No julgamento em curso dos acusados pela tragédia da boate Kiss, a advogada de um dos réus leu uma carta psicografada onde um jovem morto no incêndio pede que todos parem de procurar culpados e façam orações. Parece deboche diante dos parentes das vítimas. Vários deixaram a sala do júri em protesto.
Apelar para o Além não é algo inédito na Justiça desse bizarro país chamado Brasil. Já houve casos em que juízes aceitaram argumentos do outro mundo.
Já que a pátria está mesmo fora de controle, a nobre Justiça podia oficializar o recurso fantamasgórico. Pode ser útil até para investigações que deram em nada. O ex-bolsonarista Gustavo Bebiano talvez revele em carta psicografada as denúncias que levou para o túmulo. JK, Jango e Carlos Lacerda podem confirmar se foram assassinados pela operação Condor das ditaduras militares do Cone Sul. Ulysses Guimarães, se acionado, revelaria onde repousa seu corpo jamais encontrado. Teori Zavaski informaria se morreu em acidente aéreo ou atentado. Se o instrumento jurídico made in Brazil for oferecido ao mundo saberemos se João Paulo I foi assassinado, onde está o corpo de Jimmy Hoffa, Lee Oswald dirá se realmente matou Kennedy e o policial Jack Ruby contará porque matou Lee Oswald. Marilyn Monroe contará em detalhes as suas últimas duas horas de vida. O coronel Fawcett dirá que não desapareceu na Amazônia; sumiu porque se apaixonou por uma bela indígena com quem viveu até os 90 anos em uma tribo isolada.
Morto que dá seu testemunho psicografado e é aceito pelo juiz é a maior contribuição que a Justiça brasiloide pode dar aos tribunais internacionais. Será o fim de todos os mistérios. Parabéns aos envolvidos que ajudam o Brasil a descer um pouco mais a ladeira.
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