quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Dois toques: religião merece respeito, já o uso da fé como política pode e deve ser criticado

 

Imagem/Reprodução 

Reprodução Twitter

Só Elio Gaspari não percebe? E olha que o jornalista e escritor mergulhou nos arquivos de Golbery para escrever uma ampla biografia sobre a ditadura militar no Brasil. Golbery tinha conspiração correndo nas veias. Seu apelido era "Feiticeiro". Pois Gaspari escreveu em sua coluna no Globo (08-12-2021) sobre uma suposta perseguição a André Mendonça, "ministro de Bolsonaro", como o próprio presidente rotulou, no STF. O colunista vê "intolerância" nas críticas, quando o que há no Brasil atual é uma programada e crescente ocupação política do Estado laico por evangélicos, especialmente os da linha neopentecostal. Bancadas evangélicas no Congresso, assembleias e câmaras de vereadores, além de cargos em todos os escalões do setor público e presença ostensiva em polícias e quarteis das Forças Armadas já resultam em normas, leis e costumes de inspiração religiosa. Gaspari acerta quando observa que não há nada demais em  ter um pastor evangélico como ministro do STF, um judeu ou um católico( faltou dizer um candomblecista, um umbandista...), mas erra quando não enxerga o projeto político no embalo da fé. Na própria comemoração íntima da nomeação, Mendonça e demais religiosos foram bem claros ao exaltar o significado da conquista que vai muito além da restrita interpretação que o colunista deu ao fato. No UOL, um pastor e teólogo, incomodado com as críticas à euforia, pulos e às línguas ininteligíveis com que Michele Bolsonaro festejou a chegada de Mendonça ao STF, também pediu "respeito".  Ora, ali também o que se comemorava era força política do cargo alcançado por alguém "terrivelmente evangélico", meta anunciada por Bolsonaro, e que deve orientar as suas próximas nomeações para o STF. Isso é política e como tal pode receber críticas. Religião é outra coisa, íntima, pessoal e nada exibicionista ou conspiratória. 

4 comentários:

Corrêa disse...

Religião e religião, política e política. Misturar as duas coisas acaba em corrupção e mexe com a liberdade dos outros. Guerras acontecem quando religiao quer poder. Religião com política mata.

J.A.Barros disse...

Uma breve consulta à história da humanidade, vamos constatar que preferencias religiosas em sistemas governamentais nunca deram bons resultados. Tivemos perseguições religiosas desde os tempos do Império Romano. Tivemos as perseguições calvinistas, a Santa Inquisição, de origem católica, enfim uma série de lutas religiosas, que tiveram episódios trágicos, trazendo a desarmonia entre os povos. Com a separação do estado temporal do estado espiritual, encontrou-se a o equilíbrio que rege e estabiliza uma nação. Não vamos procurar chifre em cabeça de cavalo, porque seria uma trágica volta à Idade Média.

Anônimo disse...

O que esses pastores politiqueiros fazem não é religião e enriquecimento ilícito. Mas se tem otários que sustentam esses caras fodamse

Anônimo disse...

O que esses pastores politiqueiros fazem não é religião e enriquecimento ilícito. Mas se tem otários que sustentam esses caras fodamse