sexta-feira, 14 de maio de 2021

Memória (suja) da redação - Nem parece que foi ontem...

Manchete saúda o golpe de 1964 e pede passagem...

Já há algum tempo circula na internet um pdf com uma edição completa da  Manchete, de abril de 1964. Um leitor enviou o arquivo ao blog. Se foi viralizado por bolsonaristas - que pensam repetir aquelas cenas - ou como referência à adesão da revista àquele golpe, não há como saber.   

O certo é que a tal edição pouco tem de jornalismo na acepção honesta da palavra. É uma publicação que bateU continência e abanou o rabo para a ditadura que nascia. Pouca vezes, talvez, a mídia foi tão subserviente. Manchete não estava sozinha. Jornal do Brasil, O Globo, Estadão, Folha de São Paulo, O Cruzeiro, TV Tupi à frente da poderosa rede dos Diários Associados, Correio da Manhã (este, embora adesista, abria espaço para as primeiras críticas aos militares nos artigos de Carlos Heitor Cony, depois reunidos no livro "o Ato e o Fato"). 

A exceção ao massacre da democracia promovido pela mídia foi o jornal Última Hora, que já sofria forte boicote publicitário estimulado pelos conspiradores. Deflagrado o golpe, teve suas sedes no Rio e Recife invadidas e depredadas. 

O que veio a seguir, em 21 anos de trevas, com a trágica onda de assassinatos políticos, tortura, sequestros e corrupção, tem na origem as digitais encardidas dos principais veículos da mídia brasileira. O que, infelizmente, configura uma espécie de padrão histórico.  A maioria também apoiou o Estado Novo, de Getúlio Vargas, conspirou para tirá-lo do cargo em 1954, quando ganhou um cadáver, calçou coturnos em 1964 e, last but not least, defendeu o golpe jurídico-empresarial que tirou da presidência Dilma Rousseff e resultou em Jair Bolsonaro, um sujeito que exibe diariamente seus baixos instintos antidemocráticos.  

Não há como desmentir essas páginas vergonhosas do jornalismo. Estão por aí, digitalizadas, como uma alerta histórico. Mostram em capas, primeiras páginas e editoriais como parece fácil para as elites de várias épocas jogar a democracia no lixo. 

Para amanhã, por exemplo, bolsonaristas anunciam uma "marcha pela liberdade" contra o STF, as restrições provocadas pela pandemia, a favor do voto impresso, contra a CPI do Genocida, pela  intervenção militar "com Bolsonaro" e outras bandeiras da ultradireita. Até agora não há informação se além desses apelos os manifestantes protestarão contra a falta de vacinas, se lembrarão os quase 500 mil mortos por Covid-19, se haverá faixas contra a "rachadinhas", desemprego, fome, pobreza e Bolsolão (o "orçamento secreto" desmascarado pelo Estadão e que desviou R$ 3 bilhões em compras de tratores e obras com suspeita de superfaturamento), desemprego, fome e pobreza.
 

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Oh, que delícia de guerra...

Sugestão: na hipótese de uma guerra, o governo
 pode recorrer ao aplicativo Zé Delivery que
entrega cerveja até no front.
As Forças Armadas compraram 80 mil latas de cerveja a um custo total de R$80 mil reais. A cervejada seria destinada a comemorações e confraternizações "depois de uma atividade estressante", segundo o ministro da Defesa Braga Neto.  

Agora imagine se o Brasil entrasse em uma guerra. Nada mais "estressante". Haveria pausa para uma cerveja gelada? O já famoso Zé Delivery, da Brahma, iria entregar direto no front? Os blindados seriam adaptados para receber um frigobar? 

Se por acaso os briosos soldados precisassem incrementar a "confraternização", poderiam pedir a Bolsonaro o contato do cara que vende picanha a R$1.799,99 o quilo. A iguaria é coisa fina. Foi a atração do churra que o elemento fez no Alvorada para festejar o dia das mães.  Trata-se de uma carne extraída do boi mais desejado do mundo: o wagyu. O Kobe beef, nome da peça, é importado do Japão.

E, sempre bom lembrar que não faz muito tempo, com o Brasil precisando de vacinas e cilindros de oxigênio, o governo Bolsonaro pagou  R$ 15 milhões em leite condensado, vinho, refrigerantes e chicletes. 

Pedalada salarial

O país vive dificuldades econômicas, certo? 

Não para todos. 

Com uma canetada sem vergonha, o governo federal liberou salários acima do teto constitucional para privilegiados. Bolsonaro, claro, está entre os agraciados. O vice Mourão também. Significa que o limite anterior, de R$ 39,2 mil, pode ser ignorado. Mas a medida vai atingir outros marajás do serviço público, que poderão até acumular salários já que a nova norma vai contar cada remuneração separadamente. 

Paulo Guedes, que costuma ser rigoroso com a massa de servidores mais modestos, sobre os quais ele se orgulha de não dar aumento há dois anos, assinou a medida alegremente.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

A bula 171 que o governo federal tentou emitir...

Imagina a cena. Em uma sala da Presidência da República (atenção, o fato não ocorreu no bordel da Madame Brigitte, certamente muito mais digno e respeitoso). Pois nas dependências oficiais da República organiza-se uma reunião para incluir na bula da Cloroquina - medicamento destinado a outras doenças - propriedades para cura ou minimização dos graves sintomas da Covid-19. 

Alguém ainda não identificado - embora haja suspeitos - do staff mais próximo do presidente rascunha um decreto para reescrever a tal bula. Os simplórios ali reunidos, havia generais, médicos, ministros e sabe-se lá quem mais ou estavam revestidos de má fé ou ignoravam que bulas são documentos legais e médicos. 

Emissão de bulas cabe aos laboratórios que elaboram os medicamentos e, após testes, aferem sua utilidade. Incluir um item pirata, como o governo tentou fazer, é crime. Queria criar a bula 171. A motivação para a falcatrua era politica e viria em apoio ao negacionismo militante de Jair Bolsonaro. O estelionato foi barrada pelo presidente da Anvisa presente na tal reunião, conforme ele revelou à CPI do Genocídio. O que se tramava a reunião da bula era dobrar a meta e alcançar um número ainda maior de mortes dos brasileiros. Acima dos mais de 400 mil que a política criminosa diante da pandemia já sacrificou. 

Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro: acervo musical no ar...


Enquanto espera a conclusão da sua nova sede, felizmente o Museu da Imagem não está atrás de tapumes como o seu futuro prédio, inconcluso, da Av. Atlântica. 

Nesses tempos estranhos, a Cultura está sob ataque, mas o povo da cultura resiste em iniciativas próprias, como em uma guerrilha do conhecimento e da memória. 

O MIS, um dos museus mais queridos dos cariocas - porque guarda a essência da cidade -  acaba de lançar a Rádio MIS RJ . A emissora FM que toca no dial do seu carro ou no seu smartphone não roda mais clássicos da música popular brasileira? Pois o grande acervo do museu está disponível na web. Sambas, chorinhos, bossa nova, marchinhas, está tudo lá. 

Além dos arquivos próprios, parte do conteúdo sonoro vem do que a antiga Rádio Nacional gravou nos anos 30,40 e 50. Registros em acetato,  LPs, gravadores de rolo etc, foram digitalizados. 

Uma pequena observação preocupante: segundo o MIS, até agora a maioria dos acessos às músicas vêm do exterior. Sintoniza e reaje, Braziu!

OUÇA A RÁDIO MIS RJ AQUI

Angela do Rego Monteiro: uma perda, uma lembrança

Angela do Rego Monteiro
Foto Jornal da PUC
A jornalista e professora Angela do Rego Monteiro tem sua trajetória ligada a uma era profícua do jornalismo brasileiro. Foi do JB nos anos 1960, e do Globo, onde participou da equipe que criou o Ela, do qual foi editora. Em 1977, Angela foi surpreendida com um convite para se transferir para a Bloch Editores. Na coletânea "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata), ela reproduziu um diálogo que teve com Roberto Barreira, o diretor do grupo de revistas femininas da Rua do Russell. 

- Você gostariha de trabalhar com cor? 

- Claro, seria um desafio. Algo absolutamente novo.  

"Esse é, resumido em duas linhas, o diálogo que me levou para a Bloch. Eu estava na plateia dos desfiles do Grupo Moda Rio, no Copacabana Palace, no inverno de 1977, quando Roberto Barreira, o todo-poderoso diretor do grupo de revistas femininas da Bloch Editores, fez o convite. Para mim, que trabalhava no Globo - onde me iniciei como repórter e aquela altura era editora do Globo Feminino, uma página diária, e do suplemento Ela - a proposta era tentadora. A Bloch, com suas revistas, era um sonho para quem atuava no mundo do jornalismo de moda. E era uma aspiração colorida para uma jornalista que até então se prendera ao preto e branco dos jornais. Lá fui eu. Despedi-me dos meus amigos da Rua Irineu Marinho (para onde voltaria ainda por duas vezes e onde me aposentaria em junho de 2002) e levei todo o meu entusiasmo para a Rua do Russell. 

Depois de descrever o primeiro contato com Roberto Barreira, Angela relatou no seu capítulo, além da experiência pessoal, todo o modus operandi que fazia da Desfile um das principais revistas femininas do Brasil e a renovação da cobertura de moda. E foi precisamente a capacidade de entender os rumos da comunicação em todas as suas vertentes que ela abraçou, depois, a carreira acadêmica e compartilhou experiências e talento como  professora da PUC do Rio de Janeiro.

Angela do Rego Monteiro faleceu ontem, no Rio, aos 78 anos. 

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Nas páginas de Manchete, ao longo de décadas, uma aglomeração de cronistas notáveis. E você pode visitá-los na coleção digitalizada da revista no portal da Biblioteca Nacional

A página original da Manchete com a crônica de Rubem Braga, em 1958. 


A Edição Comemorativa dos 45 anos da Manchete republicou a histórica crônica em 1997
Clique na imagem para ampliar
 
por José Esmeraldo Gonçalves 

É muito conhecido o texto "Ai de Ti, Copacabana", de Rubem Braga. É um monumento literário. Uma referência da crônica brasileira. O que poucos sabem é que essa obra, que está nas melhores antologias do gênero, foi lançada nas páginas da Manchete em 25 de janeiro de 1958, na edição número 301. 

A dimensão que a crônica de Rubem Braga tomou - distópica, como se diz hoje - talvez nem o autor e muito menos a revista tenham percebido na hora. 

Revistas e jornais impressos eram uma linha de montagem. Imagine a versão jornalística da fábrica que Chaplin mostra em Tempos Modernos. Lembra das engrenagens? Engoliam qualquer um. Mesmo que reunissem as melhores cabeças, redações eram sequestradas e oprimidas pelo relógio. A Manchete tinha um funcionário, era o Lourival Bernardo, responsável pela produção gráfica. Um personagem com voz de barítono. No meio da tarde, quando verificava que o fluxo de páginas baixadas para a fotocomposição estava devagar, ele adentrava a redação trovejando: "Como é que é, rapaziada, vocês não vão fechar a revista do "seu" Adolpho? Qualé, os operários estão parados...". Com variações em torno da mesma pressão, a frase parecia ter o poder de acelerar redatores e editores. Se vivesse na era romana, Lourival poderia ter cadenciado remadas nas galés da marinha de César. 

Certamente aquela crônica de Rubem Braga, que hoje é antológica, foi mais festejada por chegar na hora do que por ser que é. E ainda bem que chegou na hora. Não era indispensável apenas para o simples fechamento daquela edição da Manchete, era necessária para gerações de brasileiros, como o tempo provou. 

Além de Rubem Braga, cada um daqueles cronistas que entregaram os textos na hora, sem atrasar os fechamentos, devem ser reverenciados - Fernando Sabino, Sérgio Porto, Nelson Rodrigues, Henrique Pongetti, José Carlos de Oliveira, Paulo Mendes Campos, Clarice Lispector,  Carlos Heitor Cony e muitos outros têm o eterno reconhecimento das redações por não terem deixado páginas em aberto. E, principalmente, por não atrasarem o happy hour etílico no bar do Hotel Novo Mundo, bem ali ao lado da sede da Manchete, na Rua do Russell, uma tradição pós-fechamentos. 

Os nomes aí citados deixaram um acervo de crônicas admiráveis e hoje proporcionadas pela coleção digitalizada da Manchete na Hemeroteca Digital Brasileira (link na barra vertical à direita da página neste blog).  

Com um clique você poderá se aglomerar com esses escritores e jornalistas e seus legados.  

sábado, 8 de maio de 2021

Fotomemória: quando os cariocas descobriram o Recreio dos Banderiantes. E Jacinto de Thormes registrou para a Manchete

 


Os frequentadores pioneiros do Recreio dos Bandeirantes. Foto Manchete

O Hotel Recreio era um "balneário" para férias de famílias e fins de semana. Ao perceber que a praia havia sido "descoberta", equipou-se com mesas, cerveja gelada e drinques da moda: Ponche de Champagne,  Moscow Mule (com vodka), Gin Daisy, Banana Daiquiri (rum) e o mix de bebidas  Grasshopper 

Em 1960, o Arpoador era a praia mais badalada do Rio de Janeiro. Significava dizer que atraía muita aglomeração - essa palavrinha hoje contaminada pela Covid-19. O repórter Jacinto de Thormes, da Manchete, foi a campo, ou melhor, à praia, descobrir para onde o pessoal estava indo. 

Thormes foi parar no Recreio, quase deserto, com raras construções ou casas de veraneio e um hotel que ainda era considerado "balneário". Chegar lá não era pra qualquer linha de ônibus. Era preciso ter carro ou Lambretta, veículo que, depois da onda dos transviados - os playboys que aprontavam em duas rodas - foi adotado por "rapazes de família". Os carros nacionais ainda não eram maioria nas ruas e a orla exibia os importados Buick, Cadillac Eldorado, Bel Air, Mercury... 

A região era tão desconectada da cidade que era chamada se "sertão carioca".  Hoje está perfeitamente integrada à cidade, tem até BRT e milícia.

 O que Jacinto de Thormes e a Manchete mostraram em oito páginas foi uma caravana de alegres desbravadores. Mereciam uma placa. Ou apenas o sertanista Cândido Rondon merece ser lembrado nos anais do ramo?

P.S - Quem não foi injustamente esquecido nos créditos da reportagem foi o fotógrafo que acompanhou Jacinto de Thormes. O editor "marcou touca", como se dizia na época.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Quer revisar sua mensagem antes de enviar? Twitter vai oferecer aos usuários uma chance de reescrever tuítes ofensivos...

O Twitter dá mais um passo para conter a tempestade de ódio que assola a rede. 

Sempre que os algoritmos farejarem palavras ofensivas, o usuário receberá um aviso: “quer revisar isso antes de tuitar?”. Em seguida o aplicativo oferecerá três opções: "enviar assim mesmo", "editar" ou "excluir".

Nota oficial do Twitter informou que o recurso já está ativo no países de língua inglesa. Gradativamente será implantado em outros idiomas. 

Os operadores do Twitter têm estudos que indicam efeitos positivos da oportunidade oferecida aos tuiteiros para revisão de mensagens agressivas. Mais de 30% dos usuários pensaram melhor e aliviaram os termos ofensivos. 

Não são poucos os usuários que se arrependem de enviar ofensas e é ainda maior o número daqueles que alegam que estavam bêbados ou com alguma birita a mais quando "desabafaram" em excesso. 

No Brasil, como parte da estratégia para tornar a rede mais civilizada, o Twitter já pergunta ao usuário se não que ler o texto de determinados artigos antes de responder. É que muitos leem os títulos e se alguma coisa incomoda já disparam críticas ou xingamentos sem chegar a conhecer o texto completo. 

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Foi-se a Época...

A primeira capa da Época, em 25 de maio de 1998, prometia um "futuro melhor". Não rolou. As chamadas desemprego e devastação de floresta. são atuais, parece que é hoje. O Brasil recuou 23 anos?  

Desde 2019, o meio jornalístico já convivia com rumores frequentes sobre o encerramento da edição impressa da revista Época. Os boatos viraram fato. A publicação do grupo Globo acaba de jogar a toalha. 

É "descontinuada", segundo o ridículo jargão dos executivos. Vai virar uma seção no impresso e digital do jornal O Globo. 

A Época impressa sai de cena após 23 anos. Foi criada para disputar espaço com a Veja, mas não teve a relevância da concorrente, que, hoje, também não mais exibe, quanto a edição impressa, a carteira de assinantes e muito menos os números de venda avulsa dos anos de glória. A Veja investe no digital.  

O fenômeno é mundial. O meio revista foi atropelado por uma carreta e nem pegou a placa. A velocidade e o alcance dos veículos digitais dizimaram as publicações semanais impressas. 

A partir de 28 deste mês, o título passa a ser uma seção no jornal O Globo. Nos dias da semana, o espaço apresentará matérias analíticas reflexivas do noticiário. Aos sábados, virá com  reportagens de fôlego. 

A última edição da Época impressa será lançada no dia 28 de maio.

Assinantes de O Globo terão acesso ao conteúdo da redação da Época. Já os assinantes da revista poderão migrar suas assinaturas para O Globo digital sem custos adicionais. Atenção, é a informação que circula no mercado. Quem se encaixar nessas condições, certifique-se com o Globo, claro.

Vale dizer que revistas digitais bem sucedidas podem atingir milhões de leitores. Bem acima do público das versões impressas geralmente medido em milhares.

Venda de patrimônio público: o gerente ficou maluco, aproveitem o precinho...

O Edifício A Noite foi construído nos anos 1920. Em estilo art déco, o prédio teve como inquilino mais famoso a Rádio Nacional, no seu auge. Foto de Alexandre Macieira/Riotur/Divulgação

Como parte do programa de Paulo Guedes de torrar patrimônio público em uma black friday permanente, aconteceu o leilão do prédio de A Noite, na Praça Mauá, no Rio de Janeiro.  Ninguém fez oferta. O lance mínimo era de R$ 98 milhões. O governo vai tentar vender mais uma vez, agora com lance mínimo de R$ 73 milhões. E vai continuar baixando até, quem sabe, vender "na parcela no cartão ou no boleto".

A venda poderia ajudar a revitalizar o Centro do Rio. O prédio histórico está lá se degradando. Só que bater o martelo em plena Covid-19 e crise econômica galopante é tudo que o mercado quer. Os possíveis interessado têm todos os pretextos para forçar uma liquidação do tipo "o gerente ficou maluco e está queimando tudo".

A crise é pretexto para rebaixar preços. Aconteceu o mesmo com áreas do Pré-Sal. Sem interessados em determinadas, os valores foram revistos para baixo. Com a privatização da Cedae ocorreu algo parecido na concessão dos serviços na Zona Oeste do Rio. Seguindo o modelito de facilitação, haverá novo leilão com precinho camarada. 

O prédio de A Noite fica em uma bela e restaurada região do Rio, com VLT na porta e a boa infraestrutura do centro da cidade. 

Vem, foguete! A "ameaça chinesa" que o 007 do Planalto não denunciou (além da "guerra química e biológica")

Longa Marcha V: a seção que
vai cair a dos propulsores. 
por O. V. Pochê

Bolsonaro acusa a China de promover "guerra química" contra o mundo. Uma das armas, segundo as informações que o elemento diz ter, é o vírus da Covid-19. O acusador detalha supostas armas "biológicas" e "radiológicas". Para revelar algo de impacto mundial, ele deve ter informações levantadas talvez pelo general Heleno, responsável pelo setor de Segurança Institucional. Quem sabe nesse momento Biden está no Salão Oval discutindo a ameaça revelada pelo 007 de Brasília e estudando transferir para a Ásia tropas  especializadas em guerra química.  

Apesar de "bem informado", o serviço de espionagem internacional de Bolsonaro não identificou uma ameaça bem mais próxima. Um "ataque" que pode acontecer no próximo domingo, dia 9. 

Algo que pode assustar as mães precisamente no seu dia. 

O foguete chinês CZ-5B, que cumpriu a missão de levar ao espaço com sucesso um dos segmentos da futura estação especial chinesa, pode cair no Brasil. A caminho da reentrada na atmosfera, a sucata espacial pesa 21 toneladas. Para evitar pânico, é bom informar que as maiores possibilidade são de que os destroços caiam no mar ao largo dos Estados Unidos. A chance de cair no Brasil é de apenas 1,86%, segundo o site Space News. Mas desde 1° de janeiro de 2019 o país anda com tanta urucubaca que não está descartado que a pátria-amada será o alvo. 

A carcaça vai despencar na madrugada de domingo.  

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Revelações, nervosismo, falsificação de bula, perda de memória, senadores robôs, mentiras, brigas. É um novo seriado em cartaz: "O Mecanismo da CPI do Genocida"

A CPI do Genocida em cartaz no Senado promete ser um bom seriado. Só nos primeiros dois dias trouxe várias surpresas no roteiro. O atrapalhado general Pazuello, ex-ministro da Saúde, escalado para depor, descolou um atestado para "comprovar" que supostamente teve contato com pessoas infectadas pela Convid-19. Agiu como um aluno do fundamental.  Alíás, ele é hoje um mero estudante. É obrigado a participar de aulas no Planalto onde tutores não identificados têm a missão de prepará-lo para depor na CPI. Seria uma espécie de treinamento para mentir? 

Há uma preocupação do governo com o desempenho do militar da ativa que tende a desenvolver performance de um tanto bronco em situações de alta exposição. Dizem que anda nervoso. Sendo um negacionista, o general surpreendeu ao subitamente se declarar necessitado de isolamento, distanciamento, essas coisas que são novidade para quem até passeia em shopping sem usar máscara. Bom, deu certo pra ele, o depoimento do sujeito foi adiado. 

Outro fato inusitado: o senador bolsonarista Ciro Nogueira vacilou ao fazer uma pergunta - que na verdade era uma acusação - ao ex-ministro depoente Mandetta. Nogueira lia a pergunta como se jamais a tivesse visto na vida. E, de fato, segundo flagrante delito, ele recebera a pergunta do bolsonarista  Fábio Faria, cujo posto mais alto, embora seja ministro da Comunicações, é o de genro de Silvio Santos.  Fábio se entregou ao mandar na véspera, via What's App, por engano, para o próprio Mandetta, a tal pergunta. Mandetta avisou ao Ciro que já sabia da questão e de onde ela vinha. Fábio tinha apagado rapidamente a mensagem, que foi lida pelo ex-ministro da saúde a tempo. O incidente desmascarou uma das taticas do governo: fazer dos senadores bolsonaristas robôs guiados à distância para interferis na CPI.

O depoente desta quarta-feira é o ex-ministro Nelson Teich. O problema desse ex-condutor da desastrada política de Bolsonaro na pandemia é a memória. Diante de algumas perguntas dos senadores Teich é acometido de lapsos de memória. "Esqueci", repetia o indigitado.

Antes, coube a Mandetta revelar um fato quase inacreditável. Alguém do Planalto preparou um documento para uma norma ou decreto para reformulação da bula do remédio Cloroquina. O tal medicamento, que a ciência provou que é inútil para tratamento da Covid-19, é, como se sabe, uma aposta de Bolsonaro, entusiasmada e quase fanática, para vencer a pandemia.  Pois o Planalto queria incluir na bula da Cloroquina uma indicação para tratamento dos infectados pela Covid-19. A manobra foi abortada, mas a minuta do decreto existiu, segundo Mandetta.

Médicos, Teich e Mandetta confirmaram que deixaram o ministério por não concordar com o método Bolsonaro de combater a pandemia. Não quiseram compactuar com a linha de montagem de mortos instalada pelo governo federal.

Não percam essa House of Cards a brasileira.

terça-feira, 4 de maio de 2021

Joyce Hasselmann mostra que a direita também pode ter musa apresentável. E aí Damares e Janaína, vão encarar?

Reprodução Instagram

Joyce Hasselmann botou pra jogo as curvas no plenário da internet. A jornalista e deputada, que perdeu 24 quilos com dieta e malhação, posou de maiô para um ensaio que postou no instagram. As fotos viralizam hoje na rede. Joyce criou um perfil no Instagram (@bemestarcomjoice) para mostrar sua nova plataforma fitness. 

Fotomemória da redação: craques no lançamento da Manchete Esportiva...

 

Cláudio Coutinho, Rivelino, Jose Carlos Araújo e Denis Menezes, que folheia o número 1 da  Manchete Esportiva, lançada em fins de outubro de 1977.  A foto que registra o coquetel comemorativo foi feita na sede da Manchete, na Rua do Russell.

por José Esmeraldo Gonçalves
Em 1977, a Bloch Editores lançou a nova Manchete Esportiva. Nova porque a publicação retomava um tradição do jornalismo esportivo brasileiro. Na primeira faze, de 1955 até 1958, a Manchete Esportiva registrou um das épocas mais brilhantes do futebol brasileiro. A foto acima foi publicada no Facebook de um craque do rádio, o locutor José Carlos Araújo, atualmente na Rádio Tupi. Um colega da Manchete, Nilton Muniz enviou ao blog a imagem que reproduzimos. Era outubro de 1977 quando os grandes nomes do futebol compareceram à Rua do Russel para conhecer o número 1 da Manchete Esportiva. 
Ao lado, a capa inaugural. Na reprodução abaixo, o primeiro expediente da Manchete Esportiva, editada por Zevi Ghivelder e Ney Bianchi, com Renato Sérgio como editor de texto, Tarlis Batista era o editor de Rreportagem e Frederico Mendes, de Fotografia. J.A.Barros e Luiz Roberto de Oliveira cuidavam da Arte da revista.  



segunda-feira, 3 de maio de 2021

Um general de Napoleão vai à guerra no Crato...

Se não fosse o passaporte de "párias", um bom programa para brasileiros em Paris seria visitar uma série de exposições sobre Napoleão Bonaparte. Para os interessados no assunto, claro. O corso é multimídia na França. Neste dia 5 de maio completam-se 200 anos da sua morte no exílio, em 1821, na ilha de Santa Helena, no Atlântico Sul, para onde foi levado pelos ingleses logo após a derrota dos franceses em Waterloo, seis anos antes.  

Napoleão foi vítima de câncer no estômago, segundo relato médico ou envenenado (hipótese que surgiu no século passado após cientistas detectarem arsênico em fios de cabelos do ex-imperador).  Paris promove exposições, programas especiais na TV, espetáculos de música ao vivo, conferências on line, passeios temáticos, lançamentos de livros etc. Destacam-se exposições como “Napoléon”, no Grande Halle de La Villette, “Dessiner pour Napoléon”, nos Archives Nationales, “Napoléon n’est plus” no Musée de L’Armée, “Joséphine & Napoléon, une histoire (extra)ordinaire” na Maison Chaumet.  

É mais comum relacionar a influência de Napoleão no Brasil apenas à chegada de Dom João VI, que fugiu de Portugal por temer os avanços dos exércitos franceses. Isso até os bancos escolares sabem. 

O que é menos conhecido - e provavelmente não estará em eventuais matérias na mídia sobre o bicentenário da morte de Napoleão - é o que a história registra: o Ceará também teve disso. Mais precisamente o Cariri e a então Vila Real do Crato sofreram um certo efeito corso no sertão. 

General Labatut

O general francês Pedro Labatut, que participou das campanhas napoleônicas entre 1807 e 1814, foi ganhar a vida após a morte do ex-imperador como uma espécie de autônomo. Um mercenário que hoje seria apelidado de "empreendedor bélico". Nessa condição lutou na Guerra da Independência dos Estados Unidos e combateu ao lado de Simón Bolívar. E foi como free lancer que D. Pedro I o contratou para ir à luta, na Bahia, contra as tropas portuguesas que não aceitavam a Independência do Brasil. 

Labatut cumpriu a missão e foi ficando por aqui. 

Àquela altura, o Crato tornara-se uma região visada pelo Império do Brasil por ter aderido, em 1817, à Revolução Pernambucana, movimento separatista e republicano. Em 1824, se aliaria à Confederação do Equador, de igual objetivo revolucionário. Mas foi depois disso, em julho de 1832, com o Brasil já sob a Regência, que Labatut e sua tropa foram enviados ao Cariri para acabar com uma revolta chefiada por Joaquim Pinto Madeira, um caudilho monarquista da região, que invadiu o Crato e queria levantar todo o Ceará por não aceitar a abdicação de D. Pedro I. 

Quando Labatut chegou ao "teatro de guerra" no sul do estado, os revoltosos já estavam cercados pelas forças da Província. Coube ao francês agir para forçar a rendição do inimigo. Pinto Madeira se entregou e foi julgado e condenado à morte por enforcamento por um júri do Crato. Recorreu à capital da Província, Fortaleza, e tão somente o tipo de pena mudou. Acabou diante de um pelotão de fuzilamento no Crato. 

Embora fosse um adversário da cidade, até hoje uma cruz marca o local da morte do revoltoso para lembrar o desfecho de um episódio histórico que teve a participação coadjuvante de um general de Napoleão. 

sábado, 1 de maio de 2021

Na capa da Veja: é dando que não se recebe...

 

Os caras da Veja acham que a filantropia vai acabar com a desigualdade. É um discurso típico do neoliberalismo selvagem. Imposto sobre grandes fortunas, taxar bancos e dividendos, um país criador de empregos em vez de estimulador do rentismo enlouquecido nem pensar, não é jornalistas? Preferem distribuição de quentinhas em vez de renda. 

Hitchcock avisou... "Os Pássaros" voam da tela para a vida real

O ataque de pássaros na Austrália. Do Twitter.


E a invasão semelhante na Califórnia. Do Twitter

por Ed Sá 

Um dos ataques foi na Austrália. Pássaros invadiram a cidade de Jindalee Crescent. Fios, telhados e monumentos exibiam o "exército" voador pouco antes de, como se obedecessem a um comando, invadissem dezenas de casas expulsando moradores.  

O outro ataque, no dia seguinte, em Montecito, Califórnia. Uma casa foi invadida por centenas de pássaros. Ao voltar de um jantar a família encontrou sala de quartos ocupados. Os pássaros não aceitaram ordem de despejo. Mãe e filhos passaram a noite em um hotel enquanto o pobre pai cumpriu a tarefa de abrir as janelas e expulsar os pássaros um por um até o dia amanhecer. A invasão se deu em Montecito, perto de Los Angeles. Descendo o litoral, já perto de São Francisco, fica Bodega Bay. Liga o nome à pessoa? Pois é, foi lá que Alfred Hitchcock filmou Os Pássaros. Na trama, aves aterrorizam a pequena cidade.

A história que inspirou o velho Hitch se passa na Inglaterra, é um conto de Daphne du Maurier, a autora de Rebecca. Para quem lembra do filme de 1963, que constantemente é reprisado na NET,  a certa altura uma ornitóloga entra num café e diz: “Por que vocês estão surpresos? O ser humano não vai durar muito na Terra, mas os pássaros o sobreviverão, em quantidades cada vez maiores...” Hitchcock era obcecado por pássaros: o psicopata de Psicose, Norman Bates, era empalhador de aves... 

Fête de la pandémie - Le roi insensé et ses amies futiles

 

Palácio Tangará, São Paulo (Foto Alan Santos/PR)

A corte de Luiz XIV (Charles Le Brun)

por José Esmeraldo Gonçalves 

No dia em que o Brasil registrou 400 mil mortos pela Covid-19, o regime se reuniu em São Paulo. Madames sem máscara cercaram o soberano no Palácio Tangará, em São Paulo. 

O Tangará é um hotel da Oetker Collection, dona, entre outros, do Hôtel du Cap-Eden-Roc, em Antibes, na Riviera Francesa, além do Le Bristol, em Paris.

O encontro em São Paulo lembrou a corte de Luiz XIV, em Versalhes, docemente alheia ao que se passava em torno. 

No Tangará como em Versalhes havia algo de podre no ar. 

O luxo de Versalhes e os figurinos das peruas da época contrastavam com a realidade por baixo dos panos. Banhos faziam mal à saúde, segundo os médicos palacianos. A sujeira que os corpos reais acumulavam era recomendada pelos negacionistas da higiene como uma crosta que barrava infecções. Todos seguiam o exemplo do rei que em cerca de 70 anos tomou não muito mais do que dez banhos. 

Honestamente, ele sabia que exalava um fedor razoável. Mas quem ligava para isso? Era o rei. E não era o único a cheirar mal. Haja perfume e trocas de roupa várias vezes ao dia para aliviar a fedentina. Mesmo assim, sabendo que a barra era pesada, o próprio rei recomendava aos serviçais que abrissem as janelas dos salões reais. Quem sabe a brisa que vinha dos jardins de André Le Nôtre fizesse circular o futum.

A mídia não informa se janelas foram abertas em São Paulo.

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Âncora da TV encontrada nua em carro

 

Reprodução
Instagram
Feven Kay, apresentadora da Fox 5, Las Vegas, foi detida pela polícia por direção imprudente. Par surpresa dos agentes, a jornalista estava nua e alcoolizada. Kay dava sinais de desorientação e disse não saber porque estava sem roupas nem tinha a menor ideia de como foi parar na rua onde a polícia a encontrou. 

Ela foi multada em mil dólares e liberada. Uma hipótese é que tenha sido dopada durante uma festa, mas ela não quis fazer exame de sangue. 

O incidente aconteceu há algumas semanas, mas vazou ontem. Ao voltar ao programa que apresenta, ela  disse aos telespectadores que "aprendeu com a experiência". 

A notícia está no NY Post

O casal que viveu 205 anos...

 


Reprodução ABC News

Morreu hoje em Beverly Hills, aos 102 anos, Anne Douglas, viúva de Kirk Douglas. O ator morreu no ano passado aos 103 anos. Na reprodução acima o casal, em 1963, quando posou para a Manchete. Na ocasião visitavam o Rio de Janeiro para o lançamento do filme Spartacus.  Bela vida!

O estagiário do IG Último Segundo vacilou. E isso não foi uma improbabilidade

 


Reprodução Twitter

Na capa do EXTRA...

 


10 situações que fazem Paulo Guedes surtar...

O pobre já foi embora? 

1 - Empregada domestica, que é metida a viajar para a Disney. "Vai passear no Nordeste".

2 - Filho de porteiro, que ousa querer fazer faculdade

3 - Idosos, que têm a péssima mania de querer viver 100 anos

4 - Livro, merece ser taxado porque é coisa de rico

5 - Servidor público, que é parasita

6 - Pobres, que são os maiores destruidores do meio ambiente

7 - Pobres, que não sabem poupar e só pensam em consumir

8 - IBGE, porque gastar dinheiro com Censo é um risco: "quem muito pergunta ouve o que não quer.

9 - Democracia, "não se assustem se alguém pedir o AI-5

10-Auxílio Emergencial, porque "se falarmos que vai ter mais três meses ninguém trabalha, ninguém sai de casa e o isolamento social vai ser oito anos porque a vida tá boa, tá tudo tranquilo".

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Bombas do Riocentro - 40 anos - "É saber da viola, da violência"...

 


por José Esmeraldo Gonçalves 

No dia 30 de abril de 1981 o anúncio acima foi publicado nos jornais do Rio. Convidava os cariocas para o Show de 1° de Maio, "o maior acontecimento musical de todos os anos". De fato, o elenco era excepcional. Estariam no palco do Riocentro 30 atrações. A MPB em peso. Entre outros A Cor do Som, Alceu Valença, Frenéticas, Beth Carvalho, Clara Nunes, Elba, Chico Buarque, Djavan, Francis Hime, Gal Costa, Gonzaguinha e Paulinho da Viola fariam o espetáculo realizado pelo Centro Brasil Democrático, com roteiro de Chico Buarque e direção de Fernando Peixoto. 

Na madrugada anterior, homens não identificados percorreram as vias de acesso ao Riocentro, na Barra da Tijuca, pichando placas de trânsito e muros com a sigla VPR. Dentro do Centro de Convenções também havia paredes pichadas com as três letras. Pouca gente entendeu a referência à Vanguarda Popular Revolucionária, uma organização que lutou contra a ditadura até 1971 quando, após a morte em ação do seu último comandante, optou pelo encerramento das atividades.  Os mais informados podem ter até estranhado o "ressurgimento" da VPR, que naquele começo de década era apenas história.. 

No mesmo momento em que o público  - o show recebeu 28 mil pessoas - se dirigia ao Riocentro pelo menos dois carros, um deles o esportivo Puma, enfrentavam o trânsito na estrada Grajaú-Jacarepaguá rumo á Barra. Ninguém naquele engarrafamento poderia imaginar que os ocupantes daqueles veículos não estavam nem aí para música. Eles transportavam bombas. 

Ao acessar o estacionamento do Riocentro, o pequeno comboio se separou. Um dos carros , o Puma, foi para a área reservada aos veículos dos artistas e da produção do evento  O outro parou perto da casa de força. Posicionados, aguardaram o começo do show. 

Foto de Frederico Mendes publicada pela Manchete na edição que foi para as bancas na quarta-feira seguinte ao atentado.

A bordo do Puma, os dois militares devem ter ouvido Elba Ramalho, uma das primeiras a se apresentar, cantando Banquete dos Signos, de Zé Ramalho. Versos como "discutir o cangaço com liberdade/É saber da viola, da violência/Descobrir nos cabelos inocência/ É saber da fatal fertilidade" foram provavelmente a última coisa que ouviram. Fora do planejamento do atentado, uma das bombas explodiu no colo de um dos ocupantes do Puma, o sargento Guilherme Rosário, que morreu no local. Ao lado, o capitão Wilson Machado foi gravemente ferido, mas sobreviveu. Pouco depois, uma bomba lançada pelos ocupantes do outro carro explodiu próximo à caixa de força, mas sem atingi-la. Outras duas bombas que não explodiram foram encontradas no Puma. Investigações posteriores desvendaram o que seria o desdobramento do atentado que falhou logo nessa etapa inicial. A destruição da casa de força cortaria a energia e, em seguida, a "equipe" do Puma armaria os três petardos para serem detonados no interior do Riocentro. Os terroristas contavam com um número considerável de mortos vítimas das explosões ou do pânico que se instalaria na multidão. Como parte do planejamento,  23 dos 28 portões estavam fechados. O atentado seria atribuído à esquerda. A pichação da sigla VAR deveria induzir à armação burlesca. O país ficaria chocado com a ação dos "comunistas" e condenaria a abertura política, algo que o grupo linha dura, a ultradireita do regime, não aceitava. Uma força-tarefa foi montada pelo Exército para apurar o atentado frustrado. 


A conclusão: o sargento morto e o capitão ferido estavam "a serviço" no local e foram vítimas de um atentado. A mídia censurada não pode avançar na apuração. O caso foi arquivado. Em 1999, a investigação foi reaberta, desvendou todo o mecanismo, fechou pontas soltas e o nomeou o grupo responsável pelo atentado. O capitão Wilson foi condenado por homicídio culposo, outros participantes foram indiciados, mas o caso foi mais uma vez arquivado. Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade concluiu que o ato terrorista foi um ação articulada pelo Estado brasileiro. 

Ninguém jamais foi punido. 


Já despontava a madrugada do dia 1° quando show chegou ao fim. A plateia do Riocentro não percebeu o que aconteceu no lado de fora. Só quando Gonzaguinha subiu ao palco e informou ao microfone que  "pessoas contra a democracia jogaram bombas lá fora para nos amedrontar" o público tomou conhecimento do atendado que, felizmente, havia falhado. 

Nos dias seguintes, com as primeiras revelações que os jornais e revistas publicaram, antes do cerco da censura, aquelas milhares de pessoas souberam que escaparam da morte.  

OUÇA BANQUETE DOS SIGNOS AQUI

Atualização em 30 de abril de 2021
Por sugestão de um leitor, postamos links para vídeos do local e do show Riocentro AQUI

Voz do Gonzaguinha no palco do Riocentro AQUI

VTC - Baixaria no Manhattan CUnnection

Despejado da Globo News, o Manhattan Connection está abrigado na emissora pública TV Cultura, de São Paulo.  O programa tem uma linha política clara, de direita. E isso é legítimo. Mas sob esse ângulo costuma levar a agressividade ao volume máximo quando se trata de convidados que não necessariamente de esquerda tenha ideias um pouco mais arejadas. O alvo da vez foi o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.  No encerramento do programa, Diogo Mainardi, sem argumentos e em modo surto, mandou o entrevistado tomar no cu. O convidado insultado não teve tempo de responder. Mais tarde, comentou: “Não serei eu, em nenhuma circunstância, que irei censurar a fala de um ‘humorista’ – como o Mainardi – que abusou do direito de ser indelicado e agressivo no programa”, disse Kakay. a TV Cultura divulgou nota afirmando que não concorda com o ocorrido "e já tomou providências junto à empresa que produz o programa", mas não informou que medidas atingem o Manhattan Connection.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA E VEJA O VÍDEO NO DCM AQUI

ATUALIZAÇÃO EM 05/5/2021 - Diogo Mainardi se demitiu ontem do Manhattan Connection. Diz ele que quis preservar o programa após a reação da TV Cultura que pediu à produtora da atração um atitude face ao comportamento do jornalista, que mandou um entrevistado "tomar no cu". Em note, Mainardi repetiu a ofensa ao advogado. Há 17 anos do Manhattan Connection, o polêmico jornalista fazia um papel semelhante ao de Paulo Francis, ocupando uma espécie de "cadeira do ódio' na bancada do programa identificado com o neoliberalismo.  Por lá já passaram Nelson Motta e Arnaldo Jabor. A TV Cultura informou através da assessoria de imprensa que o pedido de demissão foi assunto interno da produtora do programa

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Política - O drama de quem tomou vacina às escondidas...

 por O.V.Pochê

O general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Casa Civil, confessou que tomou vacina escondido. A essa altura deve estar de castigo. Deu "barro" e levou "chumbreca" na gíria militar para punição e esporro. Bolsonaro deve ter considerado alta traição. No Palácio do Planalto, que tem a mais alta concentração de puxa-saco por metro quadrado, suspeita-se que tem gente ligando às pressas para a família tirar do Facebook a selfie tomando o imunizante. O gabinete do ódio estaria desde hoje cedo vasculhando as redes sociais em busca dos funcionários vacinados. Aparentemente, haveria um posto de vacinação secreto, uma espécie de "aparelho", onde na calada da noite um bando de encapuzados se esgueirava para levar um pico de Coronavac (além de tudo, a vacina disponível era comunista). Há quem diga que o DOI-CODI, agora rebatizado de DOI-COVID, será refundado para caçar e fichar que insistir em se vacinar. Um pau-de- arara já foi montado no quarto andar do palácio. Veteranos torturadores já foram convocados para prestar serviço nas instalações. Tem gente até pensando em partir para o exílio na Hungria. Há rumores de que quem se vacinou será detido por tempo indeterminado para que não receba a segunda dose. No Congresso, a pedido de um general que tem trânsito na casa, estaria correndo um projeto de lei para anistiar todos os que se vacinaram às escondidas. Mas a PGR ameaça indiciar todo mundo por prevaricação e subversão.  Aguarda-se o desfecho da mais recente crise nacional.  

Escândalo literário: as "lolitas" de Blake Bailey, biógrafo de Philip Roth...

Caryn Blair e Elisha Diamond
acusam Blake Bailey. Reprodução
por Pedro Juan Bettencourt

Após antigas alunas denunciarem Blake Bailey, biógrafo do escritor Philip Roth, por assédio sexual e estupro, a editora WW Norton retirou o livro das livrarias e cancelou reimpressões. 

Além disso, se comprometeu a doar a quantia do adiantamento do livro de Bailey (Philip Roth: The Biography) para organizações que lutam contra a agressão sexual. A biografia de Roth, que morreu em 2018, era muito aguardada e foi lançada no início de abril. Recebeu boas críticas e entrou na lista de best sellers do NYTime.

O escândalo estourou quando ex-alunas de Blake Bailey em uma escola de Nova Orleans, denunciaram o professor por assédio, violência e estupro. As meninas  tinham entre12 e 13 anos. Quando a acusação veio a público, uma executiva de uma editora também revelou que foi estuprada pelo biógrafo. A Companhia das Letras, que editaria o livro no Brasil cancelou o projeto. 

Solidariedade às vítimas à parte, o caso levanta um temor entre editores. Se a moda pega, poderá haver um tsunami no mercado capaz de arrastar milhares de escritores com histórico de assédio sexual.  

A ironia no caso é que o próprio Philip Roth (autor de livros como O Complexo de Portnoy, Os  Fatos, Operação Shylock, O Teatro de Sabbath, Pastoral Americana e O Animal Agonizante) já foi acusado de misoginia, embora não tenha, aparentemente, cruzado a linha das ideias para a ação. E Blake Bailey, que nega as acusações, costumava recomendar às alunas a leitura de Lolita, de Vladimir Nabokov. 

O gênio do mal

 



terça-feira, 27 de abril de 2021

sábado, 24 de abril de 2021

Essa revista de crimes e suspense sobrevive há 65 anos. E esse é o último mistério de Hitchcock...





Em meio ao tsunami que varre revistas impressas há publicações resistentes. Algumas, curiosamente resilientes nos seus nichos. 

Em 1956, provavelmente sob o impacto de Janela Indiscreta (Rear Window, filme lançado em 1954, a  HSD Publications pediu a Alfred Hitchcock para usar o seu nome como título de uma revista especializada em ficção policial, crimes, suspense e mistério. O diretor não apenas cedeu sua griffe como topou apresentar as histórias e, eventualmente, até escrever. Muitos contos publicadas pela revista foram adaptadas pelos produtores dos programas de televisão Alfred Hitchcock Presents e The Alfred Hitchcock Hour. 




Durante anos, o editor da revista não teve problema na escolha das capas. Era sempre Hitchcock.

A Alfred Hitchcock's Mystery Magazine, publicação mensal, acaba de completar 65 anos fiel à pauta original: lançar novos autores ao lado de talentos do gênero; 

Hitchcock morreu em 1980, o título saiu da HSD, passou por várias editoras, e hoje é da Dell Magazines, que também é dona da Ellery Queen's Mystery Magazine, outra publicação duradoura.

Em 2006, a revista celebrou seu 50º aniversário com o lançamento da antologia Alfred Hitchcock’s Mystery Magazine Presents Fifty Years of Crime and Suspense, com reprints de antigas edições.

Apesar da avassaladora produção de séries policiais pela Netflix e outras plataformas de streaming,  essa revista de mistério sobrevive. E esse é um mistério. 

sexta-feira, 23 de abril de 2021

As aparências não enganam...

Do Twitter

A "Fera da Penha", o "Caso Henry" e anjos sem guarda

A morte de Henry, 4 anos, choca o Brasil. A polícia aponta como suspeitos de assassinato o vereador Jairo de Souza Santos Júnior, vulgo Dr. Jairinho, e Monique Medeiros da Costa e Silva, a mãe do menino. 

Para a mídia é o "Caso Henry". 

Em 1960, Tânia, 4 anos, foi sequestrada e assassinada pela amante enciumada do pai da menina. Na época, jornais e revistas costumavam criar uma marca passional para crimes de grande repercussão. A assassina foi logo presa. Ela havia atirado na nuca da criança e, em seguida, incendiado o corpo. Confessou a autoria, relatou a brutalidade. O público, revoltado, acompanhou como em um folhetim os detalhes do crime da "Fera da Penha". 

Essa foi a marca adotada pelo noticiário policial. 

O assassinato da menina Tânia permaneceu em foco durante anos. Em 1963, a "Fera da Penha" foi julgada e condenada por sequestro e homicídio a 33 anos de prisão. 

Em 1966, um novo júri confirmou a pena. Naquela época, o Código Penal não previa a agravante por "crime hediondo". A assassina obteve depois um indulto que reduziu a sentença para 21 anos, dos quais ela cumpriu 15. Hoje, aos 84 anos, vive reclusa no Rio, a pouco mais de doze quilômetros do local do crime.  Provavelmente sem que os vizinhos sequer desconfiem que ao lado mora a "Fera da Penha", uma ex-celebridade fatal dos anos 1960. A pequena Tânia foi enterrada no Cemitério de Inhaúma. Seu túmulo até hoje atrai pessoas que a consideram milagrosa. Não há muita informação sobre o destino dos pais da vítima. Apenas que se refugiaram na dor, continuaram juntos e tiveram dois filhos.  

O crime aconteceu no dia 30 de junho de 1960, uma quinta-feira. Com a enorme repercussão do caso no fim de semana, Manchete incluiu uma reportagem especial com a cobertura do caso. 

Na capa da edição, três misses e chamadas sobre "A coroação de JK em Bananal", seja lá o que tenha sido isso,  e o "Crime da Penha", no canto inferior direito da imagem ao lado, que a reprodução precária não permite ler.  

Adolpho Bloch, nos fins de tarde da redação, costumava contar que aquela edição com tiragem ampliada se esgotou rapidamente nas bancas do Rio de Janeiro.  

Não se sabe ainda qual será o desfecho do Caso Henry. O casal Jairo e Monique foi indiciado por tortura e homicídio duplamente qualificado. Os dois estão sujeitos a penas de até 30 anos. Se serão julgados culpados e quanto cumprirão da pena que a Justiça vier a estabelecer, só o tempo dirá...

quinta-feira, 22 de abril de 2021

A Síndrome (e a sombra) do Vice

por O.V.Pochê 

É conhecida a carta lamurienta que Michel Temer escreveu para Dilma Rouseff garantindo sua "lealdade" mas queixando-se de que no primeiro mandato da presidente foi um vice "decorativo". A tal carta tinha uma verdade - ele era realmente um inútil bibelô palaciano - e uma mentira: de "leal" Temer nada teve. Foi um conspirador,  um dos artífices do golpe que derrubou Dilma e lhe deu as trinta moedas do assento no Planalto

E a CPI do Genocídio e a movimentação para o suposto impeachment de Bolsonaro agitam o DF. O segundo é improvável porque as dezenas de pedidos se transformaram em almofadas alcochoadas para as nádegas de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara, e do atual, Arthur Lira.  Se acontecesse, o herdeiro do trono seria o vice Hamilton Mourão. Deve estar ansioso e não sem motivo. A história registra que vários vices chegaram lá. 

Após o fim do Estado Novo, pelo menos seis presidentes foram pinos caídos do boliche político. Siga o fio: 

- Com a morte de Getúlio Vargas, assumiu Café Filho. Não durou muito. Um enfarto o tirou do Catete e ele saiu da história sem sequer ter entrado. Carlos Luz, presidente da Câmara, foi acomodado na cadeira presidencial. Também por pouco tempo. Lott liderou o movimento militar em defesa da Constituição e Luz foi declarado impedido. Nereu Ramos, presidente do Senado assumiu o cargo até a posse do presidente eleito, JK, garantida por Lott.  

- Jânio Quadros surtou e João Goulart virou presidente até o golpe que impôs a longa ditadura militar.

- O general Costa e Silva, o segundo "presidente' da ditadura teve um AVC. O vice era o civil Pedro Aleixo. A linha dura impediu que o político mineiro botasse a faixa presidencial. Em um golpe dentro do golpe quem assumiu foi uma Junta Militar formada pelo almirante Augusto Rademaker, ministro da Marinha, general Aurélio de Lira Tavares, ministro do Exército e o brigadeiro Márcio de Sousa Melo, ministro da Aeronáutica. 

- Tancredo Neves foi "eleito" presidente pelo Colégio Eleitoral da ditadura. Seu vice era o notório José Sarney. O Brasil foi mal mas o autor de "Marimbondos de Fogo" se deu bem em um mandato de cinco anos.

- Collor de Mello foi 'impichado' e Itamar Franco virou titular da República do Pão de Queijo.

- Dilma Rousseff foi eleita para um segundo mandato carregando  o seu vice, Michel Temer, na frasqueira. Dilma foi apeada do cargo e o tieteense 'sequestrou' a faixa presidencial. 

Ou seja, cinco mandatos presidenciais terminaram com os vices assumindo. 

Só três presidentes eleitos democraticamente cumpriram o mandato pleno: JK, FHC e Lula.

Observadores do Planalto Central constatam que Bolsonaro e Hamilton Mourão já não calçam o mesmo coturno. Divergem. Tanto que o sociopata procura outro vice para ser seu par nas eleições de 2022. E, além disso, excluiu Mourão, que é o presidente do Conselho da Amazônia, das conversas sobre a participação do Brasil na Cúpula do Clima. Humilhou e magoou o vice. 

A história mostra que no BBB da política, indicar vice para o paredão dá azar. 

quarta-feira, 21 de abril de 2021

por Prof. Honor
Para a Globo News, "pressão sob o Brasil..."
O gerador de caracteres quis dizer "pressão sobre o Brasil". Erro do corretor, claro. Meninos, no caso a pressão não vem de baixo. Seria "sob" se fosse "Brasil sob pressão". Combinado? Joe Biden fará pressão "sobre". E sai de baixo...