricos e ativo especulador em bitcoins.  

Há mais sombra do que luz na nova Pessoa do Ano. Musk é declarado negativista, da Covid-19 é contra a vacinação, já disse que ele e seus filhos não se vacinariam, foi um dos videntes que apontou abril de 2020 como data do fim da pandemia. Faz constantes declarações irônicas sobre a Covid. Diante da repercussão das suas opiniões, prometeu doar 400 mil aparelhos de ventilação para hospitais americanos. Cumpriu em parte a promessa, mas  passada a onda de críticas na web esqueceu o assunto. Um seguidor, certa vez, fez a Musk uma pergunta incômoda. Queria saber se o governo dos Estados Unidos havia organizado um golpe na Bolívia de olho nas vastas reservas de lítio, mineral usado em baterias elétricas, o componentes fundamental dos carros Tesla. Musk respondeu: “Vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”. Em seguida, apagou a fala das suas redes sociais pressionado por investidores da Tesla, que o consideram "imaturo".
A mais recente investida de Elon Musk é no Brasil, com potencial de polêmica. O lobista se aproximou do ministro das Comunicações, Fábio Faria, genro de Sílvio Santos, com quem se reuniu em Austin, no Texas, há certa de um mês, demonstrando interesse em utilizar uma das suas empresas, a Starlink, de rede de satélites, para fornecer internet em áreas remotas do país. Segundo a Folha de São Paulo, o lobby de Musk teria "constrangido a Anatel", agência brasileira responsável pelo setor.  

Fotomemória: 53 anos do AI-5 e a pose dos canalhas em 13 de dezembro de 1968.

Foto Oficial Reprodução/Divulgação

Em um dia como hoje, há 53 anos, a ditadura decretava o AI-5 que retirava dos brasileiros o que lhes restava de direitos após o golpe de 1964. 
Ao longo da história o Brasil reuniu muitos canalhas em fotos memoráveis. Os arquivos políticos mostram que é extraordinária e sempre se renova a capacidade do país de produzir até hoje imagens do tipo. Essa foto reúne Costa e Silva e seus ministros no Palácio Laranjeiras, no Rio de Janeiro em 13 de dezembro de 1968. Foi logo após a assinatura do famoso documento. Comemorava-se o novo marco do autoritarismo. As mãos que empunharam as canetas que oficializaram a barbárie saíram dessa cerimônia macabra tingidas de sangue. Nos dias seguintes, milhares de brasileiros foram presos, muitos foram torturados, assassinados, desaparecidos, outros buscaram o exílio. Diante da lei os signatários ficaram impunes. Apenas a História os condenou e, talvez, embora improvável, alguns resquícios de consciências à mesa. Essa foto é a única sentença que restou.

sábado, 11 de dezembro de 2021

O Redentor do Corcovado comemorou 90 anos. O Cristo da Coluna da Hora do Crato, também em art déco, festeja nesse Natal 84 anos.

O Cristo do Crato. Foto Prefeitura Municipal do Crato.


Linhas do monumento em art déco. Foto J. Esmeraldo Gonçalves

por José Esmeraldo Gonçalves

O jornalista e escritor Roberto Muggiati, amigo curitibano e colega dos tempos da Manchete, ex-diretor da revista, publicou recentemente um texto sobre as réplicas do Cristo Redentor do Corcovado que se multiplicam pelo Brasil. 

A comemoração dos 90 anos do monumento que domina o Rio de Janeiro foi o "gancho" jornalístico do artigo do Muggiati. 

O Cristo carioca esculpido pelo francês Paul Landowski é uma preciosidade da art déco. Já os clones plantados em picos e praças nacionais são mesmo, na maioria, lamentavéis equívocos esculturais. Há Cristos atléticos, como se acabassem de sair de uma academia Smart Fit, outros têm face e postura lamurientas que ganhariam papel em novela mexicana. Monumento do Cristo raivoso? Tem, e até parece um "Rambo" a perseguir pecadores. Até um Cristo em pedra faz uma estranha saudação com a mão direita erguida, palma aberta. Não se surpreenda se a imagem remete a trágicas lembranças: isso mesmo, Hitler desfilando na Potsdamerplatz.


Pois esqueçam tudo isso. O Crato, Ceará, se orgulha com razão de ter como símbolo oficial da cidade um Cristo de fé e classe instalado em uma coluna em art déco  - a Coluna da Hora, de 30 metros de altura. O monumento, que foi selo dos Correios em 1953, domina uma praça histórica da cidade, a Francisco Sá. O Cristo do Crato abre os  braços para a antiga estação ferroviária. Na base do monumento lê-se a frase: "Nesta terra há lugar para todas as pessoas de boa vontade".  

O Cristo do Corcovado foi inaugurado em 12 de outubro de 1931. O Cristo do Crato foi instalado apenas sete anos depois, em 25 de dezembro de 1938, há 84 anos. O monumento foi encomendado ao escultor italiano Agostinho Balmes Odísio, que viveu alguns anos no Brasil, na primeira metade do século 20. 

Sou um cidadão cratense que há quase 55 anos tem visto residencial no Rio de Janeiro. Aqui nasceram meus filhos Tiago e Eduardo e meu neto Bruno. Quando apresento minha carteira de identidade ainda do jurássico "Estado da Guanabara" geralmente causo espanto em funcionártios ou atendentes mais jovens.

Antiga Estação Ferroviária do Crato, hoje centro cultural.
Foto Prefeitura Municipal do Crato

Aqui o Corcovado é onipresente, mas sempre que vejo o Redentor do Rio de Janeiro a imagem me remete ao Cristo da Coluna da Hora da Praça da Estação do Crato. 

Pra mim são portais que ligam o mundo que vivi, são os pontos definitivos do google maps que me rastreia.  São as cidades que tenho e que me têm. Na memória ou no presencial. 

Na capa da IstoÉ: o xerife da carceragem

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

A "festa da firma" de Biden

Reprodução Twitter

Biden fez um "mela cueca" de fim de ano sobre "Democracia". Curiosamente, o encontro não registra as ditaduras patrocinadas pelos Estados Unidos. Casos de Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrein, Paquistão, Egito etc. Na festinha de Biden até Bolsonaro tirou onda de "democrata". Deve ter valido como confraternização de fim de ano.

PÃO PÃO, QUEIJO QUEIJO: cartas psicografadas podem resolver mistérios brasileiros e internacionais

No julgamento em curso dos acusados pela tragédia da boate Kiss, a advogada de um dos réus leu uma carta psicografada onde um jovem morto no incêndio pede que todos parem de procurar culpados e façam orações. Parece deboche diante dos parentes das vítimas. Vários deixaram a sala do júri em protesto.

Apelar para o Além não é algo inédito na Justiça desse bizarro país chamado Brasil. Já houve casos em que juízes aceitaram argumentos do outro mundo. 

Já que a pátria está mesmo fora de controle, a nobre Justiça podia oficializar o recurso fantamasgórico. Pode ser útil até para investigações que deram em nada. O ex-bolsonarista Gustavo Bebiano talvez revele em carta psicografada as denúncias que levou para o túmulo. JK, Jango e Carlos Lacerda podem confirmar se foram assassinados pela operação Condor das ditaduras militares do Cone Sul. Ulysses Guimarães, se acionado, revelaria onde repousa seu corpo jamais encontrado. Teori Zavaski informaria se morreu em acidente aéreo ou atentado. Se o instrumento jurídico made in Brazil for oferecido ao mundo saberemos se João Paulo I foi assassinado, onde está o corpo de Jimmy Hoffa,  Lee Oswald dirá se realmente matou Kennedy e o policial Jack Ruby contará porque matou Lee Oswald. Marilyn Monroe contará em detalhes as suas últimas duas horas de vida. O coronel Fawcett dirá que não desapareceu na Amazônia; sumiu porque se apaixonou por uma bela indígena com quem viveu até os 90 anos em uma tribo isolada.

Morto que dá seu testemunho psicografado e é aceito pelo juiz é a maior contribuição que a Justiça brasiloide pode dar aos tribunais internacionais. Será o fim de todos os mistérios. Parabéns aos envolvidos que ajudam o Brasil a descer um pouco mais a ladeira.

Na capa da Carta Capital: a conspiração fundamentalista

O esculhambado do ano

Simulação de capa. Reprodução Twitter 


Simulação de capa. Reprodução Twitter

por O. V. Pochê
Milícias digitais bolsonaristas fizeram campanhas nas redes sociais para indicar Bolsonaro como Homem do Ano da revista Time. Votação em massa, talvez robôs enlouquecidos, apoiadores varando noites e o brasileiro liderou a enquete que não implica em escolha pela redação daTime. A revista anunciará o eleito neste 13 de dezembro.  
Enquanto isso, quem se divertiu foi a rede social onde pipocaram memes e "capas" sugeridas com o elemento. Se vai ser Homem do Ano, tudo é possível - Hitler e Stalin já o foram - mas já é o personagem que mais esculhambado na internet nos últimos dias. E isso não é pouca coisa.



Depois do boi dos boys da Bolsa, Vaca Magra em alta cotação

A Vaca Magra foi pro brejo da especulação financeira. Reprodução Instagram

por O. V. Pochê
A sede da Bolsa em São Paulo foi enfeitada com a Vaca Magra, criação da artista plástica cearense Márcia Pinheiro. Ao contrário do boi gordo com que especuladores se homenagearam no mesmo local recentemente, e que ficou exposto por sete dias, a Vaca foi logo reprimida pela fiscalização. Mas deu o recado contra a fome e a desigualdade. O Brasil está esquálido. Se fosse de verdade não sobreviveria um minuto na pátria amada que está lavando osso, investindo em pé de galinha, comprando ação de resto de cheaseburguer, fazendo IPO de sobra de sushi vencido e mandando carcaça de qualquer bicho pra conta secreta da barriga. 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

No novo filme Pânico 5 o serial killer Ghostface vem com máscara de metal. E o que o Pink Floyd tem a ver com isso?

Ghostface de metal em versão 2022 . Divulgação

por Ed Sá

O filme Pânico (Scream) estreou em 1996. Vinte e cinco anos depois, Pânico 5 chega aos cinemas brasileiros em janeiro, segundo a Paramount. A campanha publicitária destaca a nova máscara usada pelo brutal serial killer  Ghost Face. Dessa vez, ele  aterroriza a cidade de Woodsboro com um adereço  de metal que indica maiores níveis de sangue no filme estrelado pelo elenco original, Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette, e mais uma turma escolada em filmes de terror: Marley Shelton, Melissa Barrera, Jenna Ortega , Jack Quaid, Jasmin Savoy Brown e Dylan Minette. A direção é de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, também especialistas no gênero e que substituem Wes Craven, o cineasta morto em 2015, depois de comandar as quatro primeiras versões, 

Poster do LP The Wall inspirou a máscara da franquia Pânico.


Fanta na latinha: série "homenageia" o serial killer. Divulgação

Pânico e as suas sequências atraíram multidões aos cinemas e consagraram um ícone pop que eletrizou gerações; a máscara do Ghostface. O último filme da franquia, Pânico 4, foi lançado em 2011, há dez anos. Daí, preciso contar à geração que vai aos cinemas no ano que vem que a famosa máscara tem origem ilustre. Foi inspirada no quadro O Grito, de Edward Munch, apareceu antes em uma exposição de fantasias da Fun World e foi recriada para um poster promocional do LP The Wall, do Pink Floyd. 
E você vai poder assistir Pânico 5 comendo pipoca com Fanta, série Ghostface. Mais pop impossível. A lata, aliás, tem uma advertência: 1. Não atenda o telefone, 2. Mantenha seus lanches bem perto, 3. Curta com o sabor delicioso de Fanta.

Veja o trailer de pânico 5 AQUI

Dois toques: religião merece respeito, já o uso da fé como política pode e deve ser criticado

 

Imagem/Reprodução 

Reprodução Twitter

Só Elio Gaspari não percebe? E olha que o jornalista e escritor mergulhou nos arquivos de Golbery para escrever uma ampla biografia sobre a ditadura militar no Brasil. Golbery tinha conspiração correndo nas veias. Seu apelido era "Feiticeiro". Pois Gaspari escreveu em sua coluna no Globo (08-12-2021) sobre uma suposta perseguição a André Mendonça, "ministro de Bolsonaro", como o próprio presidente rotulou, no STF. O colunista vê "intolerância" nas críticas, quando o que há no Brasil atual é uma programada e crescente ocupação política do Estado laico por evangélicos, especialmente os da linha neopentecostal. Bancadas evangélicas no Congresso, assembleias e câmaras de vereadores, além de cargos em todos os escalões do setor público e presença ostensiva em polícias e quarteis das Forças Armadas já resultam em normas, leis e costumes de inspiração religiosa. Gaspari acerta quando observa que não há nada demais em  ter um pastor evangélico como ministro do STF, um judeu ou um católico( faltou dizer um candomblecista, um umbandista...), mas erra quando não enxerga o projeto político no embalo da fé. Na própria comemoração íntima da nomeação, Mendonça e demais religiosos foram bem claros ao exaltar o significado da conquista que vai muito além da restrita interpretação que o colunista deu ao fato. No UOL, um pastor e teólogo, incomodado com as críticas à euforia, pulos e às línguas ininteligíveis com que Michele Bolsonaro festejou a chegada de Mendonça ao STF, também pediu "respeito".  Ora, ali também o que se comemorava era força política do cargo alcançado por alguém "terrivelmente evangélico", meta anunciada por Bolsonaro, e que deve orientar as suas próximas nomeações para o STF. Isso é política e como tal pode receber críticas. Religião é outra coisa, íntima, pessoal e nada exibicionista ou conspiratória. 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Delete o eufemismo 2 - Fique de olho no Calotão Nacional

Quando ouvir falar em PEC dos Precatórios, entenda: é mão leve do governo, extorsão, confisco, apropriação de valores privados tão grave quanto a milícia cobrar taxa de comerciante da periferia. Leia-se PEC dos Predatórios.

Delete o eufemismo 1 - Não se deixe enganar...

Quando ouvir falar em Orçamento Secreto entenda o que significa: é a Mega Rachadinha institucional.

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Eleitores de Bolsonaro estão entrando no armário

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Dia sim dia não alguém afirma nas redes sociais que votou no Haddad. Celebridades então parecem ter votado em peso no professor. Até famosos que vestiram verde amarelo Av. Atlântica e Paulista estão se refugiando no armário e negando o Bozobrocha três vezes antes do sol se por. É melhor acionar a ONU e pedir recontagem. 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

PÃO PÃO QUEIJO QUEIJO: Da “noivinha do Aristides” ao Dr. Rui: nosso fucklore político


À direita, Chico Anysio caracterizado como Salomé (1979). Segundo a revista Manchete,
Djanira teria servido de inspiração para Salomé (Manchete, 16 jun. 1979). 

A história brasileira é rica em codinomes e identidades c(h)ifradas.  Essa do Aristides - fake news que começou no Twitter e se espalhou pelas redes sociais - lembrou logo uma série de notórios apelidos que se tornaram tão famosos quanto seus codificados. Dr. Rui era o nome em código da amante de Adhemar de Barros (aquele do “rouba, mas faz”). O então governador de São Paulo parava qualquer reunião quando um assessor entrava na sala e cochichava: "Dr. Ruy está esperando no local combinado". A militante Dilma Rousseff (codinomes Wanda, Patrícia, Estela, Luiza) não participou diretamente da ação armada que "desapropriou" o famoso cofre de Adhemar, e sim do seu desdobramento: disfarçada de turista estrangeira, ajudou a trocar os milhares de dólares, muitos deles no Copacabana Palace. Quando presidente, Dilma  deu um estrelato meteórico a um tal de Bessias (na verdade, o servidor Jorge Messias, que não é parente de Jair Messias, também conhecido entre seus apoiadores como Mito) em famoso telefonema a Lula grampeado pelo presidenciável da Lava Jato Sérgio Moro (a quem os procuradores chamavam de Russo) que escorregou no vernáculo com um acaipirado “cônje”... 

Ainda no atual (des)governo, um bisonho Ministro da (des)Educação metamorfoseou o sobrenome do famoso autor checo num prato do cardápio árabe, chamando-o de Franz Kafta... Também na política recente, um delator contou à justiça que o “Departamento de Propinas” da Odebrecht usava apelidos para que os funcionários do “baixo clero” que supostamente faziam os repasses irregulares não ficassem sabendo para quem ia o dinheiro. Alguns bastante sugestivos: Abelha, Coxa,  Barbie, Inca, Roxinho,  Babão, Balzac, Chorão, Garanhão, Desesperado, Escritor, Fodinha, Menino da floresta, Mercedes, Musa, Duro, Oxigênio, Primo, Princesa, Viagra, A lista completa com dezenas de nomes, foi publicada em 2017 pelo G1. Os políticos relacionados aos codinomes negaram as acusações do delator. 

Leonel Brizola era um especialista em demolir adversários com apelidos que grudavam nos alvos: Gato Angorá era Moreira Franco; Sapo Barbudo colou no Lula e Filhote da Ditadura era Paulo Maluf durante a campanha eleitoral de 1989. 

Um codinome já foi responsável por encerrar uma recente sessão na Câmara onde deputados ouviam explicações de Paulo Guedes. Instalou-se uma confusão quando o deputado Zeca do PT cravou no ministro de Economia um condimone inspirado na letra de um funk do Bonde do Tigrão; "Vem tchutchuca linda / Senta aqui com seu pretinho / Vou te pegar no colo / E fazer muito carinho…”  Tchutchuca, no sentido pejorativo, é usado como menina vulgar e promíscua que não serve para um relacionamento sério. 

No imaginário político nacional, várias figuras ficcionais surgiram na mídia, principalmente nos cartuns, nas crônicas dos jornais e nos programas humorísticos da TV. Uma das mais destacadas foi Salomé, criada e interpretada por Chico Anysio no programa Chico City, em 1979. Falando num gauchês acentuado, a senhorinha de Passo Fundo, RS, interpelava em seus telefonemas quase diários  João Baptista Figueiredo com críticas e cobranças. Ex-professora de Figueiredo, Salomé tratava o Chefe da Nação como “guri” ou “João”, mostrando intimidade ele. Ao final, bradava seu implacável bordão: “Eu faço a cabeça de João Baptista ou não me chamo Salomé".  

sábado, 4 de dezembro de 2021

PÃO PÃO, QUEIJO QUEIJO

Brain drain

Padre Marcelo Fernandes 
Foto Rodrigo W. Blum/Divulgação
A ciência anda tão em baixa neste país que está havendo uma debandada em massa nas áreas de tecnologia, educação e afins. O caso emblemático foi a recusa, há dias, do Padre Marcelo Fernandes de Aquino, reitor da Usisinos, de receber a outrora cobiçada comenda de Cavaleiro da Ordem de Rio Branco. Ele justificou a decisão pela “incapacidade do Governo Federal de dar rumo correto para as políticas públicas”. (Politicagem über alles, diria Goebbels, um dos pensadores favoritos do nosso tosco regime terraplanista.) Tivemos uma diplomacia e uma economia de Primeiro Mundo, com os barões do Rio Branco e de Mauá, lá nos tempos do Imperador... Os americanos inventaram um nome para o que acontece hoje no Brasil: brain drain – a inteligência escapa pelo ralo... E, no nosso agrossafadês, a vaca vai para o brejo...

Josephine e o livro Musas dos anos loucos • Por Roberto Muggiati

Josephine Baker.
Foto Divulgação
Em francês, Josephine rima com héroïne. A dançarina e cantora Josephine Baker – sexta mulher e a primeira negra a ter seus despojos acolhidos no Panthéon de Paris, faz parte da galeria das “musas dos anos loucos” – as mulheres que abalaram a década de 1920. E de um livro que ainda pretendo publicar, 20 mulheres de 1920/As musas dos anos loucos. A espinha dorsal de mais esta obra-prima que adormece nas gavetas do tempo é a série que publiquei – de novembro de 1988 a abril de 1989, na revista EleEla – com os perfis de Tamara de Lempicka, Bessie Smith, Pagu, Josephine Baker, Zelda Fitzgerald, Louise Brooks, Lotte Lenya e Isak Dinesen. A história de Dinesen foi ampliada na série “As obras-primas do milênio” (na última edição que foi às bancas da revista Manchete, em 29 de julho de 2000). E Gala Dali teve sua love story com Salvador Dali contada na seção “Gente e Histórias” da revista Contigo, na edição do Dia dos Namorados, em 5 de junho de 2014.

A lista da Top 20 inclui ainda Isadora Duncan, Marlene Dietrich, Coco Chanel, Kiki de Montparnasse, Leni Riefenstahl e, é claro, Frida Kahlo, o mais avassalador fenômeno cult deste século, embora tenha morrido em 1954, aos 47 anos.

Em três meses limpos, com um mecenato pagando minhas contas e me aliviando do trabalho mercenário que garante minha sobrevivência, eu colocaria no papel estas vinte biografias fabulosas do momento mágico em que a mulher, pela primeira vez, mostrou que era capaz de – ela mesma – escrever a sua história. 



PS • Josephine: da Gay Paree a Porto Alegre

Josephine Baker em Porto Alegre, 1971, recebida
pela diretoria da Aliança Francesa. Foto A.F

Esta história me foi brindada pelo amigo Márcio Pinheiro, jornalista gaúcho, editor do site amajazz. Trancrevo ipsis:

“Ontem o corpo de Josephine Baker (1906-1975) foi transferido para o Pantheon de Paris. Ela foi a sexta mulher a receber esta homenagem, e a única mulher negra.

Há exatos 50 anos, ela esteve em Porto Alegre, época ainda em que quase ao lado do Teatro Leopoldina - onde ela se apresentou - havia o Tia Dulce. Era um restaurante, localizado no térreo de um edifício e famoso por uma inesquecível sopa de cebola. A Tia que dava o nome ao estabelecimento era casada com um alemão, Henry Walter Cassel, que contava ter lutado ao lado dos americanos na II Guerra. Tio Dulce, como foi apelidado, também adorava contar - sentado numa mesa de canto do restaurante - que havia sido amigo de Josephine, inclusive ajudando-a durante as batalhas. Ninguém acreditava.

Em 1971, quando se apresentou na cidade, Josephine foi convidada por um grupo para ir ao Tia Dulce. Era a chance de demolir com a fantasia de Tio Dulce. Chegando ao local, Josephine olha para o canto e diz: ‘Henry Cassel!!!!!’. Ele se levanta, os dois se abraçam e começam a chorar convulsivamente. Era tudo verdade!”

Na capa da Crusoé: a selfie do "Subornão"

por José Esmeraldo Gonçalves

O grande esquema de cooptação de parlamentares do Centrão para aprovação de projetos de interesse de Bolsonaro posou para fotos. A Crusoé mostra como funciona o que já é informalmente apelidado de "Subornão". 
No caso, a farra das emendas do Orçamento Secreto - que não podia ter outro nome - é um atalho para o desvio de verbas como mostram a foto de capa e a reportagem da revista. O deputado Josemar de Maranhãozinho, um dos chefões do PL, o novo partido de Bolsonaro, acaricia como se fosse a amada amante um gordo maço de cédulas. Segundo o investigação da PF com determinada pelo STF, o dindin tem carimbo: é grana da farra das emendas parlamentares. 
Como não é o monstro do Lago Ness, cuja existência jamais foi comprovada, a corrupção atrelada ao tal orçamento secreto logo se materializou na reportagem. Isso na mesma semana em que o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PDS), pede seis meses (!!!) para procurar a papelada que possivelmente revelará nome, destino, DNA, percurso, montantes, time de futebol, cantora preferida, alma mater, amigos, vizinhos, viagem inesquecível, lua de mel, pais e mães das tais emendas milionárias do relator. 

Mas diz aí, amigo. O senador Rodrigo não tem computador e senha na mesa dele? Se o orçamento secreto algum dia virou arquivo do sistema não seria o caso de sua senhoria apenas apertar a velha tecla de busca e localizar o dito cujo? Ou o doc não existe, a grana saiu pra passear sem dizer aonde ia e daí o Congresso precisar de seis meses para correr atrás dos CPFs, quantias e destinação da dinheirama como essa que está nas mãos ágeis do Maranhãozinho no PL? 
Uma sugestão deste jornalista e contribuinte: marcar com um rastreador todas as cédulas provenientes das emendas do relator. E os eleitores poderiam acompanhar em tempo real o rolezinho dos milhões. 
Avisem ao Congresso que essa tecnologia existe.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Dois toques: a tragédia brasileira em charges

 

Reprodução Twitter

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Funcionário do governo Bolsonaro decora a sala com cartaz inspirado no slogan de Donald Trump


O secretário de Política Econômica de Bolsonaro deu entrevista à Globo News, hoje, para tentar explicar o pibinho negativo do Brasil. Mas o que chamou atenção foi, bem ao lado da bandeira, um cartaz amarelo onde se lê "Make SPE Great Again". SPE, claro, é a sigla da Secretaria. O funcionário Adolfo Sachsida, que replica na sua sala o slogan de  Donald Trump - o ex-presidente estadunidense atualmente é investigado por ações contra a democracia e por tentativa de obstrução da justiça - deve ser tiete do magnata. Faltou o boné Trump2024.

Esse é o verdadeiro "controle da mídia"

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Bolsonaro esnobou Deus. É o que conta o site Metrópoles


Guilherme Amado, do Metrópoles, revela que André Mendonça, que acaba de ganhar crachá do STF, foi procurado por Deus, o próprio, que lhe transmitiu um recado para Bolsonaro. A pandemia estava desembestada e o negacionismo do inquilino do Planalto também. A mensagem que Mendonça ouviu de Deus pedia que Bolsonaro seguisse as recomendações de Mandetta, então ministro da Saúde. Como se sabe, nem o recado de Deus fez Bolsonaro manter Mandetta no cargo. Para decepção divina, ele foi defenestrado pouco depois. Desconfio que Deus vai cobrar a desfeita na CPI do Juízo Final. 

Você pode acessar a matéria do Guilherme Amado no link 

https://www.metropoles.com/colunas/guilherme-amado/o-dia-em-que-deus-fez-uma-revelacao-sobre-bolsonaro-a-andre-mendonca

Nem precisou de um cabo e dois soldados

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Nada que não possa piorar

Reprodução Folha de São Paulo

O artigo de Thiago Amparo publicado na Folha de São Paulo, hoje, desfaz fantasias e expõe uma contradição. Segundo as pesquisas, a aprovação de Bolsonaro despenca na tabela. E isso anima muita gente. É a fantasia. A realidade é que  infelizmente o "noivinho" continua governando. Tem a maioria do Congresso na mão grande, acumula vitórias sucessivas em várias instâncias da Justiça, PGR não o incomoda, nem PF, tribunais de contas, controladorias, Interpol e muito menos o guarda da esquina. Fora Getúlio Vargas do Estado Novo e os generais-ditadores  que desfilaram na passarela do regime militar, Bolsonaro é o mais poderoso entre os governantes brasileiros. Faz o que quer, aprova o que quer. Quando perde alguma parada é quase sempre uma miudezas, um "bode na sala" que nem ele se esforça para tirar, deixa pra lá. Quando  realmente interessa ao governo ele faz a boiada passar. O Bozoroca tem no mínimo o ano inteiro de 2022 para rodopiar no salão com a República. Comentaristas políticos dizem que com o aumento da insatisfação popular ele vai despencar ainda mais. O problema é que a insatisfação pode estar em grande parte do povo mas não chega aos grupos de apoio do "coisa ruim" nem alcança instituições perfeitamente manipuladas ou aparelhadas. Aviso aos náufragos: Bolsonaro tem, no mínimo, o ano inteiro de 2022 para fazer pior. Muito pior.