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sábado, 4 de dezembro de 2021

Josephine e o livro Musas dos anos loucos • Por Roberto Muggiati

Josephine Baker.
Foto Divulgação
Em francês, Josephine rima com héroïne. A dançarina e cantora Josephine Baker – sexta mulher e a primeira negra a ter seus despojos acolhidos no Panthéon de Paris, faz parte da galeria das “musas dos anos loucos” – as mulheres que abalaram a década de 1920. E de um livro que ainda pretendo publicar, 20 mulheres de 1920/As musas dos anos loucos. A espinha dorsal de mais esta obra-prima que adormece nas gavetas do tempo é a série que publiquei – de novembro de 1988 a abril de 1989, na revista EleEla – com os perfis de Tamara de Lempicka, Bessie Smith, Pagu, Josephine Baker, Zelda Fitzgerald, Louise Brooks, Lotte Lenya e Isak Dinesen. A história de Dinesen foi ampliada na série “As obras-primas do milênio” (na última edição que foi às bancas da revista Manchete, em 29 de julho de 2000). E Gala Dali teve sua love story com Salvador Dali contada na seção “Gente e Histórias” da revista Contigo, na edição do Dia dos Namorados, em 5 de junho de 2014.

A lista da Top 20 inclui ainda Isadora Duncan, Marlene Dietrich, Coco Chanel, Kiki de Montparnasse, Leni Riefenstahl e, é claro, Frida Kahlo, o mais avassalador fenômeno cult deste século, embora tenha morrido em 1954, aos 47 anos.

Em três meses limpos, com um mecenato pagando minhas contas e me aliviando do trabalho mercenário que garante minha sobrevivência, eu colocaria no papel estas vinte biografias fabulosas do momento mágico em que a mulher, pela primeira vez, mostrou que era capaz de – ela mesma – escrever a sua história. 



PS • Josephine: da Gay Paree a Porto Alegre

Josephine Baker em Porto Alegre, 1971, recebida
pela diretoria da Aliança Francesa. Foto A.F

Esta história me foi brindada pelo amigo Márcio Pinheiro, jornalista gaúcho, editor do site amajazz. Trancrevo ipsis:

“Ontem o corpo de Josephine Baker (1906-1975) foi transferido para o Pantheon de Paris. Ela foi a sexta mulher a receber esta homenagem, e a única mulher negra.

Há exatos 50 anos, ela esteve em Porto Alegre, época ainda em que quase ao lado do Teatro Leopoldina - onde ela se apresentou - havia o Tia Dulce. Era um restaurante, localizado no térreo de um edifício e famoso por uma inesquecível sopa de cebola. A Tia que dava o nome ao estabelecimento era casada com um alemão, Henry Walter Cassel, que contava ter lutado ao lado dos americanos na II Guerra. Tio Dulce, como foi apelidado, também adorava contar - sentado numa mesa de canto do restaurante - que havia sido amigo de Josephine, inclusive ajudando-a durante as batalhas. Ninguém acreditava.

Em 1971, quando se apresentou na cidade, Josephine foi convidada por um grupo para ir ao Tia Dulce. Era a chance de demolir com a fantasia de Tio Dulce. Chegando ao local, Josephine olha para o canto e diz: ‘Henry Cassel!!!!!’. Ele se levanta, os dois se abraçam e começam a chorar convulsivamente. Era tudo verdade!”