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sábado, 11 de dezembro de 2021

O Redentor do Corcovado comemorou 90 anos. O Cristo da Coluna da Hora do Crato, também em art déco, festeja nesse Natal 84 anos.

O Cristo do Crato. Foto Prefeitura Municipal do Crato.


Linhas do monumento em art déco. Foto J. Esmeraldo Gonçalves

por José Esmeraldo Gonçalves

O jornalista e escritor Roberto Muggiati, amigo curitibano e colega dos tempos da Manchete, ex-diretor da revista, publicou recentemente um texto sobre as réplicas do Cristo Redentor do Corcovado que se multiplicam pelo Brasil. 

A comemoração dos 90 anos do monumento que domina o Rio de Janeiro foi o "gancho" jornalístico do artigo do Muggiati. 

O Cristo carioca esculpido pelo francês Paul Landowski é uma preciosidade da art déco. Já os clones plantados em picos e praças nacionais são mesmo, na maioria, lamentavéis equívocos esculturais. Há Cristos atléticos, como se acabassem de sair de uma academia Smart Fit, outros têm face e postura lamurientas que ganhariam papel em novela mexicana. Monumento do Cristo raivoso? Tem, e até parece um "Rambo" a perseguir pecadores. Até um Cristo em pedra faz uma estranha saudação com a mão direita erguida, palma aberta. Não se surpreenda se a imagem remete a trágicas lembranças: isso mesmo, Hitler desfilando na Potsdamerplatz.


Pois esqueçam tudo isso. O Crato, Ceará, se orgulha com razão de ter como símbolo oficial da cidade um Cristo de fé e classe instalado em uma coluna em art déco  - a Coluna da Hora, de 30 metros de altura. O monumento, que foi selo dos Correios em 1953, domina uma praça histórica da cidade, a Francisco Sá. O Cristo do Crato abre os  braços para a antiga estação ferroviária. Na base do monumento lê-se a frase: "Nesta terra há lugar para todas as pessoas de boa vontade".  

O Cristo do Corcovado foi inaugurado em 12 de outubro de 1931. O Cristo do Crato foi instalado apenas sete anos depois, em 25 de dezembro de 1938, há 84 anos. O monumento foi encomendado ao escultor italiano Agostinho Balmes Odísio, que viveu alguns anos no Brasil, na primeira metade do século 20. 

Sou um cidadão cratense que há quase 55 anos tem visto residencial no Rio de Janeiro. Aqui nasceram meus filhos Tiago e Eduardo e meu neto Bruno. Quando apresento minha carteira de identidade ainda do jurássico "Estado da Guanabara" geralmente causo espanto em funcionártios ou atendentes mais jovens.

Antiga Estação Ferroviária do Crato, hoje centro cultural.
Foto Prefeitura Municipal do Crato

Aqui o Corcovado é onipresente, mas sempre que vejo o Redentor do Rio de Janeiro a imagem me remete ao Cristo da Coluna da Hora da Praça da Estação do Crato. 

Pra mim são portais que ligam o mundo que vivi, são os pontos definitivos do google maps que me rastreia.  São as cidades que tenho e que me têm. Na memória ou no presencial.